Lições Bíblicas CPAD / Adultos
Título: A Lei de Deus — Valores imutáveis para
uma sociedade em constante mudança
Comentarista: Esequias Soares
Data: 1º de
Fevereiro de 2015
TEXTO
ÁUREO: “Nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome do vosso
Deus. Eu sou o SENHOR” (Lv 19.12).
VERDADE
PRÁTICA: O terceiro mandamento
proíbe o juramento indiscriminado e leviano, pois o voto é um tipo de
compromisso que deve ser reservado para uma solenidade excepcional e incomum.
OBJETIVO
GERAL: Interpretar
corretamente o mandamento “Não tomarás o nome do Senhor em vão”.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos
específicos referem-se aos que o professor deve atingir em cada tópico.
Por exemplo, o objetivo I
refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Mostrar como eram usados
os nomes no Antigo Testamento.
II. Apontar o problema da
pronúncia do nome de Deus.
III. Elencar as modalidades
dos juramentos no Antigo Testamento.
IV. Apresentar a
perspectiva de Jesus sobre o juramento.
INTERAGINDO
COM O PROFESSOR
Houve
um tempo em que bastava a palavra de uma pessoa e o compromisso estava firmado.
Hoje, as pessoas dizem que as palavras “o vento as leva”. Vivemos numa
sociedade em que seus membros banalizaram o compromisso verbal. É comum muitos
mudarem de posição, não que isso seja errado, pois não há nada mais digno do
que reconhecermos quando estávamos equivocados, mas recuar em sua palavra pelo
bel-prazer não é correto. O Senhor Jesus ensinou aos discípulos que a nossa
linguagem tem de ser sim, sim ou não, não. Não pode haver meio-termo quanto às
nossas decisões. Não podemos usar “os céus” ou “a terra” para encobrir as
nossas decisões.
INTRODUÇÃO
A dificuldade humana para
dizer a verdade e cumprir com os seus compromissos na antiguidade eram motivos
de juramentos triviais em coisas efêmeras da vida. Deus é santo e exige
santidade de seu povo. Assim, o relacionamento de todas as pessoas deve ser
honesto e cada um deve falar a verdade. A lei estabelece limites, pois Deus
está presente nos relacionamentos pessoais de seu povo.
PONTO CENTRAL: O cristão não deve jurar
nem pelo céu, nem pela terra. A sua linguagem deve ser sim, sim ou não, não; e
o que passa disso vem do Maligno.
I. O NOME DIVINO
1. O nome.
Nos tempos do Antigo
Testamento, o nome era empregado não simplesmente para distinguir uma pessoa
das outras, mas também para mostrar o caráter e a índole do indivíduo. Houve
caso de mudança de nomes em consequência de uma experiência com Deus como Abraão
(Gn 17.5), Sara (Gn 17.15) e Jacó (Gn 32.28). O nome de Deus representa o
próprio Deus, é inerente à sua natureza e revela suas obras e atributos. Não é
um apelativo, nem simplesmente uma identificação pessoal ou uma distinção dos
deuses das nações pagãs. A Bíblia revela vários nomes divinos que podemos
classificar em dois grupos: genéricos e específicos.
2. Nomes genéricos.
São três os nomes genéricos
que o Antigo Testamento aplica além do “Deus de Israel”. Na sua tradução do
hebraico para a nossa língua só aparecem dois nomes, “Deus” e “Altíssimo”. O
nome “Deus” em nossas bíblias é tradução do hebraico El (Nm 23.8) ou Eloah
(Dt 32.15), ou seu plural, Elohim (Gn 1.1). O outro nome genérico é Elyon,
“Altíssimo” (Dt 32.8), às vezes acompanhado de “El”, como em El-Elyon,
“Deus Altíssimo” (Gn 14.19,20).
3. Nomes específicos.
São três os nomes
específicos que o Antigo Testamento aplica somente para o Deus verdadeiro: Shadday,
Adonay e YHWH. El-Shadday, “Deus Todo-poderoso”, é o nome
que Deus usou ao revelar-se a Abraão (Gn 17.1; Êx 6.3). Adonay,
“Senhor”, é um nome próprio e não um pronome de tratamento (Is 6.1). O outro
nome é o tetragrama (as quatro consoantes do nome divino, YHWH, Yahweh,
Javé ou Jeová). A versão Almeida Corrigida, nas edições de 1995 e 2009, emprega
“SENHOR”, com todas as letras maiúsculas, onde consta o tetragrama no Antigo
Testamento hebraico para distinguir de Adonay (Jz 6.22).
