Lições Bíblicas CPAD - Adultos
Título: A Lei de Deus — Valores imutáveis para uma sociedade em
constante mudança
Comentarista: Esequias Soares
Data: 8 de Fevereiro de 2015
TEXTO
ÁUREO: “E disse-lhes: O sábado foi
feito por causa do homem, e não o homem, por causa do sábado” (Mc 2.27).
Abaixo, os objetivos específicos referem-se aos que o professor deve
atingir em cada tópico.
Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
I. Analisar o conceito do sábado.
II. Considerar a forma da instituição do sábado.
III. Explicar os aspectos legais e cerimoniais do sábado.
IV. Destacar o preceito cerimonial.
V. Apresentar Jesus como o Senhor do Sábado.
INTERAGINDO
COM O PROFESSOR
Vivemos em um “mundo capitalista”. Uma das
características da sociedade moderna é a ansiedade e a sensação da falta de
tempo. Parece que as pessoas não têm mais tempo para a sua família, o lazer ou,
até mesmo, compromissos pessoais considerados banais. Quando o trabalho toma o
tempo de Deus, da família e da alma, está na hora de agirmos.
A lição desta semana falará do sábado do
Senhor. Não deixe que a aula se transforme num campo de confronto entre
doutrinas adventistas e cristãs históricas. O conteúdo da aula é o mais
importante. Devemos resgatar a ideia de guardarmos um tempo para o descanso da
mente e do corpo, da consagração a Deus e do lazer. Deus o abençoe!
As controvérsias deste mandamento giram em torno da sua interpretação.
Temos aqui a relação trabalho-repouso e ao mesmo tempo o relacionamento de Deus
com Israel. A necessidade de um dia de repouso após seis jornadas de trabalho é
universal, mas o sábado é um presente de Deus para Israel. O mandamento de
santificar o sábado é mais bem compreendido quando se conhece o propósito pelo
qual ele foi dado.
1. O shabat.
Deus celebrou o sétimo dia após a criação e abençoou este dia e o
santificou (Gn 2.2,3). Aqui está a base do sábado institucional e do sábado
legal. O sábado legal não foi instituído aqui; isso só aconteceu com a
promulgação da lei. O substantivo shabbat, “sábado”, não aparece aqui,
na criação. Surge pela primeira vez no evento do maná (Êx 16.22,23). A
Septuaginta emprega a palavra sabbaton, “sábado, semana”, a mesma usada
no Novo Testamento grego.
2. Deus concluiu a criação
no dia sétimo.
Deus completou a sua obra da criação no sétimo dia. Deus “descansou” ou
seja, cessou, é o significado do verbo hebraico usado aqui, shabat,
“cessar, desistir, descansar” (Gn 8.22; Jó 32.1; Ez 16.41). Esse descanso é
sinônimo de cessar de criar, e indica a obra concluída. Não se trata de
ociosidade, pois Deus não para e nem se cansa (Is 40.28; Jo 5.17).
3. A bênção de Deus sobre o
sétimo dia.
Ele abençoou e santificou o sétimo dia como um repouso contínuo, na
dispensação da inocência, mas isso foi interrompido por causa do pecado. Agostinho
de Hipona lembra que não houve tarde no dia sétimo, e afirma que Deus o
santificou para que esse dia permanecesse para sempre (Confissões, Livro
XIII, 36). O sábado da criação aponta para o descanso de Deus ao mundo inteiro
no fim dos tempos: “Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb
4.9).
SÍNTESE DO TÓPICO (I): A
base institucional e legal do sábado foi a celebração de Deus no sétimo dia,
após a criação. O Criador abençoou e santificou esse dia.
1. Desde a criação.
É o sábado para descanso de
todos os povos. É uma questão moral que Deus estabeleceu para a raça humana ao
comemorar a criação. Tornou modelo e uma forma natural para toda a raça humana.
