segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Lição 4 CPAD - 1° Trimestre 2015


Lições Bíblicas CPAD / Adultos

Título: A Lei de Deus — Valores imutáveis para uma sociedade em constante mudança

Comentarista: Esequias Soares

Data: 25 de Janeiro de 2015




TEXTO ÁUREO: Portanto, meus amados, fugi da idolatria” (1Co 10.14).

 
VERDADE PRÁTICA: O segundo mandamento proíbe a idolatria, adoração de ídolo, imagem de um deus ou de qualquer objeto de culto.

 
OBJETIVO GERAL: Mostrar que Deus se revela ao homem sem a necessidade de meras reproduções.

 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Abaixo, os objetivos específicos referem-se aos que o professor deve atingir em cada tópico.

Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

I. Explicar a proibição bíblica quanto à idolatria.

II. Apresentar a característica zelosa de Deus.

III. Conscientizar sobre o verdadeiro culto a Deus.

IV. Esclarecer quanto à idolatria da teologia romana.

 

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Caro professor, a lição desta semana relembra-nos o caráter único de Deus. O nosso Pai não aceita dar a sua glória a outrem. O ser humano religioso é vulnerável quanto aos misticismos do mundo atual. Às vezes, uma coincidência na vida de uma pessoa é interpretada como uma dádiva de um “santo” ou o benefício de um “anjo”. Entretanto, a Bíblia apresenta o único intermediário entre Deus e a humanidade: Jesus Cristo, o Homem (1Tm 2.5,6). O Senhor Jesus foi crucificado, morto e ressuscitou ao terceiro dia, para nos dar vida suficiente. Ele rasgou o véu e, por isso, não podemos tornar a costurá-lo devido à cultura ou a tradição de um povo. Que o Senhor ilumine a nossa mente e resplandeça sobre nós o conhecimento da sua Palavra. Boa aula!

 

INTRODUÇÃO
O primeiro mandamento estabelece a adoração somente a Deus e a mais ninguém. A ordem do segundo mandamento é para adorar a Deus diretamente, sem mediação de qualquer objeto. A idolatria é o primeiro dos três pecados capitais na tradição judaica, “a idolatria, a impureza e o derramamento de sangue”. Os cristãos devem se abster da contaminação dos ídolos (At 15.20).

 
PONTO CENTRAL: Deus se revelou ao homem sem necessidade de mediações sob meras reproduções imagéticas e humanas.

 
I. PROIBIÇÃO À IDOLATRIA

1. Ídolo e imagem.
O termo hebraico empregado aqui para “imagem de escultura” (Êx 20.4; Dt 5.8) é péssel, usado no Antigo Testamento para designar os deuses (Is 42.17), como Aserá, a divindade dos cananeus (2Rs 21.7, TB — Tradução Brasileira). Esses ídolos eram esculpidos em pedra, madeira ou metal (Lv 26.1; Is 45.20; Na 1.14). A Septuaginta traduz péssel pela palavra grega eidolon, “ídolo”, a mesma usada no Novo Testamento (1Co 10.14; 1Jo 5.21). O ídolo é um objeto de culto visto pelos idólatras como tendo poderes sobrenaturais e a imagem é a representação do ídolo.

 
2. Idolatria.

O termo “idolatria” vem de eidolon, “ídolo”, e latreia, “serviço sagrado, culto, adoração”. Idolatria é a forma pagã de adoração a ídolos, de adorar e servir a outros deuses ou a qualquer coisa que não seja o Deus verdadeiro. É prática incompatível com a fé judaico-cristã, pois nega o senhorio e a soberania de Deus. Moisés e os profetas viam na idolatria a destruição de toda a base religiosa e ética dos israelitas, além de negar a revelação (Dt 4.23-25).

 
3. Semelhança ou figura.

A frase “Nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Êx 20.4b; Dt 5.8b), à luz de Deuteronômio 4.12,15, proíbe adorar o próprio Deus verdadeiro por intermédio de qualquer objeto. A palavra hebraica para “semelhança” é temunah, “aparência, representação, manifestação, figura”. Sua ideia básica é de aparência externa, ou seja, uma imagem vista numa visão (Nm 12.8; Dt 4.12,16-18; Jó 4.16; Sl 17.15). Essa proibição inclui a representação de coisas materiais como homens e mulheres, pássaros, animais terrestres, peixes e corpos celestes (Dt 4.16-19).

