Lições Bíblicas CPAD / Jovens e Adultos
Título: Sabedoria de Deus para uma vida vitoriosa — A atualidade de Provérbios e Eclesiastes
Comentarista: José Gonçalves
Lição 5: O Cuidado com aquilo que falamos
TEXTO ÁUREO: “Favo de mel são as palavras suaves: doces para a alma e saúde para os ossos” (Pv 16.24).
VERDADE PRÁTICA: As nossas palavras revelam muito do que somos, pois a boca fala do que o coração está cheio.
INTERAÇÃO
Prezado professor, você deve conhecer as
seguintes expressões: “Sou sincero!”; “Só falo a verdade!”; “Não levo desaforo
para casa!”. Mas quem disse que ser sincero, falar a verdade e não levar
desaforo para casa significa estar sempre com a razão? Na verdade, tal postura
reflete uma má educação. Vivemos numa sociedade onde se perdeu o respeito
mútuo. É no trânsito, na fila do caixa do mercado, na fila dos bancos, nos
departamentos das igrejas; as pessoas parecem não ter paciência para esperar, se
acalmar. Não pensam duas vezes em usar uma arma poderosa para ofender,
maltratar e magoar: a língua. O Evangelho, por outro lado, desafia-nos a
agirmos de outra maneira: pagando o mal com o bem.
OBJETIVOS: Após esta aula, o aluno deverá
estar apto a:
1. Conhecer as consequências das palavras.
2. Explicar os símbolos usados por Salomão e Tiago.
3. Ter cuidado com o bom uso da língua.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Para concluir a lição desta semana, leia com a classe
Tiago 3.3-5. Em seguida, destaque as expressões “freio nas bocas dos cavalos”;
“a nau dominada por um pequeno leme” e “a língua, um pequeno membro”. Depois,
explique-as afirmando que elas representam um pequeno elemento que é poderoso
para impedir ou permitir uma tragédia inigualável. Conclua dizendo que nossa
língua, um pequeno órgão, pode edificar vidas mas, também, ofendê-las,
magoá-las ou destruí-las. À luz dessas metáforas, desafie os alunos a
desenvolverem o autocontrole sobre o que dizem e, consequentemente, fazem.
Palavra Chave: Língua:
Órgão muscular, situado na boca e na faringe, responsável pelo paladar e
auxilia na mastigação e na deglutição, e também na produção de sons, fala.
INTRODUÇÃO
Provérbios e Tiago contêm as mais belas exposições sobre
uma capacidade que apenas os seres humanos possuem: a fala. Na lição de hoje,
analisaremos o que as Escrituras revelam sobre esse fascinante dom.
Num primeiro momento, estudaremos como o falar é tratado
pelos autores sagrados. Em seguida, veremos os conselhos que Salomão e Tiago
dão àqueles que verbalizam pensamentos, princípios e preceitos. O objetivo é
mostrar como a literatura sapiencial bíblica toca num ponto sensível da vida
humana, muitas vezes esquecido pelos cristãos: a devida e correta utilização
das palavras.
I. O PODER DAS PALAVRAS
1. Palavras que matam.
É evidente que, dependendo do contexto em que são faladas
e por quem são pronunciadas, podem ferir ou até mesmo matar (Pv 18.21a). Este
exemplo pode ser observado na vida conjugal, quando uma palavra ofensiva, ou
injuriosa, dita por um cônjuge, ofende e magoa o outro. Se não houver perdão de
ambas as partes, o relacionamento poderá deteriorar-se (Pv 15.1).
2. Palavras que vivificam. A
palavra hebraica dabar significa palavra,
fala, declaração, discurso, dito, promessa, ordem. Os temas contemplados pelo
uso desses termos são, na maioria das vezes, valores morais e éticos. Salomão
tem consciência da importância das palavras e, por isso, afirma: “O sábio de
coração será chamado prudente, e a doçura dos lábios aumentará o ensino”.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Segundo a Bíblia, dependendo da motivação de quem
pronuncia, as palavras podem matar ou vivificar.
1. Evitando a tagarelice.
Há um provérbio muito popular que diz: “Quem fala o que
quer, ouve o que não quer”. Este ditado revela a maneira imprudente de se
falar, algo bem próprio do tagarela. Este personagem está presente na tradução
do hebraico batah: pessoa que fala
irrefletida e impensadamente.
