Lições Bíblicas CPAD / Jovens e Adultos
Título: Fé e Obras —
Ensinos de Tiago para uma vida cristã autêntica
Comentarista: Eliezer
de Lira e Silva
Data: 14
de Setembro de 2014
TEXTO ÁUREO: “Há só um Legislador e um Juiz, que pode salvar e destruir. Tu, porém,
quem és, que julgas a outrem?” (Tg 4.12).
VERDADE PRÁTICA: Não podemos estar na posição de juízes contra as pessoas, pois somente Deus é o Justo Juiz.
11 - Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem
fala mal de um irmão e julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; e, se
tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz.
12 - Há só um Legislador e um Juiz, que pode
salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?
13 - Eia, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã,
iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos.
14 - Digo-vos que não sabeis o que acontecerá
amanhã. Porque que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois
se desvanece.
15 - Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor
quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo.
16 - Mas, agora, vos gloriais em vossas
presunções; toda glória tal como esta é maligna.
17 - Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não
faz comete pecado.
Tiago nos ensina que falar mal do irmão e julgá-lo nos torna juiz da
lei. Sabemos que só existe um único juizes e legislador — Deus. Quem somos nós
para julgar nossos irmãos em Cristo? Como seres humanos somos falhos,
imperfeitos e não conhecemos o que vai no interior de cada um. Deus é santo,
justo e conhece as nossas verdadeiras intenções, por isso, somente Ele tem como
julgar as pessoas com retidão. Em o Novo Testamento, Jesus afirmou que a lei se
resume em dois mandamentos, amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo
como a nós mesmos. Quem ama o seu irmão não o julga. E quem não ama já está
descumprindo a lei divina. Quais têm sido suas atitudes para com seus irmãos?
Você os ama, os compreende, ou tem se colocado diante de cada um como um juiz
impiedoso? Não se esqueça da advertência do nosso Mestre: “Não julgueis, para
que não sejais julgados [...]” (Mt 7.1,2).
1. Analisar os perigos de se
colocar como juiz dos irmãos.
2. Conscientizar-se da brevidade
da vida.
3. Mostrar que a arrogância e a
autossuficiência são pecados.
Professor,
inicie o primeiro tópico da lição fazendo a seguinte indagação: “Qual o perigo
de se julgar alguém ou falar mal?” Ouça os alunos com atenção. Explique que
falar mal de um irmão ou julgá-lo é tornar-se juiz. Quando condenamos uma
pessoa, estamos condenando o nosso próximo e aquEle que o criou, o próprio
Deus. Somente o Todo-Poderoso tem poder para julgar e legislar em favor das
suas criaturas. Diga que o Mestre nos ensinou que antes de julgar o nosso
próximo devemos examinar a nós mesmos. Em seguida leia e discuta com os alunos
o texto de Mateus 7.1-3.
A lição
dessa semana é a continuação dos conselhos práticos de Tiago aos seus leitores.
Os assuntos com maior destaque são a “relação social entre os irmãos” e o
“planejamento da vida”. Aprenderemos que, uma vez nascidos de novo, não podemos
nos relacionar de maneira conflituosa com os outros. Outro aspecto importante
que estudaremos é que o planejamento da nossa vida tem de estar de acordo com a
soberana vontade de Deus — único legislador e juiz da vida. Ele é quem sempre
terá a última palavra.
1. A ofensa gratuita.
Não há
postura mais problemática em uma igreja local quanto a do “disse-me-disse”.
Infelizmente, tal comportamento parece ser uma questão cultural. Algumas
pessoas parecem ter satisfação em destilar palavras que machucam. O que ganham
com isso? Um ambiente incendiado por insinuações maldosas, onde elas mesmas
passam a maior parte das suas vidas sofrendo e levando outros a sofrerem.
Assim, Tiago inicia a segunda seção bíblica do capítulo quatro abordando o
relacionamento interpessoal entre os crentes (v.11). Devemos evitar as ofensas
e as agressões gratuitas, pois o “irmão ofendido é mais difícil de conquistar
do que uma cidade forte; e as contendas são como ferrolhos de um palácio” (Pv
18.19). As ofensas só trazem angústias, tristezas e desgraças.
