Lições Bíblicas CPAD / Jovens e Adultos
Título: Sabedoria de Deus para uma vida vitoriosa — A atualidade de Provérbios e Eclesiastes
Comentarista: José Gonçalves
Lição 3: Trabalho e Prosperidade
Data: 20 de Outubro de 2013
TEXTO ÁUREO: “A bênção do Senhor é que enriquece, e ele não acrescenta dores” (Pv 10.22).
VERDADE PRÁTICA: A Bíblia condena a inércia e a preguiça, pois é através do trabalho e da bênção de Deus que prosperamos.
INTERAÇÃO
O trabalho é um dom de Deus para a humanidade. Ele eleva a dignidade do homem e a da mulher. Esta, no entanto, conquistou um papel de destaque no mercado profissional. Não se pode ignorar o advento da mulher no mercado de trabalho como elemento revolucionário para o modelo tradicional da família. Hoje, na maioria dos casos, mesmo que a mulher opte por não mais trabalhar fora, o homem não consegue prover a família com o próprio salário. O custo de vida é caro, o salário é pequeno, fazendo com que até os aposentados retornem ao mercado formal do trabalho. O fato é que para prosperarem na vida, tanto o homem quanto a mulher devem trabalhar, trabalhar... É através do trabalho que prosperamos.
OBJETIVOS: Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Compreender as quatro metáforas da lição (do celeiro e do lagar, da formiga, do leão e do espinheiro).
Reconhecer a importância e o valor do trabalho.
Saber que a prosperidade é fruto da bênção de Deus, mas de muito trabalho também.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, reproduza o esquema abaixo na lousa ou tire cópias. Ao concluir a lição de hoje faça uma síntese das metáforas estudadas usando o auxílio do respectivo esquema. Em seguida, afirme à classe que essas metáforas são símbolos linguísticos empregados pela Bíblia para demonstrar a importância e o valor do trabalho na vida do ser humano.
Palavra Chave: Trabalho: Conjunto de atividades, produtivas ou criativas, que o homem exerce para atingir determinado fim.
INTRODUÇÃO
Nas lições anteriores, aprendemos que um provérbio bíblico utiliza a linguagem metafórica para expressar o seu real significado. De fato a palavra hebraica machal traduzida em nossas Bíblias como provérbio, possui um leque de significados: parábola, comparação, alegoria, fábula, provérbio, dito enigmático, símbolo, argumentação ou apologia. Tais recursos linguísticos permeiam todo o livro dos Provérbios.
Na lição de hoje, veremos algumas das metáforas usadas pelos sábios para tratar da natureza do trabalho e sua importância. Elas revelam que o labor é uma condição necessária à expressão humana. Ao observarmos o campo, a imagem de um animal ou mesmo a atividade dos insetos, aprenderemos acerca da grandeza do trabalho. Era dessa forma que os sábios da antiguidade ensinavam, pois quando se entende tais metáforas, compreende-se melhor a natureza do trabalho.
I. A METÁFORA DO CELEIRO E DO LAGAR (Pv 3.9,10)
1. A dádiva que faz prosperar.
Em Provérbios 3.9,10, está escrito que devemos honrar ao Senhor com nossas posses e com o melhor de nossa renda. Tal atitude, segundo o sábio, fará com que os nossos “celeiros” se encham abundantemente e que trasbordem de mosto os nossos “lagares”. O celeiro e o lagar transbordantes são metáforas que representam uma vida abundante! O celeiro, tradução do hebraico asam, é o lugar onde se deposita a produção de grãos. Quando transbordava era sinal de casa farta! Vemos isso nas bênçãos decorrentes da obediência (Dt 28.8). Mas o conselho do sábio mostra que isso só é possível quando há generosidade em fazermos a vontade de Deus.
2. A bênção que enriquece.
No mesmo texto, Salomão fala dos bens e da renda adquiridos como fruto do trabalho. Mas a verdadeira prosperidade não vem apenas de nosso esforço, mas principalmente do resultado direto da bênção do Senhor. É exatamente isso o que diz o sábio em Provérbios 10.22.
O celeiro e o lagar somente se encherão e trasbordarão quando a bênção de Deus estiver neles. É a bênção divina que faz a distinção entre ter posses e ser verdadeiramente próspero, pois é possível ser rico, mas não ser feliz. A prosperidade integral só é possível com a presença de Deus em nossa vida.
