Lição 05
OBADIAS – O
PRINCÍPIO DA RETRIBUIÇÃO
Texto Áureo: Ob. 1.15 – Leitura
Bíblica: Ob. 1.1-4, 15-18
Prof. José Roberto A. Barbosa
INTRODUÇÃO
Vivemos em um mundo marcado pela injustiça, não poucas
vezes as pessoas que seguem a Deus são alvo de perseguições. Na aula de hoje,
através das palavras de Obadias, aprenderemos que o Senhor é Aquele que julga
com retidão. A principio destacaremos aspectos contextuais do livro de Obadias,
em seguida, sua mensagem, e ao final, sua aplicação para os dias atuais.
1. ASPECTOS CONTEXTUAIS
Obadias foi um profeta de Judá que pronunciou o castigo
de Deus contra a nação de Edom. Existem duas datas prováveis para sua mensagem
profética: 855 e 840, durante o reinado de Jeorão em Judá, ou talvez durante o
ministério de Jeremias, por volta de 627 e 586 a. C. Pouco se sabe a respeito de
quem foi Obadias, sabemos apenas que seu nome significa “servo” ou “adorador”. O
propósito é mostrar que Deus é Aquele que julga os que afligem o Seu povo. O
versículo-chave se encontra em Ob. 1.15: “porque o dia do SENHOR está perto,
sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se faça contigo; a tua maldade
cairá sobre a tua cabeça”. O estilo literário do livro se assemelha a um cântico
fúnebre de condenação, e está repleto linguagem poética. A mensagem se dirige
aos edomitas, uma nação vizinha de Judá, ao sul, que tinham fronteiras comuns.
Isso acirrava a disputa entre essas nações, os edomitas não gostavam de Judá.
Nessa época a capital de Edom era Sela, uma cidade considerada invencível, tendo
em vista sua localização em penhascos, com acesso apenas por meio de um
desfiladeiro sinuoso. Por causa disso os edomitas eram orgulhosos e presunçosos.
Eles achavam que jamais seriam vencidos por qualquer poderio inimigo. A
autossuficiência os conduziu à ruína, a segurança se mostrou aparente quando lhe
sobreveio o juízo divino. O livro de Obadias, que é o menor do Antigo
Testamento, contendo apenas um capítulo, pode ser assim estruturado: O
julgamento pronunciado contra Edom (Ob. 1-14); O resultado do julgamento (Ob.
15-18); e A possessão de Edom por Judá (Ob. 19-21).
2. A MENSAGEM DE OBADIAS
A mensagem de Obadias destaca a inimizade entre Judá e
Edom e prefigura, através da destruição desta nação, o julgamento que sobrevirá
sobre todas as nações que se oporão a Israel. Obadias denuncia a soberba humana
das nações, tendo em vista que essa soberba – zadon em hebraico – alimenta a
falsa esperança nos métodos humanos (v. 3,4). A soberba é decorrente da
prosperidade humana, da crença de que é possível subsistir sem a providência
divina. A posição social dos edomitas fez com que eles achassem que jamais
seriam destruídos. Mas “naquele dia” ou, “no Dia do Senhor”, quando Deus julgar
as nações, no tempo vindouro, a opulência da nação terá o seu fim. A causa desse
julgamento será a violência – hamas em hebraico - “feita a seu irmão Jacó” (v.
10). Israel sofreu vários ataques ao longo da história, destacamos alguns deles:
pelo Egito (I Rs. 14.25-28), pelos filisteus e árabes (II Cr. 21.16,17), pelos
sírios (II Cr. 24.23,24); por Edom (II Rs. 14.7-14); por vários inimigos na
época de Acaz (II Cr. 29.8,9), pela Assíria(II Rs. 18-19) e pelos babilônicos
(II Cr. 36.15-22). O ataque dos inimigos produziu regozijo nos edomitas, eles
celebravam as invasões sobre Judá. Por causa disso, o Senhor estabelece o
princípio da retribuição: “como tu fizeste, assim se fará contigo”. Há ainda uma
promessa para o futuro, na dimensão escatológica, virá a paz sobre o povo de
Deus. A salvação se espalhará desde o monte Sião, quando, ao final, o Senhor
reestabelecerá o Reino na terra. Essa é mais uma alusão profética ao período do
milênio, que se concretizará quando Cristo volta, com poder e grande glória,
para reinar (Ap. 19).
3. PARA HOJE
O orgulho é a destruição de todo ser humano, e muitas
igrejas também padecem desse terrível mal. Jesus alertou a igreja de Laodicéia
porque essa se achava autossuficiente (Ap. 3.17). Algumas igrejas ostentam a sua
riqueza, do seu número de membros, influência política, entre outros males. Não
sabem elas que Jesus está do lado de fora, batendo à porta, sem oportunidade
para entrar. Não podemos esquecer que o pecado de Satanás foi exatamente o do
orgulho, pois este quis subir até o lugar do Altíssimo, o final foi a sua queda
(Is. 14.14). A orientação de Deus, para o Seu povo, é a de humildade, como
demostração da nossa dependência dEle. Conforme está escrito em II Cr. 7.14: “e
se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha
face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei
os seus pecados, e sararei a sua terra”. Esse é um texto específico para Israel,
mas com aplicação para a Igreja dos dias atuais. Se confiarmos menos em nossas
potencialidades humanas e dependermos mais de Deus, veremos as coisas grandiosas
que Ele realizará através de nós. Para tanto, precisamos voltar a orar (I Ts.
5.17), pois a falta de oração é uma das manifestações mais concretas do
distanciamento de Deus. Não podemos esquecer que sem Cristo nada poderemos fazer
(Jo. 15.5). Ao invés de desejarmos o mal aos nossos irmãos, e até mesmo aos
inimigos, devemos edificar uns aos outros em amor (Ef. 5.12; Gl. 6.1) e orar por
aqueles que nos perseguem (Mt. 5.44).
CONCLUSÃO
Em mundo repleto de injustiças, somos tentados, a todo
instante, a desejar o mal aos outros. Os salmos imprecatórios chegam à ponta da
nossa língua, a fim de desejar que o pior aconteça àqueles que nos perseguem.
Não devemos sequer nos alegrar com a ruína do inimigo, antes orar por ele e
desejar que tenha a oportunidade de voltar-se para Deus (Pv. 24.17,18). Como
cristãos devemos saber que a vingança pertence a Deus (Dt. 32.35; Rm. 12.19),
pois Ele, em tempo oportuno, nos livrará da perseguição e retribuirá o mal de
acordo com Sua justiça (Pv. 20.22). A lei “olho por olho e dente por dente” está
debaixo da soberania divina, e do “porém” de Jesus (Mt. 5.38,39).
BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids:
Bakerbooks, 2006.
BAKER, D. W., ALEXANDER, T. D. STURZ, R. J. Obadias,
Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias: introdução e comentário. São
Paulo: Vida Nova, 2001.
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