O pecado
de falar mal do outro foi por Tiago tratado com clareza ainda no versículo 11.
Quem empresta os seus lábios para caluniar e emitir falso testemunho, além de
estar pecando, coloca-se como o juiz do outro, mas não cumpridor da lei. Nós,
servos de Cristo, fomos chamados para ser discípulos, não juízes. Quem busca
estabelecer condições para amar o próximo não pode ser discípulo de Jesus de
Nazaré. Já imaginou se hoje, Deus, o nosso Pai, tratasse-nos numa posição de
Juiz? Provavelmente estaríamos perdidos!
3. O autêntico Legislador e
Juiz pode salvar e destruir (Tg 4.12). Com o objetivo de demonstrar o porquê de não
podermos nos colocar como juízes dos outros, o texto bíblico recorda do quanto
somos pecadores e declara que há apenas um Legislador (criador das leis) e Juiz
(apto para julgar a todos) (v.12). Apenas o Criador tem o poder de salvar e
destruir. Portanto, antes de emitir uma palavra de julgamento contra uma
pessoa, responda a esta questão: “Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?”.
SINOPSE DO TÓPICO (I): Falar mal
de um irmão e julgá-lo é pecado, pois só existe um único Juiz e Legislador
entre os crentes, Jesus Cristo.
1. Planos meramente humanos (Tg
4.13).
É comum algumas vezes falarmos “daqui tantos anos
vou fazer isso”, “em 2018 eu farei aquilo”, etc. É verdade que precisamos
planejar a vida. Entretanto, todo planejamento deve ser feito com a sabedoria
do alto. Isto é uma dádiva de Deus. Todavia, infelizmente nos acostumamos à
mera rotina e tendemos a planejarmos o futuro sem ao menos nos lembrarmos de
que Deus, o autor da vida, tem de ser consultado, pois tudo o que temos é fruto
da sua bondade e misericórdia.
“A vida é
um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece”. Eis uma séria
advertência de Tiago para nós! O ser humano muitas vezes se esquece da sua real
condição. Fazemos os planos para amanhã ou depois, mas ninguém tem a certeza do
futuro que lhe espera. A nossa vida é breve, passa como a fumaça. Lembre-se de
que a nossa existência terrena é passageira e que, por isso, devemos viver a
vida segundo a vontade de Deus, esperança nossa.
Após
compreendermos que a existência humana é finita e Deus é o infinito Absoluto, o
versículo 15 nos ensina a ter um estilo de vida diferente. A consciência da
nossa limitação, bem como da transitoriedade e a brevidade da vida, deve
incidir sobre o nosso modo de viver ao mesmo tempo em que deve servir como
ponto de partida para confiarmos ao Senhor todos os nossos planos. Só com essa
consciência, buscaremos realizar a vontade de Deus que é boa, perfeita e
agradável (Rm 12.2). Portanto, agiremos assim: “Se o Senhor quiser, e se
vivermos, faremos isto ou não”. Tal postura não é falta de fé, ao contrário, é
fé na Palavra de Deus.
SINOPSE DO TÓPICO (II): A vida do homem é frágil
e breve, por isso, precisamos reconhecer que somos dependentes do Criador.
III. OS PECADOS DA ARROGÂNCIA E DA AUTOSSUFICIÊNCIA
DO SER HUMANO (Tg 4.16,17)
1. Gloriar-se nas presunções
(Tg 4.16a).
Pensar que podemos controlar a nossa vida é de uma
presunção orgulhosa que afronta o próprio Deus. Nós somos as criaturas e Deus,
o Criador. Infelizmente, muitos fazem os seus planos desprezando o Senhor como
se fosse possível deixá-lo fora do curso da nossa vida. Não sejamos presunçosos
e arrogantes! Reconheçamos as nossas fragilidades, pois somos pó e cinza (Gn
18.27; Jó 30.19). Mas Deus, o nosso Pai, é tudo em todos por Cristo Jesus, o
nosso Senhor (Cl 3.11).
