Lições Bíblicas CPAD / Jovens e Adultos
2º Trimestre de 2014
Lição 2: O propósito dos Dons Espirituais
Data: 13 de Abril de 2014
Qual é o real propósito dos dons espirituais? Você, professor, tem uma visão bíblica e teológica a respeito do objetivo dos dons? Muitos estão se utilizando dos dons de forma interesseira e egoísta. As dádivas divinas nos são concedidas pela graça e devem ser utilizadas com sabedoria e santidade a fim de que o nome do Senhor seja exaltado e todos os membros do Corpo de Cristo sejam edificados. Os dons não são para elitizar o crente. Também não são sinal de superioridade espiritual.
1° Conscientizar-se de que os dons espirituais não são para elitizar o
crente.
Professor, para
introduzir o primeiro tópico da lição, divida a classe em dois grupos. Depois,
escreva no quadro as seguintes indagações: “O que precisamos fazer para receber
os dons espirituais?”; “A santidade é condição para o recebimento dos dons?”. Cada
grupo deverá ficar com uma questão. Dê alguns minutos para que os alunos
discutam as questões. Em seguida reúna a todos formando um único grupo. Peça a
um representante de cada grupo fazer suas considerações sobre a sua questão.
Ouça os alunos com atenção. Depois, explique que os dons espirituais são
habilidades concedidas pelo Espírito Santo para edificação da igreja. Para
receber estas habilidades basta crer e pedir com fé.
Os dons são presentes
divinos e fruto da misericórdia do Pai. É graça de Deus!
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos
o verdadeiro propósito dos dons espirituais concedidos por Deus à sua Igreja.
Os dons do Espírito Santo são recursos imprescindíveis do Pai para os seus
filhos. O seu propósito é edificar-nos e unir-nos, fortalecendo assim a Igreja
de Cristo (1Tm 3.15).
I. OS DONS NÃO SÃO PARA ELITIZAR O CRENTE
1. A igreja coríntia.
A Igreja em Corinto
localizava-se numa cidade comercial e próxima do mar, sendo uma das mais
importantes do Império Romano. Corinto era uma cidade economicamente rica,
porém marcada pelo culto idolátrico. Durante a segunda viagem missionária de
Paulo, a igreja recebeu a visita do apóstolo (At 18.1-18). Por conhecer muito
bem a comunidade cristã em Corinto foi que o apóstolo dos gentios tratou, em
sua Primeira Epístola dirigida àquela igreja, sobre a abundância da
manifestação dos dons do Espírito, chegando a afirmar daquela igreja que
“nenhum dom” lhe faltava (1Co 1.7).Os dons do Espírito concedidos por Deus à igreja de Corinto tinham por finalidade prepará-la e santificá-la para o serviço do evangelho: a proclamação da Palavra de Deus naquela cidade. Todavia, além de aquela igreja não usar corretamente os dons que recebera do Pai, tinha em seu meio divisões, inveja, imoralidade sexual, etc. Como pode uma igreja evidentemente cristã ser ao mesmo tempo carnal e imoral? Por isso Paulo a chama de carnal e imatura (1Co 3.1,3). Com este relato, aprendemos que as manifestações espirituais na igreja local não são propriamente indicadoras de seriedade, espiritualidade e santidade. Uma igreja onde predominam a inveja, contenda e dissensões, nem de longe pode ser chamada de espiritual, e sim de carnal.
Muitos creem erroneamente que os irmãos agraciados com dons da parte de Deus são, por isso, mais espirituais que os outros. Todavia, os dons do Espírito são concedidos pela graça de Deus. Por ser resultado da graça divina, não recebemos tais dons por méritos próprios, mas pela bondade e misericórdia de Deus. Que a mensagem de Jesus possa ressoar em nossa consciência e convencer-nos de uma vez por todas de que os dons não são garantia de espiritualidade genuína: “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.22,23).
SINOPSE DO TÓPICO (I): Os dons do Espírito Santo são concedidos pela graça
divina; eles não devem ser usados para elitizar o crente.
II. EDIFICANDO A SI MESMO E AOS OUTROS
1. Edificando a si
mesmo.
Paulo diz que quem “fala
língua estranha edifica-se a si mesmo” (1Co 14.4). O apóstolo estimulava os
crentes da igreja de Corinto a cultivarem sua devoção particular a Deus através
do falar em línguas concedidas pelo Espírito, com o objetivo de edificarem a si
mesmos. Isto não significa que o apóstolo dos gentios proibia o falar em
línguas publicamente, mas ao fazê-lo de maneira devocional o crente batizado
com o Espírito Santo edifica-se no seu relacionamento com Deus. Falar ou orar
em línguas provenientes do Espírito é uma bênção espiritual maravilhosa.Os crentes de Corinto falavam em línguas e exerciam vários dons espirituais, mas parece que eles não se preocupavam muito em ajudar as pessoas. Por isso, o apóstolo lembra que os dons só têm razão de existir quando o portador preocupa-se com a edificação da vida do outro irmão em Cristo (1Co 14.12). Em lugar de buscarmos prosperidade material, como se pudéssemos barganhar com Deus usando dinheiro em troca de bênçãos, busquemos os dons espirituais. Agindo assim edificaremos a nós mesmos e também aos outros.