 
SÍNTESE DO TÓPICO (I): Reproduzir imagens humanas, de animais ou qualquer outra coisa, com a finalidade de adorar, foi proibido ao povo de Deus.

 
SUBSÍDIO DIDÁTICO

Professor, após expor esse primeiro tópico, ressalte ao aluno que, diferentemente do Antigo Testamento, a maioria dos ídolos do século XXI não é feita por mãos humanas, mas se alimenta dos pensamentos e dos desejos das mentes e dos corações de carne. Os ídolos atuais são invisíveis, pois na maioria das vezes não têm corpo e sangue, nem ferro ou madeira. Os ídolos do século XXI alimentam-se das ambições das pessoas, do desejo desenfreado e egoístico de ter mais e mais. Não há como servir ao Senhor, nosso Deus, e, ao mesmo tempo, a “Mamon”.

 
II. AMEAÇAS E PROMESSAS

1. O Deus Zeloso
O adjetivo hebraico qanna, “zeloso”, aparece apenas cinco vezes no Antigo Testamento (Êx 20.5; 34.14; Dt 4.24; 5.9; 6.15) e está associado ao nome divino el, “Deus”. O zelo de Jeová consiste no fato de ser Ele o único para Israel, e este não deveria partilhar o amor e a adoração com nenhuma divindade das nações. Esse direito de exclusividade era algo inusitado na época e único na história das religiões, pois os cultos pagãos antigos eram tolerantes em relação a outros deuses.

 
2. As ameaças.

A expressão “terceira e quarta geração” (Êx 20.5; Dt 5.9) indica qualquer número ou plenitude e não se refere necessariamente à numeração matemática, pois se trata de máxima comum na literatura semítica (Am 1.3,6,11,13; 2.1,4,6; Pv 30.15,18,21,29). O objetivo aqui é contrastar o castigo para “terceira e quarta geração” com o propósito de Deus de abençoar a milhares de gerações.

 
3. As promessas.

Salta à vista de qualquer leitor a diferença entre castigo e misericórdia. A ira divina vai até a quarta geração, no entanto, a misericórdia de Deus chega a mil gerações sobre os que guardam os mandamentos divinos (Êx 20.6; Dt 5.10). Muito cedo na história, o nosso Deus revela que seu amor ultrapassa infinitamente o juízo.

 
SÍNTESE DO TÓPICO (II): Deus é um Deus zeloso e não divide a sua glória com ninguém.

 
CONHEÇA MAIS

Abadia de Westminster

Local onde foi instituída a Assembleia de Westminster, isto é, na cidade de Westminster, em Londres, na Inglaterra, em 1643. Em abril de 2011, o casal de príncipes britânicos casou nesta Abadia. Em 1648 foi sancionada a Confissão de Fé e aprovados os Catecismos Maiores e o Breve Catecismo de orientação protestante. O Catecismo é um documento de orientação de fé de determinada tradição cristã.

  

III. O CULTO VERDADEIRO

1. Adoração.
O segundo mandamento proíbe fazer imagem de escultura e também de se prostrar diante dela para adorá-la: “não te encurvarás a elas, nem as servirás” (Êx 20.5; Dt 5.9). Adoração é serviço sagrado, culto ou reverência a Deus por suas obras. É somente a Deus que se deve adorar (Mt 4.10; Ap 19.10; 22.8,9).

 
2. Deus é espírito.

O Catecismo Maior de Westminster (1648) declara que “Deus é Espírito, em si e por si infinito em seu ser” (Jo 4.24; Êx 3.14; Jó 11.7-9). O espírito é substância imaterial e invisível, diferentemente da matéria. É também indestrutível, pois o “espírito não tem carne nem ossos” (Lc 24.39). Além de a Bíblia afirmar que Deus é espírito, declara também de maneira direta que Ele é invisível (Cl 1.15; 1Tm 1.17). Assim, a espiritualidade que tem Deus como alvo é incompatível com as imagens dos ídolos.

 
3. Deus é imanente e transcendente.

A imanência é a forma de relacionamento de Deus com o mundo criado e principalmente com os seres humanos e sua história. O Salmo 139 é um exemplo clássico. A transcendência significa que Deus é um ser que não pertence à criação, não faz parte dela, transcende a toda matéria e a tudo o que foi criado (Jo 17.5,24; Cl 1.17; 1Tm 6.16). O exclusivismo da sua adoração é natural porque Deus é incomparável; ninguém há como Ele no universo (Rm 11.33-36).

