LIÇÕES
BÍBLICAS CPAD / ADULTOS
Título: A Obra da Salvação — Jesus
Cristo é o caminho, a verdade e a vida
Comentarista: Claiton Ivan Pommerening
Lição 1: Uma promessa de Salvação
Data: 1º de Outubro de 2017
TEXTO ÁUREO: “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15).
VERDADE PRÁTICA:A promessa da salvação foi a resposta amorosa de Deus para
reconciliar consigo mesmo o ser humano.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor
deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I
com os seus respectivos subtópicos.
I. Apresentar o conceito bíblico de salvação;
II. Mostrar a importância da doutrina da salvação;
III. Saber que a salvação foi prometida ainda no Éden.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Prezado(a) professor(a), com a graça
de Deus chegamos ao último trimestre do ano de 2017 e vamos encerrar a nossa
série de estudos bíblicos tratando a respeito da maior e mais importante dádiva
divina aos homens: a salvação. O homem pecou de modo deliberado contra Deus,
mas o Criador não o deixou entregue à sua própria sorte; já no Éden o Senhor
providenciou a sua redenção mediante o sacrifício de Jesus Cristo.O comentarista do trimestre é o pastor Claiton Pommerening. Ele é doutor em Teologia, diretor da Faculdade Refidim e editor da Azusa, revista de Estudos Pentecostais.
Que mediante o estudo de cada lição, possamos evidenciar ainda mais a nossa gratidão ao Pai pelo extraordinário dom da salvação.
INTRODUÇÃO
A salvação é um processo imediato (conversão) e contínuo na vida
do crente (santificação). É necessário que o nascido de novo conheça todos os
benefícios que essa dádiva, por intermédio da morte de Cristo, outorgou-lhe na
cruz. A vida plena, a paz, a alegria, a misericórdia, a graça e a bondade que o
crente desfruta provêm do milagre da salvação.
1. O conceito.
O significado bíblico de salvação compreende cura, redenção,
remédio, completude, inteireza, integralidade, saúde física, mental e
emocional. No sentido espiritual, salvação quer dizer que Cristo fez a expiação
pelo pecador, ocupando o lugar dele na cruz (passado), regenerando e
santificando sua vida (presente), a fim de um dia “glorificar” o corpo dele
plenamente (futuro). Assim, a salvação só é possível por causa da obra de
Cristo consumada na cruz (Hb 2.10). No sentido prático, salvação significa
livramento da condenação eterna, apaziguamento e felicidade na vida de quem
aceita Jesus como Senhor e Salvador. Essa pessoa é nova criatura e, por isso,
se esforça para compartilhar e implantar as virtudes do Reino de Deus no mundo.
2. Salvação no Antigo Testamento.
No Antigo Testamento, a salvação está relacionada ao escape das
mãos dos inimigos, à libertação da escravidão e ao estabelecimento de
qualidades morais e espirituais para a vida de quem tem Deus como seu Senhor
(Is 33.22-24). Nessa perspectiva, diante das calamidades naturais (Êx 15.25),
da perseguição (Jz 15.18; 2Sm 22.3), da escravidão, das doenças e da morte, o
Altíssimo prometeu salvação ao seu povo no sentido de libertá-lo (Êx 14.13;
15.2,13), livrá-lo e curá-lo (Is 38.16; 58.8) para viver uma vida longe das
injustiças. Contudo, o ápice da salvação no Antigo Testamento (AT) se deu com a
profecia de Isaías sobre a vida e a morte do “Servo Sofredor” (Is 53). O Antigo
Testamento aponta os sacrifícios de animais para o sacrifício substitutivo de
Jesus Cristo na cruz do Calvário (Hb 10.11,12); um evento vaticinado por vários
profetas daquela época. Era o oferecimento de um inocente no lugar de um
culpado; uma morte não merecida, mas aceita diante de Deus para remir os nossos
pecados (Hb 9.22).
3. Salvação em o Novo Testamento.
A salvação não é alcançada por mérito humano (Tt 2.11), pois é
oferecida por Deus ao que crê pela graça (Ef 2.8,9). Nas suas epístolas, o
apóstolo Paulo é um dos que mais esclarece os conceitos de salvação em o Novo
Testamento (NT), mostrando que essa dádiva não ocorre por intermédio da Lei,
nem por meio do esforço humano, mas única e exclusivamente pela graça divina
(Gl 2.16). Pela fé, cabe ao homem confiar em Cristo a fim de que seja redimido
e justificado por meio de sua crucificação, bem como permitir que seja
santificado até o fim, tendo tal esperança por meio de sua ressurreição (Rm
4.25). Ainda que o pecador não mereça, por intermédio do Filho de Deus, o Pai o
justifica, o perdoa, o reconcilia consigo (Rm 5.11), o adota em sua família (Gl
4.5), o sela com o Espírito Santo da promessa (Ef 1.13) e faz dele uma nova
criatura (2Co 5.17). Assim, o Espírito Santo capacita o crente a viver em
santidade, mortificando a força do pecado, assemelhando-o com Cristo, a fim de
que o nascido de novo espere, com confiança, pela salvação plena e gloriosa (Fp
3.21).
