Lições Bíblicas CPAD / Jovens e
Adultos
Título: Dons Espirituais e
Ministeriais —
Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Data: 22 de Junho de 2014
TEXTO ÁUREO: “Porque os que servirem bem como diáconos
adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo
Jesus” (1Tm 3.13).
VERDADE PRÁTICA:
Embora
o diaconato seja um ministério específico, a diaconia é uma missão de todo o
crente.
INTERAÇÃO
Servir: uma ordenança de
nosso Senhor (Mc 12.30,31). O ministério de serviço ao próximo é o símbolo de
amor na instituição dos diáconos relatada no livro dos Atos dos Apóstolos, no
sexto capítulo. Aqui, os apóstolos foram coerentes com o ensinamento de Jesus
de Nazaré. Há muito, o nosso Senhor havia ensinado sobre a urgência de resolver
questões sociais e de caráter humanitário de quem quer que fosse. O problema
registrado em Atos 6 foi de caráter étnico, mas hoje outros grandes problemas
afligem muitos membros da igreja local. Que o serviço dos diáconos de Cristo
nos inspire a cultivar um estilo de vida diaconal baseado na história de Jesus
de Nazaré.
1. Analisar o estilo de vida diaconal de Jesus.
2. Explicar a instituição do ministério do diácono.
3. Discorrer sobre o perfil e a função do diácono.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
No primeiro século da era cristã, a Igreja cresceu
sob o avivamento do Espírito e expandiu-se pelo mundo. Na mesma medida em que
cresceu, surgiram também problemas na esfera social, demandando urgentes
providências. Por uma sábia e unânime decisão, em assembleia, a igreja de
Jerusalém escolheu sete homens de moral ilibada e cheios do Espírito Santo,
para administrarem esse “importante negócio” (At 6.3). Nesta lição estudaremos
esse importante ministério de serviço que, por causa de uma crise étnica na igreja,
levou os apóstolos a propor medidas que serviram de base para instituir a
função diaconal. Esta, até hoje, faz parte do ministério ordenado pelas igrejas
cristãs.
1.
Significado do termo.
O termo grego diaconia significa
“ministério” ou “serviço”. A vida inteira de Jesus aqui na Terra demonstrou o
verdadeiro sentido da diaconia em todos os seus aspectos. Na realidade, seu
ministério terreno evidenciou o quanto Ele foi “apóstolo da nossa confissão”
(Hb 3.1), profeta (Lc 24.19), evangelista (Lc 4.18,19), pastor (Jo 10.11), mas
principalmente, diácono por excelência (Mt 20.28). O apóstolo Paulo
disse que Jesus, “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a
Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se
semelhante aos homens” (Fp 2.6-7). Segundo a Bíblia de Estudo Palavras-Chave,
a expressão “tomando a forma de servo” denota o sentido de uma condição
humilde.
Na véspera da sua crucificação, o Senhor Jesus
reuniu os seus doze discípulos para comer a última ceia. Tomando uma toalha e
uma bacia com água, ele começou a lavar os pés dos discípulos, um a um (Jo
13.4,5). Não há atitude mais comovente do nosso Senhor como o relato do
lava-pés, demonstrando serviço, exemplo e humildade. A “diaconia da toalha e da
bacia” é a convocação cristocêntrica para uma vida de serviço humilde (Jo
13.12-17).
Certa vez, Tiago e João pediram ao Senhor lugares
de destaques, “à direita” e “à esquerda” de Jesus, quando da implantação do seu
Reino (Mc 10.35-37). Os discípulos ainda não haviam compreendido a mensagem de
Jesus. A proposta do Nazareno nunca foi a de estabelecer uma hierarquia de
poder temporal para a sua igreja, mas a de serviço conforme demonstra sua resposta
a eles: “entre vós não será assim; antes, qualquer que, entre vós, quiser ser
grande será vosso serviçal [diakonos]. E qualquer que, dentre vós,
quiser ser o primeiro será servo de todos. Porque o Filho do Homem também não
veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”
(Mc 10.43-45).
1.
O conceito da função.
