sexta-feira, 28 de março de 2014

Jesus e o paralítico de Betesda


 
Numa de suas caminhadas, Cristo chega a um dos tanques de Jerusalém conhecido como Betesda. Situado junto à Porta das Ovelhas, esse reservatório de água, que significa 'casa de misericórdia divina', era tido, nos tempos de Cristo, como um lugar de peregrinação, visto por muitos como um local onde suas águas tinham poder sobrenatural de cura. Dada a agitação das águas, aquele que mergulhasse primeiro seria plenamente curado de suas moléstias. O agitar das águas era visto como algo operado por um anjo de Deus que descia a realizar o movimento, conferindo, assim, às águas características de virtude sobrenatural. Em meio este cenário de peregrinação havia toda sorte de enfermos e miseráveis, coxos, paralíticos, cegos, todos esperando ansiosamente o movimento das águas a fim de mergulhar e ser curado. É bom lembrar que não há menção no Texto Sagrado que, de fato, haviam as curas, certo é, porém, que muitos passavam anos aguardando sua vez de mergulhar e subir curado. Esse é o caso de um paralítico que veremos.

Jesus sobe a Jerusalém, ao Norte, chegando ao Tanque de Betesda, local abarrotado de enfermos e um em especial lhe chama atenção. A sensibilidade do Mestre de Nazaré, que é incomparável, se fez presente de uma forma muito especial, onde, vendo aquele paralítico deitado, notou que sua situação necessitava de misericórdia e favor. Jesus, tendo suas características divinas, sabia o tempo que ele estava naquela situação, o qual era muito, e, voltando-se ao homem, fez uma pergunta simples e óbvia, disse:' Queres ficar são?'. Mas que pergunta, é claro que sim! A resposta foi positiva como bem sabemos, mas, o que mais chama a atenção é o complemento da resposta que o homem deu, veja:'...não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me coloque no tanque...' O homem tinha suas forças voltadas totalmente àquele local, tido como sagrado, poderoso. Sua esperança de cura era restrita totalmente àquele processo: desce o anjo, move a água, mergulha um enfermo. Inúmeras vezes ele viu isso acontecer, e o pior, não acontecia com ele pois ele não tinha alguém que o ajudasse, não acontecia porque ele não tinha um intercessor. Vendo Cristo face a face, olhando nos olhos de Bom Mestre, não cogitou a hipótese de receber seu milagre das mão do Messias.

Durante anos, vidas se perderam, deixando de serem vividas pelo simples fato de fincar suas raízes num lugar onde a única garantia que era dada era uma crença sem respaldo lógico ou bíblico. O paralítico que discursou com Jesus Cristo passou 38 anos tendo sua fé voltada para um tanque que, diga-se de passagem, não tinha ligação com o judaísmo. Numa análise do tanque em si mesmo, vemos que os arqueólogos descobriram nas escavações que esse tanque era ligado ao santuário do deus da cura. Não era um ambiente exclusivamente judaico. As águas que corriam pelo tanque saíam desse complexo do santuário desse deus da cura e por isso, acreditava-se que tinha poderes sobrenaturais. Prova disso é que o próprio Mestre não mandou que o homem mergulhasse no tanque, curando-o na borda.

O paralítico pôs sua esperança de cura num ritual místico, o qual arrancou de si os 38 anos que perdera naquela esperança. Cristo volta-se para aquele homem sabendo disso e mostra que a esperança, que a fé quando posta sobre um fundamento de corrupção espiritual cega e torna o homem miserável em sua existência. Prova disto é que quando Cristo pergunta se ele quer a cura, em sua resposta o homem não consegue desassociar o milagre ao tanque, ou seja, a ele a única perspectiva da vida dele no tocante a sua cura, e a consequente retomada de sua vida, era o tanque que tinha poderes sobrenaturais. O tanque, ou a esperança nele, tirou daquele homem até a percepção de com quem conversava, de quem era o que lhe falava. Considerando que aquele homem permanecia naqueles termos, naquele local religiosamente, não seria errado imaginar que a fama de Cristo houvesse chagado ali como aquele que tinha autoridade sobre as enfermidades. Alguns dos que estavam no local certamente largaram o tanque em busca de Cristo e forma curados, certamente, muito embora a bíblia não relate os casos. Analise a seguir aquilo que o homem carregava:

- Ritualismo-Seguia um rito no qual o centro de todo seu culto estava voltado a este local tido como capaz de curar as enfermidades;

- Ligação com o misticismo, a possibilidade de ligar-se com o espiritual por meio destes rituais, deixou o paralítico cego para sua própria vida buscando algo sobrenatural de ordem divina;

- Esperança destrutiva-Baseando sua existência unicamente na possibilidade de alcançar favor divino, abriu mão de sua própria vida a fim de viver a esperança em algo que a única comprovação era sua fé, irracional a qual tornou-o cego para todo o resto de sua vida.

Cristo, veio nos libertar da maldição da lei, veio libertar-nos da escravidão de nós mesmos, viu naquele momento, outra libertação, a libertação dos rituais que para nada prestam, incluindo os rituais que não correspondiam a Lei. Através da cura daquele homem, os que participavam daquele rito, tiveram a possibilidade de entender que não seriam as águas de um templo pagão que trariam cura e uma nova perspectiva de vida a eles, seria, antes, o encontro pessoal com o Cristo que mudaria completamente a vida de todos. Como aquele homem, muitos têm vivido esperando num ritual que mudará suas vidas, num movimento que revolucionará tudo, em algo temporal que, acreditam, mudará suas vidas, mas, como ao paralítico, Cristo não somente estende a pergunta, Cristo garante a cura e o milagre que mudará pra sempre o rumo da história de cada um. O homem, como sabemos, foi curado completamente, a esperança foi mudada, o foco espiritual agora era Cristo, e não mais águas que supostamente trariam transformação. A vida daquele homem foi mudada não somente pelas misericórdias de Jesus, mas, para mostrar que toda aquela esperança estava baseada em algo que não era agradável a Deus, mostrou aos outros que só Cristo é a real fonte de cura e restauração para todos nós.

(BASEADO EM JOÃO 5.1-15)

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