Lições Bíblicas CPAD / 2º Trimestre de 2015
Título: Jesus, o Homem Perfeito — O Evangelho de Lucas, o médico amado
Comentarista: José Gonçalves
TEXTO ÁUREO: “E crescia Jesus em sabedoria,
e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lc 2.52).
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Mostrar que Jesus cresceu fisicamente.
II. Conhecer como se deu o crescimento social de
Jesus.
III. Saber como se deu o desenvolvimento cognitivo
de Jesus.
IV. Aprender como se deu o desenvolvimento
espiritual de Jesus.
Não temos muitas informações a respeito da
infância de Jesus. Os Evangelhos são nossas únicas fontes confiáveis a respeito
dessa fase da vida do Mestre. O Evangelho de Lucas nos mostra que, como Homem
Perfeito, Ele experimentou um desenvolvimento saudável, como de qualquer
criança de sua idade. A única diferença entre Jesus e os meninos de sua época
era o fato de que Ele não tinha pecado.
Lucas também registra um incidente da
infância do menino Jesus. Por meio desse incidente, podemos ver que, aos doze
anos, Jesus já tinha plena consciência de sua relação com o Pai e acerca de sua
chamada.As Escrituras revelam que Jesus era plenamente Deus e plenamente homem! Ao dizerem que Jesus é cem por cento Deus e cem por cento homem, teólogos cristãos estão afirmando essa mesma verdade de uma outra forma. Deus se humanizou em Cristo (2Co 5.19) e isso é conhecido na teologia cristã como o grande mistério da encarnação.
Conhecer o Jesus divino é maravilhoso e bíblico, mas conhecer o Jesus humano o é da mesma forma. Aqui, vamos aprender que Jesus cresceu como qualquer ser humano. Ele cresceu física, social, psicológica e espiritualmente. Em cada uma dessas dimensões, Ele deixou ricos aprendizados para todos nós.
PONTO CENTRAL: Jesus, como ser humano, desenvolveu-se normalmente.
I. JESUS CRESCEU FISICAMENTE
1. A dimensão corpórea de Jesus.
A Bíblia nos ensina que Jesus nasceu e cresceu como qualquer ser humano
(Lc 2.40,52). Jesus em tudo era, semelhante a nós, mas sem, pecado (Fp 2.6,7;
Hb 4.15). Como todo ser humano, Ele possuía um corpo físico que era limitado
pelo tempo e pelo espaço. A palavra grega helikia, traduzida em
português como estatura, no versículo 52, ocorre oito vezes no texto grego do
Novo Testamento, com o sentido de tamanho ou idade. É a mesma palavra usada por
Lucas quando se refere à pequena estatura de Zaqueu, o publicano (Lc 19.3) e,
também, a mesma palavra usada pelo apóstolo João para se referir à idade do
cego a quem Jesus curou (Jo 9.21,23). A Escritura, de forma alguma, nega a
dimensão corpórea e física de Jesus como fazem as heresias.
Como todo ser humano que possui um corpo físico, Jesus também viveu os
limites dessa dimensão corpórea. Ele também se cansava (Jo 4.6). Jesus sabia a
importância que tem o corpo humano e, para isso, tratava de dar o devido
cuidado ao seu corpo. Para recuperar suas energias físicas, por exemplo, Marcos
relata que Ele procurou o descanso necessário (Mc 6.31,32). A palavra grega anapauo,
traduzida como repousar, significa “parar com todo movimento a fim de que se
recupere as energias”. Se o Mestre deu os devidos cuidados ao seu corpo, não
deveríamos nós fazer o mesmo?
A humanidade de Jesus. Teólogos têm se mostrado confusos quanto à
precisão do relacionamento entre a humanidade de Jesus e sua divindade. Tudo o
que podemos dizer, com certeza, é que Jesus é tanto Deus quanto homem. Como ser
humano, descendente de Adão, nasceu e viveu uma vida humana normal. Teve fome e
exaustão física. Conheceu a rejeição e o sofrimento. Gostava das celebrações
nupciais e das festas. Sentiu pena do desamparado, frustração da apatia de seus
seguidores e ira pela indiferença dos líderes religiosos diante do sofrimento
humano. Era um ser verdadeiramente humano no melhor e ideal sentido da palavra.