É a ordem natural das coisas: os campos precisam de repouso, as máquinas
necessitam parar para manutenção e assim por diante (Lv 25.4). O sábado
institucional, portanto, não se refere ao sétimo dia da semana; pode ser
qualquer dia ou um período de descanso (Hb 4.8).
O sétimo dia da criação não era mandamento, mas revela a necessidade
natural do descanso de toda a natureza. O repouso noturno de cada dia não é
suficiente para isso. Deus abençoou e santificou esse dia não somente para
comemorar a obra da criação mas para que, nesse dia, todos cessem o trabalho e
assim descansem física e mentalmente para oferecer o seu culto de adoração a
Deus.
O livro de Gênesis não menciona os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó
observando o sábado. Segundo Justino, o Mártir, Abraão e seus descendentes até
o Sinai agradaram a Deus sem o sábado (Diálogo com Trifão 19.5). Irineu
de Lião diz que Abraão, “sem circuncisão e sem observância do sábado,
‘acreditou em Deus e lhe foi imputado a justiça e foi chamado amigo de Deus’” (Contra
as Heresias, Livro IV, 16.2).
Patriarca
Título que descreve o chefe ou o fundador de uma família ou tribo do
Israel Antigo. Três são os principais patriarcas de Israel: Abraão, Isaque e
Jacó (Hb 7.4; At 7.8,9). Também se aplica aos 12 filhos de Jacó e ao rei Davi,
devido à linhagem messiânica. Esses personagens remontam à era patriarcal da
história de Israel.
1. Significado.
É o sétimo dia da semana no
calendário judaico, marcado para repouso e adoração. Foi introduzido no mundo
pela lei; é o sábado legal dado aos israelitas no Sinai. Nenhum outro povo na
história recebeu a ordem para guardar esse dia; é exclusividade de Israel (Êx
31.13,17). O sábado e a circuncisão são os dois sinais distintivos do povo
judeu ao longo dos séculos (Gn 17.11).
A expressão “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar” (Êx 20.8),
remete a uma reminiscência histórica e, sem dúvida alguma, Israel já conhecia o
sábado nessa ocasião. Mas parece não ser referência ao sábado da criação. Ele
aparece na promulgação da lei (Êx 20.11), contudo, essa reminiscência não
reaparece em Deuteronômio (Dt 5.12-15). Trata-se, com certeza, do sábado que o
povo não levou a sério no deserto (Êx 16.22-29).
1. O sacerdote no Templo.
O Senhor Jesus Cristo disse
mais de uma vez que a guarda do sábado é um preceito cerimonial. Ele colocou o
quarto mandamento na mesma categoria dos pães da proposição (Mt 12.2-4). Veja
ainda a que Jesus se referia quando falou a respeito desse ritual mencionado em
Êxodo 29.33, Levítico 22.10 e 1 Samuel 21.6. Disse igualmente que “os
sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa” (Mt 12.5), ao passo que
não existe concessão para preceitos morais.
Se o oitavo dia da circuncisão do menino coincidir com um sábado, ela
tem que ser feita no sábado, nem antes e nem depois. Assim, Jesus mais uma vez
declara o quarto mandamento como preceito cerimonial e coloca a circuncisão acima
do sábado (Jo 7.22,23 cf. Lv 12.3). Um mandamento moral é obrigatório por sua
própria natureza.
A questão do Sábado
A questão não é o sábado em si, mas o fato de que não estamos debaixo do
Antigo Concerto: ‘Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente,
quanto é mediador de um melhor concerto, que está confirmado em melhores
promessas’ (Hb 8.6). Leia os versículos seguintes até o 13. A Palavra profética
previa a chegada do Novo Concerto: ‘Eis que dias vêm, diz o SENHOR, em que
farei um concerto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá [...]’ (Jr
31.31-33). Esse ‘novo concerto’ é mencionado pelo escritor aos Hebreus, 8.8-12.