Embora o apóstolo dos gentios estimulasse todos os crentes a falarem em línguas, isto é, a edificarem a si mesmos, seu desejo era que também esses mesmos crentes profetizassem a fim de que a igreja toda fosse edificada. O comentário da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal diz sobre esse texto: “Embora o próprio Paulo falasse em línguas, enfatizava a profecia, porque esta edificava a Igreja inteira, enquanto falarem línguas beneficiava principalmente o falante”. Todos quantos vierem a frequentar nossas reuniões devem ser edificados, sejam crentes ou não. Por isso, não podemos escandalizar aqueles que não comungam a mesma fé que nós (1Co 14.23). Como eles compreenderão a mensagem do evangelho se em uma reunião não entenderem o que está sendo falado? (1Co 14.9).
SINOPSE DO TÓPICO (II): Os dons só têm uma razão de existir na vida do
crente: edificar a vida do outro irmão em Cristo.
III. EDIFICAR TODO O CORPO DE CRISTO
1. Os dons na igreja.
Na Primeira Carta aos
Coríntios, Paulo dedica dois capítulos (12 e 14) para falar a respeito do uso
dos dons na igreja. O apóstolo mostra que quando os dons são utilizados com
amor, todo o Corpo de Cristo é edificado. Conforme diz Thomas Hoover,
parafraseando Paulo em Efésios 4.16, “os membros do corpo, cada qual com sua
própria função concedida pelo Espírito, cooperam para o bem de todas. O amor é
essencial para os dons espirituais alcançarem seu propósito”. Se não houver
amor, certamente não haverá edificação (1Co 13). Sem o amor de Deus nos
tornamos egoístas e acabamos por colocar nossos interesses em primeiro lugar. O
propósito dos dons, que é edificar o Corpo de Cristo, só pode ser cumprido se tivermos
o amor de Deus em nossa vida.Deus levanta homens para edificarem espiritual, moral e doutrinariamente a igreja local. A Igreja é o “edifício de Deus” (1Co 3.9). Os ministros, sábios arquitetos (1Co 3.10). O fundamento já está posto pelos apóstolos: Jesus Cristo (1Co 3.11). Mas os ministros têm de tomar o cuidado com as pedras assentadas sobre este alicerce, pois eles também tomam parte na edificação espiritual da Igreja de Cristo segundo a mesma graça concedida aos apóstolos. Por isso, Paulo faz uma solene advertência para a liderança hoje: “mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1Co 3.10,11).
O apóstolo Pedro exortou a igreja acerca da administração dos dons de Deus (1Pe 4.10,11). Ele usou a figura do despenseiro que, antigamente, era o homem que administrava a despensa e tinha total confiança do patrão. O despenseiro adquiria os mantimentos, zelava para que não estragassem e os distribuíam para a alimentação da família. Desta forma, os despenseiros da obra do Senhor devem alimentar a “família de Deus” (1Co 4.1; Ef 2.19). Eles precisam ter o cuidado no uso dos dons concedidos pelo Senhor para prover a alimentação espiritual, objetivando a edificação do Corpo de Cristo: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre” (1Pe 4.10,11).
SINOPSE DO TÓPICO (III): Quando os dons espirituais são utilizados com amor
todo o Corpo de Cristo é edificado.
A igreja de Jesus Cristo
tem uma missão a cumprir: proclamar o evangelho em um mundo hostil às verdades
de Cristo e descrente de Deus. Diante desta tão sublime tarefa, a igreja
necessita do poder divino. Os dons espirituais são um “arsenal” à disposição do
corpo de Cristo para o cumprimento eficaz de sua missão na terra. Como já foi
dito, o propósito dos dons é edificar toda a igreja, todo Corpo de Cristo para
ser abençoado, exortado e consolado. Por isso, nunca devemos usar os santos
dons de Deus em benefício particular, como se fosse algo exclusivo de certas
pessoas. Somos chamados a servir a Igreja do Senhor, e não a utilizar os dons
de Deus para nós mesmos.
SOUZA, Estêvam Ângelo
de. Nos Domínios do Espírito. 2
ed., Rio de Janeiro: CPAD, 1987.
HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12 ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12 ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
1. Qual é o verdadeiro propósito dos dons divinos?
R. Edificar-nos e unir-nos, fortalecendo assim a
Igreja de Cristo.
R. O ato de profetizar. Porque assim todos seriam
edificados.
