Lições Bíblicas CPAD / 2º Trimestre de 2015
Título: Jesus, o Homem Perfeito —
O Evangelho de Lucas, o médico amado
Comentarista: José Gonçalves
TEXTO
ÁUREO: “Para que conheças a certeza
das coisas de que já estás informado” (Lc 1.4).
Apresentar um panorama do Evangelho de Lucas.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve
atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os
seus respectivos subtópicos.
I. Apresentar o terceiro
Evangelho.
II. Conhecer os fundamentos e
historicidade da fé cristã.
III. Afirmar a universalidade
da fé cristã.
IV. Expor a identidade de
Jesus, o Messias esperado.
Prezado professor, neste segundo trimestre
estudaremos a respeito do terceiro Evangelho, cujo autor é Lucas, o médico
amado. Seu relato é um dos mais completos e ricos em detalhes a respeito do
nascimento e infância do Salvador. Lucas era um gentio, talvez por isso, em sua
narrativa, procure apresentar a Jesus como o Filho do Homem. Ele apresenta o
Salvador como o Homem Perfeito que veio salvar a todos, judeus e gentios.
O comentarista deste trimestre é o pastor
José Gonçalves — professor de Teologia, escritor e vice-presidente da Comissão
de Apologética da CGADB.Que mediante o estudo de cada lição você possa conhecer mais a respeito do Filho de Deus, que se fez homem e habitou entre nós.
Tenha um excelente trimestre.
O Evangelho de Lucas é um dos livros mais belos e fascinantes do mundo.
De fato, o terceiro Evangelho se distingue pelo seu estilo literário, pelo seu
vocabulário e uso que faz do grego, considerado pelos eruditos como o mais
refinado do Novo Testamento. Mas a sua maior beleza está em narrar a história
da salvação (Lc 19.10). O autor procura mostrar, sempre de forma bem
documentada, que o plano de Deus em salvar a humanidade, revelado através da
história, cumpriu-se cabalmente em Cristo quando Ele se deu como sacrifício
expiador pelos pecadores (Jo 10.11). Deus continua sendo Senhor da história e o
advento do Messias para estabelecer o seu Reino é a prova disso. Lucas mostra
que é através do Espírito Santo, primeiramente operando no ministério de Jesus
e, posteriormente na Igreja, que esse propósito se efetiva.
PONTO CENTRAL: O plano da salvação do
cristianismo pode ser localizado com precisão dentro da história.
1. Autoria e data. Lucas,
“o médico amado” (Cl 4.14), a quem é atribuída a autoria do terceiro
Evangelho, é citado no Novo Testamento três vezes. Todas as citações estão nas
epístolas paulinas e são usadas no contexto do aprisionamento do apóstolo Paulo
(Cl 4.14; Fm 24; 2Tm 4.11). Embora o autor do terceiro Evangelho não se
identifique pelo nome, isso não depõe contra a autoria lucana. Desde os seus
primórdios, a Igreja Cristã atribui a Lucas a autoria do terceiro Evangelho. A
crítica contra a autoria de Lucas não tem conseguido apresentar argumentos
sólidos para demover a Igreja de sua posição. A erudição conservadora assegura
que Lucas escreveu a sua obra (aproximadamente) no início dos anos sessenta do
primeiro século da era cristã.
Lucas era historiador e médico. Ele escreveu sua obra em dois volumes
(Lc 1.1-4; At 1.1,2). O terceiro Evangelho é a primeira parte desse trabalho e
é uma narrativa da vida e obra de Jesus, enquanto os Atos dos Apóstolos compõem
a segunda parte e narram o caminhar espiritual dos primeiros cristãos da Igreja
Primitiva.
O doutor Lucas endereçou seu Evangelho a Teófilo, certamente uma pessoa
importante que devia ocupar uma alta posição social, sendo citado como
“excelentíssimo”. Pode se dizer que além deste ilustre destinatário, Lucas
também escreveu aos gentios. O terceiro Evangelho pode ser classificado como
sendo de natureza soteriológica e carismática. Soteriológica, porque narra o
plano da salvação, e carismática porque dá amplo destaque ao papel do Espírito
Santo como capacitador do ministério de Jesus Cristo.
SÍNTESE DO TÓPICO (I): Lucas,
o médico amado, é o autor do terceiro Evangelho, que foi endereçado a Teófilo,
um gentio.
Lucas inicia seu Evangelho com uma declaração especial: ele mesmo havia
se informado minuciosamente de tudo [sobre a vida de Jesus] desde o princípio’
(1.1-4). Dessa forma, o Evangelho de Lucas é um relatório cuidadoso e
historicamente exato do nascimento, ministério, morte e ressurreição de Jesus.
Contudo, ao lermos Lucas percebemos que a sua obra não é uma repetição monótona
das datas e ações. A escrita de Lucas é vívida, nos atraindo para dentro dos
eventos que ele descreve. A escrita de Lucas também exibe uma fervorosa
sensibilidade quanto aos detalhes pessoais íntimos” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007, p.133).