A palavra diácono
(gr. diakonos), segundo o Dicionário Vine, refere-se àquele que
presta trabalhos voluntários aludindo aos exemplos dos criados domésticos dos
tempos do Novo Testamento. O termo destaca, em especial, a função de um mestre
ou de um pastor cristão, entrelaçando o sentido técnico do diácono ou
diaconisa. Outra palavra grega relacionada a “diácono” é doulos. Esta
refere-se a “um servo” ou “um escravo” (Mt 13.27,28; Jo 4.51). Portanto, a ideia
preponderante que a função do diácono remonta é a do serviço voluntário
prestado, pelo “ministro”, o “servo” ou o “assistente”, para alguém.
“A bênção”, “problema” e “reivindicação” são
palavras-chave para o advento do ministério formal dos diáconos em o Novo
Testamento. A bênção foi o extraordinário crescimento da igreja local em
Jerusalém. A questão étnica causada pela situação social de muitos que
aceitavam a fé, especialmente envolvendo viúvas judias de fala hebraica e as de
fala grega (At 6.1), era o problema. A reivindicação pode ser
vista na manifestação verbal destas viúvas que, sentindo-se injustiçadas pelo
que elas interpretaram ser uma forma de discriminação dos líderes da igreja de
Jerusalém, cobraram sua assistência (At 6.1).
Para resolver o impasse, orando e impondo-lhes as
mãos, os apóstolos separaram sete irmãos de boa reputação, cheios do Espírito
Santo e de sabedoria para administrar uma questão étnica e social (At 6.2-7).
Foi uma decisão de caráter pacificador e de muito bom-senso para a igreja não
se perder em permanentes desentendimentos. O objetivo era estimulá-la a
resolver a questão reconhecendo o caminho equivocado antes aderido pelos
líderes até aquele momento. Assim, eles puderam executar as mudanças
necessárias e resolveram uma questão que poderia trazer sérios problemas para a
igreja de Jerusalém.
SINOPSE
DO TÓPICO (II): O livro
dos Atos dos Apóstolos, no capítulo 6, descreve a instituição do ministério de
diácono.
III.
O PERFIL E FUNÇÃO DO DIÁCONO
1.
Qualificações do diácono.
As qualificações
dos diáconos descritas no livro de Atos e na primeira carta a Timóteo revelam
que em nada elas diferem da atribuição ética exigida aos bispos (1 Timóteo e
Tito).
a) Caráter moral (1Tm 3.8). Os diáconos devem
ser pessoas honradas, dignas, corretas e íntegras. Não pode haver “língua
dobre” neles, isto é, a sua palavra deve ser sim, sim e não, não. A ganância
por dinheiro tem de passar longe da sua vida, pois sua função é exatamente a de
executar trabalhos administrativos da igreja local, como auxiliar nas tarefas
do culto e acompanhar as viúvas e os pobres da Igreja do Senhor.
b) Caráter espiritual (1Tm 3.9,10). Ter a plena
convicção do que é crer no Evangelho. O diácono guarda a revelação de Deus que
está em Cristo Jesus, o nosso Senhor (cf. Rm 16.25). Por isso, a liderança e a
igreja local devem avaliar o candidato ao diaconato levando em conta o seu
caráter moral e espiritual.
c) Caráter familiar.
O candidato deve ser marido de uma mulher, fiel à sua esposa e bom pai. A
exemplo dos bispos, os diáconos devem ser zelosos com o seu lar, amar as suas
esposas com amor sacrifical. Devem respeitar os seus filhos, para obterem deles
o mesmo respeito. O “serviço” do diácono à sua família revelará como ele
servirá a igreja local.
2.
A função dos diáconos em Atos 6.
Quando foram instituídos diáconos, setes homens de
fala grega foram separados para assistir socialmente as viúvas: tanto as de
fala hebraica como as de fala grega. Os diáconos não podiam permitir que
houvesse injustiças de caráter social na igreja do primeiro século. A função do
diaconato era fundamentalmente de caráter social.
Atualmente, a função primordial do diácono é
auxiliar a igreja local através das orientações do seu pastor em atividades
ligadas a visitar os enfermos, os necessitados e os desviados, bem como cuidar
das tarefas espirituais ligadas ao culto, como a distribuir os elementos da
Ceia do Senhor, recolher as contribuições para a manutenção da igreja local
(dízimos e ofertas) e auxiliar na ordem e na segurança da liturgia do culto,
bem como de outras tarefas já mencionadas.