Não basta dizer: “Pronto, falei!”. É preciso medir as
consequências do que se fala. E a melhor forma de fazer isso é compreender que
na “multidão de palavras não falta transgressão, mas o que modera os seus
lábios é prudente” (Pv 10.19). Salomão tinha essa consciência (Pv 13.3).
2. Evitando a maledicência.
O livro de Provérbios também apresenta conselhos sobre a
maledicência. Ali, a palavra aparece como sendo a sétima abominação,
isto é, o ponto máximo de uma lista de atitudes que o Senhor odeia (Pv
6.16-19). O Senhor “abomina” (do hebraico to’ebah)
a maledicência ou a contenda entre irmãos.
No original, “abominar” significa “sentir nojo de” e pode
se referir a coisas de natureza física, ritual ou ética. Deus se enoja de
intrigas entre irmãos. É a mesma palavra usada para descrever coisas
abomináveis ao Senhor, tais como a idolatria (Dt 7.25), o homossexualismo (Lv
18.22-30) e os sacrifícios humanos (Lv 18.21)!
SINOPSE DO TÓPICO (II)
O conselho bíblico para cuidarmos da nossa
língua começa por evitarmos a tagarelice e a maledicência.
III. O BOM USO DA LÍNGUA
1. Quando a língua edifica o próximo.
Como servos de Deus, somos desafiados a usar nossas
palavras como um meio para ajudar nossos irmãos, através de exortações, bons
conselhos e também através do ensino da Palavra de Deus e de seus princípios
(1Co 14.26).
2. Nossa língua adorando a Deus.
O melhor uso que se pode fazer da palavra é quando a
empregamos para dirigir-nos a Deus em adoração. Todo crente fiel sabe disso, ou
deveria saber (Pv 10.32). O Senhor se agrada dos sacrifícios de louvor (Hb
13.15). Esse é o segredo para uma vida frutífera e agradável ao Senhor (Ef
5.19,20). Não nos esqueçamos, pois, da maior vocação de nossa língua: louvar e
exaltar a Deus.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A língua deve ser usada para edificar o próximo
com bons conselhos, exortações e ensino da Palavra de Deus; e exaltar ao
Altíssimo adorando-O em Espírito e em Verdade.
IV. SALOMÃO E TIAGO
1. Uma palavra ao aluno.
Abundante no livro de Provérbios, a expressão hebraica shama Beni ocorre 21 vezes com o sentido de “ouvi
filho meu”. Não há dúvida de que o emprego de tal linguagem revela o amor de
uma pessoa mais experiente, dirigindo-se a outra ainda imatura. É alguém sábio
e experimentado na vida, passando tudo o que sabe e o que vivenciou ao seu
aprendiz (Pv 1.8,10,15; 3.1,21; 5.1,20; 7.1).
São mais de trezentos conselhos como regra do bom viver.
Segui-los significa achar o bem, e não segui-los é encontrar-se com o mal.
2. Uma palavra aos mestres. Se por
um lado Salomão se dirigiu ao discípulo (do hebraico: filho, aluno),
por outro lado Tiago falou àqueles que querem ser mestres. Os que pregam e
ensinam a Palavra de Deus têm de falar somente o que convém à sã doutrina (Tt
2.1).
Em sua epístola, Tiago utiliza símbolos extraídos do
cotidiano, mas carregados de significado: a) Freios: Assim como o freio
controla o animal, deve o crente refrear e controlar a sua língua; b) Leme:
Se o leme conduz o navio ao porto desejado, deve o crente dirigir o seu falar
para enaltecer a Deus; c) Fogo: Uma língua sem freios e fora de controle
queima como fogo. Por isso, mantenhamos a nossa língua sob o domínio do
Espírito Santo; d) Mundo: A língua pode se tornar um universo de coisas
ruins. Então, o que fazer? Transformá-la num manancial de coisas boas; e)
Veneno: O perigo reside em alguém possuir uma língua grande e ferina e,
portanto, venenosa. f) Fonte: Como fonte, a língua deve jorrar coisas
próprias à edificação; g) Árvore: A boca do crente, por conseguinte,
deve produzir bons frutos. Portanto, usemos as nossas palavras para a glória de
Deus (Tg 3.1-12).
SINOPSE DO TÓPICO (IV)
Ao ensinar os provérbios, Salomão tem em mente
ensinar os discípulos, enquanto Tiago aconselha os mestres.
