AS AFLIÇÕES DA
VIUVEZ
Texto Áureo: I Tm. 5.3 – Leitura
Bíblica: Lc. 2.35-38; Tg. 1.27
Prof. José Roberto A.
Barbosa
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INTRODUÇÃO
A viuvez é uma condição humana considerada ao longo da
Bíblia, mas que nem sempre é percebida pelas igrejas. Na aula de hoje
atentaremos para essa situação, a princípio, definiremos o que é viuvez do ponto
de vista sociológica. Em seguida, apresentaremos a abordagem bíblica em relação
à viuvez. Ao final, mostraremos a importância do auxílio eclesiástico diante da
pessoa viúva.
1. DEFINIÇÃO DE VIUVEZ
Etimologicamente, o termo viúvo
vem do latim viduvus, cujo significado é “aquele que perdeu a mulher”. A
viuvez, na perspectiva sociológica, é o estado social no qual um cônjuge se
encontra quando o outro morre. Desde a antiguidade esse assunto tem sido de
interesse público. Nas sociedades patriarcais, a condição de viuvez geralmente
colocava a família em pobreza. Por esse motivo, o cuidado com as viúvas era
imprescindível, tendo em vista que essa se tornava dependente de auxílio. Por
conseguinte, a viuvez, principalmente para a mulher, está associada à privação,
solidão e desconforto. A solidão é o principal desafio da viuvez, isso porque a
pessoa que sempre teve alguém ao seu lado, perde-a repentinamente ou aos poucos.
A pessoa viúva também pode passar por períodos de tristeza profunda, e, em
alguns casos, de depressão. A viuvez, em seus primeiros momentos, pode causar
alguns sintomas, dentre eles: ansiedade, medo, perda de apetite, falta de
concentração, frustração e choro descontrolado. Quando esses momentos iniciais
não são superados, a viuvez pode levar a sentimentos negativos crônicos,
impossibilitando que a pessoa leve a vida adiante. C. S. Lewis, o famoso
escritor britânico, experimentou a viuvez com intensidade, após a morte da sua
esposa. As reflexões dessa condição se transformaram em um livro intitulado A
grief observed [traduzido para português com A anatomia da dor]. Nesse livro o
autor se abre perante Deus e revela sua angústia. Ao final, rende-se à vontade
soberana do Todo-Poderoso, cujos decretos vão além da compreensão humana.
2. A VIUVEZ NA BÍBLIA
Existem diversos casos de viuvez na Bíblia, os mais
conhecidos são os de Rute (Rt. 4.10), a viúva de Serepta (Lc. 4.25,26; I Rs. 17)
e Ana (Lc. 2.36,37) No Antigo Testamento, a viuvez – almanah em hebraico – tem
lugar de destaque. A Lei permitia que a mulher viúva retornasse à casa dos pais
(Gn. 38.11) ou se casasse novamente através do levirato (Rt. 4.10). Como as
mulheres dependiam da providência do marido, a condição de viuvez causava
preocupação, pois resultava em pobreza e vulnerabilidade. Por isso, o Deus de
Israel é revelado como o defensor (Sl. 68.5) e mantenedor (Sl. 146.9) das
viúvas. Ele mesmo orienta Seu povo, através da lei, que deixe a respiga da
colheita para alimentá-las (Dt. 24.20,21). Todos aqueles que se apropriam
indevidamente dos bens de uma viúva é amaldiçoado (Dt. 27.19). Por esse motivo,
os profetas denunciam os casos de opressão às viúvas (Is. 1.23; 20.2; Ml. 3.5).
No Novo Testamento, a viúva – chêra em grego – é uma classe de pessoas
desprotegidas, portanto carente de cuidados. As viúvas tiveram a consideração de
Jesus, ele as colocou como exemplo de generosidade (Mc. 12.41-44; Lc. 21.1-4).
Os doutores da lei foram criticados com veemência por Ele em virtude do
tratamento que davam às viúvas (Mt. 12.40; Lc. 20.47). Um dos primeiros desafios
enfrentados pela igreja cristã dizia respeito aos cuidados com as viúvas, para
esse fim foram instituídos os diáconos (At. 6.1-6). Posteriormente, Paulo dá
orientações específicas em relação ao cuidado das viúvas (I Tm. 5.3-16), esse
mesmo apóstolo também endossa o novo casamento em tais casos, contanto que seja
no Senhor (I Co. 7.8; I Tm. 5.14). Para Tiago, a religião imaculada consiste
justamente no cuidado com viúvas e órfão (Tg. 1.27).
3. ENFRENTANDO A VIUVEZ
Existem condições distintas em relação à viuvez, isso
porque as leis dos países são diferentes, bem como a previdência social. Por
isso, cada caso precisa ser contextualizado e avaliado, há situações em que a
igreja não precisa dar apoio financeiro, mas apenas espiritual. A igreja deve
acompanhar todos os estágios pelos quais a pessoa viúva passa. A própria pessoa
viúva deve orar a Deus pedindo alívio (Sl. 34.17,18), não é pecado prantear (Sl.
30.5; 126.5), mas é preciso, ao longo do tempo, deixar o evento no passado (I
Tm. 6.6). Algumas decisões precisam ser tomadas: viver um dia de cada vez (Mt.
6.34), colocar o Senhor no centro da vida (Mt. 16.24); desfrutar da presença do
Senhor (Hb. 13.5), e dos cuidados dos irmãos da igreja (Gl. 6.2). A mensagem à
pessoa viúva deve ser de esperança (Jr. 29.11; Sl. 62.5), sobretudo de fé (II
Co. 4.18). É importante que a pessoa viúva tenha um circulo de pessoas cristãs
por perto para auxiliá-las, principalmente nos primeiros momentos da perda (Hb.
10.25). A partilha dos sentimentos com outra pessoa de confiança, de preferência
do mesmo sexo, possibilita alívio (Ec. 4.9,10). Essa pessoa não pode abordar a
pessoa viúva com julgamentos, a compaixão deve conduzir o aconselhamento (Ef.
4.32). Paulatinamente, a pessoa viúva precisa voltar à normalidade, confiando no
conforto divino (Sl. 119.26). Ao invés de questionar Deus, a pessoa viúva
precisa aceitar a condição na qual se encontra, e desenvolver uma atitude de
superação (Fp. 4.8). As memorias da pessoa perdida não precisam ser apagadas,
muito menos o respeito e consideração, mas não se pode perder a eternidade do
horizonte (II Co. 4.18).
CONCLUSÃO
Diante do luto e da condição de viuvez, a igreja tem
papel importante. Cabe a ela saber imediatamente da perda. É triste saber que
existem casos em que um irmão perde o cônjuge e a igreja sequer toma
conhecimento. O ideal é o acompanhamento espiritual, e quando for o caso,
financeiro. Ninguém deve julgar as respostas emocionais ou verbais da pessoa
viúva. Esse é um momento difícil, que pode resultar em extremos emocionais, as
lágrimas surgem com facilidade. Ao invés de falar todo tempo, use mais os
ouvidos, deixe a pessoa viúva falar a respeito da sua perda, ore com ela, e a
encoraje (I Ts. 5.11).
BIBLIOGRAFIA
BAYLE, J. Enfrentando a morte. São Paulo: Mundo
Cristão, 1995.
CRABB, L. Sonhos despedaçados. São Paulo: Mundo
Cristão, 2004.