Lições Bíblicas
CPAD / Jovens e Adultos
Título: Fé e Obras — Ensinos de Tiago para uma vida
cristã autêntica
Comentarista: Eliezer de Lira e Silva
TEXTO ÁUREO: “Todavia, se cumprirdes,
conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem
fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos
pela lei como transgressores” (Tg 2.8,9).
Quem é o pobre deste mundo? Esta é uma pergunta que exige uma resposta
complexa. Naturalmente não poderemos respondê-la satisfatoriamente neste
espaço. Entretanto, nós temos a tendência de enxergar o pobre apenas sob a
perspectiva econômica. Este não deixa de ser um olhar verdadeiro e correto. Por
outro lado, precisamos levar em conta que o conceito de pobre não se aplica
apenas à perspectiva econômica, mas igualmente à perspectiva educativa,
psicológica ou de outras áreas. Em tese, o pobre é o desprotegido. O
analfabeto, por exemplo, pode ter dinheiro, mas encontra-se vulnerável podendo
ser ludibriado. Apesar de o texto de Tiago se referir ao aspecto econômico da
sua época, é importante refletirmos sobre outros tipos de injustiças e
pobrezas no mundo contemporâneo.
1° Destacar o
ensino de Tiago de que a fé não faz acepção.
2° Apontar a
escolha de Deus pelos pobres aos olhos do mundo.
3° Distinguir a
Lei Mosaica das Leis Real e da Liberdade.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, leve
para a sala de aula recortes de revistas ou jornais sobre temas que revelem as
diversas classes sociais no Brasil. Divida a turma em grupos. Em seguida, peça
aos grupos para escolherem uma reportagem e identificarem a classe social por
ela representada. Dê um tempo para que os alunos leiam e debatam a matéria em
grupo. Encerrado o tempo de discussão, faça as perguntas para os grupos de
acordo com o esquema abaixo. Ouça as respostas e conclua dizendo que no Brasil
há diversas classes sociais — hoje classificadas em A, B, C, D e E. Isso
significa que o nosso país é plural. Afirme que as Escrituras são taxativas
quanto ao pecado de discriminação de pessoas socialmente menos abastadas.
1° Qual a classe social representada na matéria?
2° Em sua opinião há desigualdade social no Brasil?
3° Você percebe esta desigualdade em sua igreja
local?
4° Como você lida com tal realidade?
5° Você acha certo haver discriminação social na
igreja local? Por quê?
INTRODUÇÃO
A discriminação
contra as pessoas de classe social inferior é vergonhosa e ultrajante,
principalmente, quando praticada no âmbito de uma igreja local. Nesta lição
estudaremos sobre a fé que não faz acepção de pessoas. Veremos que erramos — e
muito — quando julgamos as pessoas sob perspectivas subjetivas tais como a
aparência física, posição social, status, a bagagem intelectual, etc. Isso
porque tais características não determinam o caráter (Lc 12.15). Assim, a lição
dessa semana tem o objetivo de mostrar, pelas Escrituras, que a verdadeira fé e
a acepção de pessoas são atitudes incompatíveis entre si e, justamente por
isso, não podem coexistir na vida de quem aceitou ao Evangelho (Dt 10.17; Rm
2.11).
1. Em Cristo a fé é imparcial.
O primeiro
conselho de Tiago para a igreja é o de não termos uma fé que faz acepção de
pessoas (v.1). Mas é possível haver favoritismo social onde as pessoas dizem-se
geradas pela Palavra da Verdade? As Escrituras mostram que sim. Aconteceu na
igreja de Corinto quando da celebração da Ceia do Senhor (1Co 11.17-34). Hoje,
não são poucos os relatos de pessoas discriminadas devido a sua condição social
na igreja. Ora, recebemos uma nova natureza em Cristo (Cl 3.10), pois Ele derrubou
o muro que fazia a separação entre os homens (Ef 2.14,15) tornando possível a
igualdade entre eles, ou seja, estando em Jesus, “não há grego nem judeu,
circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo
em todos” (Cl 3.11). É, portanto, inaceitável e inadmissível que exista tal
comportamento discriminatório e preconceituoso entre nós.