A
gravidade da presunção e da arrogância humana pode ser comprovada na segunda
parte do versículo dezesseis: “toda glória tal como esta é maligna”. O livro de
Ezequiel conta-nos a história do rei de Tiro. Ali, a malignidade, a arrogância
e o orgulho humano levaram um poderoso rei a perder tudo o que tinha. Ele era
poderoso em sabedoria e entendimento, acumulando para si riquezas e poder. Mas
seu coração tornou-se arrogante, enchendo o interior de violência, iniquidades,
injustiças do comércio e profanação dos santuários (Ez 28.4,5,16,18). Em pouco
tempo o seu fabuloso império desmoronou. Não há ser humano no mundo que resista
às tentações da arrogância, do poder e do orgulho. Triste é o final de quem se
entrega à malignidade do orgulho das presunções humanas.
Fazer o
bem é uma afirmação da Epístola de Tiago que lembra as suas primeiras
recomendações de não sermos apenas ouvintes, mas praticantes da Palavra (Tg
1.22-25). Ora, se nós ouvimos, entendemos, compreendemos e podemos fazer o que
deve ser feito, mas não o fazemos, estamos em pecado. Deus condena o pecado de
omissão! Não sejamos omissos quanto àquilo que podemos e devemos fazer! Como
discípulos de Cristo não podemos recuar. Antes, temos de perseverar em
perseguir o alvo que nos foi proposto até o fim (Fp 3.14).
SINOPSE DO TÓPICO (III): Que
jamais venhamos permitir que a presunção e o orgulho dominem os nossos corações
e que nos faça acreditar que podemos controlar nossa vida.
CONCLUSÃO
Vimos
nesta lição as duras advertências de Tiago. Infelizmente, as transgressões
descritas na epístola são quase que naturais na atualidade. Não são poucos os
que difamam, caluniam e falam mal do próximo. Comportam-se como os verdadeiros
juízes, ignorando que com a mesma medida com que medem os outros, eles mesmos
serão medidos (Mc 4.24). Vimos também que ainda que façamos os melhores planos
para a nossa vida, devemos nos lembrar de que a vontade de Deus é sempre o
melhor. Que aprendamos com Tiago a perdoar ao outro e submetermo-nos à vontade
do Pai.
Destilar:
Deixar sair, insinuar, provocar.
RICHARDS,
Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ:
CPAD, 2007.
ARRINGTON, French L.; STRONSTD (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. 4ª Edição. RJ: CPAD, 2009.
ARRINGTON, French L.; STRONSTD (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. 4ª Edição. RJ: CPAD, 2009.
EXERCÍCIOS
1. Quais os assuntos de maior destaque nesta lição?
R. Os assuntos com maior destaque são
a “relação social entre os irmãos” e o “planejamento da vida”.
2. Tiago inicia a segunda seção bíblica do capítulo
quatro abordando qual assunto?
R. Tiago inicia a segunda seção
bíblica do capítulo quatro abordando o relacionamento interpessoal entre os
crentes.
3. Como Tiago descreve a vida?
R. “A vida é um vapor que aparece por
um pouco e depois se desvanece”.
4. Como deve ser feito todo planejamento humano?
R. Todo planejamento deve ser feito
com a sabedoria do alto.
5. Qual foi a consequência da malignidade,
arrogância e o orgulho do rei de Tiro?
R. Ele perdeu tudo o que tinha.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Bibliológico
Julgar ou
Submeter-se à Lei?
Tiago
inicia uma transição da convocação dos crentes para o seu preparo para o
iminente julgamento, exortando-os a cumprir sua responsabilidade perante os
semelhantes que, por sua vez, também o enfrentarão. Faz essa mudança de
retórica e repetindo o aviso feito em 3.1, que voltará a focalizar em 5.1-9,
aconselhando a respeito da atitude que as pessoas devem ter para com seus
semelhantes.
