Lições Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos - Lição 7: A vinha de Nabote
Data: 17 de Fevereiro de 2013
TEXTO ÁUREO
“Não
erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso
também ceifará” (Gl 6.7).
VERDADE PRÁTICA
A
trama orquestrada pela rainha Jezabel e o rei Acabe contra Nabote demonstra
quão danoso é render-se aos desejos da cobiça e de uma satisfação pessoal.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 1 Reis
21.1-5,15,16.
INTERAÇÃO
Acabe não se contentou com o que tinha — e não era
pouco, ele tinha “apenas” o governo da nação de Israel, o reino do Norte, à sua
disposição. Ele poderia comprar ou possuir qualquer terra ou vinha em Israel.
Mas por que justamente desejou a de Nabote? Uma vinha de valor não apenas
financeiro, mas, principalmente, familiar. Não satisfeito, e alimentado pela
loucura de sua mulher, Jezabel, Acabe cometeu uma das maiores injustiças
narradas nas Sagradas Escrituras. Ele permitiu a morte de Nabote e tomou para
si a sua vinha. Eliminemos a cobiça do nosso coração, pois, podemos ser
injustos e cruéis com pessoas inocentes.
OBJETIVOS: Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a: Identificar o objeto da cobiça de Acabe. Citar as causas da cobiça. Conscientizar-se
dos frutos e consequências da cobiça.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado
professor, na aula desta semana trataremos a respeito da cobiça. A fim de
contextualizar a lição, reproduza, de acordo com as suas possibilidades, o
esquema abaixo.
Introduza
a lição dizendo que a cobiça é uma consequência da visão de mundo que o ser
humano possui. Explique que o mundo onde vivemos é orientado por um estilo de
vida materialista, hedonista e pragmatista. Todavia, o Evangelho demanda de
cada um de nós um estilo rigorosamente contrário ao mundano.
O ESPÍRITO DO MUNDO
Materialismo: É o ceticismo a
respeito da existência daquilo que é transcendental. Um estilo de vida pautado
somente nas coisas materiais. Após essa vida, dizem os materialistas, tudo
acaba.
Hedonismo: Ética pautada na
busca intensa pelo prazer inteiramente pessoal. O sexo, a paz interior e a
prosperidade são os sonhos de vida do ser humano.
Pragmatismo: É o estilo de vida
que objetiva o lucro pessoal. Os relacionamentos de ordem sentimental,
espiritual e profissional são baseados numa perspectiva de barganha.
COMENTÁRIO
introdução
Palavra Chave: Cobiça: Desejo veemente
de possuir bens materiais; avidez, cupidez.
O
episódio envolvendo o rei Acabe e a vinha de Nabote é um dos mais tristes do
registro bíblico. Uma grande injustiça é cometida contra um homem inocente.
Triste porque vemos até onde pode chegar um coração cobiçoso. Por outro lado, o
fato é um dos que melhor revela a manifestação da justiça divina ante as
injustiças dos homens. Acabe matou Nabote e apropriou-se de suas terras.
Todavia, não pôde usufruir do fruto de seu pecado, porque o Senhor, através do
profeta Elias, o denunciou e o disciplinou.
É
triste saber que soberanos, governantes e reis injustos governam, mas é mais
maravilhoso saber que um Rei justo governa todo o universo.
I. O OBJETO DA COBIÇA
1. O direito à
propriedade no Antigo Israel.
De
acordo com o livro de Levítico, a terra pertencia ao Senhor (Lv 25.23). O
israelita da Antiga Aliança estava consciente de que o Senhor lhe havia dado o
direito de explorar a terra como uma concessão. Assim sendo, ele não poderia
vender aquilo que lhe fora dado como herança divina.
O
livro de Números destaca esse fato: “Assim, a herança dos filhos de Israel não
passará de tribo em tribo; pois os filhos de Israel se chegarão cada um à
herança da tribo de seus pais” (Nm 36.7). Com isso, o Senhor queria proteger
seu povo da cobiça, além de garantir-lhe o direito de cultivar a terra para sua
subsistência.
Fica,
pois, a lição de que não devemos cobiçar aquilo que é do próximo, nem tampouco
jogar fora aquilo que o Senhor nos confiou como despenseiros.