 

SÍNTESE DO TÓPICO (III): Deus é Espírito e importa que o adoremos em espírito e em verdade.

 
IV. AS IMAGENS E O CATOLICISMO ROMANO

1. O que dizem os teólogos católicos romanos?
A edição brasileira do Catecismo da Igreja Católica, publicado em 1993, no período do pontificado do papa João Paulo II, afirma que o culto de imagens não contradiz o mandamento que proíbe os ídolos. Os teólogos católicos romanos ensinam que a confecção da arca da aliança com os querubins e a serpente de metal no deserto (Êx 25.10-22; 1Rs 6.23-28; 7.23-26; Nm 21.8) permitem o culto às imagens.

 
2. Uma interpretação forçada.
 
O argumento da igreja católica é falacioso porque os antigos hebreus não cultuavam os querubins nem a arca, menos ainda a serpente de metal. O povo não dirigia orações a esses objetos. A arca e os querubins do propiciatório sequer eram vistos pelo povo, pois ficavam no lugar santíssimo (Êx 26.33; Lv 16.2; Hb 9.3-5). Quando o povo começou a cultuar a serpente que foi construída no deserto, o rei Ezequias mandou destruí-la (2Rs 18.4). As peças religiosas a que os teólogos católicos romanos se referem serviam como figuras da redenção em Cristo (Hb 9.5-9; Jo 3.14,15).

 
3. O uso de figuras como símbolo de adoração.

A adoração ao Deus verdadeiro por meio de figura, símbolo ou imagem é idolatria. Isso os israelitas fizeram no deserto (Êx 32.4-6). Mica e Jeroboão I, filho de Nebate, procederam da mesma maneira (Jz 17.2-5; 18.31; 1Rs 12.28-33). Os ídolos que a Bíblia condena não se restringem a animais, corpos celestes ou forças da natureza, pois inclui também figuras humanas (Sl 115.4-8).

 
4. Mariolatria.

É o culto de Maria, mãe de Jesus. Seus adeptos dirigem oração a ela, prostram-se diante de sua imagem e acreditam que sua escultura é milagrosa. Isso é idolatria! Os devotos, propagandeados pela mídia, atribuem a Maria uma posição que a Bíblia não lhe confere. Nós reconhecemos o papel honroso da mãe de nosso Senhor Jesus Cristo, mas ela mesma jamais aceitaria ser cultuada (Lc 1.46,47; 11.27, 28; 1Tm 2.5).

 
SÍNTESE DO TÓPICO (IV): Não há base bíblica para praticar o que a teologia romana ensina à igreja.

 
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor, a devoção às imagens e esculturas, no Brasil, é um fenômeno religioso poderoso. Milhares de pessoas, ano a ano, pagam as suas promessas, subindo às mais altas escadarias das catedrais para celebrar o santo. Mas é importante que expliquemos aos alunos que, por trás da idolatria, há interesses econômicos poderosos. O teólogo Lawrence Richards, comentando o capítulo 19 do livro de Atos, explica com clareza a razão econômica da idolatria praticada em Éfeso: “[...] Em Éfeso, Paulo arruina o negócio daqueles que fabricam e vendem imagens da deusa Ártemis. Demétrio, presidente de um dos sindicatos locais, inicia uma revolta entre os negociantes preocupados. ‘Precisamos parar este movimento’, clama Demétrio, ‘ou todos ficaremos sem emprego’.

A preocupação expressa pelas vítimas desse missionário cristão [ou seja, Paulo] é verdadeira. Diariamente, os cidadãos americanos gastam mais de 80 milhões de dólares com o ocultismo. Eles visitam cartomantes, com encantos e amuletos, contratam mágicos para curar doenças ou amaldiçoar inimigos. Ora, toda indústria turística americana está baseada nas pessoas visitando cidades como Éfeso, onde há famosos templos e santuários.
Simplesmente falando, o império não pode dar-se ao luxo de tolerar pessoas como Paulo, que pregam contra a feitiçaria e a idolatria. Toda a nossa economia desmoronará se estes fanáticos forem tolerados.
Alguns podem argumentar que a mensagem de Paulo é verdadeira, e que o poder de seu ‘Espírito Santo’ e de ‘Jesus’ é maior do que o poder dos espíritos dos quais eles dependem. Isso pode ser verdade. Mas, definitivamente, não ousamos nos converter, tornando-nos cristãos. Há muita gente que ganha a vida com o ocultismo. É uma indústria que o império simplesmente precisa apoiar” (RICHARD. Lawrence. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. RJ: CPAD, p.275).

