Lições Bíblicas CPAD / 2º Trimestre de 2015
Título: Jesus, o Homem Perfeito — O Evangelho de
Lucas, o médico amado
Comentarista: José Gonçalves
Lição 4: A tentação de Jesus
Data: 26 de
Abril de 2015
TEXTO
ÁUREO: Porque não temos um sumo
sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como
nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15).
Abaixo, os objetivos
específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por
exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
II. Explicar como Jesus venceu a tentação de ser saciado.
III. Saber como Jesus venceu a tentação de ser celebrado.
IV. Analisar as artimanhas do Inimigo para que Jesus cedesse à
tentação de ser notado.
O
Diabo é um anjo do mal que, dia e noite, procura fazer com que os servos de
Deus sejam seduzidos pelo pecado. Como homem Jesus também foi tentado em tudo
(Hb 4.15b), mas o Mestre venceu toda tentação. O Inimigo foi derrotado em todas
as áreas na vida de Jesus. A tentação vem para todos os filhos de Deus, porém,
a Palavra do Senhor nos garante que, se resistirmos ao Diabo, ele fugirá de nós
(Tg 4.7).
Lucas
diz que o Diabo se ausentou de Jesus por um tempo (Lc 4.13), ou seja, até
encontrar outra oportunidade para atacá-lo novamente. Jesus estava iniciando
seu ministério quando foi conduzido ao deserto para experimentar vários tipos
de tentação, mas o Inimigo, mesmo sem sucesso, o tentou até a cruz.
A tentação é uma realidade
com a qual todo crente, em algum momento, irá se deparar. Não existe ninguém
que seja imune à tentação, pois até mesmo Jesus, o homem perfeito, foi tentado!
A resposta à tentação não é, portanto, negá-la, mas enfrentá-la à luz da
Palavra de Deus.
Nesta lição iremos aprender
como Jesus enfrentou a tentação e derrotou Satanás. Veremos a sutileza do Diabo
em tentar o Filho de Deus em um momento de extrema carência e necessidade
física, e como o Filho do Homem o derrotou ao dizer “não” a cada uma de suas
propostas. Por fim, destacaremos que a vitória de Jesus é também a nossa.
1. Uma realidade humana.
Já foram assinalados em comentários
anteriores que devemos levar em conta o fato bíblico e teológico incontestável
de que Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Como Deus, não podia
ser tentado, mas como homem, mesmo sendo perfeito, sim (Jo 17.5; Fp 2.5-11; Hb
2.17). No mistério da encarnação, Jesus não perdeu a sua natureza divina, nem
tampouco os atributos da divindade, mas, como diz a tradução americana de
Philips, Ele “abdicou de seus privilégios” (Fp 2.7). Como homem Ele foi tentado
em todas as coisas, assim como nós, porém, não transgrediu (Hb 4.15). À luz do
ensino bíblico, portanto, a tentação de Jesus Cristo foi real e não apenas uma
encenação. O homem perfeito, Jesus, foi tentado em tudo, mas não pecou! (1Pe
2.22).
Lucas revela que Cristo foi
conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo Diabo. Jesus, em
sua condição humana, foi capacitado pelo Espírito Santo para enfrentar Satanás.
A capacitação de poder sobre Jesus revela o lado messiânico da sua missão. Na
teologia lucana, o Messias seria revestido pelo Espírito para realizar a obra
de Deus, e isso incluía desfazer as obras do Diabo. A vitória de Jesus sobre a
tentação é também a nossa vitória. Jesus, o homem perfeito, venceu a sedução do
pecado com oração, com a Palavra e por andar no Espírito. Todos os que estão em
Cristo podem sim, também, vencer a tentação (1Co 10.13).
O Diabo tentou o Filho do
homem, mas também o Filho de Deus. Foi uma disputa entre Jesus, cheio do
Espírito Santo, e o acusador dos homens. O Diabo tinha vencido, com Adão e Eva.
Ele tinha esperanças de triunfar sobre Jesus” (ROBERTSON, A. T. Comentário
de Lucas: À Luz do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013,
p.80).