Por tudo isso, é um exemplo para nós” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. 1ª Edição.
RJ: CPAD, 2005, p.653).
Os pais e irmãos de Jesus
Não sabemos muito sobre a família de Jesus; entretanto, fica claro,
conforme o relato dos Evangelhos, que os pais, irmãos e irmãs de Jesus eram
muito conhecidos na cidade de Nazaré (Mt 13.54-56). Os primeiros anos da vida
de Jesus foram tão normais que as pessoas que o viram crescer ficaram surpresas
com o fato de que Ele pudesse ensinar com autoridade sobre Deus e fazer grandes
milagres — achavam que era apenas um carpinteiro como José”. Guia Cristão de Leitura da Bíblia,
CPAD, p.28.
1. Jesus e a família.
No antigo Israel do tempo de Jesus,
havia uma estrutura familiar consolidada. Os estudiosos observam que a família
hebraica obedecia a seguinte estrutura social: endógama — casam-se com
parentes; patrilinear — descendência pai-filho; patriarcal — poder do pai;
patriolocal — a mulher vai para a casa do marido; ampliada — reúne os parentes
próximos todos no grupo, e polígena — tem muitas pessoas.
A Bíblia fala da família de Jesus dentro desse contexto. Como homem
perfeito, Jesus aprendeu a viver em família (Lc 2.51). Como membro da família,
Ele viveu em obediência a seus pais. Isso mostra que os papeis sociais dentro
da família precisam ser respeitados. Somente dessa forma, a família continua
sendo um instrumento importante na formação do caráter.
A Bíblia afirma que o “Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo
1.14). O vocábulo habitar traduz o verbo grego skenoo e tem o sentido de
“fazer a sua tenda”. Deus se humanizou e fez a sua tenda ou morada entre nós.
Como homem perfeito, Jesus viveu no meio da cultura dos seus dias. Fazia parte
dessa cultura, qual seja, o povo, o espaço geográfico, a língua e a família.
Jesus foi criado em Nazaré da Galileia e, como nazareno, Ele possivelmente
espelhava a cultura desse lugar. Jesus aprendeu a ler as Escrituras (Lc 4.16);
aprendeu uma profissão (Mc 6.3) e até mesmo aprendeu a maneira de falar que era
peculiar dos habitantes dessa região (Mt 26.73. Mc 14.70). Todavia, um fato
fica em evidência — Jesus estava pronto a confrontar a cultura quando esta
contrariava os princípios da Palavra de Deus (Lc 11.38,39).
Os primeiros anos de vida de Jesus foram tão normais que as pessoas que
o viram crescer ficaram surpresas com o fato de que Ele pudesse ensinar com
autoridade sobre Deus (Lc 2.46,47) e fazer grandes milagres — achavam que era
apenas um carpinteiro como José o fora antes dEle. Em meados do século II d.C.,
histórias imaginativas começaram a ser escritas sobre o início da vida de
Jesus, afirmando que tinha poderes sobre-humanos. Por exemplo, na Infância
de Cristo segundo Tomé, Ele forma passarinhos de barro e os traz à vida!” (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª
Edição. RJ: CPAD, 2013, p.28).
1. A dimensão psicológica de Jesus.
O texto de Lucas 2.52 informa que Jesus
crescia em “sabedoria”. Crescer em sabedoria é crescer em conhecimento. É
desenvolver-se intelectual e mentalmente. É o desenvolver da psique
humana. Como homem perfeito, Jesus também possuía uma dimensão psicológica.
Ele, por exemplo, angustiou-se em sua alma (Lc 12.50; Mt 26.37; Jo 12.27).
Lucas ainda diz que Jesus “enchia-se de sabedoria” (Lc 2.40). Esse crescimento
mental e intelectual vem pela assimilação dos conhecimentos da vivência humana
do dia a dia. É o acúmulo cultural que se forma ao longo dos anos. Como todo
menino judeu de sua época, Jesus tinha o seu intelecto treinado pelo estudo das
Sagradas Letras (2Tm 3.15).