Tiago é
claramente enfático na sua denúncia sobre como os crentes às vezes tratam os
outros (‘não faleis mal uns dos outros’, v.11). Essa tendência de falar
julgando e condenando os outros, talvez sem um verdadeiro motivo (calúnia),
certamente representa uma das razões pelas quais ele previne contra o orgulho
de assumir as responsabilidades de um ensinador (3.1). O adequado papel de um
mestre é ‘convencer do erro do seu caminho um pecador’ (5.20), e não condená-lo
(cf. 7.1-5)” (ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.1683).
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Bibliológico
Tiago
identifica dois problemas que se originam quando as pessoas reivindicam as
prerrogativas de um julgamento que por direito pertence somente a Deus, o
único Legislador e Juiz’ (v.12).
Ao
condenarmos outros, estamos principalmente condenando a própria lei. Talvez
Tiago acreditasse que esse era o caso porque quando condenamos as pessoas
estamos condenando aqueles que foram ‘feitos à semelhança de Deus’ (3.9), e
assim, implicitamente, estamos condenando o próprio Deus (cf. Rm 14.1-8).
Aqueles
que julgam os semelhantes estão se posicionando como juízes acima da lei ao
invés de submeterem-se a ela (‘se tu julgas a lei, já não és observador da lei,
mas juiz’, Tg 4.11); isto é, inevitavelmente o padrão de comportamento reproduz
o desejo do juiz humano e não a vontade de Deus (veja 4.13-17). Ao invés de nos
atermos às omissões dos semelhantes na obediência à lei de Deus, deveríamos nos
concentrar em nossa submissão a Ele (4.7) e à sua lei” (ARRINGTON, French L;
STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2ª
Edição. RJ: CPAD, 2004, p.1683).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
O Julgamento e a Soberania pertencem a Deus
Diz um ditado popular: “Antes de apontar um dedo para alguém, lembre que há quatro apontados para você”. Se esta simples recomendação fosse levada em consideração, muitos mal entendidos seriam evitados. É impressionante como há pessoas que se julgam acima do bem e do mal. Com isso não queremos dizer que não temos a legitimidade de interpretar quando alguém está ou não agindo de maneira dissimulada. Mas o que está em questão nesta seção bíblica de Tiago (4.11-17) é o estilo de vida que a pessoa desenvolve sob a perspectiva de ser superior a outra pessoa.
Nos
versículos 13-15, Tiago lembra-nos da brevidade da vida e da soberania de Deus
sobre ela. Quem é verdadeiramente o juiz perfeito, senão Deus? Nós somos
simples assistentes, e muitas vezes, os próprios réus necessitados do perdão
divino. Quanta misericórdia Deus teve por você, por mim e tantos outros seres
humanos! Torna-se uma tarefa impossível de relatar em alguma folha de papel
tamanha misericórdia e amor. Com a exceção da direção divina, a nossa vida é
incerta e breve. Hoje estamos vivos, mas amanhã podemos estar mortos. Por isso,
quem somos nós para posicionarmo-nos como juízes algozes de alguém?
Caro
professor, veja quanta riqueza de temas práticos podemos trabalhar nesta aula
com os nossos alunos! É imprescindível que os estimulemos a pensarem estas
questões práticas de maneira inteligente e franca. O tema da lição desta semana
é vivenciado por eles a cada dia das suas vidas. Não podemos desperdiçar a
oportunidade de convencermos os nossos alunos à adequarem as suas consciências
à luz da Palavra. Não é normal que as pessoas vivam julgando as outras, e nunca
parem para fazer um exame da própria consciência. Este exame pode ser feito de
maneira bem prática. Basta, no final de um dia, ao chegar em casa, perguntar-se
sinceramente: Hoje magoei alguém com o meu comportamento? Há dentro de mim
algum sentimento que reflete a ambição, o egoísmo e o prazer sórdido?
Essas
perguntas ajudam-nos a conhecer nós mesmos. Se as fizermos à nossa consciência
e respondermo-las com sinceridade não ficará pedra sobre pedra. Então, nos
conheceremos melhor, desenvolveremos uma autocrítica mais eficaz e teremos toda
a independência para odiar o pecado que tento nos assombra.
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