SUBSÍDIO LEXICOGRÁFICO
Vários termos que designam a salvação ocorrem frequentemente ao
longo da Bíblia. No Antigo Testamento, a raiz mais importante em hebraico é yasha,
que significa liberdade daquilo que prende ou restringe. Portanto, o verbo
significa soltar, liberar, dar comprimento e largura a algo ou a alguém. Os
vários substantivos derivados desta raiz significam tanto o ato de libertar
quanto o de resgatar (1Sm 11.9), além de transmitir o estado resultante de
segurança, bem-estar, prosperidade e de vitória sobre os adversários (2Sm
23.10,12). O particípio deste verbo é a palavra traduzida como ‘Salvador’, moshia,
da qual vem o nome Josué, e sua forma grega, Jesus; ambas significam ‘Yah(weh)
salva’.[...] No cristianismo, o verbo passou a ser utilizado com o significado de salvar uma pessoa da condenação eterna, e conduzi-la à vida eterna (Rm 5.9). No texto de 2 Timóteo 4.18 este termo transmite a ideia de levar alguém com segurança ao reino celestial de Cristo. No Novo Testamento soteria só é encontrado em conexão com Jesus Cristo como Salvador, e não em qualquer sentido físico ou temporal. A salvação traz a justiça de Deus para o homem, quando este cumpre a condição de ter fé em Cristo (Rm 1.16,17; 1Co 1.12)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, p.1744).
1. A grandeza da salvação.
Embora haja,
na vida do crente, um momento de conversão, de ruptura com a velha vida e de
nascimento para a nova vida em Cristo, é necessário ter o desejo de conhecer
mais a verdade de Deus (1Tm 2.4). Nesse sentido, deve-se tomar o capacete da
salvação (Ef 6.17), ou seja, proteger a mente com as verdades salvíficas, a fim
de estarmos livres das investidas de Satanás — que busca nos colocar dúvidas —
e assim compreendermos os conceitos fundamentais dessa gloriosa doutrina, tais
como: propiciação, expiação, adoção, regeneração, santificação, perdão.
2. Para compreender o que Jesus fez.
A salvação abrange todas as dimensões da vida, por isso, embora
tão simples de ser vivenciada — pois para isso basta aceitarmos a Cristo (Rm
10.10) — muitas vezes seu processo é lento e requer compreensões maiores. É o
que se denomina “aperfeiçoamento dos santos”. Ora, embora a salvação seja um
processo imediato alcançado por meio do sacrifício de Cristo, esse aperfeiçoamento
se dá por meio da assimilação e da vivência constante na dependência de Deus em
todas as áreas da vida. Esse processo chama-se “santificação”.
3. Para se apropriar dos benefícios da salvação.
Como a salvação pode ser negligenciada (Hb 2.3), devemos nos
esforçar para conhecer e se apropriar de todos os seus benefícios, dentre os
quais destacamos: o livramento da condenação do inferno, a libertação do poder
do pecado e do poder das trevas (Cl 1.13), o experimentar da redenção em Cristo
(1Pe 1.18,19), a vida segundo o Espírito (Rm 8.1), o novo nascimento (Jo 3.5) e
a participação da manifestação de Cristo em glória (Cl 3.4).
A salvação baseia-se na morte de Cristo para a remissão dos
pecados de acordo com os justos requisitos de um Deus santo e abençoador (Rm
3.21-26). As bênçãos da salvação incluem, basicamente, a redenção, a
reconciliação, e a propiciação. A redenção significa a completa libertação
através do pagamento de um resgate (2Pe 2.1; Gl 3.13). A reconciliação
significa que, por causa da morte de Cristo, o relacionamento humano com Deus
foi modificado de um estado de inimizade passando a um estado de comunhão (Rm 5.10).
A propiciação significa que a ira de Deus foi retirada através da oferta de
Cristo (Rm 3.25).