SÍNTESE DO TÓPICO (I): No
Antigo Testamento, o nome de uma pessoa tinha a função de mostrar o caráter ou
a índole de um indivíduo.
II. O NOME QUE SE TORNOU
INEFÁVEL
1. A pronúncia do nome
divino.
O tetragrama é inefável no judaísmo desde o período
Inter bíblico e permanece impronunciável pelos judeus ainda hoje. Isso para
evitar a vulgarização do nome e assim não violar o terceiro mandamento. A
escrita hebraica é consonantal; as vogais são sinais diacríticos que os judeus
criaram somente a partir do ano 500 d.C. Assim, a pronúncia exata das
consoantes YHWH se perdeu no tempo. Os judeus religiosos pronunciam por
reverência Adonay cada vez que encontram o tetragrama no texto sagrado
na leitura da sinagoga.
2. Jeová ou Javé?
Na Idade Média,
especificamente no século XIV, foram inseridas no tetragrama as vogais de Adonay
(o “y” é semiconsoante no alfabeto hebraico). O resultado é a pronúncia “YeHoWaH”.
Isso para lembrar, na leitura, que esse nome é inefável e, dessa forma,
pronunciar “Adonai”. Esse enxerto no tetragrama resultou na forma “Jeová”, que
não aparece no Antigo Testamento hebraico. Estudos acadêmicos confirmam o que a
maioria dos expositores do Antigo Testamento vinha ensinando, que a pronúncia
antiga do nome é Yahweh, e na forma aportuguesada é Iavé ou Javé.
3. O significado.
Esse nome vem do verbo
hebraico hayah, “ser, estar”. O significado desse verbo em Êxodo 3.14,
“EU SOU O QUE SOU”, indica que Deus é imutável e existe por si mesmo; é auto
existente, autossuficiente e que causa todas as coisas. Deus se revela pelo seu
nome. O terceiro mandamento é um resumo e ao mesmo tempo uma recapitulação
daquilo que Deus havia dito antes a Moisés (Êx 3.14; 6.3).
SÍNTESE DO TÓPICO (II): A
pronúncia do tetragrama, YHWH, o que seria o nome exato de Deus, perdeu-se no
tempo.
CONHEÇA
MAIS
Sinais Diacríticos
A palavra “diacrítico” vem do grego diakretikos,
que significa “distinção ou o que
distingue”. Na língua portuguesa, os sinais diacríticos são os acentos
gráficos usados para distinguir as pronúncias das vogais: o acento agudo, o
circunflexo, o til, a cedilha, etc. Enquanto que na língua portuguesa esses
sinais distinguem-se das letras ou das vogais, no hebraico eles são as próprias
vogais unidas às consoantes.
III. TOMAR O NOME DE DEUS
EM VÃO
1. O terceiro mandamento
(Êx 20.7; Dt 5.11).
O termo hebraico lashaw, “em vão, inutilmente, à toa”, indica
algo sem valor, irreal no aspecto material e moral. A Septuaginta emprega a
expressão grega epimataio, “impensadamente”.
O substantivo shaw (pronuncia-se “chav”) significa “vaidade, vacuidade”. Corresponde a usar o nome de Deus de forma
superficial, em conversas triviais, e faltar com a verdade em seu nome, como ao
pronunciar um juramento falso (Lv 19.12) ou fazer um voto e não o cumprir (Ec
5.4).
2. Juramento e perjúrio.
O juramento é o ato de
fazer uma afirmação ou promessa solene tomando por testemunha algum objeto tido
por sagrado; o perjúrio é o falso juramento. As palavras do Senhor Jesus,
“ouvistes que foi dito aos antigos” (Mt 5.33), não se referem ao Antigo
Testamento, mas aos antigos ensinos dos rabinos, às suas interpretações
peculiares das passagens da lei que falam sobre o tema (Êx 20.7; Lv 19.12; Dt
6.13). Isso fica claro, pois as palavras seguintes, “Não perjurarás, mas
cumprirás teus juramentos ao Senhor”, não aparecem em nenhum lugar no Antigo
Testamento.
3. Modalidades de juramentos.
As autoridades israelitas
escalonavam o juramento em diversas modalidades: pelo céu, pela terra, por
Jerusalém (Mt 5.34-36), pelo Templo e pelo ouro do Templo; pelo altar e pela
oferta que está sobre o altar e assim por diante (Mt 23.16-22). Segundo essa
linha de pensamento, os juramentos se classificavam em obrigatórios e não
obrigatórios. Jurar pelo Templo não seria válido; mas, se alguém jurasse pelo
ouro do Templo, estava obrigado a cumpri-lo. Tais crenças e práticas eram
condenadas nas Escrituras Sagradas. Tudo isso era uma forma de ocultar o
pecado.