2. A herança de
Nabote.
Acabe
queria a vinha de Nabote de qualquer jeito. Diante da insistência do rei,
Nabote contra argumentou: não poderia desfazer-se de sua herança (1 Rs 21.3).
Nabote era obediente ao Senhor e invocou o poder da lei para proteger-se.
Diante desse fato, o rei cobiçoso ficou triste, pois sabia que até mesmo um
monarca hebreu precisava submeter-se à lei divina (1 Sm 10.25). Mas Jezabel,
sua esposa, que viera de um reino pagão, ficou escandalizada com esse fato, pois
entre os reinos gentios os governantes não eram apenas soberanos, eram também
tiranos (1 Rs 21.5-7). Dessa forma, ela arquitetou um plano para apossar-se da
vinha de Nabote (1 Rs 21.8-14).
Quantas
pessoas têm consciência da ilegalidade de determinada coisa, mas como Acabe
ficam à procura de justificativas que a tornem legal. Cuidado! Deus há de
julgar os tiranos e malfeitores.
II. AS CAUSAS DA
COBIÇA
1. A casa de campo
de Acabe.
O
livro de 1 Reis destaca que Acabe possuía uma segunda residência em Jezreel (1
Rs 18.45,46). Era uma casa de verão. A vinha de Nabote estava, pois, localizada
próxima à residência de Acabe (1 Rs 21.1). O rei Acabe possuía uma casa real,
uma casa de campo, mas não estava satisfeito enquanto não possuísse a pequena
vinha do seu súdito, Nabote. É uma verdade que muitas pessoas, mesmos sendo
ricas, não se satisfazem com o que têm. Querem mais e mais, e assim mesmo não
conseguem encontrar satisfação. Nenhum ser humano conseguirá satisfazer-se
plenamente se o centro da sua satisfação não estiver em Deus.
2. A horta de Acabe.
Acabe
estava dominado pelo desejo de “ter”, de “possuir”. Somente a casa de verão,
que sem dúvida era majestosa, não lhe satisfazia, queria agora construir ao seu
lado uma horta para que seus desejos pudessem ser realizados. Não se importava
em quebrar o mandamento divino: “Não cobiçarás” (Êx 20.17). Mais do que
qualquer motivação externa, Acabe estava totalmente dominado pelos desejos
cobiçosos de seu coração.
Jamais
devemos incorrer no erro de achar que os fins justificam os meios, e assim
quebrar a Palavra do Senhor na busca de um desejo meramente egoísta.
III. O FRUTO DA COBIÇA
1. Falso
testemunho.
As
atitudes de Acabe foram acontecendo como reação em cadeia. É evidente que um
desejo pecaminoso não pode dar frutos bons. O problema agora não era somente
Acabe, mas também sua famigerada mulher, Jezabel (1 Rs 21.7). Foi ela que
arquitetou um plano sórdido para apossar-se da propriedade de Nabote. Diz o
texto sagrado que ela envolveu várias pessoas nesse intento, incluindo os
nobres do reino (1 Rs 21.8). Nobres sem nenhuma nobreza! Escreveu uma carta e
selou com o anel de Acabe. Por conseguinte, com o pleno consentimento do
marido, engendrou o plano, a fim de que Nabote, o Jezreelita, fosse acusado de
ter blasfemado contra Deus e contra o rei (1 Rs 21.10). Um simples desejo que
evoluiu para cobiça e falso testemunho.
2. Assassinato e
apropriação indevida.
A
trama precisava ser bem feita para não gerar desconfiança. E por isso um jejum
deveria ser proclamado, como sinal de lamento por haver Nabote blasfemado
contra o Deus de Israel (1 Rs 21.9). Uma prática religiosa foi usada para dar
uma roupagem espiritual ao caso. Como foi planejado, Nabote e sua família foram
apedrejados e mortos injustamente! (1 Rs 21.13). Quantas vezes a Bíblia é usada
para justificar práticas pecaminosas! Resolvido o problema, agora o rei
apoderar-se-ia da vinha de Nabote (1 Rs 21.16). Um abismo chama outro abismo.
O
pecado havia evoluído da cobiça para o assassinato!