Quando uma pessoa crê no Senhor Jesus Cristo, ela é salva (At
16.31), e assim já está justificada, redimida, reconciliada e limpa (Jo 13.10;
1Co 6.11). Além disso, a salvação é também progressiva (1Co 1.18) e o homem
precisa da obra santificadora do Espírito Santo no aperfeiçoamento de sua
salvação (Rm 8.13). Além disso, a salvação em sua plenitude, deverá ser
realizada no futuro, quando Cristo voltar (Hb 9.28)” (Dicionário Bíblico
Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, p.1744).
CONHEÇA MAIS
Salvação
A salvação é uma milagrosa transformação espiritual, operada na
alma e na vida — no caráter — de toda pessoa que, pela fé, recebe Jesus Cristo
como seu único Salvador [...] A salvação abarca todos os atos e processos
redentores, bem como transformadores da parte de Deus para com o ser humano e o
mundo, através de Jesus Cristo nesta vida e na outra”. Para conhecer mais, leia
Teologia Sistemática Pentecostal, CPAD, p.334.
III. A SALVAÇÃO PROMETIDA NO ÉDEN
1. O pecado humano.
A partir do
momento em que Adão e Eva pecaram, a raça humana passou a expressar e a
vivenciar a maldade (Gn 3.6,7 cf. 4.8-26). Enquanto vivia o período da
inocência, o primeiro casal relacionava-se plenamente entre si e com Deus (Gn
2.23-25). Mas a partir do advento do pecado, o casal passaria a enfrentar
conflitos entre si e com o Criador, passando a encobrir a maldade do seu
coração. A obra de Cristo , porém, realizada no Calvário não nos permite viver
hipocritamente, mas em verdade e sinceridade. Em Jesus, a maldade do coração é
substituída pela capacidade de amar, realizar boas obras, pela fé, manifestar a
bondade de Deus e cuidar do próximo. Esses atos são consequências da salvação
(Ef 2.10).
2. A transferência da culpa.
Após pecarem contra Deus, e serem questionados pelo Criador,
Adão e Eva deram respostas que mostraram a incapacidade deles em resolver o
problema do pecado, pois ambos transferiram suas culpas para terceiros (Gn
3.12,13). Nesse contexto, Deus havia providenciado uma solução que foi ao
encontro do drama do casal: cobrir a sua nudez com a pele de um animal (Gn
3.21). Naquele instante, o Criador “transferiu” a culpa pelo pecado dos nossos
primeiros pais para um animal inocente, cujo ato simbolizava o sacrifício
perfeito de Cristo para salvar a raça humana, “cobrindo a nudez” do pecado do
homem (Hb 9.22b).
3. Satanás esmagado e o pecado vencido.
Deus anunciou no Éden o que se denomina de protoevangelho, isto
é, a primeira vez na história em que é proclamado o projeto definitivo de Deus
para a salvação do ser humano. O Altíssimo jamais abandonaria o ser humano à
própria sorte. Embora Satanás tentasse eliminar o homem de vez, seu intento não
passou de uma simples tentativa de “morder o seu calcanhar” (Gn 3.15). Mas, por
intermédio da salvação outorgada na cruz, Cristo esmagou a cabeça da “Serpente”
provendo a solução definitiva para o estado caído do ser humano. A peçonha do
pecado que Satanás tentou passar à humanidade foi aniquilada pela morte
redentora de Cristo. O Criador prometeu salvação e deseja que todo ser humano
seja salvo (1Tm 2.3,4), apesar da condição de rebelado, de pecador e de inimigo
de Deus.
SÍNTESE DO TÓPICO (III): A
salvação nos foi prometida pelo Pai no Éden.
O proto-evangelho
A semente da serpente, que Jesus relaciona aos ímpios (Mt
13.38,39; Jo 8.44), e a semente da mulher têm ambas sentido fortemente pessoal.
Deus disse à serpente: A Semente da mulher te ferirá a cabeça. Compare a
referência de Paulo a isto em Romanos 16.20. A serpente só poderia ferir o
calcanhar da Semente da mulher. De fato, ferir não é forte o bastante para
traduzir o termo hebraico, que pode significar moer, esmagar, destruir. Uma
cabeça esmagada que leva à morte é contrastada com um calcanhar esmagado que
pode ser curado. O versículo 15 é chamado de ‘proto-evangelho’, pois contém uma
promessa de esperança para o casal pecador. O mal não tem o destino de ser
vitorioso para sempre; Deus tinha em mente um Vencedor para a raça humana. Há
um forte caráter messiânico neste versículo.Em Gênesis 3.14,15, vemos ‘o Calcanhar Ferido’. 1) O Salvador prometido era a Semente da mulher — o Deus-Homem; 2) Esta Semente Santa feriria a cabeça da serpente — conquistar o pecado; 3) A serpente feriria o calcanhar do Salvador — na cruz, Ele morreu” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 1. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.41).