1. A sutileza da tentação.
A primeira tentação de
Jesus se dá na esfera dos apetites. A essa tentação Jesus respondeu: “Escrito
está que nem só de pão viverá o homem” (Lc 4.3,4). O Diabo, por certo, sabia
que por ocasião do batismo de Jesus, Deus, o Pai, falara-lhe da sua filiação
divina (Lc 3.22). Jesus, como o homem perfeito que era, precisava enfrentar a
tentação em sua condição humana, e não fazer uso de seus atributos divinos como
queria o Diabo. Como Filho de Deus que era, evidentemente Jesus poderia usar os
atributos da divindade para transformar todo aquele deserto em pão. Todavia, se
assim procedesse, negaria a sua missão de homem perfeito. Quer o Diabo estimule
um apetite legítimo, quer não, o seu alvo é sempre o mesmo — colocar tropeços
no caminho do servo de Deus.
Depois de 40 dias de jejum
total, Jesus, sem dúvida alguma, encontrava-se debilitado fisicamente. Todo o
seu ser, por certo, exigia ser saciado. Tanto a água quanto o pão são elementos
necessários para a manutenção do corpo. Não há, portanto, nada de errado com o
desejo de comer ou beber. Todavia, se esse desejo é apenas para uma
gratificação pessoal, como queria o Diabo, então ele se converte em pecado.
Satanás queria que Jesus visse as coisas materiais como sendo mais necessárias
do que as espirituais. Jesus mostra que mais importante do que o pão material
era o pão espiritual, a Palavra de Deus. Ainda hoje, o Diabo usa a mesma
artimanha quando convence os homens de que ter abundância, fartura ou
prosperidade material é melhor do que desfrutar da comunhão com Deus.
Segundo a leitura médica,
trinta a quarenta dias de completo jejum exaure as energias do corpo, causa
fome intensa e aproxima o indivíduo da exaustão. Mesmo neste estado de
fraqueza, Jesus permaneceu fiel ao compromisso. Confiou e agiu de acordo com a
Palavra de Deus” (Guia do Leitor da Bíblia. CPAD. p.655).
Jesus experimenta três tentações específicas. A primeira envolve suas necessidades físicas (Lc 4.3,4). O Diabo presume que Jesus é o Filho de Deus — ‘Se tu és o Filho de Deus’ significa ‘Visto que Tu és o Filho de Deus’. Claro que Jesus pode exercer o poder de Deus e transformar uma pedra do chão em pão. O Diabo sugere que o uso deste poder para aliviar a fome era verdadeira prova de que Jesus é o Filho de Deus. Mas se Jesus transformasse uma pedra em pão, tal milagre revelaria sua falta de fé na bondade de Deus. Ele teria obedecido a Satanás em vez de ser obediente a Deus. Ele teria usado seu poder para satisfazer as necessidades pessoais em vez de usá-lo para a glória de Deus.
Jesus resiste à tentação do
Diabo citando Deuteronômio 8.3. O ponto de sua resposta é que o bem-estar
humano é mais que assunto de ter comida suficiente. O mais importante é
obedecer à Palavra de Deus e confiar no Senhor que cuida de nós. Jesus obedece
à Palavra de Deus, embora implique em fome física” (Comentário Bíblico
Pentecostal. Volume 1. 1ª Edição. RJ: CPAD. p.338).
1. O príncipe deste mundo.
No texto de Lucas 4.5-8, o
Diabo oferece a Jesus domínio sobre os reinos do mundo. Jesus não contestou as
palavras de Satanás quando este afirmou que possuía autoridade sobre este mundo
(Lc 4.6). De fato, o próprio Cristo afirmou que Satanás é o príncipe deste
mundo (Jo 16.11). O apóstolo João nos diz que “o mundo está no maligno” (1Jo
5.19). E o apóstolo Paulo diz que o Diabo é “príncipe das potestades do ar” (Ef
2.2). Vivemos em um mundo caído e com um sistema iníquo, mas, assim como Jesus
Cristo, não fazemos parte dele (Jo 8.23; 17.9; 18.36). É lamentável quando
crentes não apenas vivem de acordo com os padrões deste mundo, mas também ficam
totalmente comprometidos com ele.
