HABACUQUE – A SOBERANIA DIVINA SOBRE AS NAÇÕES
Texto Áureo: Hc. 1.13 – Leitura Bíblica: Hc. 1.1-6 2.1-4
INTRODUÇÃO
O Deus da Bíblia é soberano, isto é,
todas as coisas estão sob o Seu governo e controle. Nada acontece sem Sua
direção e/ou permissão (Ef. 1.11), Seus propósitos não podem ser frustrados
(Is. 46.11). Na lição de hoje estudaremos a respeito dessa doutrina com base no
livro do profeta Habacuque. A princípio, destacaremos os aspectos contextuais
do livro, em seguida, sua mensagem, e por último, sua aplicação para hoje.
1. ASPECTOS CONTEXTUAIS
Habacuque, cujo nome significa
abraço, teve como propósito mostrar que Deus ainda está no controle do mundo,
apesar do aparente triunfo do mal. O profeta destinou sua mensagem à Juda, o
Reino do Sul, provavelmente entre os anos 612 a 589 a. C, durante o reinado de
Josias. Esse foi um rei de Judá bastante piedoso e que exerceu papel
fundamental na restauração da nação. Alguns estudiosos defendem que Habacuque
foi um levita que participou das reformas desse rei. Naquela época a Babilônia
tornava-se a maior potência mundial, e Judá logo sentiria sua força
destruidora. No cenário nacional, o povo de Judá estava sendo solapado por
problemas internos, tais como crime, ódio, corrupção e divisão. Habacuque se
angustia com essa situação, principalmente com as respostas dadas pelo Senhor.
O versículo-chave se encontra em Hc. 3.2 “Ouvi, SENHOR, a tua palavra e temi;
aviva, ó SENHOR, a Tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na
tua ira lembra-te da misericórdia”. O livro apresenta a seguinte subdivisão:
Questionamentos a Deus (Hc. 1,2): Pergunta 1: Por que os pecados de Judá ainda
não foram julgados? e Pergunta 2: Como pode Deus punir Judá usando uma nação
mais ímpia ainda? Habacuque adora a Deus (Hc. 3): o profeta lembra a
misericórdia de Deus e confia no Senhor para a salvação.
2. A MENSAGEM DE HABACUQUE
O profeta não compreende a razão de
tanta injustiça e violência em Judá, principalmente porque Deus não manifesta a
Sua justiça diante daquela situação (Hc. 1.1-4). A resposta do Senhor deixa
Habacuque ainda mais contrariado, pois não entende o motivo dEle usar uma nação
ímpia para executar a disciplina sobre Seu povo (Hc. 1.5-12). Habacuque teme
que os babilônios, após subjugarem Judá, se tornem arrogantes, e menosprezem
mais ainda o povo de Deus (Hc. 1.13-17). O questionamento de Habacuque se
parece com muitos que ouvimos: por que Deus não se posiciona diante de tanta
maldade? Por que Ele não resolve o problema do mal e do sofrimento humano? Deus
responde as questões de Habacuque, suas revelações são incômodas (Hc. 2.1-3).
Ele revela ao profeta que as nações que arvoram grandeza, que se fiam em seu
poderio, cairão no futuro (Hc. 2.4-20). Os impérios humanos sobem e descem,
nenhum governo persiste para sempre, as impiedades serão julgadas. Ninguém deve
julgar a espiritualidade de um povo com base em seu desenvolvimento econômico.
Habacuque, após ouvir as respostas de Deus, as aceita pela fé, que o conduz à
oração e a pedir ao Senhor que avive Sua obra no decorrer dos anos (Hc. 3.1,2).
Deus contraria mais uma vez o profeta, ao mostrar que os próximos anos serão de
juízo (Hc. 3.3-15). Ele sente a miséria da nação, angustia-se pela dor do seu
povo, e se nega a ser conduzido pelas circunstâncias. Ao contrário, reafirma a
sua fé em Deus, independentemente do que venha a acontecer (Hc. 3.17,18).
Apesar do perigo iminente, Habacuque sabe que pode confiar na soberania de
Deus, por isso, se deixa guiar pela Sua palavra, através da fé (Hc. 3.19).
3. PARA HOJE
Onde está Deus quando as pessoas
estão sofrendo? Esta é uma pergunta que tem incomodado a muitos. Alguns céticos
inclusive negam a existência de Deus a partir dessa indagação. A resposta de
Deus ao sofrimento humano é o Seu próprio sofrimento, em Cristo, na cruz do
calvário (Mt. 27.30-34). Deus sabe o que é sofrer, mais que isso, Ele continua
sofrendo com aqueles que padecem e são perseguidos (At. 9.4). Quando não
compreendemos os desígnios de Deus, devemos aceita-los soberanamente, ciente de
que Ele tem os Seus propósitos (Rm. 8.28). Perguntamos a Deus “por que?”, mas
na maioria das vezes, não temo acesso aos Seus “porquês”. Diante dessa
realidade, o melhor é saber que Deus tem um “para que” em tudo o que faz. É
nesse contexto que o justo viverá da e pela fé, como afirma Habacuque (Hc. 2.4)
e é reafirmado por Paulo (Rm. 1.17; Gl. 3.11) e o autor da Epístola aos Hebreus
(Hb. 10.38). Essa declaração resultou na Reforma Protestante, pois através
desse texto Lutero compreendeu que o homem é justificado por Deus, quando
decide acreditar nEle. Essa fé não é meramente intelectiva, ou seja, não se
trata apenas na crença em um conjunto de doutrinas, mas na disposição
existencial de ir após Cristo, negando-se a si mesmo (Mt. 16.24; Lc. 9.23).
Viver pela fé é estar disposto a aceitar a soberania de Deus, a não retornar,
mesmo quando as coisas não fazem sentido (Hb. 10.37-39; 11.1,6). Com Habacuque
devemos aprender a orar com confiança em Deus, não apenas para receber o que
desejamos, mas para aceitar Sua vontade soberana (I Jo. 5.14).
CONCLUSÃO
Deus é soberano, Ele está no controle
de todas as coisas. Às vezes não compreendemos porque acontece tanta maldade no
mundo. Deus responde que no mundo teremos aflições (Jo. 16.33), Ele mesmo
padeceu na cruz do calvário (Mt. 27.39-43). Mas Deus, soberanamente,
estabeleceu um tempo em que o mal não mais triunfará (Ap. 20.4). Enquanto esse
dia não chega, aprendamos, com Habacuque, a confiar em Deus, independentemente
as circunstâncias (Hc. 3.17-19).
BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The minor prophets. Grand
Rapids: Bakerbooks, 2006.
BAKER, D. W., ALEXANDER, T. D. STURZ,
R. J. Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias: introdução e
comentário. São Paulo: Vida Nova, 2001.
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