O diaconato foi instituído pelos apóstolos de
Cristo quando a comunidade cristã cresceu e precisou ter pessoas que pudessem
resolver questões relacionadas a problemas sociais que demandavam atenção e
cuidado. Hoje, os diáconos servem à igreja e a Deus em trabalhos diferentes, e
a liderança das igrejas locais deve valorizar o seu trabalho e reconhecê-los como
excelentes servidores do Reino de Deus, pois, no sentido lato, todos somos
diáconos da Igreja de Deus.
Lato: De grande amplitude; não restrito, largo,
extenso.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ANDRADE, Claudionor de. Manual do Diácono. 1 ed.,
RJ: CPAD, 1999.
STOTT, John R. W. Cristianismo Equilibrado. 1 ed., RJ, CPAD, 1995.
STOTT, John R. W. Cristianismo Equilibrado. 1 ed., RJ, CPAD, 1995.
EXERCÍCIOS
1.
Qual o significado do termo grego “diaconia”?
R. “Ministério” ou “serviço”.R. Significa a convocação cristocêntrica para uma vida de serviço humilde (Jo 13.12-17).
R. Caráter moral, caráter espiritual e caráter familiar.
R. Assistir socialmente as viúvas: tanto as de fala hebraica como as de fala grega.
R. Auxiliar a igreja local através das orientações do seu pastor em atividades ligadas a visitar os enfermos, os necessitados e os desviados, bem como cuidar das tarefas espirituais ligadas ao culto, como distribuir os elementos da Ceia do Senhor, recolher as contribuições para a manutenção da igreja local (dízimos e ofertas) e auxiliar na ordem e na segurança do culto, bem como de outras tarefas para as quais for designado.
Subsídio
Teológico
Comunhão Quebrada: A Comunidade Escolhe Sete
Diáconos
Os crentes se dedicam a formar uma comunidade de
comunhão (At 2.42), que acha expressão em compartilhar as possessões com os
necessitados. Como exemplo positivo de comunhão, Lucas chamou atenção a Barnabé
(At 4.36,37); em contraste, Ananias e sua esposa são exemplos negativos (At
5.1-11). No capítulo 6, Lucas informa um desarranjo na comunhão causado pela
negligência da comunidade para com suas viúvas gregas. No meio de tremendo
progresso da Igreja, este problema coloca a unidade eclesiástica em sério
perigo.
Nesta época, a comunidade cristã consiste em dois
grupos: os judeus gregos (hellenistai, ‘crentes de fala grega’) e os
judeus hebreus (hebraioi, ‘crentes de fala aramaica’). Os judeus gregos
de Atos 6 são crentes que foram fortemente influenciados pela cultura grega,
provavelmente enquanto viviam fora da Palestina, ao passo que os judeus hebreus
são cristãos que sempre viveram na terra nativa da Palestina” (STRONSTAD,
Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo
Testamento. Vol. 1: Mateus a Atos. 4 ed., RJ: CPAD, 2009, p.657).
Subsídio
Teológico
[Sobre a Escolha dos diáconos]
[...] Lucas não declara como é feita a escolha dos
sete homens, mas a congregação como um todo vê a sensatez da proposta dos
apóstolos (v.5) e participa na escolha destes diáconos. A qualificação básica é
a espiritualidade, mas eles devem ser distintos de duas maneiras.
Eles têm de ser ‘cheios do Espírito Santo’. Em vez
de ser meros bons administradores ou gerentes de recursos, esta qualificação
lhes exige que sejam capacitados pelo Espírito na ordem dos discípulos no Dia
de Pentecostes. Quer dizer, eles devem ter o poder de uma fé que faz milagres.
Eles também têm de ser ‘cheios [...] de sabedoria’.