Por trás desse sistema
iníquo existe toda uma filosofia de domínio. Esse poder pode estar presente
tanto na esfera material como na espiritual. É a busca pela glória e poder
terreno. O Diabo sabe que o desejo de ser celebrado, de ser chamado “senhor”, é
algo que fascina os homens. Satanás sabia que derrubaria Adão se o convencesse
de que ele poderia se tornar poderoso ao adquirir conhecimento. Adão acreditou
que até mesmo poderia ser como Deus (Gn 3.5). A isca foi lançada e Adão a
engoliu! O Diabo por certo acreditava que o mesmo aconteceria com Jesus, o
Filho do Homem. Mas Jesus não se dobrou diante de Satanás. Por certo, muitos
estão exercitando poder e domínio neste mundo, mas provavelmente também estão
se curvando diante de Satanás.
A segunda tentação é a
oferta que o Inimigo fez a Jesus de autoridade sobre os reinos da terra (Lc
4.5-8). Num momento de tempo, ele traz à presença de Jesus todos os reinos do
mundo. Afirma que eles lhes foram dados e que ele tem o direito de dispor deles
como quiser. A afirmação do Diabo é meia-verdade. Embora ele tenha grande poder
(Jo 12.31; 14.30), não tem autoridade para dar a Jesus os reinos do mundo e a
glória deles. Ele promete que Jesus pode se tornar o governante da terra se tão
somente Ele o adorar. Satanás tenta ludibriar Jesus para obter poder político e
estabelecer um reino no mundo maior que o dos romanos.
O Reino que Jesus veio estabelecer
é muito diferente. É um reino no qual Deus reina, e é formado por homens e
mulheres livres da escravidão do pecado e de Satanás” (Comentário Bíblico
Pentecostal. Volume 1. 1ª Edição. RJ: CPAD. p.338).
1. A artimanha do Inimigo.
O Diabo não desiste nas
primeiras derrotas e arrisca tentar Jesus mais uma vez com seu jargão
predileto: “Se tu és” (Lc 4.9). Todavia, agora ele acrescenta a frase: “porque
está escrito” (Lc 4.10). Satanás tenta derrotar Jesus usando a Bíblia!
Evidentemente que ele usa o Salmo 91 fora do seu contexto! Quando a Palavra do
Senhor tem exatamente o sentido do que o Criador disse, então ela é de fato a
Palavra dEle. Porém, quando passa a possuir um sentido particular, isto é, que
Deus não disse, não é mais a Palavra dEle, mas palavras de Satanás. A Bíblia
usada fora do seu contexto, como fez o Diabo e as seitas que ele criou, não é a
Palavra de Deus, mas uma arma do Maligno. É preciso muito cuidado quando se vê
alguém manusear a Bíblia. Pode ser que esse “manuseio” não esteja a serviço de
Deus!Quando o Diabo quer ver a queda de alguém, procura levá-lo até o ponto mais alto (Lc 4.9). É a tentação de ser visto, de ser notado. Era algo muito tentador saber que dezenas, talvez centenas de pessoas, estariam ali para ver e aplaudir aquela cena com características cinematográficas. Jesus não se dobrou frente aos apelos de Satanás.
Há um reconhecimento e uma fama que são bíblicas e não há nada pecaminoso nisso (Gn 12.2; 2Sm 7.9). Todavia, quando o desejo por publicidade se torna um fim em si mesmo, então passa-se a fazer o jogo do Diabo. Infelizmente, muitos não medem esforços para se exibir. Isso é pecado, mesmo que seja na esfera religiosa ou espiritual.
A terceira tentação tem a
ver com provar a verdade da promessa de Deus (Lc 4.9-12). Jesus se deixa levar
voluntariamente com o maligno até o ponto mais alto do templo. A localização
precisa no templo é incerta, mas do ponto mais alto do templo Satanás instiga
Jesus a pular: ‘Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo’ (v.9). A
sugestão dele é esta: ‘Antes de tu te dispores em tua missão, é melhor que te
certifiques da proteção de Deus. Então, por que não pulas e não te asseguras de
que Deus tomará conta de Ti?’. O maligno foi refutado duas vezes com as
Escrituras, então ele cita o Salmo 91.11,12 para garantir que Deus o protegerá
de qualquer dano. Este é um exemplo de torcer as Escrituras para servir a um
propósito, pois o Salmo 91 não garante que Deus fará milagres sob as condições
que estipularmos” (Comentário Bíblico Pentecostal. Volume 1. 1ª Edição.
RJ: CPAD, p.338).