2. O amor de Deus tem de ser
manifesto na igreja local.
Havia na
congregação, do tempo de Tiago, a acepção de pessoas. Segundo as condições econômicas,
“um homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos” era convidado a
assentar-se em lugar de honra, enquanto o “pobre com sórdido traje” era
recebido com indiferença, ficando em pé, abaixo do púlpito (vv.2,3). Tudo isso
acontecia num culto solene a Deus! A Igreja de Cristo tem como princípio eterno
produzir um ambiente regado de amor e acolhimento, e para isto “não há judeu
nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós
sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).
A expressão
“juízes de maus pensamentos” aplicada no texto bíblico para qualificar os que
discriminavam o pobre nas reuniões solenes, não se refere às autoridades
judiciais, mas aos membros da igreja que, de acordo com a condição social, se
faziam julgadores dos próprios irmãos. O símbolo da justiça é uma mulher de
olhos vendados, tendo no braço esquerdo a balança e, no braço direito, a
espada. Tal imagem simboliza a imparcialidade da justiça em relação a quem está
sendo julgado. Portanto, a exemplo do símbolo da justiça, não fomos chamados a
ser perversos “juízes”, mas pessoas que vivam segundo a verdade do Evangelho.
Este nos desafia a amar o próximo como a nós mesmos (Mc 12.31).
SINOPSE DO TÓPICO (I): Em Cristo, o crente não pode se mostrar parcial e, por isso, o amor de
Deus deve ser manifestado na igreja local através dele. O crente não pode ter
um coração perverso.
É bem verdade que muitas
pessoas ricas têm sido alcançadas pelo Evangelho. Mas ouçamos com clareza o que
a Bíblia diz acerca dos pobres. Deus é soberano em suas escolhas. E de acordo
com a sua soberana vontade, Ele escolheu os pobres deste mundo. De maneira
retórica, Tiago afirma: “Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo
para serem ricos na fé, e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?”
(v.5). É possível que as igrejas às quais Tiago dirigiu a Epístola talvez
tivessem se esquecido de que é pecado fazer acepção de pessoas. Ainda hoje não
podemos negligenciar esse ensino! O Senhor Jesus falou dos pobres nos
Evangelhos (Lc 4.18; Mt 11.4,5) e, mais tarde, no Sermão da Montanha repetiu:
“Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus” (Lc 6.20).
Apesar de Deus
ter escolhido os pobres, a igreja do tempo de Tiago fez a opção contrária.
Entretanto, o meio-irmão do Senhor traz à memória da igreja que quem a oprimia
era justamente os ricos. Estes os arrastaram aos tribunais. Como podiam eles
desonrar os pobres, escolhidos por Deus, e favorecer os ricos que os oprimiam?
É triste quando escolhemos o contrário da escolha de Deus. As Palavras de Jesus
ainda continuam a falar hoje: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me
ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração,
a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os
oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18,19). Somos os seus
discípulos? Então para sermos coerentes com o Evangelho termos de encarnar a
missão de Jesus. Desonrar o pobre é pecado!
Após lembrar a
igreja da escolha de Deus em relação aos pobres deste mundo, Tiago exorta os
irmãos a reconhecerem o favoritismo que há dentro da comunidade cristã: “Mas
vós desonrastes o pobre” (v.6). Já os ricos, são recebidos com toda a pompa. No
versículo 7, o meio-irmão do Senhor pergunta: “Porventura, não blasfemam eles
[os ricos] o bom nome que sobre vós foi invocado?” (v.7). Estamos frente a algo
reprovável diante de Deus: a discriminação social na igreja. Por isso é que o
favoritismo, a parcialidade e quaisquer tipos de discriminação devem ser
combatidos com rigor na igreja local, principalmente pela liderança. Esta deve
dar o maior dos exemplos. Quem discrimina não compreendeu o que é o Evangelho!