II. A METÁFORA DA FORMIGA (Pv 6.6-11)
1. As formigas sabem poupar.
Na metáfora da formiga, o sábio nos exorta a tomarmos uma atitude prudente diante da realidade da vida: “Vai ter com a formiga”. A palavra hebraica usada aqui é yalak, e possui o sentido de “mover-se”, tomar uma atitude na vida (Pv 6.6)! Até os insetos podem nos dar lições sobre o trabalho! Mas não é apenas isso que aprendemos com as formigas. Ainda em Provérbios, o sábio Agur invoca o exemplo desses pequenos insetos (Pv 30.25). As formigas possuem uma noção sofisticada de trabalho — “no verão [elas] preparam a sua comida”. Isto é, as formigas sabem poupar! Elas não apenas trabalham, mas também poupam. O cristão deve aprender igualmente a poupar recursos para eventualidades futuras.
2. As formigas sabem ser autônomas.
O texto de Provérbios diz que a formiga, mesmo “não tendo superior, nem oficial, nem dominador, prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento” (Pv 6.7,8).
As formigas também são responsáveis e trabalham sem serem vigiadas. O erudito Derek Kidner observa o contraste entre elas e o preguiçoso, quando informa que a formiga não precisa de fiscal, enquanto o preguiçoso precisa ser advertido o tempo todo. A formiga discerne os tempos, o preguiçoso não!
III. A METÁFORA DO LEÃO (Pv 22.13; 26.13)
1. Conhecendo o leão.
A metáfora do leão se encontra em duas passagens do livro de Provérbios (22.13 e 26.13). Há uma pequena variante nesses provérbios, mas o sentido é o mesmo — o preguiçoso sempre arranja uma desculpa para fugir do trabalho! Ora o leão está “lá fora”, ora está “no caminho” e ora está “nas ruas!”. O leão é o mais forte dos animais, e a sua presença causa medo. O fato de o preguiçoso ver o trabalho como um leão significa que ele o encara como uma realidade difícil de ser enfrentada. Tem medo do trabalho, assim como tem medo do leão! É desnecessário dizer que essa é uma visão completamente equivocada do labor.
2. Matando o leão.
Há alguns provérbios populares que expressam um sentido semelhante aos provérbios estudados acima. Por exemplo: “a vida é dura para quem é mole”; “matando um leão por dia”. Tais ditos populares revelam que a vida pode ser difícil, dura, mas tem de ser enfrentada.
Não adianta ficar com medo do leão! O pastor Matthew Henry observa que esse “leão” é fruto da imaginação do preguiçoso e só serve para reforçar a sua inércia. Se há um leão lá fora, é o leão do qual falou o apóstolo Pedro, e ele está rugindo em busca de quem possa devorar (1Pe 5.8). O preguiçoso será a sua principal presa!
IV. O TRABALHO E A METÁFORA DOS ESPINHEIROS (Pv 24.30-34)
1. Trabalho, prosperidade e espiritualidade!
Já vimos que o trabalho possui também uma dimensão espiritual (Pv 3.9). Isso vai de encontro àquilo que pensa o senso comum acerca do trabalho. A ideia que ficou associada ao trabalho é a de que ele é algo meramente material e totalmente destituído de valor espiritual. Mas não é assim que pensa o sábio (Pv 24.30). Quando ele viu o campo do preguiçoso totalmente abandonado, cheio de espinheiros, a primeira sensação que teve foi de um “homem falto de entendimento”.
É interessante observarmos que, no hebraico, essa expressão vem carregada de valores espirituais. A palavra hebraica usada para “entendimento” é leb, significando coração, entendimento e mente. A ideia é mostrar o que há no interior do homem — a espiritualidade. Andrew Bowling, especialista em hebraico bíblico, destaca que esse vocábulo é usado para indicar as funções imateriais da personalidade humana. Portanto, o trabalho é algo extremamente espiritual. Ninguém será menos crente porque trabalha, aliás, a verdade é justamente o contrário (Ef 4.28; 2Ts 3.10)!
