Numa de suas caminhadas, Cristo
chega a um dos tanques de Jerusalém conhecido como Betesda. Situado junto à
Porta das Ovelhas, esse reservatório de água, que significa 'casa de misericórdia divina', era tido,
nos tempos de Cristo, como um lugar de peregrinação, visto por muitos como um
local onde suas águas tinham poder sobrenatural de cura. Dada a agitação das
águas, aquele que mergulhasse primeiro seria plenamente curado de suas
moléstias. O agitar das águas era visto como algo operado por um anjo de Deus
que descia a realizar o movimento, conferindo, assim, às águas características
de virtude sobrenatural. Em meio este cenário de peregrinação havia toda sorte
de enfermos e miseráveis, coxos, paralíticos, cegos, todos esperando
ansiosamente o movimento das águas a fim de mergulhar e ser curado. É bom
lembrar que não há menção no Texto Sagrado que, de fato, haviam as curas, certo
é, porém, que muitos passavam anos aguardando sua vez de mergulhar e subir
curado. Esse é o caso de um paralítico que veremos.
Jesus sobe a Jerusalém, ao
Norte, chegando ao Tanque de Betesda, local abarrotado de enfermos e um em
especial lhe chama atenção. A sensibilidade do Mestre de Nazaré, que é
incomparável, se fez presente de uma forma muito especial, onde, vendo aquele
paralítico deitado, notou que sua situação necessitava de misericórdia e favor.
Jesus, tendo suas características divinas, sabia o tempo que ele estava naquela
situação, o qual era muito, e, voltando-se ao homem, fez uma pergunta simples e
óbvia, disse:' Queres ficar são?'.
Mas que pergunta, é claro que sim! A resposta foi positiva como bem
sabemos, mas, o que mais chama a atenção é o complemento da resposta que o
homem deu, veja:'...não tenho homem
algum que, quando a água é agitada, me coloque no tanque...' O homem
tinha suas forças voltadas totalmente àquele local, tido como sagrado, poderoso.
Sua esperança de cura era restrita totalmente àquele processo: desce o anjo, move
a água, mergulha um enfermo. Inúmeras vezes ele viu isso acontecer, e o pior, não
acontecia com ele pois ele não tinha alguém que o ajudasse, não acontecia
porque ele não tinha um intercessor. Vendo Cristo face a face, olhando nos
olhos de Bom Mestre, não cogitou a hipótese de receber seu milagre das mão do
Messias.
Durante anos, vidas se
perderam, deixando de serem vividas pelo simples fato de fincar suas raízes num
lugar onde a única garantia que era dada era uma crença sem respaldo lógico ou
bíblico. O paralítico que discursou com Jesus Cristo passou 38 anos tendo sua
fé voltada para um tanque que, diga-se de passagem, não tinha ligação com o
judaísmo. Numa análise do tanque em si mesmo, vemos que os arqueólogos
descobriram nas escavações que esse tanque era ligado ao santuário do deus da
cura. Não era um ambiente exclusivamente judaico. As águas que corriam pelo
tanque saíam desse complexo do santuário desse deus da cura e por isso, acreditava-se
que tinha poderes sobrenaturais. Prova disso é que o próprio Mestre não mandou
que o homem mergulhasse no tanque, curando-o na borda.
O paralítico pôs sua esperança
de cura num ritual místico, o qual arrancou de si os 38 anos que perdera
naquela esperança. Cristo volta-se para aquele homem sabendo disso e mostra que
a esperança, que a fé quando posta sobre um fundamento de corrupção espiritual
cega e torna o homem miserável em sua existência. Prova disto é que quando
Cristo pergunta se ele quer a cura, em sua resposta o homem não consegue
desassociar o milagre ao tanque, ou seja, a ele a única perspectiva da vida
dele no tocante a sua cura, e a consequente retomada de sua vida, era o tanque
que tinha poderes sobrenaturais. O tanque, ou a esperança nele, tirou daquele
homem até a percepção de com quem conversava, de quem era o que lhe falava. Considerando
que aquele homem permanecia naqueles termos, naquele local religiosamente, não
seria errado imaginar que a fama de Cristo houvesse chagado ali como aquele que
tinha autoridade sobre as enfermidades. Alguns dos que estavam no local
certamente largaram o tanque em busca de Cristo e forma curados, certamente, muito
embora a bíblia não relate os casos. Analise a seguir aquilo que o homem carregava:
- Ritualismo-Seguia
um rito no qual o centro de todo seu culto estava voltado a este local tido
como capaz de curar as enfermidades;
-
Ligação com o misticismo, a possibilidade de ligar-se com o espiritual por meio
destes rituais, deixou o paralítico cego para sua própria vida buscando algo
sobrenatural de ordem divina;
- Esperança
destrutiva-Baseando sua existência unicamente na possibilidade de alcançar
favor divino, abriu mão de sua própria vida a fim de viver a esperança em algo
que a única comprovação era sua fé, irracional a qual tornou-o cego para todo o
resto de sua vida.
Cristo, veio nos libertar da
maldição da lei, veio libertar-nos da escravidão de nós mesmos, viu naquele
momento, outra libertação, a libertação dos rituais que para nada prestam, incluindo
os rituais que não correspondiam a Lei. Através da cura daquele homem, os que
participavam daquele rito, tiveram a possibilidade de entender que não seriam
as águas de um templo pagão que trariam cura e uma nova perspectiva de vida a
eles, seria, antes, o encontro pessoal com o Cristo que mudaria completamente a
vida de todos. Como aquele homem, muitos têm vivido esperando num ritual que
mudará suas vidas, num movimento que revolucionará tudo, em algo temporal que, acreditam,
mudará suas vidas, mas, como ao paralítico, Cristo não
somente estende a pergunta, Cristo garante a cura e o milagre que
mudará pra sempre o rumo da história de cada um. O homem, como sabemos, foi
curado completamente, a esperança foi mudada, o foco espiritual agora era
Cristo, e não mais águas que supostamente trariam transformação. A vida daquele
homem foi mudada não somente pelas misericórdias de Jesus, mas, para mostrar
que toda aquela esperança estava baseada em algo que não era agradável a Deus, mostrou
aos outros que só Cristo é a real fonte de cura e restauração para todos nós.
(BASEADO EM JOÃO 5.1-15)
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