CONCLUSÃO
Vimos nesta lição os conselhos dos sábios sobre o bom uso
da língua. A linguagem, como algo peculiar ao ser humano, é muito preciosa para
ser usada iniquamente. Não permitamos, pois, que a nossa língua seja
instrumento de um dos pecados que Deus mais abomina: a disseminação de
contendas entre os irmãos.
À luz da Palavra de Deus, somos encorajados a andar em
união, harmonia e paz. Portanto, com a nossa língua abençoemos o nosso
semelhante, pois assim fazendo, bendiremos também ao Senhor nosso Deus.
VOCABULÁRIO
Nau: Designação genérica que até o século XV se
aplicava a navios de grande porte.
Leme: Peça plana, localizada na parte submersa da popa de uma embarcação, gira em um eixo e determina a direção em que aponta a proa do navio.
Personificá-las: Expressar, tornar viva e concreta uma ideia através de pessoas.
Ápice: Extremo superior; ponto máximo, culminância, apogeu.
Desvelo: Ato ou efeito de desvelar-se. Isto é, agir com diligência; zelar, cuidar, empenhar-se.
Leme: Peça plana, localizada na parte submersa da popa de uma embarcação, gira em um eixo e determina a direção em que aponta a proa do navio.
Personificá-las: Expressar, tornar viva e concreta uma ideia através de pessoas.
Ápice: Extremo superior; ponto máximo, culminância, apogeu.
Desvelo: Ato ou efeito de desvelar-se. Isto é, agir com diligência; zelar, cuidar, empenhar-se.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
HUGHES, R. K. Disciplinas do Homem Cristão. 3 ed., RJ: CPAD, 2004.
SEAMANDS, S. Feridas que Curam: Levando Nossos Sofrimentos à Cruz. 1 ed., RJ: CPAD, 2006.
SEAMANDS, S. Feridas que Curam: Levando Nossos Sofrimentos à Cruz. 1 ed., RJ: CPAD, 2006.
EXERCÍCIOS
1. Dependendo do contexto em que são faladas, e por quem são
pronunciadas, o que as palavras podem fazer? Dê um exemplo.
R. Podem
matar uma pessoa. Por exemplo, na vida conjugal quando o cônjuge ofende e magoa
o outro através das palavras.
2. Segundo a tradução do termo hebraico batah, o que significa tagarela?
R. Pessoa
que fala irrefletida e impensadamente.
3. Qual atitude o Senhor abomina segundo o livro de Provérbios?
R. A
maledicência ou a contenda entre irmãos.
4. Como servos de Deus, o que somos desafiados a fazer com nossas
palavras?
R. Usá-las
como um meio para ajudar nossos irmãos.
5. Se por um lado, em Provérbios, Salomão se referiu aos discípulos,
a quem Tiago se dirigiu?
R. Aos
mestres, aqueles que labutam no ensino.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Vida Cristã
“DISCIPLINA DA LÍNGUA
Que poder tem a palavra escrita ou falada! Nações se
ergueram, e nações caíram pela língua. Vidas foram enaltecidas e rebaixadas
pelo falar humano. A bondade flui como um doce rio de nossas bocas, da mesma
forma, o esgoto. A pequena língua, sem dúvida, é uma força poderosa.
[...] Tiago, o irmão do Senhor, entendia isto tão bem,
quanto qualquer homem na história e, através do uso de analogias gráficas, ele
nos deu a mais penetrante exposição sobre a língua do que qualquer texto
literário, seja secular ou sagrado [...] (Tg 3.3-5).
[...] A principal preocupação de Tiago é com o poder
destrutivo da língua, e isto produz uma das mais provocantes declarações: ‘Vede
como uma fagulha põe em brasa tão grande selva! Ora, a língua é fogo; é mundo
de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo e
contamina o corpo inteiro e não só contamina e não só põe em chamas toda a
carreira da existência humana, como é posta ela mesma em chamas pelo inferno’
(vv.5,6)” (HUGHES, R. K. Disciplinas do Homem Cristão. 3 ed., RJ: CPAD, 2004, pp.126-27).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Teológico
“Abençoando o Malfeitor
Fazer o bem àqueles que nos fizeram mal envolve tanto
palavras quanto atos, tanto bênçãos quanto servir. John Stott afirma: ‘Na nova
comunidade de Jesus as maldições devem ser substituídas por bênçãos; a malícia,
por oração; e a vingança, por serviço. De fato, a oração purga o coração da
malícia; os lábios que abençoam não podem, ao mesmo tempo, amaldiçoar; e a mão
ocupada com serviços fica impedida de se ocupar com vingança’.