O judeu convertido à fé cristã que quiser guardar o sábado por convicção
religiosa pessoal não está desviado por isso, pois o apóstolo Paulo diz que uns
fazem separação de dia, outros acham que podem comer de tudo. Veja Romanos
14.1-6. Convém lembrar que o apóstolo está falando aos judeus cristãos de Roma,
por causa da sua cultura religiosa, e não aos gentios.
Ainda hoje muitos deles usam kipar e talit (solidéo e
manto), observam o kash’rut (leis dietéticas prescritas por Moisés) e
guardam o sábado. Isso o fazem meramente para não perderem sua identidade
nacional, é uma questão cultural e não condição para salvação. Isso é diferente
dos gentios convertidos a Cristo, pois o apóstolo deixou claro que tais
práticas são um retrocesso espiritual: ‘Guardais dias, e meses e tempos, e
anos. Receio de vós que haja trabalhado em vão para convosco’ (Gl 4.10,11)”
(SOARES, Esequias. Manual de Apologética Cristã. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002,
pp.293-94).
1. O sábado e a tradição
dos anciãos.
Os quatro evangelhos registram os conflitos entre Jesus e os fariseus
sobre a interpretação do sábado. A tradição dos anciãos criou 39 proibições
concernentes ao sábado, mas o Senhor Jesus disse que é “lícito fazer bem no
sábado” (Mt 12.12). Isso Ele fez (Mc 3.1-5; Lc 13.10-13; 14.1-6; Jo 5.8-18;
9.6,7,16) e, por isso, nós devemos fazer o bem, não importa qual seja o dia da
semana.
O sábado veio de Deus e somente Ele tem autoridade sobre essa
instituição. Então, não há outro no universo investido de tamanha autoridade,
senão o Filho de Deus. A expressão “o Filho do Homem”, no singular, é título
messiânico, não é usual ou comum às outras pessoas. Está claro que Jesus se
referia a Ele mesmo. Jesus disse que os seres humanos não foram criados para
observar o sábado, mas que o sábado foi criado para o benefício deles (Mc
2.27).
A palavra ‘domingo’, por si só, significa ‘Dia do Senhor’, pois, foi nesse dia que o Senhor Jesus ressuscitou. O primeiro culto cristão aconteceu num domingo: ‘Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco!’ (Jo 20.19). O segundo culto também, pois a Bíblia diz que isso aconteceu ‘oito dias depois’ (Jo 20.26). Os cristãos se reuniam no primeiro dia da semana: ‘No primeiro dia da semana, ajuntando os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte [...]’ (At 20.7). O mesmo pode ser visto em Corinto, quando o apóstolo manda levantar coletas para os irmãos pobres de Jerusalém. O texto sagrado diz que essa reunião de adoração se fazia nos domingos: ‘No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar [...]’ (1Co 16.2). Assim, essa prática foi se tornando comum, sem decreto e sem imposição. Foi algo espontâneo. Constantino apenas confirmou uma prática já antiga dos cristãos. [...] O Decálogo fala sábado e isso acontece também em muitos lugares do Velho Testamento, mas o domingo não. Mas na Nova Aliança não há mandamento algum de guardar dias. Dizem que o ‘domingo’ é um dia pagão, porque em inglês Sunday significa ‘dia do Sol’. Nesse caso, todos os demais dias também seriam pagãos, porque os dias da semana, em inglês, são de origem céltica e homenageiam antigas divindades, inclusive o sábado, que é Saturday, ‘dia de Saturno’” (SOARES, Esequias. Manual de Apologética Cristã. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002, pp.294-95).
CONCLUSÃO
A palavra profética anunciava o fim do sábado legal (Jr 31.31-33; Os
2.11). Isso se cumpriu com a chegada do novo concerto (Hb 8.8-12). Exigir a
guarda do sábado como condição para a salvação não é cristianismo e
caracteriza-se como doutrina de uma seita.
Céltico: Relativo a celta, isto é, povos indo-europeus da Antiguidade
que, no segundo e primeiro milênio antes de Cristo, habitavam um território que
ia desde a Turquia central até as ilhas Britânicas.