IV. AS CONSEQUÊNCIAS
DA COBIÇA
1. Julgamento
divino.
Tanto
Acabe como a sua esposa, Jezabel, estavam convencidos de que ninguém mais sabia
dos seus intentos. De fato, ninguém dentre o povo soube dos bastidores desse
estratagema diabólico, exceto Elias, o Tisbita. Tão logo Acabe apossou-se da
vinha de Nabote, ordena Deus ao profeta Elias que se apresente ao rei e lhe
proclame o juízo divino: “Falar-lhe-ás, dizendo: Assim diz o Senhor:
Porventura, não mataste e tomaste a herança? Falar-lhe-ás mais, dizendo: Assim
diz o Senhor: No lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabote, os cães
lamberão o teu sangue, o teu mesmo” (1 Rs 21.19,20).
Alguém
pode enganar aos homens, mas nunca ao Senhor. Diante dEle todas as coisas estão
patentes (Hb 4.13).
2. Arrependimento e
morte.
Duas
atitudes podem ser tomadas diante de uma sentença divina de julgamento:
arrepender-se ou rejeitar a correção. No caso de Acabe, o texto sagrado destaca
que logo após receber a profecia sentenciando a sua morte, ele “rasgou as suas
vestes, e cobriu a sua carne de pano de saco, e jejuou; e dormia em cima de
sacos e andava mansamente. Então, veio a palavra do Senhor a Elias, o tisbita,
dizendo: Não viste que Acabe se humilha perante mim? Porquanto, pois, se
humilha perante mim, não trarei este mal nos seus dias, mas nos dias de seu
filho trarei este mal sobre a sua casa” (1 Rs 21.27-29). Acabe arrependeu-se,
mas mesmo assim não teve como se livrar das consequências de suas ações (1 Rs
22.29-40; 2 Rs 1.1-17). O pecado sempre tem seu alto custo!
CONCLUSÃO
Lendo
a história de Acabe, constatamos logo que o pecado não compensa. Todas as
nossas ações terão consequências, e algumas delas extremamente amargosas.
Deveríamos medir nossas intenções primeiramente pela Palavra de Deus e somente
assim evitaríamos dar vazão aos nossos instintos. Nossas ações glorificariam a
Deus em vez de satisfazer nossos egos. Acabe fracassou porque esqueceu-se da
Palavra de Deus, preferindo ouvir e seguir a orientação de uma pagã que nada
sabia sobre a Lei do Senhor. Quando alguém quebra a Palavra de Deus, na verdade
é ele quem está se quebrando!
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
Dicionário
Bíblico Wycliffe. 1 ed., RJ: CPAD, 2009.
HENRY, M. Comentário Bíblico do Antigo Testamento: Josué a Ester. 1 ed.,
RJ: CPAD, 2010.
EXERCÍCIOS
1.
De acordo com a lição, por que Nabote recusou vender a sua vinha?
R.
Porque a terra era
dada como uma concessão e como tal não poderia ser vendida. A lei mosaica ainda
proibia um israelita vender a herança de seus pais.
2.
Explique o porquê do desejo de Acabe em se apossar da vinha de Nabote.
R.
Acabe possuía uma casa
de verão e queria construir ao seu lado uma horta.
3.
Destaque alguns frutos da cobiça de Acabe.
R.
Falso testemunho,
apropriação indébita e assassinato.
4.
Como Acabe reagiu à sentença de julgamento dada pelo profeta Elias?
R.
Com arrependimento.
5.
Lendo a história de Acabe, o que podemos constatar?
R.
Que o pecado não
compensa.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Teológico
“Base legal
O
‘dia de jejum’ que Jezabel proclamou sugere que ela havia convocado os anciãos
em assembleia para identificar a causa de algum recente desastre ou dificuldade
(cf. Jl 1.14-18). Alguns sugerem que a acusação feita pelos dois vilões era que
Nabote abandonara a promessa feita em nome de Deus para vender sua terra ao
rei. O fracasso em manter um juramento feito em nome de Deus seria blasfêmia.
Nesse caso, após a execução de Nabote, o rei podia legalmente tomar posse da
propriedade em disputa. 2 Reis 9.26 acrescenta que os filhos de Nabote foram
assassinados ao mesmo tempo. Com nenhum herdeiro vivo, aparentemente não havia
ficado ninguém para disputar a reclamação de Acabe pela terra” (RICHARDS, L. O.
Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por
capítulo. 1 ed., RJ: CPAD, 2010, p.238),
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Bíblico
“Tendo
Nabote sido tirado do caminho, Acabe toma posse da vinha.
Os
anciãos de Jezreel enviaram despreocupadamente a notícia a Jezabel, como se
fosse uma notícia agradável: Nabote foi apedrejado e morreu (v.14). Aqui
observamos que: tão obsequiosos estavam os anciãos de Jezreel para obedecer as
ordens de Jezabel, que ela enviara de Samaria para assassinar Nabote, quanto
estavam obsequiosos os anciãos de Samaria para obedecer as ordens de Jeú para
assassinar os setenta filhos de Acabe, embora nada fosse feito segundo a lei (2
Rs 10.6,7). Aqueles tiranos, que com suas ordens perversas corrompem as
consciências dos seus magistrados inferiores, no fim podem talvez receber o
troco caindo sobre eles, e aqueles que se dispõem a fazer uma coisa cruel por
eles estarão prontos a fazer outra coisa cruel contra eles” (HENRY, M. Comentário
Bíblico do Antigo Testamento: Josué a Ester. 1 ed., RJ: CPAD, 2010,
p.534).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A vinha de Nabote
Não
devemos ficar surpresos quando a injustiça e a maldade forem companheiras das
práticas de uma nação quando a mesma se afasta da lei do Senhor. A descrição
dada pelo cronista sobre os dias do reinado de Acabe não são agradáveis, e
mostram um rei fraco, imaturo e dominado por uma esposa ímpia: “Porém ninguém
fora como Acabe, que se vendera para fazer o que era mau aos olhos do SENHOR,
porque Jezabel, sua mulher, o incitava” (1 Rs 21.25).
Ao
lado do palácio de Acabe, havia uma vinha que pertencia a um homem chamado
Nabote. Entendemos pelo texto que aquela propriedade lhe fora passada por
herança: “Porém Nabote disse a Acabe: Guarde-me o SENHOR de que eu te dê a
herança de meus pais” (1 Rs 21.3), o que fortalecia a convicção de Nabote de
que ele não deveria vendê-la nem trocá-la por outra propriedade. É provável que
Nabote tenha sido criado naquele terreno, dedicando-se com seus pais ao cultivo
de uvas.
O
que fez Acabe diante da resposta de seu súdito? Ficou entristecido, como uma
criança mimada, e não quis se alimentar. Ao perceber o que aconteceu, a maligna
esposa do rei orquestrou uma farsa para que o rei tivesse um pouco de alegria:
escreveu cartas ordenando que homens maus acusassem Nabote de ter blasfemado do
Senhor e do rei, para que fosse apedrejado e morto. É curioso ver que pessoas
malignas não adoram ao Senhor nem o temem, mas não se furtam de usar o nome do
Senhor para perverter o juízo e cometer atrocidades. Mas lembremo-nos de que
Deus não se deixa escarnecer nem deixa seu nome ser usado em vão.
O
julgamento de Acabe seria terrível, e a sentença seria transmitida por Elias:
“Levanta-te, desce para encontrar-te com Acabe, rei de Israel, que está em
Samaria; eis que está na vinha de Nabote, aonde tem descido para a possuir. E
falar-lhe-ás, dizendo: Assim diz o SENHOR: Porventura, não mataste e tomaste a
herança? Falar-lhe-ás mais, dizendo: Assim diz o SENHOR: No lugar em que os
cães lamberam o sangue de Nabote, os cães lamberão o teu sangue, o teu mesmo...
E também acerca de Jezabel falou o SENHOR, dizendo: Os cães comerão Jezabel
junto ao antemuro de Jezreel” (1 Rs 21.18,19,23). Que isso sirva de lição a
todos os que de alguma forma detém o poder e dele abusam: não se pode zombar de
Deus utilizando o poder temporal para realizar propósitos pessoais e até
malignos. A quem muito for dado muito será cobrado. E todo ato de cobiça, além
de reprovado por Deus, será também duramente punido por Deus.