SINOPSE DO TÓPICO (II): As Escrituras mostram a principal razão para o crente não desonrar os
pobres: Deus os escolheu aos olhos do mundo.
1. A Lei Real.
A lei real é esta: “Amarás
o teu próximo como a ti mesmo” (v.8). Essa é a conclamação de Tiago a que os
crentes obedeçam a verdadeira lei. O termo “real”, no versículo 8, refere-se
àquilo que é o mais importante da lei, a sua própria essência. Portanto, quem
faz acepção de pessoas está quebrando a essência da lei. O amor ao próximo é o
coração de toda lei: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que
vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. [...] O
amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm
13.8,10). Só o amor é capaz de impedir quaisquer tipos de discriminação. Quem
ama, não precisa da lei (Gl 5.23).
Na época em que
a Epístola de Tiago foi escrita, os judeus faziam distinção entre as leis
religiosas mais importantes e as menos importantes, segundo os critérios
estabelecidos por eles mesmos. Os judeus julgavam que o não cumprimento de um
só mandamento acarretaria a culpa somente daquele mandamento desobedecido. Mas
quando a Bíblia afirma “Porque aquele que disse: Não cometerás adultério,
também disse: Não matarás”, está asseverando o aspecto coletivo da lei. Isto é,
quem desobedece um único preceito, quebra, ao mesmo tempo, toda a lei. Embora
os crentes da igreja não adulterassem, faziam acepção de pessoas. Eles não
atendiam a necessidade dos órfãos e das viúvas e, por isso, tornaram-se
“transgressores de toda a lei”. No Sermão da Montanha, nosso Senhor ensinou
sobre a necessidade de se cumprir toda a lei (Mt 5.17-19; cf. Gl 5.23; Tg
2.10).
A Lei da
Liberdade é o Evangelho. Por ele o homem torna-se livre. Liberto do pecado, dos
preconceitos e da maneira mundana de pensar (Rm 6.18). Quem é verdadeiramente
discípulo de Jesus desfruta, abundantemente, de tal liberdade (Jo 8.36; Gl
5.1,13). Entretanto, como orienta Tiago, tal liberdade deve vir acompanhada da
coerência: “Assim falai, e assim procedei” (v.12). O crente pode falar, pode
ensinar e até escrever sobre o pecado de fazer acepção de pessoas. Mas na
verdade, é a sua conduta em relação aos irmãos que demonstrará se ele é, de
fato, um liberto em Cristo ou um escravo deste pecado.
SINOPSE DO TÓPICO (III): A Lei Mosaica destaca-se da Real e da Liberdade. Estas representam a
nova aliança de Deus com a humanidade; enquanto aquela, a antiga.
O segundo
capítulo da Epístola de Tiago é uma voz do Evangelho a ecoar através dos
tempos. Ele rotula a acepção de pessoas como pecado, lembrando-nos de que Deus
escolheu os “pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que
prometeu aos que o amam”. Assim, se a nossa vontade estiver de acordo com a
vontade de Deus, amaremos os pobres como a nós mesmos. E conscientizar-nos-emos
de que esse amor exige de nós ações verdadeiras, sinceras, e não apenas de vãs
palavras religiosas que até mesmo o vento se encarrega de levar (cf. Tg
2.15-17).
VOCABULÁRIO
Sórdido: Que é
ou está sujo, que tem sujeira no corpo e na roupa.
Retórica: A arte de bem argumentar.
Retórica: A arte de bem argumentar.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
EDREDEG, John. Um
Mestre Fora da Lei: Conhecendo a surpreendente, perturbadora e extravagante
personalidade de Jesus. 1ª Edição, RJ: CPAD, 2013.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento: Atos a Apocalipse. 1ª Edição, RJ: CPAD, 2010.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento: Atos a Apocalipse. 1ª Edição, RJ: CPAD, 2010.
EXERCÍCIOS
1. Segundo a
lição, qual é o primeiro conselho de Tiago para a igreja?