 
CONCLUSÃO

Devemos ter discernimento para distinguir ídolos de objetos meramente decorativos. Tudo aquilo que a pessoa ama mais do que a Deus torna-se idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5). A Bíblia não proíbe as artes, nem a escultura em si mesma e nem a pintura. Deus mesmo inspirou artistas entre os israelitas no deserto (Êx 35.30-35). O rei Salomão mandou esculpir querubins na parede e touros e leões para decorar o templo (1Rs 6.29; 7.29) e o palácio real (1Rs 10.19,20), mas nunca com objetivo de que tais objetos fossem adorados.

 
VOCABULÁRIO

Imagética: Que revela imaginação. Ocultismo: Crença na ação ou influência dos poderes sobrenaturais ou supranormais.
 

PARA REFLETIR
A respeito da Idolatria:

É correto afirmar que a idolatria se caracteriza apenas por imagens de esculturas?
Não. A idolatria se caracteriza por tudo aquilo que toma o lugar de Deus no coração da pessoa.

Com a máxima semítica “terceira e quarta geração”, o autor bíblico quer se referir ao número exato de vezes que Deus castigará a geração?
Não. O objetivo é contrastar o castigo para “terceira e quarta geração” com o propósito de Deus de abençoar a milhares de gerações.

Por que não podemos ter uma atitude de adoração ou devoção a Maria?
Em primeiro lugar, Maria, apesar de ser a mãe de Jesus, era uma mulher igual às outras, mas achada graciosa pelo Senhor. E ela jamais aceitaria ser cultuada, pois a glória deve ser dada somente a Deus.

Ter objetos decorativos em casa é idolatria?
Não. Não há nada na Bíblia que condene ter objetos decorativos em casa.

 
A Bíblia proíbe as artes?

Não. Temos de ter discernimento para não proibirmos o que a Bíblia não proíbe. Temos de distinguir os ídolos dos objetos meramente decorativos e das artes e esculturas artísticas. Deus mesmo inspirou artistas entre os israelitas no deserto (Êx 35.30-35).

 
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

Não farás imagens de esculturas

Hoje, no Brasil, talvez fosse preciso um novo “Lutero” denunciar as indulgências nos diversos púlpitos. Ainda não chegaram a prometer a salvação, mas prometem “carro”, “casa”, “emprego”, “saúde”, “dinheiro” e tantas outras falsas promessas em troca de dinheiro. É como se Deus fosse um Papai Noel do século 21. Na ânsia de “tomar posse da bênção”, as pessoas passam a cultuar uma série de objetos que nada têm haver com o Evangelho. É o “galho de arruda”, o “sal grosso”, a “rosa ungida”, as “sementes”, o “carnê”, enfim, a razão da fé deixa de ser Jesus para ser as tais imagens.
Quando Deus mandou a nação israelita não reproduzir nenhuma imagem de culto em escultura, o Libertador de Israel não queria que o povo atribui-se às falsas divindades a sua poderosa ação. Num mundo amplamente politeísta, inclinar-se de novo para outra divindade era um risco, pois o Deus de Moisés não se apresentou ao legislador através de uma imagem concreta.

O Deus de Israel não se deixa reproduzir em meras elaborações humanas: “O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens. Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (At 17.24,25). Foi como Jesus respondeu para a mulher samaritana quando da pergunta sobre a região geográfica de onde se devia prestar culto a Deus: “Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4.22-24).
O Evangelho abriu as portas do Céu. Estas estavam fechadas por causa do pecado da humanidade e da sua desobediência à vontade de Deus. Mas Este estava em Cristo, reconciliando o mundo consigo mesmo. O Calvário aponta para o livre acesso a fim de chegarmos ao Trono da Graça de Deus. Em Jesus não há crendice, mas presença real de Deus que opera em nós através do Espírito Santo Criador. Portanto, somos convidados a não reproduzirmos falsas imagens que ousam representar Deus. Não há mente humana que possa reproduzi-lo. Que o nosso cuidado não seja apenas com os ídolos de escultura, mas igualmente em relação aqueles vivos, que cantam, pregam e formam público em nome de Deus. Vigiai!



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