Lição 11
“INVEJA, UM GRAVE PECADO”
Texto Áureo: Pv. 14.30 – Leitura
Bíblica: I Jo. 2.9-15
Prof. José Roberto A. Barbosa
INTRODUÇÃO
A inveja é um dos principais problemas com o qual
as pessoas são obrigadas a conviver nessa sociedade do consumo e da ostentação,
que respalda suas posições nos méritos e no esforço-próprio. Nem mesmo o
contexto eclesiástico está livro desse sentimento, na verdade, alguns ciclos
evangélicos fomentam a inveja. Diante dessa triste realidade, e das muitas
aflições resultantes desse grave pecado, estudaremos, na lição de hoje, a
respeito da inveja, dando sua definição, apontando casos bíblicos, e ao final,
mostrando como lidar com o sentimento invejoso.
1. INVEJA, UM PECADO GRAVE
O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa define
inveja como “desgosto ou pesar pelo bem ou felicidade de outrem”; e “desejo
violento de possuir o bem alheio”. A palavra inveja no português vem do latim
invidere, que significa “em – contra” e “videre – olhar para”, isto é, alguém
com maus olhos que, com ressentimento, contempla com desejo o êxito do outro.
No hebraico, o termo é qinah, que também significa “zelo e ciúme”, empregado
cerca de quarenta e duas vezes. Nos Decálogo há uma instrução expressa para que
as pessoas não invejem umas as outras (Ex. 20.17), ainda que o verbo nessa
passagem seja chamad, desejar, e não qinah, invejar. Os textos sapienciais
bíblicos estão repletos de orientações quanto à inveja: Sl. 37.1; 73.2,3; Pv.
3.31; 23.17; 24.1,19 e Ec. 4.4. No grego, a palavra bíblica para inveja é
phthonos, encontrada nove vezes, como uma emoção negativa que motivou os
líderes judeus a desejarem que Jesus fosse morto pelas autoridades romanas (Mt.
27.18; Mc. 15.10). Em suas epístolas, Paulo categoriza a inveja entre os
pecados mais graves (Rm. 1.29; Gl. 5.21; I Tm. 6.4; Tt. 3.3; I Pe. 2.1; Fp.
1.15). A inveja é um pecado grave porque demonstra a mesquinharia humana,
principalmente porque a pessoa invejosa tende a se aproximar da pessoa invejada
a fim destruí-la. Trata-se de grave pecado porque além de almejar o que a outra
pessoa tem, a vontade do invejoso é a de passar pela mesma circunstância do
outro. A inveja coloca o invejoso em uma situação de queixa e insatisfação
constante, principalmente ao constatar que jamais será como o outro. A inveja é
resultante da baixa-estima, e geralmente vem junto da crítica, da fofoca, da
dependência e do desânimo.
2. CASOS BÍBLICOS DE INVEJA
Na Bíblia nos deparamos com vários casos de inveja,
o de Caim, por causa do sacrifício aceito de Abel (Gn. 4.4,5) – Deus recebeu o
sacrifício de Abel, mas não o de Caim, certamente por causa da disposição
espiritual daquele e do descaso deste. A inveja é um sentimento bastante comum
entre irmãos, outro exemplo é o dos irmãos de José, os quais, por causa da preferência
do seu pai, favorecendo-o em detrimento dos outros, provocou a inveja dos
irmãos de José (Gn. 37.11,28). Os pais precisam ter cuidado para não fomentarem
a inveja entre os irmãos, mostrando preferência por um filho e desprezando o
outro. Coré, Datã e Abirão não quiseram aceitar a liderança espiritual de
Moisés, por isso demonstraram inveja dele, isso resultou em juízo da parte de
Deus (Nm. 16.3; 31-33). No contexto eclesiástico a inveja existe por causa das
posições e do status que geralmente se atribuiu a determinados cargos. Ao invés
de perceberem a funcionalidade das atribuições na igreja, com vistas à
edificação do Corpo de Cristo (Ef. 4.11,12), muitos líderes ostentam e
desprezam os liderados, causando inveja em alguns. A fidelidade também provoca
inveja, Hamã não se conformava com a dedicação de Mardoqueu (ET. 5.13,14), fez
de tudo para destruir a vida daquele homem e todo o povo judeu. Daniel também
foi vítima desse pecado grave, pois os príncipes persas não gostavam do
respeito que ele tinha diante das autoridades, por isso, planejaram sua morte
(Dn. 6.4, 19-24). O contexto religioso também é doentio, a neurose religiosa
leva as pessoas a terem inveja, Jesus passou por esse tipo de perseguição. Os
doutores da lei, escribas e fariseus, principalmente as autoridades religiosas,
entregaram o Senhor às autoridades romanas por causa da inveja (Mt. 27.18; Mc.