2. Trabalho, ócio e lazer!
A análise do sábio sobre a inércia do preguiçoso, que favoreceu o nascimento de espinheiros dentro da plantação, é uma forma de ironizar o ócio dele (Pv 24.33,34). Não dá para prosperar mantendo-se de braços cruzados, e muito menos ficando eternamente em repouso! É preciso se mexer. Todavia, esse é apenas um aspecto da questão, pois quem trabalha precisa de descanso e também de lazer! Deus criou o princípio do descanso semanal (Gn 2.2). Precisamos, inclusive, de tempo livre para estarmos a sós com Deus e com a nossa família.
CONCLUSÃO
O trabalho dignifica o homem e é por isso que devemos levá-lo a sério. Trabalhando, alcançaremos a verdadeira e bíblica prosperidade. Essa recomendação é válida também para os obreiros, pois se não tiverem cuidado, acabarão por mergulhar numa inércia pecaminosa.
Não devemos, todavia, nos fazer escravos do trabalho. Devemos estar disponíveis também a cultuar a Deus, cuidar de nossa família e, com ela, recrear-nos. Enfim, se nos dedicarmos ao trabalho, conforme recomenda-nos a Bíblia, teremos uma vida digna e tranquila na presença de Deus.
VOCABULÁRIO
Alegoria: Modo de expressão ou interpretação que consiste em representar pensamentos, ideias, qualidades sob forma figurada.
Fábula: Narrativa curta, em prosa ou verso, com personagens animais que agem como seres humanos, e que ilustra um preceito moral.
Estrênuo: Que é valente ou que age com valentia; destemido, corajoso.
Fábula: Narrativa curta, em prosa ou verso, com personagens animais que agem como seres humanos, e que ilustra um preceito moral.
Estrênuo: Que é valente ou que age com valentia; destemido, corajoso.
EXERCÍCIOS
1. O que representam as metáforas do lagar e do celeiro?
R. Representa uma vida abundante.
2. Qual a exortação do sábio na metáfora da formiga?
R. Termos uma atitude prudente diante da realidade da vida.
3. Segundo o erudito Derek Kidner, qual o contraste entre as formigas e o preguiçoso?
R. A formiga não precisa de fiscal, enquanto o preguiçoso precisa ser advertido o tempo todo.
4. Segundo Matthew Henry, por que não devemos temer “o leão do trabalho”?
R. Esse “leão” é fruto da imaginação do preguiçoso e só serve para reforçar a sua inércia.
5. De acordo com a conclusão da lição, elabore uma frase ressaltando a visão bíblica e equilibrada entre o trabalho, Deus, a família e o lazer.
R. Resposta pessoal.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Teológico
“O Lazer e o Renascimento da Vida Sabática
Os teólogos cristãos há muito têm afirmado que para que a vida atinja seu potencial espiritual pleno, deve ser vivida de maneira dialética e rítmica. O lazer e o trabalho merecem quantidades proporcionadas de tempo e energia. Deste modo a alma pode ser nutrida na contemplação e o corpo ocupado no trabalho. O trabalho não é o inimigo. O inimigo é um estilo de vida que revolve-se exclusivamente em torno do trabalho. A inteireza na vida vem de reconhecer e experimentar a interação dos ritmos de trabalho, descanso, adoração e divertimento. Surge o reconhecimento da capacidade deles revitalizarem-se uns aos outros quando lhes é dado o devido lugar. Uma volta aos ritmos do sábado tem implicações refrescantes para indivíduos, famílias e a sociedade, embora integrá-los com os padrões de vida agitados e destrutivos de fins do século XX venha a testar a resolução até do mais devoto” (VOLF, M. Trabalho in PALMER, M. D. (Ed.) Panorama do Pensamento Cristão. 1 ed.; RJ: CPAD, 2001, p.272).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Teológico
“O que é Trabalho?
‘Se ninguém me perguntasse, eu saberia; se quero explicar a quem me pergunta, não sei’. Era assim que Agostinho expressava sua dificuldade em definir ‘tempo’. O mesmo parece verdade com ‘trabalho’. Pensamos que sabemos o que é trabalho, mas, quando tentamos pôr em palavras o que pensamos que sabemos o que é trabalho, gaguejamos.