A Escritura mostra que Jesus, como homem perfeito, possuía domínio
completo sobre suas emoções. Ele não sofria de nenhum distúrbio mental, nem
tampouco era desajustado emocionalmente. Quando pressionado, não cedia à
pressão do grupo (Jo 8.1-11). Seus próprios algozes reconheceram que Ele agia
movido por suas convicções internas e não pelo que os outros achavam (Lc
20.19-26). Sua presença revelava serenidade e paz (Jo 14.27; Lc 7.50). É
evidente que essa paz era uma consequência natural da íntima comunhão com Deus
que Ele cultivava. Jesus passava horas em oração, às vezes, até mesmo noites
inteiras em oração (Lc 6.12), um claro exemplo para todos os seus seguidores.
Professor, antes de iniciar o tópico, faça a seguinte indagação: “Jesus tinha consciência de que era Filho de Deus?” Ouça os alunos com atenção. Em seguida, peça que leiam Lucas 2.41-52. Explique o fato de o texto bíblico mostrar que, aos doze anos, Jesus já tinha clareza de seu relacionamento com Deus e da sua missão. Ele afirmou sua filiação única. Diga que Jesus é completamente Deus e completamente humano. Como homem, experimentou todas as etapas do desenvolvimento humano.
1. Crescendo na graça e fortalecendo o
espírito.
Nos dois textos bíblicos citados por
Lucas para se referir ao crescimento de Jesus Cristo, o homem perfeito, a
palavra “graça” se destaca (Lc 2.40,52). A palavra grega traduzida como graça é
charis. Graça é um favor de Deus. Jesus cresceu na graça quando viveu a
vida como ela é. Ele aprendeu a viver com as limitações que uma família pobre
possuía na Palestina do primeiro século. Graça é ter consciência de que, em
meio a tudo isso, a vocação e chamada tiveram origem em Deus. Graça é saber que
Deus está em nosso crescimento enquanto vivemos em comunidade, enquanto o
adoramos, meditamos, contemplamos e, também, quando vivemos a vida, mesmo
quando ela se mostra dura em sua rotina.
Lucas mostra o desenvolvimento espiritual em duas outras passagens do
seu Evangelho (Lc 2.46-49). Na situação do Templo, Jesus se mostra como alguém
que já tem consciência da sua missão. Ele veio para cuidar dos negócios de seu
Pai, Deus. Por outro lado, Lucas mostra no relato do batismo de Jesus como Ele
se identifica com o povo e recebe a capacitação divina para o exercício do seu
ministério (Lc 3.21-23).
Até os trinta anos, Jesus permaneceu na cidade de Nazaré e trabalhou
como carpinteiro. O Salvador esperou pacientemente até o momento determinado
pelo Pai para exercer seu ministério. Vivemos em uma sociedade imediatista; por
isso, atualmente, as pessoas não querem esperar o tempo de Deus em suas vidas e
ministério. O tempo do Senhor é perfeito. Temos que esperar o seu agir.Com a idade de 12 anos, um menino judeu se torna ‘filho da lei’. Nesse momento, ele aceita os deveres e obrigações religiosas aos quais os pais o entregaram pelo rito da circuncisão. Para Jesus, isto acontece quando seus pais sobem a Jerusalém para celebrar a Páscoa. O Antigo Testamento ordenava que a pessoa do sexo masculino comparecesse em Jerusalém para três festas: a Páscoa, o Pentecostes e os Tabernáculos (Êx 23.14-17). A dispersão dos judeus pelo mundo tornou impossível que todos fizessem isto nos dias de José e Maria. Apesar da distância, os judeus devotos faziam a jornada pelo menos uma vez por ano para a Páscoa. Não era exigido que as mulheres comparecessem, contudo, muitas iam” (Comentário Bíblico Pentecostal. 1ª Edição. Volume 1. RJ: CPAD, 2009, p.331).
Ao escrever a sua segunda carta, o apóstolo Pedro exortou os cristãos a desejarem o crescimento: “Antes, crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele seja dada a glória, assim agora como no dia da eternidade. Amém!” (2Pe 3.18). O alvo do crente é o crescimento. Mas esse crescimento não acontece de qualquer forma; antes, ocorre nas esferas da graça e do conhecimento do Senhor. Crescimento sem conhecimento é uma deformação, assim como o é, também, o crescimento sem a graça.