R. Dois capítulos: 13 e 14.
R. Amor.
R. Era a pessoa responsável por administrar a
despensa.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
A primeira relação dos
dons com a repetição do fato que cada um é dado pelo Espírito (1Co 12.8-10)
leva ao clímax no versículo 11, que diz: ‘Mas um só e o mesmo Espírito opera
todas as coisas, repartindo particularmente [individualmente] como quer’. Aqui
temos um paralelo com Hebreus 2.4, que fala dos apóstolos que primeiramente
ouviram o Senhor e depois transmitiram a mensagem: ‘Testificando também Deus
com eles, por sinais [sobrenaturais], e milagres, e várias maravilhas [tipos de
obras de grande poder] e dons [distribuições separadas] do Espírito Santo,
distribuídos por sua vontade’. É evidente, à luz destes trechos, que o Espírito
Santo é soberano ao outorgar os dons. São distribuídos segundo a sua vontade.
Buscamos os melhores dons, mas Ele é o único que sabe o que é realmente melhor
em qualquer situação. Fica evidente, também, que os dons permanecem debaixo de
sua autoridade. Nunca são nossos no sentido de não precisarmos do Espírito
Santo, pela fé, para cada expressão desses dons. Nunca se tornam parte da nossa
própria natureza, ao ponto de não perdê-los, de serem tirados de nós. A Bíblia
diz que os dons e a vocação de Deus são permanentes (Deus não muda de opinião a
respeito deles), mas aqui há referência a Israel (Rm 11.28,29)” (HORTON,
Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo
no Antigo e Novo Testamento. 12 ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.230).
Os dons têm um lugar especial na igreja e são muito úteis. Mas o amor representa a essência da vida cristã, e é absolutamente necessário. Ele encontra um lugar mesmo entre os dons carismáticos, porém os dons sem a presença do amor são como um corpo sem alma.
Sem amor, o dom de falar se torna vazio e imprudente — ele é como o metal que soa ou como o sino que tine. O metal que soa (‘gongo barulhento’) significa que um pedaço de metal não lavrado ou gongo usado para chamar a atenção. Tinir (alalazon) significa ‘colidir’, ou um som alto e áspero. O sino (ou símbolo) consistia de duas meias circunferências que eram golpeadas causando um estrondo. A ideia aqui é de um inexpressivo som de metal em lugar de música.
O objetivo do apóstolo é mostrar que o homem que professa o dom da glossolalia, da forma como era praticada em Corinto, mas que não tem amor, na realidade não é mais que um instrumento metálico impessoal” (Comentário Bíblico Beacon. 1 ed. Vol. 8, Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.343,44).
Muitas dúvidas pairam
sobre os crentes pentecostais quando o assunto é os dons espirituais. Elas
prejudicam a obra de Deus e o recebimento das bênçãos divinas. Os dons do
Espírito Santo são recursos indispensáveis para o Corpo de Cristo. Eles
contribuem para a expansão e edificação da Igreja.
Os dons são sempre
concedidos aos crentes visando um propósito específico. Qual será este
objetivo? O alvo divino é a edificação de todos os membros do Corpo.
Infelizmente, alguns fazem um uso errado dos dons. Vemos crentes tentando usar
os dons para alcançar interesses pessoais. Em vez de glorificar o nome do
Senhor, estes se utilizam dos dons a fim de galgar posições eclesiásticas.
Muitos não estão mais sendo usados pelo Espírito Santo, mas estão tentando usar
o Espírito. Eles estão enganando a si próprios. O Senhor conhece nossos
corações e as nossas intenções. Haverá um dia que teremos que prestar contas ao
Senhor a respeito do uso dos nossos dons e talentos. Neste dia muitos ouvirão
do próprio Senhor a quem tentaram enganar (Mt 7.24).O objetivo dos dons não é a superioridade ou elitização de um grupo (1Co 12.7)
Por falta de conhecimento bíblico, muitos acreditam, erroneamente, que os dons são um sinal de grande espiritualidade e até de superioridade, mas não o são. Tomemos como exemplo os irmãos da igreja de Corinto. Ao visitar aquela igreja, Paulo relatou que ali havia a manifestação de muitos dons espirituais (1Co 1.7). Corinto era uma cidade cosmopolita, marcada pela idolatria, paganismo e imoralidade. Ser um crente fiel naquela cidade não era fácil. Logo, Deus concedeu muitos dons do Espírito Santo àqueles irmãos a fim de que tivessem condições de lutar contra a idolatria, a imoralidade e permanecessem em santidade até a volta de Cristo. Todavia, a igreja de Corinto estava longe de ser uma igreja espiritual. O pecado havia adentrado ali. Paulo chama os irmãos de Corinto de carnais e meninos (1Co 3.1). Fica então a pergunta: “O que torna o crente espiritual? Os dons?” Podemos aprender, por intermédio dos irmãos de Corinto, que não. Quem tem poder para santificar os crentes é o Espírito Santo. Os dons são dádivas divinas. São presentes e não tem o poder de nos santificar.
Os dons espirituais são dádivas importantes e necessárias à igreja nestes últimos dias antes da Segunda Vinda de Cristo. Estamos vivendo tempos trabalhosos (2Tm 3.1), por isso, precisamos ser cheios do Espírito Santo e procurar com dedicação os dons espirituais (1Co 12.31).
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