Lições
Bíblicas CPAD / Adultos
4º Trimestre de 2015
Título: O
começo de todas as coisas — Estudos sobre o livro de Gênesis
Comentarista: Claudionor de Andrade
TEXTO ÁUREO: “[...] Eis que o povo é um, e todos têm uma
mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e, agora, não haverá restrição
para tudo o que eles intentarem fazer” (Gn 11.6).
VERDADE PRÁTICA: Apesar da
multiplicidade de línguas e dialetos, decorrente da confusão de Babel, o
Evangelho de Cristo pode ser perfeitamente entendido em todos os idiomas e
culturas.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve
atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os
seus respectivos subtópicos.
I. Saber a respeito
da torre de Babel;
II. Analisar como se deu
a confusão de línguas;
III. Mostrar que a
multiplicidade linguística e cultural, depois da Torre de Babel, tornou-se um
fato.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Na lição de hoje estudaremos a respeito da
construção da Torre de Babel. Veremos que um dos fatores que contribuíram para
que a depravação da humanidade viesse a crescer de forma vertiginosa foi o
monolinguismo. A Terra havia sido purificada pelas águas do dilúvio, mas a
semente do pecado estava em Noé e em seus descendentes. Não demorou muito para
que o pecado se alastrasse novamente. Já que não havia impedimento quanto a
língua, os homens cheios de soberba, e com um espírito de rebelião se unem para
fazer um monumento que seria símbolo da sua empáfia. Deus não estava preocupado
com a construção ou com o tamanho da torre, mas com a arrogância que dominava,
mais uma vez o coração do homem. O Senhor abomina a altivez, o orgulho (Pv
6.17). Que venhamos guardar os nossos corações destes sentimentos tão nefastos.
INTRODUÇÃO
Um dos fatores que levaram a primeira civilização humana à depravação
total foi o monolinguismo. Entre os filhos imediatos de Adão e Eva, inexistiam
fronteiras idiomáticas, culturais e geográficas. Eis por que os exemplos de
Caim e Lameque alastraram-se logo por toda a terra.Na lição de hoje, encontraremos a família noética correndo o mesmo perigo. Temendo um novo dilúvio, e recusando-se a povoar a terra, puseram-se os descendentes de Noé a construir uma torre, cujo topo, segundo imaginavam, tocaria os céus.
A fim de impedir a degeneração da segunda civilização, o Senhor confunde-lhes a língua, levando a linhagem de Sem, Cam e Jafé a espalhar-se pelos mais longínquos continentes.
Deste episódio, surge a multiplicidade línquística e cultural da humanidade.
I. A TORRE DE BABEL
Não sabemos quanto tempo se havia passado desde que Noé saiu da arca até
a construção da torre de Babel. De qualquer forma, seus filhos, Sem e Jafé, não
puderam impedir seus descendentes de cair na apostasia de Cam.
1. O monolinguismo.
Aaquele tempo, a humanidade ainda era monolíngue; todos falavam uma só
língua (Gn 11.1). Sobre o idioma original da humanidade, há muita especulação.Alguns sugerem o hebraico. Nada mais ilógico. Abraão, ao deixar a sua terra natal, falava o arameu (Dt 26.5) que, nos lábios de seus descendentes, sofreria sucessivas mudanças até transformar-se na belíssima língua hebreia. O interessante é que depois do cativeiro babilônico, os israelitas voltariam a usar o aramaico, inclusive Jesus (Mc 15.34).
2. Uma nova apostasia.
Se por um lado o monolinguismo facultava a rápida disseminação do
conhecimento, por outro, propagava com a mesma rapidez as apostasias da nova
civilização. E, assim, não demorou para que a revolta, misturada ao medo, se
tornasse incontrolável. Por isso, revoltam-se os descendentes de Noé contra
Deus: “Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus e
façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a
terra” (Gn 11.4).Se Deus não tivesse intervindo a situação ficaria mais insustentável do que no período anterior ao Dilúvio.
3. Um
monumento a soberba humana
Apesar das garantias divinas de que não haveria outro dilúvio, os filhos
de Noé buscavam agora concentrar-se num lugar alto e forte. Entregando-se ao
medo, acabaram por erguer um monumento à soberba e à rebelião.A ordem do Senhor àquela gente era clara: espalhar-se até aos confins da terra (Gn 9.7; Mt 28.19,20). Séculos mais tarde, o Senhor Jesus Cristo também ordenou aos seus discípulos que fossem proclamar o Evangelho até os confins da Terra. Quando não a obedecemos, edificamos dispendiosas torres, onde a confusão é inevitável. Cada um fala a sua língua, e ninguém se entende mais.