O cristão deve atentar para o fato de que onde se privilegia apenas o conhecimento intelectual, sem a adição da graça, o levará a uma vida árida. Da mesma forma, esse mesmo crescimento, onde se privilegia apenas a revelação e menospreza a razão, o conduzirá ao fanatismo. O crente deve, a exemplo do seu Senhor, crescer de forma integral.
1° De que forma a lição mostra a
dimensão corpórea de Jesus?
Resp. A lição mostra que Jesus cresceu como
qualquer ser humano e, como tal, Jesus viveu os limites dessa dimensão
corpórea.
Resp. Os estudiosos observam que a família
hebraica obedecia à seguinte estrutura social: endógama — casam-se com
parentes; patrilinear — descendência pai-filho; patriarcal — poder do pai;
patriolocal — a mulher vai para a casa do marido; ampliada — reúne os parentes
próximos todos no grupo, e polígena — tem muitas pessoas.
Resp. As Escrituras mostram que Jesus tinha
total domínio sobre suas emoções. Ele não sofria de nenhum distúrbio mental ou
emocional.
Resp. Ilustra como um crescimento saudável,
perfeito.
Resp. Apesar de a resposta ser pessoal,
havendo entendido a lição é necessário que o aluno responda, mais ou menos,
nestes termos: É crescer de forma completa — corpo, alma, espírito.
SUBSÍDIOS ENSINADOR
CRISTÃO
A infância de Jesus
Nesta lição, devemos informar aos alunos que não existe nenhuma
narrativa extensa sobre a infância de Jesus na Bíblia. E se não está na Bíblia,
principalmente nos Evangelhos, não há outra fonte digna de confiança e
merecedora de crédito quanto à narrativa da infância de Jesus Cristo narrada
nas Sagradas Escrituras. Com essa afirmação queremos dizer que não há
informação digna de confiança porque os documentos extras bíblicos, que
reclamam tal status, e tentam dar conta desse lapso de tempo da infância
de Jesus, são bem posteriores aos Evangelhos, e foram influenciados pelo
gnosticismo, uma heresia combatida pela Igreja do primeiro século,
fundamentalmente por intermédio das cartas apostólicas.
Em segundo lugar, por falta de material sobre a infância de Jesus,
muitas são as especulações sobre ela, não contribuindo em nada para o nosso
conhecimento sobre o Senhor e a sua história como menino.É importante ressaltar na ministração da lição, a intenção do evangelista em destacar a infância de Jesus. Ao analisarmos o contexto das passagens que envolvem a infância e a adolescência do nosso Senhor, vemos que Lucas não tem o objetivo de descrever a infância de Jesus numa perspectiva biográfica. Embora haja dados biográficos no conteúdo, os Evangelhos não são relatos preponderantemente biográficos. E não apresenta uma preocupação cronológica com a estruturação das narrativas, embora o escrito lucano seja considerado, entre os Evangelhos, o mais cronológico.
O Evangelho de Lucas narra tudo o que sabemos sobre a infância e a adolescência de Jesus. O objetivo de o evangelista narrá-lo é o de apresentar a paternidade divina de nosso Senhor, pois Ele foi concebido no ventre de Maria pelo Espírito Santo. Nessa narrativa está presente “o anúncio do anjo Gabriel a Maria sobre o nascimento de Jesus” (Lc 1.26-38); “a história do nascimento de Jesus e a presença de anjos juntamente com os pastores de Belém” (Lc 2.1-20). Nosso Senhor foi uma criança comum, crescendo e desenvolvendo-se como qualquer criança da Antiga Palestina. Assim o texto lucano destaca a humanidade do nosso Senhor desde a tenra infância: “a apresentação do menino ao Senhor no Templo” (Lc 2.21-40); “e a única história do texto bíblico sobre Jesus na adolescência” (Lc 2.41-52). Portanto, a narrativa do nascimento de Jesus Cristo está alocada no Evangelho de Lucas como uma introdução de quem é a pessoa do meigo nazareno, destacando sua paternidade divina e a sua característica humana.
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