Lições Bíblicas CPAD / Adultos
Título: A Lei de Deus — Valores imutáveis para uma
sociedade em constante mudança
Comentarista: Esequias Soares
TEXTO ÁUREO: “De
ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem a veste” (At 20.33).
VERDADE PRÁTICA: A cobiça é a raiz da qual surge todo pecado contra
o próximo, tanto em pensamento como na prática.
Abaixo, os
objetivos específicos referem-se aos que o professor deve atingir em cada
tópico.
Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Tratar a abrangência e objetivo do último
mandamento.
II. Mostrar o real significado da cobiça.
III. Ressaltar as consequências nefastas da cobiça
mediante o exemplo da vinha de Nabote.
Todo ser humano tem desejos e vontades, e não existe nenhum mal nisso.
O que o décimo mandamento proíbe é a ambição, o desejo ardente de possuir ou conseguir
a todo custo o que pertence ao próximo. Tomemos como exemplo o rei Acabe. Ele
poderia ter a terra que desejasse, mas tomado pela cobiça, desejou o vinhedo do
seu próximo e não mediu esforços para conseguir. Cometeu abuso de poder,
mentiu, inventou um plano sórdido e fez com que um homem inocente perdesse a
vida. A cobiça é o resultado da maldade humana.
INTRODUÇÃO
O décimo mandamento
envolve atos e sentimentos. O sétimo mandamento proíbe o adultério, e aqui Deus
proíbe o desejo de adulterar. O Senhor Jesus foi direto ao ponto: “qualquer que
atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela”
(Mt 5.28). O último mandamento protege o ser humano de ambições erradas. A
cobiça infecta pobres e ricos nas suas mais diversas formas.
PONTO
CENTRAL: É pecado o desejo
ardente de possuir ou conseguir alguma coisa que pertence ao próximo.
I.
O DÉCIMO MANDAMENTO
1.
Abrangência.
O tema diz respeito à
proibição da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba
da vida (Gn 3.6; 1Jo 2.16). Isso envolve muitos tipos de pecado como
sensualidade, luxúria, busca desenfreada por possessões ilícitas, obsessão pelo
poder, ostentação esnobe e orgulho. Esse mal continua no gênero humano desde a
sua queda até a atualidade.
O propósito divino
é estabelecer limites à vontade humana, para que haja respeito mútuo entre as
pessoas e seus bens. Muitos outros vícios acompanham a cobiça, como lascívia,
concupiscência, inveja e avareza, entre outros (Gl 5.20,21; Tg 4.2). Não pode
haver paz num contexto como esse. É necessário que cada pessoa se controle para
viver uma vida virtuosa, e isso é fundamental na construção de uma sociedade
justa e feliz. Melhor é o que domina seu espírito do que o que toma uma cidade
(Pv 16.32). Nós levamos vantagem por termos Jesus e o Espírito Santo (Gl 2.20;
5.5).
A ordem das
cláusulas está invertida. Em Deuteronômio, aparece um sinônimo do verbo
“cobiçar” e acrescenta-se a palavra “campo”. Isso mostra que o formato de Êxodo
está adaptado ao estilo nômade de vida de Israel no deserto, ao passo que
Deuteronômio é o modelo para o país prestes a ser estabelecido na terra de
Canaã.
4.
Esclarecimento.
Os católicos
romanos e os luteranos dividem em dois o décimo mandamento: “Não cobiçarás a
casa do teu próximo”, um; e “Não cobiçarás a mulher do teu próximo” (Êx 20.17),
dois. Enquanto essas sentenças são lidas como mandamentos distintos, eles
consideram “Não terás outros deuses [...]” e “Não farás para ti imagem de
escultura [...]” como um único mandamento. Na soma permanecem os dez
mandamentos. Ambos mantiveram a tradição catequética medieval desde Agostinho
de Hipona. Nós seguimos o sistema das igrejas reformadas, que vem dos judeus e
é anterior a tudo isso (cf. Flávio Josefo. História dos Hebreus. Edição CPAD,
pp.165-66).
Professor, para
iniciar o primeiro tópico escreva no quadro o sinônimo da palavra cobiça:
“desejo ardente de possuir ou conseguir alguma coisa; desejo moderado de bens,
riquezas ou honras; ambição, avidez, concupiscência”.
1.
Significado.