Jesus venceu Satanás no
deserto e em todas as outras situações em que o confrontou durante o seu
ministério terreno (Lc 4.1-13; 10.18,19). Na cruz do Calvário, o Filho de Deus
derrotou Satanás de forma definitiva (Cl 2.15; Hb 2.14). Posteriormente, o
apóstolo Paulo ensinaria à Igreja que todos aqueles que se encontram em Cristo
também participam dessa vitória (Ef 1.20-22; 2.6). Em Cristo somos mais do que
vencedores (Rm 8.37; 1Co 15.57), todavia, como cristãos criteriosos, não
devemos subestimar o mal (Lc 22.31-34).
Sobre os ensinos do
Evangelho de Lucas, responda:
1° De que forma a lição
explica a tentação de Jesus?
Rep. Ela explica que a
tentação é uma realidade humana. Como homem Jesus também sofreu várias
tentações. Porém, Ele venceu todas.
Resp. A primeira tentação
foi a sugestão do Diabo de Jesus transformar as pedras do deserto em pães. Ele
sabia que Jesus estava em jejum e, certamente, estava com fome.
Resp. A segunda tentação foi
a oferta que o Diabo fez a Jesus de autoridade sobre os reinos da terra (Lc
4.5-8).
Rep. Ele usou até mesmo a
Palavra de Deus. Porém, que fique claro, o Diabo utilizou a Palavra de Deus de
forma errada, fora do seu contexto.
Resp. Quando da sua morte e
ressurreição na cruz do calvário.
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
A tentação de Jesus
O evangelista Lucas
registra que Jesus foi cheio do Espírito Santo (4.1). Após o nosso Senhor ser
cheio do Espírito, Ele foi conduzido pelo mesmo Espírito ao deserto, onde foi
tentado pelo Diabo por quarenta dias. Neste período, o Senhor Jesus ficou em
comunhão com Deus Pai através de jejum e oração. Entretanto, ao sentir fome,
nosso Senhor começou a ser tentado pelo Diabo. O relato do capítulo 4 do
Evangelho de Lucas retrata três tentações que o Senhor Jesus foi provado: as
necessidades físicas (vv.3,4), a oferta de autoridade sobre os reinos (vv.5-8)
e provar a verdade da promessa de Deus (vv.9-12).A primeira tentação de Jesus revela-nos que Ele não usou o seu poder para benefício próprio, pois antes agradava obedecer a Deus que a Satanás. Seria natural, se com fome, o nosso Senhor transformasse pedra em pão e revelasse ser verdadeiramente o Filho de Deus. Não! A resposta do nosso Senhor foi direta: nem só de pão viverá o homem, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus (Dt 8.3).
A segunda tentação de nosso Senhor tem a ver com a ambição de conquistar e governar todos os reinos do mundo. Satanás colocou diante de Jesus toda a autoridade do mundo, e em troca, ordenou que Jesus o adorasse prostrado. O Diabo usou de meia-verdade, pois apesar de ter poder (Ef 2.2), ele não tinha autoridade para dar ou não a Jesus reinos ou a glória desse mundo. A promessa de torná-lo o grande soberano do mundo não “encheu os olhos” de nosso Senhor, que de pronto, logo respondeu: “O Senhor, teu Deus, temerás, e a ele servirás, e pelo seu nome jurarás” (Dt 6.13).
A terceira tentação mostra o nosso Senhor sendo levado pelo Diabo ao pináculo do Templo. A proposta de Satanás: Pular, pois estava escrito que Deus daria ordens aos anjos para livrá-lo. Ainda haveria outro impacto: Pular do pináculo do Templo e cair salvo no meio pátio sagrado, de uma só vez, faria o Senhor ser reconhecido como “Messias”. Mas não foi isso que aconteceu. O nosso Senhor não queimou etapas, mas repreendeu Satanás dizendo que ninguém pode tentar a Deus. As coisas do Altíssimo não são para fazermos provas sem sentido.
As três tentações de Jesus Cristo expuseram três áreas que o ser humano se mostra frágil: A das pulsões carnais, as do poder e a da busca pela fama. Nosso Senhor venceu as tentações e nos estimulou a fugir das pulsões carnais, do apego pelo poder e da possibilidade de usar as promessas divinas para benefício próprio para a formação da autoimagem.
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