1. O cristianismo no seu
contexto histórico.
Lucas mostra com riqueza de
detalhes sob que circunstâncias históricas se deram os fatos por ele narrados.
Vejamos: “E, no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos
governador da Judeia, e Herodes, tetrarca da Galileia, e seu irmão Filipe,
tetrarca da Itureia e da província de Traconites, e Lisânias, tetrarca de
Abilene, sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de
Deus a João, filho de Zacarias” (Lc 3.1,2). Esses dados têm um propósito claro:
mostrar que o plano da salvação no cristianismo pode ser localizado com
precisão dentro da história. A fé cristã, portanto, não se trata de uma lenda
ou fábula engenhosamente inventada. São fatos históricos que poderiam ser
testados e provados e, dessa forma, podem ser aceitos por todos aqueles que
procuram a verdade.
A palavra grega katecheo,
traduzida como “informado” ou “instruído” no versículo 4, deu origem à palavra
portuguesa catequese. Esse vocábulo significa também: doutrinar, ensinar e
convencer. Nesse contexto possui o sentido de “discipular”. Lucas escreveu o
seu Evangelho para formar discípulos. O discipulado, para ser autêntico, deve
fundamentar-se na veracidade dos fatos da fé cristã. Nos primeiros versículos
do seu Evangelho, Lucas revela, portanto, quais seriam as razões da sua obra
(Lucas 1.1-4). O terceiro Evangelho foi escrito para mostrar os fundamentos das
verdades nas quais os cristãos são instruídos.
Lucas presta bastante atenção aos eventos que ocorreram antes do
nascimento de Jesus, uma atenção maior que aquela que os outros evangelistas
dedicaram ao assunto” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do
Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007, p.134).
1. A história da salvação.
A teologia cristã destaca
que Lucas divide a história da salvação em três estágios: o tempo do Antigo
Testamento; o tempo de Jesus e o tempo da Igreja. O terceiro Evangelho registra
as duas primeiras etapas e o livro de Atos, a terceira (Lc 16.16). No contexto
de Lucas a expressão a “Lei e os Profetas” é uma referência ao Antigo Testamento,
onde é narrado o plano de Deus para o povo de Israel. A frase “anunciado o
Reino de Deus” se refere ao tempo de Jesus que, através do Espírito Santo,
realiza e manifesta o Reino de Deus. O tempo da Igreja ocorre quando o Espírito
Santo, que estava sobre Jesus, é derramado sobre todos os crentes.
O aspecto universal da salvação, revelado no terceiro Evangelho pode ser
facilmente observado pelo seu amplo destaque dado aos gentios. O próprio Lucas
endereça a sua obra a um gentio, Teófilo (Lc 1.1,2). A descendência de Cristo,
o Messias prometido, vai até Adão, o pai de todos, e não apenas até Abraão, o
pai dos judeus (Lc 3.23-38). Fica, portanto, revelado que os gentios, e não
somente os judeus, estão incluídos no plano salvífico de Deus (Lc 2.32; 24.47).
Destaque especial é dado para os samaritanos (Lc 9.51-56; 10.25-37; 17.11-19).
Há ainda outras particularidades do Evangelho de Lucas que mostram o interesse
de Deus por toda a humanidade, especialmente os pobres e excluídos (Lc 19.1-10;
7.36-50; 23.39-43; 18.9-14).
A Verdadeira Identidade do Filho
Os aspectos-chave na vida de Jesus ajudaram os primeiros cristãos a
perceber, de uma forma nova e única, que Ele era o ‘Filho de Deus’.
• A encarnação. Jesus foi concebido pelo poder
do Espírito Santo de Deus, e não por um pai humano. De forma consistente,
também falou de como saiu ‘do Pai’ para vir ‘ao mundo’ (Jo 16.28). Enquanto,
para outros seres humanos, o nascimento é o início da vida, o nascimento de
Jesus era uma encarnação — Ele existia como o Filho de Deus antes de seu
nascimento humano. Jesus, de forma distinta dos governantes pagãos, não era um
filho adotado dos deuses, mas sim o eterno Filho de Deus.
• O reconhecimento por Satanás e pelos
demônios. Enquanto a identidade verdadeira de Jesus, durante seu ministério
terreno, estava velada para seus discípulos, ela foi reconhecida por Satanás
(Mt 4.3,6) e pelos demônios (Lc 8.28).
• A ressurreição e ascensão. Jesus foi morto
por afirmar que falava e agia como o Filho de Deus. A ressurreição representou
a confirmação de Deus de que Jesus falava a verdade sobre si mesmo. Paulo
apontou a ressurreição como a revelação ou declaração da verdadeira identidade
de Jesus como Filho de Deus (Rm 1.4). Depois da ressurreição, Jesus retornou ao
Pai para ficar no lugar de honra, à direita de Deus” (Guia Cristão de Leitura
da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013, pp.34,35).
1. Jesus, o homem perfeito.
No Evangelho de Lucas,
Jesus aparece como o “Filho de Deus” (Lc 1.35) e “Filho do Homem” (Lc 5.24).
