Lições
Bíblicas CPAD / Jovens e Adultos
INTRODUÇÃO
A
história de Israel através do deserto, caminhando em direção à terra prometida,
mostra-nos muito daquilo que é a nossa experiência cristã neste mundo. Depois
da travessia do Mar Vermelho o povo de Deus foi conduzido ao deserto, lugar
onde Deus iria ensiná-los a viver em sua dependência. Foi no deserto que
Jeová-Jirê manifestou as suas provisões, e os cuidados com o seu povo. Podemos
dizer que a peregrinação do povo de Israel no deserto tipifica o trajeto da
Igreja na terra (1 Pe 2.11).
Os cinco primeiros livros da Bíblia, de acordo com as traduções gregas e latinas, são nomeados com base em seu conteúdo; já na tradição judaica, são nomeados por suas palavras iniciais. Por isso, o livro do Gênesis é chamado de bereshit (no início); o livro do Êxodo é shemot (os nomes); o livro do Levítico é wayyiqra (ele chamou); Números é bemidbar (no deserto); e o Deuteronômio é debarim (palavras). O livro do Êxodo relata o início da história de Israel. Esse livro pode ser dividido de diversas formas. Para favorecer esse estudo, optamos pela divisão em quatro partes:
a) (Êx 1.1,15,21) – narra
a opressão do povo de Israel pelo faraó, a promessa de salvação por meio de
Moisés, a luta de Javé com o faraó e a salvação de Israel: a passagem no
mar;
b) (Êx 15. 22-18,27) – a
caminhada no deserto e as dificuldades em encontrar água e comida; conflitos
com outros grupos e necessidade de descentralizar o poder;
c) (Êx 19. 1-24,11) – a
manifestação de Javé no Monte Sinai, entrega da Lei e celebração da aliança e
d) (Êx 24. 12-40,38) – descrições do santuário e de rituais sacerdotais.
A rota mais curta e lógica para se chegar do nordeste do Egito até Canaã seria aquela ao norte do Sinai, seguindo a costa do Mediterrâneo e atravessando o território dos filisteus, chamada na Bíblia de “O Caminho da Terra dos Filisteus” (Ex 13. 17), “O Caminho do Mar” (Is 9.1). O livro do Êxodo (13. 17–18) deixa bem claro que esta rota não foi utilizada pelos filhos de Israel após a saída do Egito. Este caminho, da fronteira do Egito até Gaza, possui cerca de 240 quilômetros. Esta distância levaria apenas algumas semanas, talvez um mês, para ser percorrida, mesmo por um grande grupo de pessoas, incluindo seus rebanhos. Alguns estudiosos sugerem que uma caravana poderia percorrer 35 quilômetros por dia em um deserto, resultando em 7 dias de viagem. Sendo assim, alguns dias seriam suficientes para percorrer este trajeto, mas outro caminho foi escolhido por Deus, e este levou 40 anos para ser percorrido. A rota escolhida foi descrita em Êx 13.18 como:
“O Caminho do Deserto do
Mar Vermelho” vejamos as experiências que Israel passou nestas quatro
décadas:
1) Remesses - Israel foi tirado do
Egito (Êx 12; Nm 33.5).
2) Sucote - Depois que os hebreus
deixaram esse primeiro acampamento, o Senhor ia adiante deles, de dia numa
coluna de nuvem, e de noite numa coluna de fogo (Êx. 13.20–22).
3) Pi-Hairote - Israel atravessou o
Mar Vermelho (Êx. 14; Nm. 33.8).
4) Mara - O Senhor fez com que
as águas de Mara se tornassem doces (Êx. 15.23–26).
5) Elim - Israel acampou
ao lado de 12 fontes de água (Êx. 15:27).
6) Deserto de Sim - O Senhor enviou maná
e codornizes para alimentar Israel (Êx. 16).
7) Refidim - Israel
pelejou contra Amaleque (Êx. 17.8–16).
8) Monte Sinai (Monte
Horebe ou Jebel-Musa) - O Senhor revelou os Dez Mandamentos (Êx. 19–20). Deserto do
Sinai - Israel construiu o tabernáculo (Êx. 25–30).
9) Acampamentos no
Deserto
- 70 anciãos foram chamados para ajudar Moisés a governar o povo (Nm.
11.16–17).
10) Eziom-Geber - Israel atravessou as
terras de Esaú e de Amom em paz (Dt. 2).
11) Cades-Barnéia - Moisés envia os
espiões para a terra prometida; Israel rebelou-se e foi impedido de entrar na
terra; (Nm. 13.1–3, 17–33; 14; 32.8; Dt.
2.14).
12) Deserto Oriental - Israel evitou o
conflito com Edom e Moabe (Nm. 20.14–21; 22–24).
13) Ribeiro de Arnom - Israel destruiu os
amorreus que lutaram contra eles (Dt. 2.24–37).
14) Monte Nebo - Moisés viu a terra
prometida (Dt. 34.1–4). Moisés fez seus três últimos sermões (Dt. 1–32).
15) Campinas de Moabe - O Senhor disse que
fizesse a divisão da terra e que expulsasse os habitantes (Nm. 33.50 - 56).
16) Rio Jordão - Israel atravessou o
Rio Jordão a seco e próximo a Gilgal, pedras tiradas do Rio Jordão em um
memorial da divisão das águas do Jordão (Js. 3–5.1).
