A DESPENSA VAZIA
Texto Áureo: Sl. 37.25 – Leitura
Bíblica: II Rs. 4.1-7
Prof. José Roberto A. Barbosa
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Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
O salmista diz: “fui moço e
agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a
mendigar o pão” (Sl. 37.25). Esse texto é uma constatação a partir da
experiência do homem de Deus, mas não pode ser aplicado a todas as situações.
Conforme estudaremos na lição de hoje, é possível que o cristão passe por
privação financeira, pela experiência da dispensa vazia.
Em II Rs. 4.1-7 está escrito a
respeito da viúva que ficou em situação de privação financeira por causa da
morte do marido. E, em conformidade com a lei, os filhos poderiam ser tomados
como escravo, quando houvesse um débito a ser quitado (Ex. 21.7; Ne. 5.5). O
profeta Eliseu demonstrou interesse pela necessidade da viúva, perguntou-lhe o
que ele poderia fazer: “o que tens em casa?”. A mulher nada tinha em casa, a
não ser uma botija de azeite (v. 2). O profeta percebeu que a mulher não tinha
sequer utensílios para colocar azeite extra, por isso a orientou para que
tomasse mais vasilhas emprestadas, detalhe importante “não poucas” (v. 3). Por
revelação profética, Eliseu sabia que Deus realizaria um grande milagre. As
vasilhas que foram tomadas por empréstimo foram sobrenaturalmente cheias de
azeite. Enquanto havia vasilhas, o milagre não cessou, somente quando a última
vasilha estava cheia. Essa é uma demonstração de que o milagre tem um
propósito. Alguns pregoeiros televisivos querem transformar o milagre em um
espetáculo. Mas Deus sabe o que fez e tem Seus designíos. A mulher, por sua
vez, demonstrou sua fé em Deus ao obedecer à palavra profética. Ela fez tudo o
que o profeta ordenou, a obediência é a manifestação da fé na Palavra de Deus.
O objetivo da abundância de azeite multiplicado era a preservação da vida da
mulher e dos seus filhos. É comum alguns usarem esse texto bíblico para
propagarem a famigerada teologia da prosperidade (ou da ganância).
Primeiramente ela deveria pagar ao credor, e depois, viver com o restante do
azeite. O ensinamento cristão bíblico é o da porção de Agur (Pv. 30.8) é o de
viver na dependência do Senhor, na porção acostuma, e o cristão, é o de orar
pelo “pão nosso de cada dia” (Mt. 6.11),
Como toda e qualquer pessoa, o
cristão pode passar por situações de escassez de alimento. Vivemos em um mundo
caído, a ganância predomina, os interesses pessoais costumam ser colocados
acima dos comuns. A economia gira em torno do mercado, que praticamente é
adorado como um deus. A tecnologia e a falta de educação implicam em falta de
competitividade, por conseguinte, o desemprego pode chegar quando menos se
espera. Como a mulher que ficou nas mãos do credor, o cristão também pode ficar
à mercê das dívidas. Esse não deve ser motivo para desespero, o melhor é evitar
contrair dívidas que nos prive do “pão nosso de cada dia”. Mas, em tudo,
devemos aprender a confiar em Deus. A crise atual pela qual passa a Europa está
conduzindo muitos ao suicídio. Na Grécia, o número de suicídio aumentou mais de
40%, gerando preocupação para as autoridades. A maturidade espiritual é
manifestada diante das crises, inclusive as financeiras. Os grandes milagres da
Bíblia atraem nossa atenção, adoramos ouvir pregações sobre Elias no Carmelo,
desafiando os profetas de Baal, ou de Davi contra Golias, o gigante filisteu.
Esses mesmos homens de Deus também tiverem seus momentos difíceis, Elias esteve
sozinho, ameaçado por Jezabel, e Davi se angustiou enquanto estava na caverna
de Adulão. Ao contrário do que se costuma pregar hoje em dia, Deus está mais
interessado na maturidade espiritual do cristão do que em sua prosperidade
material. A dispensa vazia pode ser inclusive um momento de disciplina, um
aprendizado para que o cristão passe a confiar mais no Senhor (Rm. 8.28; Hb.
12.6,7).
A assistência social da
igreja, em momentos de despensa vazia, é projeto de Deus. A instituição
diaconal, em At. 6, visava suprir a carência das viúvas que estavam em situação
de pobreza extrema. É bem verdade que o governo precisa investir na diminuição
da pobreza, tanto “dando o peixe”, mas também “ensinando a pescar”. Dentro do
contexto eclesiástico, os diáconos devem estar atentos às necessidades dos
irmãos mais pobres. Os casos dignos de cuidados devem ser levados à liderança
da igreja a fim de que atitudes cabíveis sejam tomadas. O enfoque na riqueza
advindo da teologia da prosperidade está nos tornando insensíveis a uma
realidade patente aos nossos olhos. A pobreza existe, a Bíblia trata a respeito
do assunto com prioridade, o Deus das Escrituras se interessa pela causa dos
necessitados. Jesus exerceu Seu ministério público em direção aos mais pobres
(Lc. 4.18,19; 17.22-19; 21.1-4; Mt. 6.1-4). Na verdade não foi Jesus que fez
opção pelos pobres, foram estes que fizeram opção por Ele, como ainda acontece
nos dias atuais. Ao invés de criticarem os pobres, aqueles que estavam com a
“dispensa vazia”, Jesus esteve do lado deles, ajudando-os e se opondo aqueles
que os oprimiam (Mt. 19.21; Lc. 12.33; 14.12-14; 18.22). Paulo, o apóstolo dos
gentios, orientou os crentes da Galácia a fim de que se lembrassem dos pobres
(Gl. 2.10) e fez coletas a fim de suprir a necessidade dos mais carentes da
igreja (Rm. 15.26; I Co. 16.1-4; II Co. 8.9). É bem verdade que não podemos
resolver todos os problemas sociais do país, mas podemos pelo menos amenizar as
carências dos mais pobres, a esse respeito o Apóstolo também instrui para que
façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos na fé (Gl. 6.10).
Cada caso de “dispensa vazia”
deve ser avaliado com sabedoria, sobretudo com amor cristão. Há situações em
que a falta de alimento não é resultado de preguiça, mas de contratempos que
todos podem passar. A orientação geral bíblica é o trabalho, para não depender
dos outros (I Ts. 2.9; II Ts. 3.8), mas a igreja deve ser sensível à realidade
daqueles que não conseguem sair da zona de pobreza extrema. O amor deve ser
exercitado não “só de palavras” (I Jo. 3.16-18), mas também com ações, pois
para as boas obras fomos salvos, para que andemos nelas (Ef. 2.10).
BIBLIOGRAFIA
BARNETT, T. Há um milagre em sua casa. Rio de
Janeiro: CPAD, 2007.LIMA, P. C. Teologia da ação política e social da igreja. Rio de Janeiro: Renascer, 2005.
Postado por José Roberto A. Barbosa
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