Lições Bíblicas CPAD / Adultos
Título: A Lei de Deus — Valores
imutáveis para uma sociedade em constante mudança
Comentarista: Esequias Soares
TEXTO
ÁUREO: “Não admitirás falso rumor e
não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa” (Êx 23.1).
Apresentar o nono mandamento, ressaltando que
Deus proíbe a mentira, o mexerico e o testemunho falso contra o próximo, tanto
no dia a dia como nos tribunais.
Abaixo, os objetivos específicos referem-se aos que o professor deve
atingir em cada tópico.
Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
I. Tratar a abrangência e o
objetivo do nono mandamento.
II. Mostrar o que a
legislação mosaica diz a respeito do falso testemunho.
III. Ressaltar que o Deus
verdadeiro deseja tão somente a verdade.
IV. Enfatizar o cuidado que
devemos ter com relação à mentira.
Na lição de hoje estudaremos a respeito do
nono mandamento. Com este mandamento aprendemos que Deus se importa com o que
sai da nossa boca. Por isso, precisamos ter cuidado. Deus é a Verdade e deseja
que nossos relacionamentos sejam pautados na verdade. Atualmente, com o advento
das redes sociais, um comentário maldoso e mentiroso pode trazer danos
irreparáveis, devido ao número de pessoas que terão acesso a ele. Algumas
pessoas já cometeram suicído depois de terem sido vítimas de calúnia e
difamação nas redes sociais. No Antigo Testamento, a lei determinava que aquele
que cometeu tal delito, o falso testemunho, deveria pagar com a própria vida. A
violação do nono mandamento é um atentado contra o próximo e contra o Criador.
É um pecado grave na lei divina e um crime na lei dos homens, porém, muitos não
se dão conta disso.
O nono mandamento se aproxima do terceiro, pois envolve a questão da
mentira. “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” não se refere apenas
ao depoimento num tribunal, mas também ao relacionamento diário com aqueles à
nossa volta. Aqui temos uma lição para os que agem, ainda que
inconscientemente, como se o pecado se restringisse a assassinato, adultério e
furto. Ninguém deve pensar que a mentira e o falso testemunho são menos graves
que os demais pecados citados no Decálogo. A Bíblia coloca no mesmo nível todo
aquele que tem a mentira como estilo de vida.
1. Abrangência.
O mandamento não se restringe apenas ao campo do processo legal; há
implicações vinculadas às atividades da vida diária (Dt 17.13; Lv 19.16). A
ruptura desse mandamento podia solapar a característica básica da aliança, a
fidelidade de Deus para com o homem, do homem para com Deus e do homem para com
seu próximo.
É duplo, em defesa da honra e da fé. Trata-se da proteção da honra e da
boa reputação no campo social. O propósito divino neste mandamento é erradicar
a mentira, a calúnia e a falsidade do meio do povo (v.20; Dt 17.13). E não
somente isso, mas também promover o bem-estar social e a fraternidade entre os
seres humanos. No tocante à doutrina, o mandamento torna-se uma muralha de
proteção contra os falsos ensinos teológicos (2Co 13.8).
O nono mandamento com suas normas na legislação mosaica mostra a
administração da justiça em Israel. O termo “juízes”, em hebraico, shophet,
“juiz, árbitro, conselheiro jurídico, governante” (Dt 19.17), é ha-Elohim,
literalmente “Deus” na passagem paralela (Êx 22.8,9). A tradução literal seria
“perante Deus” como aparece na Septuaginta e na Vulgata Latina. Este uso é
padrão para o verdadeiro Deus no Antigo Testamento e não deve ser traduzido
como “deuses” por causa do artigo. O emprego de “juízes” aqui é legítimo e
ninguém questiona essa tradução. As versões rabínicas empregam “perante a
corte”. Os juízes representavam o Deus de Israel nos julgamentos.
Professor, faça a seguinte indagação: “O que significa reputação?”
Incentive a participação de todos e ouça os alunos. Explique que reputação é “o
conceito, estima, renome que alguém tem num determinado grupo”. Diga que a
finalidade do nono mandamento era justamente proteger a reputação do próximo.
Em seguida, faça outra indagação: “Como podemos cuidar da reputação do nosso
próximo?” Ouça os alunos e diga que uma das maneiras é não mentir ou fazer
comentários maldosos a respeito dos irmãos.
II. O PROCESSO
1. Responder em juízo.
O mandamento “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx
20.16; Dt 5.20) reflete o aspecto legal e isso é conhecido pelos termos usados
e por sua regulamentação na lei. O verbo “dizer”, anah, em hebraico,
“responder”, abrange amplo significado. É usado para indicar o ato de declarar
solenemente (Gn 41.16; Dt 27.14), de testemunhar a favor (Gn 30.33) ou contra
(2Sm 1.16). A resposta, aqui, diz respeito aos interrogatórios na corte. Essa
característica forense aparece na legislação sobre o tema (Êx 23.2; Dt
19.16-19).