Professor, é importante que você leia com os alunos o capítulo 10 de Gênesis antes de introduzir a lição. Explique que os “descendentes de Sem povoaram as regiões asiáticas, desde as praias do Mediterrâneo até o oceano Índico, ocupando a maior parte do território de Jafé e Cam. Foi entre eles que Deus escolheu seu povo, cuja história constitui o tema central das Sagradas Escrituras.
Os descendentes de Cam foram notavelmente poderosos no princípio da história do mundo antigo. Constituem a base dos povos que mais relações travaram com os hebreus, seja como amigos, seja como inimigos. Eles estabeleceram-se na África, no litoral mediterrâneo da Arábia e na Mesopotâmia.
Os descendentes de Jafé foram os povos indo-europeus, ou arianos. Embora não tivessem sobressaído na história antiga, tornaram-se nas raças dominantes do mundo moderno” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995, p.47). Se desejar, reproduza, da referida Bíblia, o mapa e a tabela abaixo para seus alunos.
II. A CONFUSÃO DE LÍNGUAS
1. Uma cidade à prova d'água.
A engenharia dos descendentes de Noé era bastante avançada. De início,
projetaram uma cidade cujo epicentro seria uma torre que, segundo imaginavam,
arranharia o céu (Gn 9.4). Aquele lugar se tornaria uma fortaleza impenetrável,
mas independente dos planos dos homens, Deus lhes frustraria os objetivos e
cumpriria sua vontade espalhando-os pela terra.Em seguida, prepararam o material: tijolos bem queimados e betume. O seu objetivo era construir uma cidade à prova d'água. Se houvesse algum dilúvio, escalariam a torre, e tudo estaria bem. Na verdade, não queriam cumprir o mandato cultural que o Senhor confiara ao patriarca: repovoar e trabalhar a terra (Gn 9.4).
2. A torre que Deus não viu.
Aos olhos dos homens, a torre parecia alta. Mas, à vista de Deus, nada
era. Ironicamente, o Altíssimo teve de baixar à terra para vê-la: “Então,
desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens
edificavam” (Gn 11.5).
Assim são os projetos firmados na vaidade humana. Aos nossos olhos,
muita coisa; à vista de Deus, tolas pretensões. Se o Senhor não tivesse
intervindo, a segunda civilização tornar-se-ia pior do que a primeira (Gn
11.6). Nenhum limite seria forte o bastante para conter aquela gente, que já
começava a depravar-se totalmente.
3. Quando ninguém mais se entende.
Por isso mesmo, o Senhor decreta: “Eia, desçamos e confundamos ali a sua
língua, para que não entenda um a língua do outro” (Gn 11.7). Nascia ali, na planície
de Sinear, o multilinguismo.Como ninguém mais se entendia, os descendentes de Noé foram apartando-se uns dos outros, e reagrupando-se de acordo com a sua nova realidade idiomática. Os filhos de Sem formaram uma grande família linguística, da qual se originaram o aramaico, o moabita, o árabe e, mais tarde, o hebraico. O mesmo fenômeno deu-se entre as linhagens de Jafé e Cam. É bem provável que Pelegue tenha nascido nesse período (Gn 10.25).
Apesar da confusão da linguagem humana, Deus permitiu que os idiomas conservassem evidências de um passado, já bastante remoto, quando todos os seres humanos falavam uma só língua.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
A história nos conta que, em assembleia, os novos habitantes de Sinar
tomaram uma decisão totalmente fora da vontade de Deus. O propósito da ação é
claro. Queriam fama (Gn 11.4). E desejavam segurança: ‘Para que não sejamos
espalhados sobre a face de toda a terra’. Ambas as metas seriam alcançadas
somente pelo empreendimento humano. Não há dúvida sobre a ingenuidade das
pessoas. Não tendo pedras, fabricaram tijolos de barro e depois queimaram bem.
Viram a utilidade do betume abundante na área e o usaram como argamassa.O interesse principal desse povo não estava numa torre, embora também houvesse a construção de uma cidade. A torre ia alcançar os céus. Nada é dito sobre um templo no topo da torre, por isso não está claro se a torre era como os zigurates que houve mais tarde na Babilônia.