No entanto, deixemos claro que na prática, conquistar o
mal com o bem envolve muitas vezes a obstinação e a dureza que vai contra
nossas concepções sentimentalizadas da bondade. A fim de verdadeiramente
fazermos o bem para alguém implicará dar o que mais precisa — não
necessariamente o que ele quer. Por exemplo, fazer o bem para um pai ameaçador
e ditatorial que insiste em controlar seu filho adulto pode significar resistir
a ele e se recusar a ceder a suas exigências. Por outro lado, no caso de uma
mãe fraca e indecisa fazer o bem significa se recusar a tomar qualquer atitude
a fim de que ela seja forçada a tomar suas decisões. Como Allender e Longman
sugerem: ‘Em muitos casos, um amor [tão] corajoso muitas vezes enerva, fere,
pertuba e compele a pessoa amada a lidar com as enfermidades interiores que
estão roubando a alegria dela e dos outros’.
Esse tipo de amor vigoroso é exemplificado na última frase
da passagem de Provérbios citada por Paulo. A frase diz que ao dar comida e
bebida a nossos inimigos amontoa-se ‘brasas de fogo sobre a [nossa] cabeça’ (Rm
12.20). Embora isso possa nos parecer um ato pouco amigável, nos tempos
bíblicos, essa era uma figura de linguagem para dizer que isso traz um profundo
sentimento de vergonha a seus inimigos, não a fim de ofendê-los ou humilhá-los,
mas para levá-los ao arrependimento e à reconciliação” (SEAMANDS, S. Feridas
que Curam: Levando Nossos Sofrimentos à Cruz. 1 ed., RJ: CPAD, 2006,
pp.166-67).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
O Cuidado Com Aquilo que Falamos
De todos os seres criados pelo Todo-Poderoso, o homem é o
único que possuiu um aparelho fonador. Logo, podemos afirmar que a fala é um
dom divino que distingue o ser humano. É algo realmente especial que pode ser
usado para o bem como para o mal. Tiago compara a língua a um fogo devastador
(Tg 3.6). Pois uma pequena fagulha pode queimar e destruir uma floresta
inteira. Ele ainda afirma que “nenhum homem pode domar a língua” (Tg 3.8). Com
a nossa língua podemos bendizer a Deus e maldizer o próximo. Ter o controle da
língua não é fácil, mas não é impossível para o crente. Quem consegue controlar
a língua, controla todo o seu ser.
Nossa maneira de falar nos identifica, revelando o nosso
verdadeiro eu, pois a boca fala do que o coração está cheio (Mt 12.34). É do
coração, ou seja, do íntimo do ser humano que procedem os males. Certa vez,
Pedro foi identificado como alguém que esteve com Jesus somente pelo seu linguajar
(Mt 26.73). Sua fala evidencia que você é um cristão?
Muito se falou a respeito do poder das palavras e não
faltou heresia. Sabemos que nossas palavras não têm poder em si mesmas.
Todavia, não podemos sair por aí falando o que nos vem à cabeça, pois nossas
palavras afetam o nosso próximo de forma positiva ou negativa. Por isso, o
livro de Provérbios dá uma ênfase especial ao modo como empregamos as palavras.
Jesus também ensinou que no Dia do Juízo, todos terão que dar conta diante de
Deus por suas palavras (Mt 12.36).
Quer aprender a guardar sua língua do mal? Então leia e
estude o livro de Provérbios, pois nele podemos encontrar ensinamentos
preciosos a respeito do uso da língua. Um destes ensinos é a respeito do ser
moderado no falar (Pv 21.23). Você fala demais? Então tome cuidado! Quem fala
em demasia prejudica o outro e a si próprio (Pv 13.3). Vários Provérbios tratam
a respeito da língua mentirosa e da calúnia (Pv 6.17). A difamação, em especial
nos blogs e nas redes sociais, tem feito muitas vítimas. A calunia é
devastadora e consegue separar até os amigos mais íntimos (Pv 16.28). O Diabo é
o pai da mentira (Jo 8.44) e toda mentira e engano procedem dele. Muitos usam
sua língua para fazer fofoca, caluniar os outros ou distorcer a verdade. Saiba
que Deus abomina a língua mentirosa (Pv 6.17).
Aprendamos com os conselhos dos sábios a usar nossa língua
de maneira que o nome do Senhor seja glorificado.
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