O termo hebraico ed, “testemunho”, emedshaw, literalmente
“testemunho vão” (Dt 5.20), ou edshaqer, “falso testemunho” (Êx 20.16),
diz respeito a uma mentira, a uma declaração conscientemente falsificada. O
termo hebraico shaw, “vão, inutilmente, à toa” (veja lição 5), indica
algo sem valor, irreal no aspecto material e moral. Aqui se trata de alguém que
fala em vão, sem fundamento, que faz acusação sem validade e sem consistência,
portanto falso. A tradução de Deuteronômio 5.20, na Septuaginta, acrescenta
“com testemunho falso”, assim: “Não testemunharás falsamente contra o teu
próximo com testemunho falso”.
É a primeira vez que o termo aparece no Decálogo. O próximo, em
hebraico, rea, indica outra pessoa, vizinho, amigo, parceiro. Essa
palavra se refere aos israelitas (Lv 19.18), mas o Senhor Jesus a aplicou a
todas as pessoas em seu pronunciamento sobre o segundo e grande mandamento (Mt
22.39). Todavia, a lei já contemplava nessa palavra os estrangeiros (Lv 19.34).
Assim, nosso próximo é qualquer pessoa ou eu mesmo, pois devo também ser um
próximo, isso está claro quando Jesus manda o judeu e doutor da lei imitar o
samaritano (Lc 10.36,37).
Professor, explique aos alunos que a lei de Deus e as do nosso país
reprovam o falso testemunho. Esclareça que de acordo com o código penal brasileiro
“o crime de falso testemunho, consiste em fazer afirmação falsa, ou negar ou
calar a verdade como testemunha em processo judicial, policial ou
administrativo. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a
testemunha, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento,
ainda que a oferta não seja aceita” (Fonte: www.jusbrasil.com.br).
1. Antigo Testamento.
Verdade é aquilo que corresponde aos fatos, em contraste com qualquer
coisa enganosa, a mentira (Dt 13.14; 17.4; Is 43.9). O termo hebraico, emet,
significa “verdade, fidelidade, firmeza, veracidade”. Daí derivam as palavras emunah,
“fé, fidelidade, firmeza” (Hc 2.4), e amen, “amém, verdadeiramente, de
fato, assim seja”. É também um atributo divino: o “Deus da verdade” (Sl 31.5).
O próprio Deus é a verdade absoluta (Dt 32.4). O Deus verdadeiro espera que seu
povo também o seja, pois a ética é a imitação de Deus (Mt 5.48; 1Co 11.1).
Emprega aletheia, “verdade”, e seus derivados. O termo vem do
verbo grego, lanthano / letho, “ocultar ou encobrir algo a
alguém”. O prefixo “a” indica negação. Assim, para os gregos, aletheia
significa “não oculto, não escondido”. É aquilo que corresponde aos fatos e
permanece em oposição à falsidade (At 26.25; Rm 1.25; 9.1). Nisto se alinha com
as Escrituras hebraicas. Esta é a verdade como parte da ética. Mas as palavras
“como está a verdade em Cristo” (Ef 4.21), dizem respeito a “toda sua plenitude
e extensão, encarnada nele; Ele é a perfeita expressão da verdade” (Dicionário
Vine). Isso está de acordo com sua própria afirmação (Jo 14.6).
Foi a pergunta que Pilatos fez a Jesus, mas não esperou pela resposta
(Jo 18.37,38). Será que ele estava convencido de que não havia resposta, ou não
se interessou de modo algum pelo retorno que Jesus poderia dar? Para os
romanos, “verdade”, veritas em latim, significa “precisão, rigor,
exatidão de um relato”. Talvez Pilatos estivesse destoado do contexto.
1. As testemunhas.
Ninguém podia ser acusado por uma só testemunha, pois a lei exige duas
ou três testemunhas (Dt 19.15-20). Era a garantia de um julgamento justo. Mas
nem sempre isso era possível. Nabote foi acusado, julgado e condenado conforme
a lei, mas era inocente, pois as testemunhas eram falsas (1Rs 21.13). O Senhor
Jesus foi vítima de testemunhas falsas (Mc 14.56), da mesma forma que Estêvão
(At 6.13). Mesmo com todo o rigor da lei, nunca faltou na história quem se
dispusesse a testemunhar falsamente.
A violação do nono mandamento é um atentado contra a honra e pode
destruir a reputação e o bom nome que alguém levou uma vida inteira para
construir. Seus efeitos maléficos podem ainda levar a pessoa à morte ou à
prisão, destruir casamentos e arruinar famílias. É um pecado grave do qual
muitos ainda não se deram conta. A pena contra a falsa testemunha em Israel era
a morte; tal pessoa receberá o mesmo que ela tentou fazer ao seu próximo: “será
condenado, e o castigo dele será o mesmo que ele queria para o outro” (Dt
19.19, NTLH). Será aplicada a lei de talião (Êx 21.23-25).
