A REBELDIA DOS
FILHOS
Texto Áureo: Pv. 22.6 – Leitura
Bíblica: I Sm. 2.12-14, 17, 22-25
Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Cada vez mais os filhos se mostram rebeldes, isso porque, além da
natureza caída (Gn.8.21), vivemos em uma cultura de contestação. Os programas
televisivos e até mesmo a escola, acabam por incitar os filhos à desobediência.
Na aula de hoje aprenderemos a respeito da importância de uma visão bíblica
que, amorosamente, conduza nossos filhos à obediência, a fim de que esses
crescem no caminho do Senhor.
1. OS FILHOS NA BÍBLIA
Filhos – yeled em hebraico – têm a ver com os filhos de forma geral,
sejam eles do sexo masculino ou feminino. A paternidade, na Bíblia, é uma
demonstração do favor divino, principalmente para o povo israelita, tendo em
vista a promessa messiânica. Por essa razão, a chegada de um filho era sempre
festejada com gratidão e alegria (Sl. 127; 128.3; 113.9). A religiosidade
judaica recomendava, como parte da aliança com Deus, a circuncisão ao oitavo
dia de nascimento do menino (Gn. 17.10; Lv. 12.3). O primogênito da família
ocupava lugar de destaque entre os demais, e todos eram iniciados no ofício do
pai. Este também era responsável pela educação dos filhos, que tinha não apenas
aspecto profissional, mas principalmente moral e religioso (Ex. 13.8; Dt.
4.9,10; 6.4-7; 7.9; Js. 4.4-8). Cabia aos pais dar aos filhos a devida correção
(Ex. 21.15-17; Dt. 21.18-21) e assumir responsabilidades em relação a eles (Pv.
22.6; Ef. 6.4; Cl. 3.21; I Tm. 5.8; Tt. 2.4). Os filhos também deveriam
portar-se com respeito em relação aos seus pais (Ex. 20.12; Ef. 6.1-3; Cl.
3.20). Na cultura judaica, a escola formal somente surgiu por volta do primeiro
século antes de Cristo, como uma extensão da sinagoga, os filhos eram
ingressados na prática da memorização da Torah logo a partir dos cinco e
seguiam até os treze anos de idade. A partir de então o jovem passava a fazer
parte da corte masculina e poderia recitar o Shema, além de jejuar com
regularidade e fazer as peregrinações.
2. FILHOS REBELDES
A rebeldia de um filho era motivo de vergonha na cultura judaica,
destacamos, na Bíblia, alguns exemplos: Hofni e Finéias, filhos de Eli (I Sm.
1.3; 2.12-34), Absalão, filho de Davi (II Sm. 13; 15.13-29). Filhos rebeldes,
ao longo da Bíblia, pagavam um preço alto, podendo ser punidos com a morte (Ex.
21.15-17; Lv. 20.9). Mas esse pecado de vez em quando se tornava comum entre os
israelitas (Ez. 22.7; Pv. 19.26), o próprio Jesus condenou o desrespeito aos
pais (Mt. 15.4-9). Nos dias atuais também nos deparamos com a rebeldia dos
filhos. As causas são as mais diversas, a principal é a secularização das
famílias. Ao invés de serem instruídos pela Palavra de Deus (Dt. 6.4,9; Rm.
16.5), os filhos estão tendo contato com meios de comunicação que os incentiva
à desobediência. A programação televisiva é uma das principais responsáveis
pela rebeldia dos filhos. A correria da vida moderna também é um fator
desencadeador da rebeldia, já que os filhos não são ensinados (Pv. 22.6, 15)
devido ao pouco tempo dos pais. A televisão se torna a babá eletrônica e a
escola fica sozinha responsável pela educação dos filhos, incitando, às vezes,
a contestação. Há casos em que os filhos apenas têm direitos, os deveres são
esquecidos, e os pais não podem mais discipliná-los. Outro fator que conduz à
rebeldia é a cultura do consumo, os filhos não conseguem aprender, a menos que
sejam ensinados, que a vida não consiste nos bens materiais (Lc. 12.15). Quando
isso não é percebido, o lar se torna um ambiente de conflito, gritarias,
desrespeito e estresse. Os estudos comprovam que os filhos podem refletir
aquilo que veem nos pais. Por conseguinte, a rebeldia dos filhos pode ser um
espelho do temperamento dos pais, mesmo que esses não se apercebam dessa
realidade.
3. LIDANDO COM A REBELDIA
Os pais precisam assumir posição de autoridade no lar, o próprio Deus
instituiu a autoridade (Rm. 13.1-5). O liberalismo predominante nos lares
modernos não tem o respaldo bíblico, a própria psicologia começa a rever seus
conceitos. Filhos que são criados sem limites podem acabar indo longe demais
(Pv. 29.15-17). Por isso, devemos resgatar a correção, sabendo que esse é um
ato de amor (Hb. 12.6), e que essa nada tem a ver com espancamento. A
disciplina, quando aplicada com sabedoria, é um ato de amor e os filhos devem
percebê-la como tal (Ef. 4.2). Os pais não podem demonstrar satisfação pela
punição, e serem cuidados para não se tornarem a causa da rebeldia (Ef. 6.4). A
fim de evitar que os filhos se tornem rebeldes é necessário: 1) ouvir não
apenas com os ouvidos, mas também com o coração (Tg. 1.19); 2) ter atitudes
positivas nos relacionamentos (Pv. 1.8); 3) demonstrar amor pelo cônjuge (Ef.
5.33); 4) não demonstrar favoritismo entre os filhos (Tg. 2.1); 5) encorajar
seus filhos nas decisões (Sl. 127.3); 6) não hesitar em pedir perdão quando
necessário (Mt. 5.23,24); 7) não ter receio de estabelecer limites (I Ts. 4.1);
8) ser coerente com os limites estabelecidos (Pv. 19.18); 9) aprender a lidar
com as próprias emoções (Cl. 3.8); e 10) basear sua disciplina no amor (Ap.
3.19). Alguns princípios positivos ainda podem ser destacados: trate seus
filhos com respeito (Cl. 3.21), expresse seus limites e interesses (I Ts. 4.1),
encoraje e dê oportunidade para que eles se desenvolvam e assumam
responsabilidade (Pv. 17.25), retribua com um elogio (I Ts. 5.11) e evite
repreensões em público (Pv. 24.3,4).
CONCLUSÃO
Somos mordomos dos nossos filhos, eles não nos pertencem, são
propriedade do Senhor (Sl. 127.3,4). Por esse motivo, devemos investir na
formação deles, e fazer o possível para entregá-los ao Senhor. É bem provável
que não consigamos ganhar o mundo inteiro para Cristo, mas faremos muito se
levarmos os nossos filhos até Ele, tal como fez Noé, ao conduzir todos à arca
(Gn. 6.18). Oremos pelos nossos filhos, e os ensinemos nos caminhos santos do
Senhor, a fim de que eles não venham a se desviar dEle (Pv. 22.6), isso não é
uma promessa, mas tem grandes possibilidades de acontecer.
BIBLIOGRAFIA
CAMPBELL, R. Como realmente amar seu filho rebelde. São Paulo:
Mundo Cristão, 2005.
GRAYBBOWSKI, C., GRAYBBOWSKI, D. F. Pais santos, filhos nem tanto.
Viçosa: Ultimato, 2012.