Em Dt 8.2, vemos que o Senhor Deus determinou o período de quarenta anos com o objetivo de “humilhar, provar, para saber o que havia no coração do povo judeu, se obedeceriam ao Senhor ou não”. Existem alguns dados necessários que devemos observar para melhor aprendizado, iremos vê-los logo abaixo:
3.1 Data da Partida.
Não
se sabe ao certo a data da partida do povo Israel do Egito. Existem muitas
opiniões, a mais precisa, segundo os melhores cronologistas é 1440 a.C. Segundo
Donald Stamps (1995, p. 117), a data de 1440 cai bem. De acordo com o registro
bíblico, Moisés esperou a morte do grande opressor para voltar ao Egito, de seu
refugio em Midiã (Êx 2.23). O rei do Egito que ameaçara a vida de Moisés agora
estava morto. Isso leva o êxodo (período
de peregrinação) para 1440- 1400 a.C. (SOARES, 2003, p. 118).
3.2 O primeiro censo.
Não
se sabe precisamente o número exato de pessoas que marcharam para o deserto, o
texto sagrado nos informa que era cerca de 600 mil homens de pé (provavelmente
homens de guerra acima de 21 anos), sem contar mulheres e crianças (Êx 12.37-38).
Alguns teólogos calculam que a multidão era de aproximadamente 3 milhões de
pessoas peregrinando pelo deserto cheio de dificuldades. “Se levarmos em conta
as mulheres, as crianças e o misto de gente (v. 38), ou seja, os que não eram
descendentes de Abraão, então, havia uma multidão de pelo menos três milhões de
pessoas” (CHAMPLIN 2001, p. 353). Duvidoso quanto ao caminho (Êx 14.11,12); quanto a comida (Nm 11.4-6); quanto aos inimigos (Êx 14.10); até Moisés tinha dúvidas (Êx 14.13,14; Nm.11.11-15). Não devemos ter dúvidas (Mt 21.21; Mc 11.26). 3.4 Uma mistura de gente. Havia muitos estrangeiros que também eram escravos no Egito, que também queriam fugir da escravidão egípcia. Essas pessoas são conhecidas como “vulgo ou populacho” (Êx 12.38). As tais pessoas provocaram distúrbios no meio do povo de Israel aproveitavam os momentos difíceis, esta mistura trouxe problemas (Nm.11:4-6) e prejuízos posteriormente (Sl 106.7,14-17).
IV - O POVO DE ISRAEL E
O MILAGRE EM MARA
Segundo
o texto bíblico nos informa logo depois que o povo de Israel atravessou o Mar
Vermelho, saíram para o deserto de Sur, caminharam três dias no deserto e não
acharam água potável (Êx 15.22,23). Mara se encontra cerca de 30 km da costa
oriental do Mar Vermelho. Em razão do solo ser abundante em soda, a água era
salobra e amargosa. O povo de Israel chegou a essas águas através do caminho indicado por Deus (Êx 13.17-18, 15.22).
Isso nos ensina que os caminhos que o Senhor leva o seu povo, pode até ser difícil, sofrido e duro, porém é a maneira didática de Deus ensinar os seus filhos que as experiências difíceis são educativas e não somente punitivas (Rm 5.3-5). “Assim como Deus curou as águas amargas de Mara, assim Ele curaria Israel satisfazendo-lhe as necessidades físicas... Deus queria tirar o espírito de murmuração do meio do povo e lhe dar uma fé forte” (BEACON, 2005, p. 1 75).
“...queixando-se o povo, era mal aos ouvidos do Senhor” – é assim que começa o capítulo 11 de Números. Depois de apenas três dias de viagem (Nm 10.33) saindo do Sinai o povo começou a murmurar e a queixar-se porque as condições não eram boas. Logicamente, o deserto não era um ambiente recomendável para se fincar uma tenda. Todavia, o Libertador da nação não prometeu um teletransporte para Canaã. Era necessário que chegassem lá pelas próprias pernas. E o Senhor usou essa jornada como um “processo de disciplina e esquecimento dos costumes egípcios”. Na caminhada, eles precisavam exercer fé e um senso de dependência total de Deus. O povo de Israel não soube ser grato a Deus pois já tinha posto o Senhor à prova dez vezes ao longo da caminha no deserto (Êx 14.11, 12; 15.24; 16.3; 16.20; 16.27-29; 17.2, 3; 32.7-10; Nm 11.1, 2; Nm 11.4; Nm 14.1-4). Contudo, Deus estava mais do que presente entre o povo. Qualquer reclamação sobre alguma ameaça à integridade física da nação seria completamente infundada, pois não lhes faltava alimento, água ou saúde (Dt 8.15,16).
O nome de Deus que o identifica como “provedor” é “Jeová-Jireh” (Gn 22.8-14). Ao logo da caminhada de Israel no deserto contemplamos o agir de Deus como Deus provedor. O termo Jeová Jireh do hebraico, tem o significado no português “O Senhor proverá”, indicando que o nosso Deus tem por virtude prover todas as coisas.
É bom lembrar que Deus supriu o seu povo em todas as suas necessidades básicas para a sobrevivência como: água, comida e vestimenta (Êx 33.22, Is 32.2; Êx 19.4 Dt 32.11,Sl 91.4, Sl 57.1,63.7; Êx 33.14-15; Dt.8.3,33.27).
O mesmo Deus que supriu o povo de Israel no deserto é o mesmo que também suprirá todas as nossas necessidades (Fp 4.19), pois ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13.8).
CONCLUSÃO
A
grande multidão que estava no deserto, estava sendo conduzida pelo Autor da
vida. Deus estava ensinando o seu povo á viver na obediência de Sua Palavra.
Devemos aprender que o deserto é o lugar onde Deus ensina os seus servos.
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