O paganismo está indiretamente envolvido nesta história, pois havia um ímpeto construtivo em direção ao céu e o único verdadeiro Deus foi definitivamente omitido de todo planejamento e de todas as etapas. Mas Deus não estava inativo. O julgamento de Deus logo veio. Para demonstrar que a unidade humana era superficial sem Deus, Ele introduziu confusão de som na língua humana. Imediatamente estabeleceu-se o caos. O grande projeto foi abandonado e a sociedade unida, sem temor de Deus, foi despedaçada em segmentos confusos. Em hebraico, um jogo de palavras no versículo 9 é pungente. Babel significa ‘confusão’ e a diversidade de línguas resultou em balbucius ou fala ininteligível” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 1. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.55).
III. A MULTIPLICIDADE LINGUÍSTICA E CULTURAL
O episódio da torre de Babel criou diversas fronteiras entre os
descendentes de Noé: linguísticas, culturais e geográficas.
1. Linguísticas.
Da barreira idiomática, surgiu a
noção de nacionalidade, responsável pela criação de países e reinos. Só os
impérios, geralmente antagônicos a Deus, buscam unificar o que o Senhor separou
em Sinear (Dn.3.7). A multiplicidade linguística dos povos oprimidos, porém,
torna inviável tal unificação, ainda que possa ser considerada “duradoura”,
como foi o império romano.
Já imaginou se toda a humanidade falasse o russo ou o alemão? Homens
como Stalin e Hitler teriam certamente dominado toda a terra.
2. Culturais.
A diversidade linguística trouxe também a diversidade cultural. Cada
povo, uma língua, uma cultura e costumes bem característicos. Tais fatores
tornam inviável um Estado totalitário mundial. O governo do Anticristo, aliás,
reinará absoluto por apenas 42 meses (Ap 13.5). Logo após, será destruído.
3. Geográficas.
Acrescente-se a essas dificuldades as fronteiras naturais: rios, mares,
montanhas, vales, etc. Cada povo com o seu território. Deus sabe o que faz.
CONCLUSÃO
O episódio de Babel não impediu a proclamação do Evangelho, pois no
Pentecostes, “todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em
outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.4).
A Palavra de Deus, atualmente, encontra-se em quase todas as línguas. O que
parecia maldição fez-se bênção para todos os povos.
A respeito do livro de Gênesis:
1° O que levou os descendentes de Noé a construírem
a torre de Babel?
Resp: Eles
queriam fama e desejavam segurança. Foram movidos pelo orgulho.
2° Como eles construíram a torre?
Resp: Eles
prepararam o material: tijolos bem queimados e betume.
3° O que teria acontecido se eles tivessem
alcançado o seu intento?
Resp: O homem não
teria cumprido o mandato cultural que Deus havia lhe dado.
4° O que, hoje, separa os seres humanos?
Resp: A
diversidade linguística, cultural e geográfica.
5° Que episódio bíblico é considerado o contraponto
da torre de Babel?
Resp: A
proclamação do Evangelho, pois no Pentecostes, “todos foram cheios do Espírito
Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes
concedia que falassem” (At 2.4).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A origem da diversidade cultural da humanidade
O capítulo 11 de Gênesis expõe a história de Babel, concluindo todos os
relatos pré-abraâmicos. Além de encerrar a série de narrativas das origens, a
história de Babel leva o leitor diretamente para a narrativa de Abraão e a
conseqüente à formação do povo de Deus. A história de Babel tem como um de seus
intuitos apresentar o ambiente pagão e politeísta do nosso pai na fé, Abraão.Gênesis 11 mostra que a confusão do idioma, quando Deus decidiu confundir as línguas da humanidade, ocorreu na quarta geração pós-diluviana. O propósito por trás do relato da Torre de Babel está paralelamente ligado ao mesmo propósito da narrativa de Adão e Eva em Gênesis 3: mostrar a busca pela própria autonomia e usurpar a glória de Deus. O povo de Babel tinha o propósito de transcender às limitações humanas. Queria mostrar que não dependia do auxílio de Deus, pois buscava a glória humana, e não a divina. Isso fica claro quando fazemos uma comparação da Torre de Babel com o Dia de Pentecoste (At 2):
A Torre de Babel representa a eterna tentativa do ser humano em ser
autônomo, ser independente e dono do seu próprio destino. Mas o texto deixa
claro que quando o ser humano porfia por esse caminho, ele entra pelo caminho
da morte, da rebelião contra a vontade de Deus. De outro modo, o Dia de
Pentecoste representa o ideal de Deus, por intermédio da Igreja, o Corpo de
Cristo, em viver uma comunhão verdadeira e uma vida que faça sentido para o ser
humano. A Torre de Babel é a tentativa da emancipação do homem por si mesmo; o
Dia de Pentecoste é Deus, por intermédio do Espírito Santo, emancipando o ser
humano.
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