SÍNTESE DO TÓPICO (III): O
terceiro mandamento corresponde a usar o nome de Deus de forma superficial, em
conversas triviais, fúteis e insignificantes.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO:
Ao que tudo indica a
proibição aqui não se limita a blasfêmias e vulgaridades no sentido moderno.
Ademais, o senso comum de que o mandamento proíbe jurar falsamente em um
tribunal é válido, mas não encerra o caso.
A palavra hebraica para ‘vão’, aqui utilizada, deriva de uma
raiz que significa ‘estar vazio’, no
sentido de ‘não ter substância, não ter valor’. Qualquer invocação do nome de
Deus ou menção de seu nome, que seja simplesmente perfunctória, equivale a
tomar o nome de Deus em vão. Em outras palavras, tomar o nome de Deus em vão é
usar seu divino nome em relação a coisas desimportantes, fúteis e
insignificantes. Por isso, Elton Trueblood afirma: ‘A pior blasfêmia não é o
sacrilégio, mas as palavras falsas’ (HAMILTON, Victor. Manual do Pentateuco. RJ:
CPAD, 2006, p.221).
IV. O SENHOR JESUS PROIBIU
O JURAMENTO?
1. Objetivo do terceiro
mandamento.
A finalidade é pôr um freio na mentira, restringir
os juramentos e assim evitar a profanação do nome divino (Lv 19.12). O Senhor
Jesus nos ensinou na oração do Pai Nosso a santificar o nome divino (Mt 6.9). Ninguém deve usar o nome de Deus nas
conversas triviais do dia a dia, pois isso é misturar o sagrado com o comum (Lv
10.10). O Senhor Jesus condenou duramente essas perversões farisaicas,
práticas que precisavam ser corrigidas ou mesmo substituídas. Este mandamento
foi restaurado sob a graça e adaptado a ela na nova dispensação, manifesto na
linguagem do cristão: “sim, sim; não, não” (Mt 5.37).
2. A proibição absoluta.
Há os que entendem que a
expressão “de maneira nenhuma” (Mt
5.34) é uma proibição de toda e qualquer forma de juramento. Entre os que defendem
essa interpretação estão os amish
e os quakers, que nos Estados
Unidos se recusam a jurar nos tribunais de justiça. Eles acreditam que o Senhor
Jesus não fez declaração sob juramento diante do Sinédrio (Mt 26.63,64). De
igual modo, o apóstolo Paulo evitava fazer juramentos em afirmações solenes (Rm
9.1; 1Co 1.23).
3. A proibição relativa.
Outros afirmam que a
proibição de Jesus se restringe aos juramentos triviais, e por essa razão o
Senhor Jesus foi específico: “de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu, [...]
nem pela terra, [...] nem por Jerusalém, [...] nem jurarás pela tua cabeça” (Mt
5.34-36). Outro argumento é que homens de Deus no Antigo Testamento faziam
juramentos em situação solene e o próprio Deus jurou por si mesmo (Gn 24.3;
50.6,25; Hb 6.13,16). Consideram, ainda, como juramento a resposta de Jesus e
as declarações solenes de Paulo (Mt 26.63,64; Rm 9.1; 1 Co 1.23). Essas últimas
passagens bíblicas não parecem conclusivas em si mesmas; entretanto, a
proibição relativa nos parece mais coerente. Mesmo assim, devemos evitar o
juramento e substituir o termo por voto solene em cerimônias de casamento.
SÍNTESE DO TÓPICO (IV): A linguagem do cristão deve ser usada na perspectiva de Jesus: sim, sim
ou não, não.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
Os Juramentos
(5.33-37). Mateus apresenta pela quarta vez a fórmula ‘Foi dito... Eu, porém,
vos digo’. No comentário sobre a antiga lei, Jesus faz um ajuste importante. Os
juramentos eram permitidos e, em alguns casos, exigidos (e.g., Nm 5.19), mas
Jesus proibiu o uso de juramentos. O emprego do advérbio holos (‘de
maneira nenhuma’, Mt 5.34) indica que Jesus esperava que esta atividade
cessasse completamente. Os juramentos que aludem indiretamente a Deus, pela
referência a céu, terra e até a própria pessoa, eram proibidos, postura que
respeita a transcendência e imanência de Deus ainda mais. A moratória de Jesus
sobre juramentos e votos também elimina o cumprimento de votos tolos feitos
imprudentemente. Ele atinge o cerne da questão: A pessoa honesta não tem
necessidade de fazer juramento; um simples sim ou não é suficiente (veja também
Tg 5.12)” (STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French. Comentário Bíblico Pentecostal
Novo Testamento. RJ: CPAD, 2003, p.47).