R. O primeiro conselho de Tiago para a
igreja é o de não termos uma fé que faz acepção de pessoas (v.1).
R. As Escrituras mostram que sim. Aconteceu
na igreja de Corinto quando da celebração da Ceia do Senhor (1Co 11.17-34).
R. Estamos frente a algo reprovável diante
de Deus: a discriminação social na igreja.
R. O termo “real”, no versículo 8,
refere-se aquilo que é o mais importante da lei, a sua própria essência.
R. A Lei da Liberdade é o Evangelho.
Subsídio Teológico
‘Mas vós
desonrastes o pobre’ (v.6). A acepção de pessoas, no sentido desta
passagem, por conta das suas riquezas e da aparência exterior, é apresentada
como um pecado muito grave, em virtude dos prejuízos devidos à riqueza e
grandeza mundanas, e a tolice que há no fato de cristãos prestarem consideração
indevida por aqueles que não têm consideração alguma nem por seu Deus nem por
eles: ‘Porventura, não vos oprimem os ricos e não vos arrastam aos
tribunais? Porventura, não blasfemam eles o bom nome que o sobre vós foi
invocado?’ (vv.6,7). Considerai como é comum que as riquezas sejam
incentivos aos vícios e ao dano da blasfêmia e da perseguição. Pensai nas
muitas calamidades que vós mesmos tolerais, e nas grandes afrontas que são
lançadas sobre vossa fé e vosso Deus por homens de posses, poder e grandeza
mundanos; e isso vai fazer vossos pecados parecerem extremamente pecaminosos e
tolos, ao construirdes aquilo que tende a vos destruir, e a destruir tudo que
estais edificando, e a desonrar esse nome pelo qual sois chamados’. O nome de
Cristo é um nome digno; ele reflete honra, e dá dignidade aos que o usam”
(HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento: Atos a Apocalipse.
RJ: CPAD, 2010, p.833).
A verdadeira Fé
não faz acepção de pessoas
Imagine a hora
do culto vespertino! O coral se apresenta de maneira solene e, de repente,
adentra ao recinto um mendigo; sujo, bêbado, gritando. Qual seria a tua reação?
O exemplo ora citado é extremo. Mas passível de acontecer em qualquer igreja.
Todavia, o público o qual Tiago está se referindo não diz respeito apenas aos
mendigos, mas às pessoas economicamente menos abastadas. Para Tiago, o pobre
não é apenas o mendigo, mas quaisquer pessoas que em um dado momento da vida
precisam de algo necessário à sua subsistência.
Professor, aqui,
é necessário fazer uma reflexão. Será que não tem algum aluno na classe que se
sinta discriminado na igreja? Seja pela cor da pele ou aparência física ou
classe social? Prepare esta lição com cuidado e respeito, pois quando
ministrada, ela pode revelar sentimentos diversos de pessoas vítimas de
discriminação até mesmo na igreja local. Mesmo que inconscientemente!
Tendemos a
pensar que certas coisas não acontecem na igreja, pois ela é um lugar santo.
Sim, é santa, mas, todavia, composta de santos humanos. E possível perceber
certos comportamentos na igreja que um professor secular, por exemplo, lida
todo o instante em sala de aula. Certas atitudes do mundo secular acontecem em
nossos espaços sacros e, por isso, precisamos estar capacitados para se deparar
com estas realidades e agirmos com a sabedoria do alto.
Portanto, professor,
trabalhe o tema central da presente lição abordando a sua tese principal: a de
que é inadmissível a discriminação na igreja. A Palavra diz que “noutros
tempos, éreis gentios na carne e chamados incircuncisão pelos que, na carne, se
chamam circuncisão feita pela mão dos homens; que, naquele tempo, estáveis sem
Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos aos concertos da
promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Mas, agora, em Cristo Jesus,
vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de cristo chegaste perto. Porque
ele é a nossa paz, [...] e, pela cruz, [...] matando com ela as inimizades” (Ef
2.11-16). Não podemos reconstruir a parede que uma vez o próprio Senhor a
derribou! Boa aula!
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