15.10). Os membros das igrejas evangélicas sofrem com esse tipo de sentimento.
Se por um lado, há a gloria dos cargos, principalmente dos ministérios, por
outro, dezenas buscam a ascensão ministerial. Mas não há espaço para todos nos
altos postos da hierarquia ministerial, gerando, na igreja, o grupo dos
invejosos e o dos invejados.
A inveja é perigosa porque leva à queda (Sl. 73.2),
tira a paz, corroendo o íntimo do ser (Pv. 14.30), conduz à maldade e à
perversidade (Tg. 3.14-16), podendo levar até ao homicídio (Gn. 4.8). Quebrar o
ciclo da inveja é necessário, principalmente no contexto da igreja, seguindo o
exemplo de Cristo, ao lavar os pés dos seus discípulos (Jo. 13). O Senhor Jesus
não tinha a menor pretensão de ser grande, na verdade, Ele veio para servir
(Mc. 10.45), não para ser servido, esvaziou-se da Sua glória para cumprir o
ministério que lhe fora confiado (Fp. 2.5-8). A inveja é um sentimento mundano,
que nada tem de cristão, está respaldado na meritocracia, não na graça
maravilhosa de Deus. O invejoso desqualifica o trabalho do outro, o cristão
sincero elogia, admira o que os outros fazem. O invejoso é um agressor verbal,
ele intimida as pessoas, não perde uma oportunidade para destruir o outro
através das palavras, principalmente se puder corroer o circulo de amizades do
invejado. Por isso, o invejoso é falso, ele não é digno de confiança, fala mal
dos outros para você e fala mal de você diante dos outros. O invejoso é incapaz
de reconhecer seus erros, ele não se apercebe da sua condição, faz tudo com
naturalidade, como se não estivesse errado. O invejoso é medíocre, ele não faz
nada para sair da sua condição, não quer sair da sua “zona de conforto”, por
esse motivo, quer destruir os outros. O invejoso é manipulador, ele entra nas
relações com sentimentos destrutivos, se não conseguir controlar a vida dos
outros, especialmente a de quem inveja, não consegue encontrar satisfação. O
invejoso é orgulhoso, o seu “eu” é grande demais para caber dentro dele mesmo.
Não faz coisa alguma nos pensando outros, somente consegue visualizar a si
mesmo, tem forte sentimento narcisista.
CONCLUSÃO
Só há um antídoto contra a inveja, e este é cultivo
do fruto do Espírito (Gl. 5.22,23). A relação entre as pessoas em conformidade
com o parâmetro bíblico é respaldada no amor (I Co. 13). As relações
fundamentadas no ágape não favorecem a inveja, antes a destrói, para tanto e
preciso viver em constante doação, tendo Deus, em Cristo, como exemplo maior
(Jo. 3.16; 10.15). Mas é preciso ter cuidado com a inveja, bem como com o
invejoso, em alguns casos, por causa do farisaísmo característico, o melhor
mesmo é manter distância.
BIBLIOGRAFIA
SORGE, J. Inveja: o inimigo interior. São
Paulo: BV Editora, 2010.
STOMATEAS,
B. Gente tóxica. São Paulo: Thomas Nelson, 2012.
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