CONCLUSÃO
Embora o homem tenha contrariado o plano divino, desprezando o
grande cuidado de Deus dispensado a ele no Éden, o Criador imediatamente lhe
providenciou um substituto através da morte de um animal, apontando, dessa
forma, para Cristo. Portanto, no Éden, Deus apresenta duplamente o Redentor:
(1) proferindo a promessa de redenção (Gn 3.15); (2) sacrificando o animal para
vestir Adão e Eva (Gn 3.21).
PARA REFLETIR
A respeito de uma promessa de salvação, responda:
1° Qual é o conceito bíblico para salvação?
Resp: O significado bíblico de salvação compreende cura, redenção,
remédio, completude, inteireza, integralidade, saúde física, mental e
emocional. No sentido espiritual, salvação quer dizer que Cristo fez a expiação
pelo pecador, ocupando o lugar dele na cruz (passado), regenerando e
santificando sua vida (presente), a fim de um dia “glorificar” o corpo dele
plenamente (futuro).
2° Como se concebia a salvação no Antigo Testamento?
Resp: No Antigo Testamento, a salvação está relacionada ao escape das
mãos dos inimigos, à libertação da escravidão e ao estabelecimento de
qualidades morais e espirituais para a vida de quem tem Deus como seu Senhor
(Is 33.22-24).
3° Qual é a abrangência da salvação?
Resp: A salvação abrange todas as dimensões da vida, por isso, embora
tão simples de ser vivenciada, pois para isso basta aceitarmos a Cristo (Rm
10.10), muitas vezes seu processo é lento e requer compreensões maiores.
4° Qual foi a promessa de salvação que Deus fez no Éden?
Resp: Deus prometeu que enviaria a Semente da mulher (Jesus) e que
esta Semente feriria a cabeça da serpente (Satanás), mostrando que Jesus viria
ao mundo e morreria na cruz por nossos pecados.
5° Qual deve ser nossa postura diante da tão grandiosa salvação
de Jesus?
Resp: Crer no sacrifício de Cristo e se render a Ele como Salvador e
Senhor.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Uma promessa de Salvação
Neste mês de outubro, ocorrerá o evento de suma importância para
toda a igreja de tradição protestante no mundo: 500 anos da Reforma
Protestante. Por isso, o tema que estudaremos ao longo deste trimestre — A Obra
de Salvação: Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida — é importantíssimo
para todos os cristãos que se identificam com a tradição protestante, e mais
especificamente, para nós os pentecostais. O tema da salvação foi crucial para
o advento da Reforma Protestante. Num contexto em que se vendia o céu por
dinheiro, bispos praticavam imoralidades e a espiritualidade da igreja oficial
era isquêmica e autômata, dizer que a salvação do pecador dependia
exclusivamente da fé em Cristo Jesus era algo que só poderia brotar do Espírito
Santo. Essa mensagem ia contra toda a teologia e tradição construídas ao longo
dos anos pela igreja ocidental. Para nós, os pentecostais, de longa data, há
sempre uma tensão ao tratar do assunto. Isso por que muitos se veem diante de
uma tradição protestante forte em que a tônica soteriológica se dá no sentido
de jamais ser possível perder a salvação. E se afirmamos que o crente precisa
esforçar-se para viver em santidade e guardar fé para não cair da graça, faz-se
uma acusação de pelagianismo, isto é, Deus não seria o responsável pela
salvação, mas sim o homem. Jamais, nós os pentecostais, afirmamos tal
“doutrina”. Neste trimestre, veremos que isso não faz sentido algum, pois a
mesma Bíblia que diz que Deus é soberano e, sim, é o autor da salvação, pois
Ele, em primeiro lugar, deseja que todos sejam salvos (1Tm 2.4); também diz que
é preciso estarmos vigilantes e santificar nossa vida diante Deus, pois sem
santidade “ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).Embora sejamos alcançados pela graça por Deus, pois jamais afirmamos coisa contrária, Ele espera que o Espírito Santo convença o homem “do pecado, e da justiça, e do juízo” (Jo 16.8). Assim, é o desejo do Pai, que em Cristo, o ser humano reconheça o seu real estado e diga o “sim” de verdade, como decisão consciente de que Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14.6); porque “quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (Jo 3.18).