Começarei explicando o que é trabalho destacando algumas coisas. Primeiro, embora muito estrênuo, trabalho não é simplesmente labuta e fadiga, como alguns tendem a pensar, interpretando Gênesis 3 em parte incorretamente. Na verdade, muitos gozam do trabalho que fazem e os que fazem são os melhores trabalhadores. Não seria estranho dizer que os melhores trabalhadores não trabalham? Segundo, trabalho não é simplesmente emprego remunerado. Embora a maioria das pessoas nas sociedades industrializadas esteja empregada pela remuneração que percebem, muitos trabalham duro sem receber pagamento. Pegue, por exemplo, as donas de casa (raramente donos de casa) que gastam quase todas as horas em que estão acordadas mantendo uma casa em ordem e criando os filhos. Muitas delas com razão se ressentem quando as pessoas insinuam que não trabalham; isto é acrescentar um insulto (‘você não trabalha’) a uma injúria (elas não recebem pagamento).
Precisamos de uma definição abrangente de trabalho, uma que inclua o trabalho desfrutado e o trabalho sofrido, o trabalho remunerado e o trabalho voluntário. Uma definição muito simples de trabalho seria ‘uma atividade que serve para satisfazer as necessidades humanas’: Você prepara uma refeição para ter algo que comer; você digita manuscritos para receber um cheque. Em contraste, o propósito de jogar é jogar: Você joga futebol, porque gosta de jogar futebol; você lê um livro, porque gosta de ler livros. Claro que cozinhar pode ser seu passatempo, então você cozinha, porque você gosta de cozinhar, e encher estômagos vazios é, nesse caso, um benefício colateral. Semelhantemente, jogar futebol (se você é jogador profissional) ou ler livros (se você é aluno ou professor) pode ser seu trabalho; então você joga, porque precisa de dinheiro ou reconhecimento, e lê livros, porque precisa passar nos exames ou preparar uma conferência; a pura diversão de jogar ou ler é, então, uma coincidência feliz. Portanto, trabalhar é uma atividade instrumental: Não é feito para o seu próprio bem, mas para satisfazer necessidades humanas” (VOLF, M. Trabalho in PALMER, M. D. (Ed.) Panorama do Pensamento Cristão. 1 ed., RJ: CPAD, 2001, pp.225-26).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Trabalho e Prosperidade
Quem não deseja ter uma vida próspera e abençoada? E o desejo de todo ser humano e não há nada de errado em ser bem-sucedido. Mas, o que é ser próspero? Embora cada um tenha uma definição própria, para respondermos a essa questão temos que recorrer às Escrituras Sagradas e observar o que é ser bem-sucedido à luz da Palavra.
Uma vida bem-sucedida não é somente resultado do sucesso financeiro, mas, sim, da obediência a Deus, da fidelidade e da santidade (Pv 3.3,4).
Como cristãos, podemos afirmar que nossas riquezas são e serão sempre intangíveis e nunca somente monetárias. Atualmente, os crentes têm sido iludidos quando o assunto é prosperidade. Eles tendem a relacionar o ser bem-sucedido ao dinheiro e bens materiais. Muitos estão buscando desesperadamente os bens materiais. Querem ser ricos a todo o custo e acabam desprezando a Deus, tropeçando e perdendo o nosso bem precioso, a nossa salvação. Por isso Jesus a adverte em Mateus 16.26. Não podemos ser influenciados pela maneira de pensar deste mundo (Rm 12.2). Para alguns, o “ter” passou a ser mais importante que o “ser”. Pertencer ao Reino de Deus está diretamente ligado ao “ser” — ser benigno, ético, compassivo, etc.
Sabemos que a prosperidade não é somente resultado direto do trabalho e do esforço do homem, todavia sem trabalho não há prosperidade. A preguiça impede o homem de prosperar. O preguiçoso sonha, deseja, mas dificilmente alcança seus objetivos (Pv 13.4; 20.13; 23.21). Precisamos nos dedicar ao trabalho, pois este dignifica o homem. Em Provérbios, encontramos uma série de exortações ao trabalho. O indolente é seriamente advertido (Pv 10.26; 19.15; 24.30-34). Muitos oram a Deus, mas não agem, não fazem a sua parte. Deus não vai fazer o nosso trabalho. A Palavra de Deus relata que Jesus era um homem de dores e trabalho (Jo 5.17). Sigamos os passos do Mestre.
Além da preguiça, vejamos alguns outros obstáculos que impedem a prosperidade:
• Falta de comprometimento, de inteireza de coração (2Cr 25.2);
• Infidelidade a Deus. Não honra ao Senhor com as nossas primícias (Pv 3.9,10);
• Desobediência deliberada a Deus (Dt 28.15);
• Falta de confiança no Todo-Poderoso.
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