O verbo hebraico hamad
indica o ato de desejar aquilo que é gerado pela emoção, que começa com a
impressão visual pela coisa ou pessoa desejada. Tudo isso se resume a “desejar,
tentar adquirir, almejar, cobiçar”. O termo é usado para “encontrar prazer em”
(Is 1.29; 53.2). Hamad aparece duas vezes aqui no décimo mandamento (Êx
20.17). A Septuaginta traduz pelo verbo epithymeo, literalmente, “fixar
desejo sobre”; de epi, “sobre”, e thymos, “paixão, ira”. O termo
em ambas as línguas pode se referir a coisa boa ou coisa má, dependendo do
contexto (Mt 5.28; 13.17).
O que pertence a
outro é o pecado que o décimo mandamento condena. O Novo Testamento menciona
esse último mandamento do Decálogo (Rm 7.7; 13.9). Trata-se de cobiçar a casa
do outro, a mulher do próximo e em seguida o mandamento inclui servo e serva,
boi e jumento, e termina com as palavras “nem coisa alguma do teu próximo”. A
cobiça é o desejo excessivo de possuir aquilo que pertence ao outro. A
descrição deixa claro que não se trata de simplesmente almejar uma casa ou um
boi, mas de desejos incontroláveis de possuir a casa e o boi que já tem dono, e
isso por meio ilícito (At 20.33; 1Co 10.6; Tg 4.2). É o mesmo que roubar (Mq
2.2).
Como ficou dito
antes, o décimo mandamento em Deuteronômio não segue rigorosamente o registro
de Êxodo. Mas isso não altera o sentido da mensagem. O segundo verbo empregado
para “cobiçar” é awah, que significa “desejar ardentemente, ansiar,
almejar, cobiçar”. Aparece ao lado de hamad (Gn 3.6) e, como termo alternativo,
em “não cobiçarás a mulher do teu próximo” (Dt 5.21). A Septuaginta traduz os
dois verbos igualmente por epithymeo.
SÍNTESE
DO TÓPICO (II): A cobiça é o desejo excessivo de possuir aquilo que
pertence ao outro.
Professor, explique
aos alunos que “Deus proíbe a cobiça de todo tipo quando fala da casa do
vizinho, de sua esposa, servo, boi, jumento ou de qualquer coisa que lhe
pertença (Êx 20.17). O Novo Testamento declara que a cobiça é uma forma de
idolatria (Cl 3.5) ou adoração a deuses e posses, e a condena junto com outros
pecados. O Senhor Jesus viu cobiça no jovem rico quando lhe citou os seis
mandamentos da segunda tábua da lei, e então o desafio ao décimo mandamento ao
ordenar que ele vendesse tudo que tinha e desse o dinheiro aos pobres” (Dicionário Wycliffe, CPAD, p.428).
III.
A VINHA DE NABOTE
1.
Proposta recusada.
O relato bíblico do
confisco criminoso da vinha de Nabote é um dos mais chocantes da Bíblia e serve
como amostra do que a cobiça é capaz de fazer. A vinha de Nabote era uma
propriedade vizinha ao palácio do rei Acabe, em Samaria. O rei apresentou uma
proposta de compra ou troca aparentemente justa. Mas Nabote recusou a oferta do
rei: “Guarde-me o SENHOR de que eu te dê a herança de meus pais” (vv.1-3).
Havia nessa recusa uma questão familiar, cultural e religiosa. A propriedade
era um bem sagrado que não se transferia definitivamente para outra família (Lv
25.23-25; Nm 36.7).
O rei ficou
“desgostoso e indignado [...] deitou-se na sua cama, e voltou o rosto, e não
comeu pão” (v.4). O rei Acabe adoeceu, pois a cobiça por algo que não lhe
pertencia o havia dominado. A Bíblia diz que a medida da impiedade de Acabe se
completou quando ele se casou com Jezabel, uma princesa fenícia de origem pagã,
devota de Baal. Ela era filha de Etbaal, rei de Sidom (1Rs 16.29-32). Jezabel
não respeitava o sagrado direito de propriedade estabelecido por Deus na lei de
Moisés. Ela não hesitou em elaborar um plano criminoso para condenar Nabote à
morte e confiscar sua vinha (vv.9,10).
O plano de Jezabel
funcionou com a conivência do marido. Envolveu a elite da sociedade e a corte
palaciana, o que por si só mostra que a sociedade de Samaria estava
completamente dominada, pois o texto menciona “anciãos e nobres” corrompendo
falsas testemunhas (1Rs 21.8-10). A acusação foi a seguinte: “Blasfemaste
contra Deus e contra o rei” (v.10). Agora, Nabote devia ser “legalmente”
apedrejado até a morte por ter se recusado a negociar sua propriedade com o
rei. As duas testemunhas davam consistência legal ao processo (Lv 24.10-16; Dt
17.6).