CONCLUSÃO
A linguagem do cristão deve
ser sim, sim ou não, não. Não há necessidade de jurar, pois o testemunho, como
crente em Jesus, fala por si mesmo. Se alguém precisa jurar para que se
acredite em suas palavras, tal pessoa precisa fazer uma revisão de sua vida
espiritual. Por essa razão, devemos viver o que pregamos e pregar o que
vivemos.
VOCABULÁRIO
Perfunctória: Que se faz de modo
rotineiro, em cumprimento de uma obrigação.
PARA
REFLETIR
Sobre “Não tomaras o nome de Deus em vão”
1° Qual é o valor do nome na
identidade de alguém?
Na cultura bíblica, o nome
revelava o caráter e a índole de uma pessoa.
2° Que significado tem “EU SOU O QUE SOU” para você?
Reposta Livre. A ideia é
que o aluno revele o que aprendeu sobre a expressão que mostra o verdadeiro
nome de Deus: “EU SOU O OUE SOU”.
3° É correto falarmos em nome
de Deus em conversas triviais?
Não. Isto seria misturar o
nome sagrado de Deus com as coisas comuns e profanas.
4° Em nossos compromissos há
a necessidade de fazermos juramentos?
Não. A palavra do cristão deve
ser “sim, sim ou não, não”.
5° Por que a nossa palavra
deve ser sim, sim e não, não?
O testemunho do cristão
deve falar por si mesmo, sem a necessidade de qualquer juramento para convencer
alguém sobre a “verdade”.
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
Não tomarás o Nome do
Senhor em vão
Será que este mandamento se
refere a apenas dominarmos a nossa língua para não misturarmos o nome de Deus
em expressões banais, tais como: “Meu Deus do Céu”, “Deus é brasileiro”, “Ai
meu Deus” ou “Por Deus”? Ou ainda “Se Deus quiser”, “Que Deus te ajude e a mim
não desampare”? Será mesmo que o terceiro mandamento se refere exclusivamente a
esses ditados populares que sequer existiam na época em que ele foi proferido
por Deus?
Quando estudamos a natureza
da religião egípcia dirigida por Faraó, percebemos que o rei fazia tudo em nome
do seu deus. Muitos eram os deuses do Egito: deuses Rá, Osíris, Amon, Serápis e
muitos outros. Faraó se declarava o dono da terra, das suas colheitas e, em
nome do seu deus, ele se via o dono do povo egípcio.
As guerras e os roubos das
nações eram feitos em nome desses deuses. O culto aos deuses egípcios encobria
às maldades, perversidades, riquezas palacianas, mentiras e a escravidão da
realeza. Tudo era legitimado pelo culto prestado a tais divindades. Uma prática
normal que, mais tarde, influenciou as nações da região de Canaã. O problema de
legitimar todas as práticas de Faraó em nome de um deus é que o rei não estava
interessado em saber qual era a real vontade desta suposta divindade, mas
apenas usar o seu nome para legitimar todo o seu projeto de poder real. Com o
Deus de Israel, o seu nome não poderia ser tomado em vão.
O povo de Israel não
poderia usar o nome de Deus para reproduzir o mesmo modelo enganador de Faraó.
O Criador não estava interessado que o Seu nome fosse usado para legitimar
interesses de autoridades reais, mas que, de fato, colocassem em prática a sua
suprema vontade. Ele não estava disposto a servir aos interesses do povo, mas o
povo deveria viver os Seus interesses.
Deus revelou o Seu nome a
Moisés: “EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU
me enviou a vós [...] o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac
e o Deus de Jacó me enviou até vós. Este é o meu nome eternamente” (Êx
3.14,15). Ele é o EMANUEL, o Deus conosco. Mais tarde os líderes usaram o nome
de Deus em vão, sistematicamente, colocando sobre o povo uma carga que nem eles
aguentavam (Mt 23.4). Proposições que em nada tinham haver com a vontade de
Deus, a sua justiça, misericórdia e amor (Mt 23.23-24). Eles banalizaram o nome
de Deus! Mas Jesus é o santo nome, o Deus Conosco, a plena revelação da
divindade. O nome que revela amor, justiça e misericórdia.
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