Sobre o Sábado:
1. Quando Deus descansou no
sétimo dia, Ele parou de trabalhar?
Não. A palavra usada na língua hebraica para “descansar” é o sinônimo de
“terminar”, “encerrar” e “concluir uma tarefa”. A ideia, aqui, é a de que Deus
concluiu a criação, parou de criar, e não a de ficar ocioso. O Senhor Jesus
disse que o Pai “trabalha até agora” (Jo 5.17).
Significa que a instituição do sábado trouxe ao ser humano a ideia de
que o campo precisa de descanso, as máquinas precisam parar para a manutenção,
os animais também precisam descansar e assim por diante (Lv 25.4).
Não. Vivemos na perspectiva da graça. Isso, porém, não quer dizer que
não se deve considerar a importância do domingo como o dia do Senhor. O nosso
Senhor ressuscitou num domingo. A igreja do Novo Testamento reunia-se no
domingo, o primeiro dia da semana, para comer o pão, beber o suco da vide e
terem comunhão uns com os outros (Mc 16.16; At 20.7; 1Co 16.2; Ap 1.10)
De maneira nenhuma! A salvação é pela graça de Deus (Ef 2.8-10).
Porque Jesus ressuscitou no domingo e a Igreja do Novo Testamento se
reunia aos domingos.
Santificarás o sábado
A palavra “sábado” é um termo hebraico e significa “sétimo”. O
mandamento do descanso foi instituído por Deus, em primeiro lugar, para que o
ser humano pudesse descansar. Lembre-se de que o contexto do advento da lei era
a libertação da escravidão de Israel no Egito. Como escravos, os hebreus não
tinham descanso, eram explorados diuturnamente a fim de produzir mais e mais
para o império de Faraó. Este via os judeus como números ou objetos necessários
para enriquecerem ainda mais o Palácio. O Faraó não via os hebreus como pessoas
que precisavam descansar e recarregar as energias porque eram pessoas, gente
que precisava de dignidade. Apesar de Faraó não ver os israelitas como seres
humanos, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó contemplou todo esse
processo de escravidão humana. E ouviu o clamor do seu povo!
Por razões culturais, religiosas e teológicas as três principais
religiões monoteístas do mundo guardam um dia da semana como o significado de
descanso e reverência a uma só divindade: os judeus, o Sábado; os árabes, a
Sexta-Feira; os cristãos, o Domingo. Mais que discutir o dia do descanso, o
importante é observarmos o sentido do Sábado, o seu descanso e a sua reverência
para o Criador dos Céus e da Terra.
Ora, para nós, que confessamos Jesus como Salvador, o domingo é o dia do
Senhor. Observamos o domingo porque foi o dia em que Jesus de Nazaré
ressuscitou dos mortos, a Igreja Primitiva se reunia para comer o pão e
confraternizar-se com alegria e singeleza de coração. Não é verdade que foi Constantino
quem inventou o Domingo, o imperador romano apenas o legitimou e oficializou
uma prática de mais de três séculos guardada pela comunidade cristã primitiva.
Não tenha esta pergunta como legalista, mas o que estamos fazendo com o
dia do Senhor? Salva as exceções, o dia de descanso oficial no mundo ocidental
é o domingo. Numa perspectiva bíblica e evangélica, neste dia deveríamos
dedicar-nos a meditação espiritual, adoração ao Senhor com os irmãos, o
convívio com a família e a visita aos enfermos. Um dia para se viver em
comunidade! Não mero ativismo religioso onde pessoas se cansam mais do que no
trabalho secular.A lição desta semana não pode se deter apenas em assuntos periféricos, tais como “os adventistas estão certos ou errados” ou em “sermos ou não legalistas”. O sentido desta lição é mais do que esse. É fazermos uma pergunta honesta: O que estamos fazendo com o dia do Senhor? E com a nossa vida e saúde?
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