São expressões messiânicas que revelam a deidade de Jesus. A primeira expressão
mostra Jesus como verdadeiro Deus enquanto a segunda, que ocorre 25 vezes no
terceiro Evangelho, mostra-o como verdadeiro homem. Ele é o Filho do Homem, o
Homem Perfeito. Ao usar o título “Filho do Homem” para si mesmo, Jesus evita
ser confundido com o Messias político esperado pelos judeus. Como Homem
Perfeito, Jesus era obediente a seus pais. Todavia, estava consciente de sua
natureza divina (Lc 2.4-52). É como o Homem Perfeito que Jesus enfrenta, e
derrota, Satanás na tentação do deserto (Lc 4.1-13).
Lucas revela que Jesus, o Messias, como Homem Perfeito, dependia do
Espírito Santo no desempenho do seu ministério (Lc 4.18). Isaías, o profeta
messiânico, mostra a estreita relação que o Messias manteria com o Espírito do
Senhor (Is 11.1,2; 42.1). O Messias seria aquele sobre quem repousaria o
Espírito do Senhor, tal como profetizara Isaías e Jesus aplicara a si, na
sinagoga em Nazaré (Lc 4.16-19; Is 61.1).
Lucas descreveu como o Filho de Deus entrou na História. Jesus viveu de
forma exemplar, foi o Homem Perfeito. Depois de um ministério perfeito, Ele se
entregou como sacrifício perfeito pelos nossos pecados, para que pudéssemos ser
salvos.
Jesus é o nosso Líder e Salvador perfeito. Ele oferece perdão a todos
aqueles que o aceitam como Senhor de suas vidas e creem que aquilo que Ele diz
é a verdade” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RJ: CPAD, p.1337).
O terceiro Evangelho é considerado a coroa dos Evangelhos sinóticos.
Enquanto o Evangelho de Mateus enfoca a realeza do Messias e Marcos o poder,
Lucas enfatiza o amor de Deus. Lucas é o Evangelho do Homem Perfeito; da
alegria (Lc 1.28; 2.11; 19.37; 24.53); da misericórdia (Lc 1.78,79); do perdão
(7.36-50; 19.1-10); da oração (Lc 6.12; 11.1; 22.39-45); dos pobres e
necessitados (Lc 4.18) e do poder e da força do Espírito Santo (Lc 1.15,35;
3.22; 4.1; 4.14; 4.17-20; 10.21; 11.13; 24.49). Lucas é, portanto, o Evangelho
do crente que quer conhecer melhor o seu Senhor e ser cheio do Espírito Santo.
Sobre os ensinos do
Evangelho de Lucas, responda:
A autoria é atribuída a Lucas, o médico amado.
O vocábulo significa também “doutrinar”, “ensinar” e “convencer”.
Ele é revelado como “Filho de Deus” e “Filho do Homem”.
Devem ser entendidas como expressões que mostram o relacionamento de
Jesus com a humanidade.
Ele é considerado a coroa dos Evangelhos Sinóticos.
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
O Evangelho segundo Lucas
Ao longo da História da Igreja, algumas indagações acerca dos Evangelhos
foram feitas por cristãos sinceros: (1) Como os Evangelhos surgiram? (2) Como
obra literária, de que maneira devemos entender os Evangelhos? (3) O que os
Evangelhos nos contam sobre Jesus?
Sabemos que pessoas, inspiradas pelo Espírito Santo, escreveram os
quatro primeiros livros do Novo Testamento. Entretanto, de acordo com as
perguntas acima, queremos saber como os autores dos Evangelhos obtiveram as
informações sobre a vida e o ministério de Jesus; Por que os Evangelhos são tão
parecidos e, ao mesmo tempo, tão diferentes?Sem a pretensão de respondermos essas questões no presente espaço (é impossível tal empreendimento), podemos perceber que o Evangelho de Lucas, dentre os quatro, tem uma particular contribuição para compreendermos a formação dos Evangelhos que falam do nosso Senhor. Leia o seguinte texto:
Tendo, pois, muito empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra, pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio, para que conheças a certeza das coisas que já estás informado” (Lc 1.1-4). Agora correlacione essa passagem com a de Atos 1.1,3:
“Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar, [...] aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao Reino de Deus”.
Podemos dizer que o evangelista Lucas é o autor sacro que dá as pistas da história das origens cristãs, pois as introduções do seu Evangelho e do Livro de Atos revelam que: (1) Lucas selecionou e pôs em ordem os fatos narrados no Evangelho; (2) Esses fatos foram transmitidos pelas testemunhas oculares de Cristo e pelos ministros, os apóstolos, da palavra que “transmitiam” verdades sobre Jesus; (3) Haviam outros escritos sobre Jesus, mas coube a Lucas organizar e relatar o dele.
Com isso, fica claro que o médico amado, doutor Lucas, é o autor do Evangelho considerado o mais histórico e cronológico dentre os quatro Evangelhos. Um tratado extraordinário sobre Jesus e a sua obra!
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