Estava tudo acabado
e benfeito social e juridicamente. Ao saber da notícia, Acabe ficou curado de
sua enfermidade e foi tomar posse da vinha de Nabote (vv.15,16). Eles violaram
o sexto mandamento, “não matarás”; o oitavo, “não furtarás”; o nono, “não dirás
falso testemunho contra o teu próximo”; e o décimo, “não cobiçarás” (Dt
5.17,19-21). Isso sem contar os três primeiros mandamentos que já vinham
violando, com sua idolatria, desde o princípio. Mas Acabe e Jezabel não
contavam com uma testemunha que sabia de tudo e tinha autoridade para se vingar
dessas barbaridades (1Rs 21.17-19).
SÍNTESE
DO TÓPICO (III): O episódio da vinha de Nabote nos mostra quão
terrível é a cobiça e quais são suas consequências.
Professor, enfatize
que Nabote recusou vender sua vinha “porque ela fazia parte da herança da
família, portanto o título não podia ser transferido a alguém que não fizesse
parte de sua tribo (Lv 25.23; Nm 36.7)” (Dicionário Wycliffe, CPAD, p.1326).
O triste episódio
de Acabe se repete ao longo da história. Que Deus nos livre de todas essas
maldades. A lei não proíbe o desejo em si, mas o desejo daquilo que pertence a
outro. Não é pecado desejar bens e conforto, as coisas boas de que necessitamos
na vida. Na verdade, viver é desejar. Desejar uma casa é mais natural do que
respirar, mas para isso é necessário trabalhar e fazer economias até conseguir
a realização do seu desejo com ajuda de Deus.
PARA REFLETIR: Sobre o décimo mandamento:
1°
Qual a diferença entre cobiçar e desejar?
A cobiça é o desejo
excessivo de possuir aquilo que pertence ao outro. Não se trata de simplesmente
almejar uma casa ou um boi, mas de desejos incontroláveis de possuir a casa e o
boi que já têm dono, e isso por meio ilícito. É o mesmo que roubar.
Explique que Acabe
usou do seu poder como rei de forma errada, além de tramar um plano sórdido
para tirar a vida de um homem. As atitudes de Acabe revelam seu caráter
doentio.
Resposta livre.
Explique que a lei de Deus, e a brasileira, protegem o direito de propriedade.
Deixe seus alunos à
vontade para responder a tal pergunta. Se alguém se manifestar, oriente-o a
nunca fazer tal maldade.
Peça que os alunos
sejam sinceros.
Não
cobiçarás
Não cobiçarás a
casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo,
nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu
próximo” (Êx 20.17). Este mandamento tem uma particularidade que o faz diferir
dos outros nove. Enquanto os mandamentos anteriores referem-se ao comportamento
exterior e direto da pessoa, o décimo mandamento reporta-se ao comportamento
subjetivo, íntimo e interior do indivíduo. Ou seja, este mandamento está
relacionado ao que a pessoa pensa e sente quando da sua peregrinação
existencial.
Quem pode entrar na
consciência de alguém e desvendar o que se passa por lá? Graças a Deus ninguém
possui tal capacidade, exceto o próprio Deus na pessoa consoladora do Espírito
Santo. Este fala à nossa consciência e coração. Quaisquer crentes têm uma voz
interna a falar automaticamente ao coração quando o desejo insano de se
apropriar do que pertence aos outros brota no coração. O Espírito Santo fala
conosco!Atentai para o ensinamento do Evangelho: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mt 5.27,28). Quer dizer que basta um olhar para caracterizar o pecado de adultério? Mas quem julgará isso? Ora, simples: o Espírito Santo fala consciência da pessoa. O que Jesus nunca propôs é que apenas os atos visíveis sejam transformados. O nosso Senhor ataca a raiz dos problemas. Enquanto muitos escribas supervalorizavam o exterior e as obras que faziam, Jesus de Nazaré queria saber da motivação das pessoas. Qual a nossa motivação de ir à Igreja? De estar com pessoas? Será que a motivação é nobre? Autêntica? Legítima? Pura?
Hoje em dia, propagandas na televisão, no rádio, nas revistas, na internet e em todo lugar possível são feitas para alimentar o consumismo no povo. Tais propagandas criam pseudo-necessidades para as pessoas sentirem-se infelizes, até mesmo inferiores as outras enquanto não tiver adquirido aquele objeto da propaganda. Fabricantes de marcas famosas não têm o pudor de usarem os corpos das mulheres para popularizar suas marcas. Usam as mulheres como iscas em anzol para atrair consumidores a fabricas dos seus produtos. O consumismo tem dominado tanto a vida das pessoas que leva quase todos a violarem o princípio do décimo mandamento.
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