Quem já viu um irmão ser disciplinado ou cortado da comunhão da Igreja
pelo pecado de mentira? A Bíblia trata o assunto com seriedade, pois quem se
converteu a Cristo precisa deixar a mentira e falar a verdade (Ef 4.25; Cl
3.9). Os mentirosos constam da lista dos incrédulos, homicidas, fornicadores,
feiticeiros, idólatras, dentre outros (Ap 21.8; 22.15). Na graça, o tema é
tratado com profundidade implicando a vida eterna, e não envolvendo tribunais
como no sistema mosaico. É desejo, portanto, de todo cristão se parecer com
Jesus e é isso o que Deus espera de todos nós (1Pe 1.15,16).
Professor, enfatize os danos terríveis que uma mentira pode causar na
família, na igreja e no ambiente corporativo. Conclua explicando que, no dia do
Juízo, teremos que dar conta ao nosso Senhor de toda palavra ociosa proferida
pela nossa boca. Leia com os alunos Mateus 12.36.
Deus se interessa pelo bem-estar de todos os seus filhos e filhas. O desrespeito pelo próximo afronta a Deus. O Senhor Jesus nos ensinou a tratar as pessoas da mesma maneira que gostaríamos de ser tratados (Mt 7.12). Que Deus nos ajude e nos guarde para que possamos viver uma vida irrepreensível.
PARA
REFLETIR
Sobre o nono mandamento:
1° Contra quem eu não devo mentir?
Não devemos mentir contra ninguém. A Bíblia declara que a mentira é
pecado e que o Diabo é o pai da mentira.
Os prejuízos são incontáveis. A reputação de uma pessoa pode ser
destruída, lares desfeitos, carreira profissional arruinada, devido a um falso
testemunho.
Resposta livre. O professor poderá esclarecer ao aluno que a verdade
corresponde aos fatos e permanece em oposição à falsidade. É o conhecimento da
realidade que o ser humano constata.
Sim. Deus deseja que venhamos amar e respeitar o nosso próximo.
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
Não darás falso testemunho
Nas últimas eleições presidenciais, assistimos a uma onda de boatos
entre os políticos que objetivavam fazer a própria manutenção do poder. A busca
pelo poder temporal faz as pessoas inventarem casos contra outras sem o menor
pudor de que isso não seja verdade. O método é simples: levantar o dolo contra
a pessoa, e que esta se vire para dar maiores explicações. Nada mais desumano
quanto usarmos subterfúgios contra o nosso próximo!
Na obra “Manual do Pentateuco”, de Victor P. Hamilton, sobre a aplicação
do nono mandamento, deparamo-nos com o seguinte comentário “A aplicação
original desse mandamento dizia respeito a testemunhos falsos em juízo ou em
transações oficiais e negócios em geral” (p.224). Levantar acusações contra
pessoas sem ter provas legítimas contra elas seria um ato pecaminoso e
monstruoso. Não por acaso Tiago afirma que a língua é um membro capaz de
incendiar uma floresta (Tg 3.7). Com a má língua pode-se destruir reputações
que levaram anos para serem construídas.“Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz” (Jo 18.37). Jesus de Nazaré tinha o compromisso com a verdade. Os fariseus e os doutores da lei não amavam a verdade e, por isso, não podiam aceitar o ensinamento de Jesus, embora reconhecessem a honestidade do nazareno (Mt 22.16). Já imaginou? Saber que alguém é da verdade e não assumir tal verdade porque o sistema religioso de outrora não o permitia? Ora, quem era do Templo na época de Jesus tinha uma alta reputação social. Passar para o lado de Jesus significava se colocar contra o Sumo-Sacerdote e perder automaticamente os privilégios da religião oficial.
Não podemos perder a nossa condição de sujeito em Jesus por causa do poder temporal. O crente deve sempre escolher andar pela e na verdade em quaisquer lugares. Na família, na escola, no trabalho, nas amizades ou em todo ambiente onde os seres humanos se relacionam entre iguais. “E conhecereis a verdade, e a verdade te libertará” (Jo 8.32). A verdade de Jesus não nos deixa aprisionados, mas livres para sempre!
Portanto, quem é de Jesus não tem outro compromisso que não seja a verdade. A verdade de quem é, do que fala e faz. Não empreste a sua língua para levantar falso testemunho contra alguém. O nosso Senhor foi condenado pelos homens através do falso testemunho de outrem. A vida de Jesus nos ensina o lado que devemos escolher: o melhor é sempre o da verdade.
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