Complementar aos atos de poder está o discurso inspirado pelo Espírito. Os
diáconos têm de ser poderosos em obras e palavras. Como pessoas competentes e
maduras que são inspiradas pelo Espírito, elas têm de ter bom senso prático e
serem capazes de lidar com delicados problemas de propriedade. Seu ministério
inclui negócios empresariais e a distribuição de ajuda para os necessitados,
mas também deve ser espiritual e carismático. Eles devem exercer quaisquer dons
espirituais que Deus lhes concedeu.
Entre os sete homens escolhidos para servir como
diáconos estão Estêvão e Filipe (os únicos dois sobre quem Lucas apresenta
detalhes). Filipe se destaca como pregador carismático (At 8.4-8,26-40; 21.8);
ele é o primeiro a fundar uma igreja entre os samaritanos. Estêvão é descrito
como ‘homem cheio de fé’ (v.5), sem dúvida significando a fé que faz milagres.
Ele faz ‘prodígios e grandes sinais entre o povo’ (v.8), e seus oponentes não
sabem como lidar com a pregação que ele faz (v.10). O ministério destes dois
homens ilustra os ministérios dos diáconos carismáticos, os quais se estendem
muito além das preocupações práticas do dia a dia da Igreja.
A ordenação dos sete diáconos fornece bom modelo
para ministrar as minorias da Igreja. Como na Igreja primitiva, devemos nos
preocupar com o modo como as minorias — os pobres, as viúvas, os órfãos e as
pessoas de diferentes origens raciais — são tratadas. Semelhante às viúvas
crentes de fala grega, tais pessoas são indefesas, e suas necessidades podem
ser negligenciadas. Cada congregação deve ter um programa próprio para
ministrar aos que estão em desvantagem e às minorias, e entregar este
ministério àqueles que são espiritualmente dotados e compromissados a cuidar
deles” (STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento. Vol. 1: Mateus a Atos. 4 ed., RJ: CPAD,
2009, pp.657-8).
O
Diácono
Por que existe o ministério do diácono? Qual a sua
função e importância na vida da igreja local? Estas perguntas podem e devem ser
trabalhadas em sala de aula. Muitos alunos não têm a convivência da realidade e
dos meandros da organização eclesiástica de suas igrejas locais. Por isso esta
é uma excelente oportunidade para abordar um assunto que faz parte da vida
cristã de todo membro em uma comunidade local.
Para responder as perguntas elaboradas acima,
deve-se partir do sexto capítulo do livro dos Atos dos Apóstolos, pois ali,
pela primeira vez, foi constituído um ministério específico de caráter social
para resolver uma variante problemática de aspecto étnico: entre as viúvas de
fala hebraica e as de fala grega. Tal problema poderia atravancar o avanço da
igreja local que estava em Jerusalém. Os apóstolos sentiram-se cobrados em
solucionar um problema não muito fácil, entretanto, os ministérios da Palavra e
da Oração não poderiam ficar em segundo plano. Mas igualmente, a sobrevivência
humana.
Orientados pelo Espírito Santo, e também dotados
por um profundo bom senso, juntamente com a igreja, os apóstolos não hesitaram
em tomar a decisão de separar sete homens judeus de fala grega: Estêvão,
Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau — para resolverem uma
questão de caráter social e urgente. Assim, a igreja de Jerusalém voltou a
normalidade da sua atividade coadunando a prática proclamatória do Evangelho
com o serviço de interferir socialmente na vida dos crentes, e não--crentes
também, para suprir a necessidade de quem precisava de ajuda. Por isso, o
caráter do ministério diaconal é profunda e biblicamente enraizado numa intensa
preocupação social. O diácono de Atos não foi chamado para fazer trabalhos
meramente litúrgicos, (como colher dízimos e ofertas e servir a Santa Ceia),
mas principalmente a cuidar dos mais necessitados, visitar as viúvas e os
enfermos, amparando quem realmente precisa de cuidados na comunidade cristã
local.
Por conseguinte, o serviço de diácono não é
simplesmente uma função eclesiástica, mas um estilo de vida ensinado e
promovido por Jesus de Nazaré. Quando um crente olha para o verdadeiro diácono
ele deve sentir-se impulsionado para viver um estilo de vida diaconal, como o
de Cristo em seu ministério terreno. Pois o diaconato é um estilo de vida centralizado
em Jesus de Nazaré, jamais em si mesmo.
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