Lições
Bíblicas CPAD - Adultos
Título:
Maravilhosa Graça — O Evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos
Comentarista:
José Gonçalves
TEXTO ÁUREO: “Porque
o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas
debaixo da graça” (Rm 6.14).
VERDADE PRÁTICA: Cristo Jesus é a graça divina
manifestada em forma humana.
OBJETIVO GERAL: Mostrar que
Cristo Jesus é a graça divina manifestada em forma humana.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve
atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os
seus respectivos subtópicos.
I. Apresentar alguns dos inimigos da graça;
II. Mostrar a vitória da graça para com o domínio
do pecado;
III. Relacionar os frutos da graça.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Prezado professor, dando continuidade ao
estudo da Epístola aos Romanos, analisaremos nesta lição o capítulo seis. No
capítulo cinco Paulo trata da nossa justificação pela fé no sacrifício de Jesus
Cristo. No capítulo seis ele vai abordar a respeito da nova vida em Cristo. O
apóstolo mostra que o nosso velho homem já foi crucificado com Cristo. Não
somos mais escravos do pecado, pois este foi destruído na cruz. Pela fé
morremos para o pecado e como novas criaturas precisamos viver para Deus, em
obediência e santidade. Como novas criaturas não alcançamos a perfeição, somos
tentados e vivemos em um mundo que jaz no maligno, mas desde o momento que
tomamos a decisão de viver pela fé, para Cristo, somos livres do poder do
pecado, pois agora o próprio Cristo habita em nós (Gl 2.20).
INTRODUÇÃO
O capítulo cinco da Epístola aos Romanos mostra o triunfo da graça sobre
o pecado. Paulo já havia falado a respeito da justificação, mas o que
significava isso na prática? Que implicações teria na vida dos crentes? O
apóstolo não procurou filosofar a respeito da origem do pecado e suas
consequências. Ele buscou mostrar, de forma clara, como Deus resolveu essa
questão. A graça de Deus nos justificou, abolindo o domínio do pecado e
fazendo-nos viver livres em Cristo.
I. OS INIMIGOS DA GRAÇA
1. Antinomismo.
Paulo percebeu que a sua argumentação a respeito da graça poderia gerar
um mal-entendido. Por isso, tratou logo de esclarecer o seu pensamento a
respeito do assunto. Usando o método de diatribe, ele dialoga com um
interlocutor imaginário, procurando explicar de forma clara o seu argumento.
Paulo já havia dito que onde o pecado abundou, superabundou a graça (Rm 5.20).
Tal argumento seria uma afirmação ao estilo dos antinomistas, pois estes
acreditavam que podemos viver sem regras ou princípios morais.
2. Paulo não aceita e não confirma o antinomismo.
No antimonismo não há normas. Os que erroneamente aceitavam tal
pensamento acreditavam que quanto mais pecarmos mais graça receberemos. Em
outras palavras, a graça não impõe limite algum. Antevendo esse entendimento
equivocado, o apóstolo pergunta: “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado,
para que a graça seja mais abundante?” (Rm 6.1). A resposta é não! A graça não
deve servir de desculpa para o pecado.
Infelizmente, o antinomismo tem ganhado força em nossa sociedade,
passando a ser socialmente aceito até mesmo dentro das igrejas evangélicas.
Esta é uma doutrina venenosa, que erroneamente faz com que a graça de Deus
pareça validar todo tipo de comportamento contrário à Palavra de Deus. Em
geral, tal pensamento vem “vestido” de uma roupagem espiritual, porém o
antinomista costuma ser relativista quando se utiliza da expressão “não tem
nada a ver”.
3. Legalismo.
Em Romanos 6.15, o apóstolo tem em mente o judeu legalista, quando
pergunta: “Pois quê? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo
da graça? De modo nenhum!”. A doutrina da justificação pela fé,
independentemente das obras da lei, levaria o legalista a argumentar que Paulo
estaria ensinado que, em virtude de não estarmos mais debaixo da lei, então não
há mais obrigação alguma com o viver santo. Nesse caso, não haveria mais
nenhuma barreira de contenção contra o pecado. Na mente do legalista, somente a
lei de Moisés era o instrumento adequado para agradar a Deus. Isso justifica as
dezenas, e às vezes, centenas de preceitos que o judaísmo associou com o
Decálogo. Os legalistas criaram como desdobramento da lei 613 preceitos. A
teologia de Paulo irá ensinar que mesmo não estando mais debaixo da lei, o
cristão não ficou sem parâmetros espirituais. Pelo contrário, agora que ele tem
a vida de Jesus Cristo dentro de si, está capacitado a agradar a Deus, mesmo
sem se submeter à letra da Lei de Moisés.
SÍNTESE DO TÓPICO (I): O antinomismo
e o legalismo são inimigos da graça.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
[...] É preciso compreender e comparar dois aspectos da salvação, que
são: o aspecto legal e o aspecto ético e moral. No aspecto legal está a
justificação, que trata da quitação da pena do pecado. Significa que a
exigência da Lei foi cumprida. Porém, no aspecto moral, está a santificação que
trata da vivência cotidiana após a justificação. Como compreender então a
relação entre a justificação e a santificação?Em primeiro lugar, a santificação trata do nosso estado, assim como a justificação trata da nossa posição em Cristo. Observe isto: Na justificação somos declarados justos. Na santificação nos tornamos justos. A justificação é a obra que Deus faz por nós como pecadores. A santificação diz respeito ao que Deus faz em nós. Pela justificação somos colocados numa correta e legal relação com Deus. Na santificação aparecem os frutos dessa relação com Deus. Pela justificação nos é outorgada a segurança. Pela santificação nos é outorgada a confiança na segurança. Em segundo lugar, a santificação envolve, também, o aspecto posicional. Na justificação o crente é visto em posição legal por causa do cumprimento da Lei, na santificação o crente é visto em posição moral e espiritual. Posicionalmente, o crente é visto nesses dois aspectos abordados que são: o legal e o moral. Legalmente, ele se torna justo pela obra justificadora de Jesus Cristo. Moralmente, ele se torna santo por obra do Espírito Santo” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2005, pp.73,74).
II. A VITÓRIA DA GRAÇA
1. A graça destrói o domínio do pecado.
Para Paulo, o pecado era como um tirano impiedoso que não poupava seus
súditos. Ele reinou desde que entrou no mundo e seu domínio parecia não ser
ameaçado. O pecado dominou os que não estavam debaixo da Lei e dominou também
os que estavam sob sua égide. Não havia escapatória. Por causa do “velho
homem”, uma expressão que para Paulo é sinônimo de natureza caída e pecaminosa,
que esse iníquo tirano conseguia reinar. Como se libertar, então, desse tirano?
Paulo mostra que a solução de Deus foi aquilo que lhe servia de base de
sustentação, o corpo do pecado: “Sabendo isto: que o nosso velho homem foi com
ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não
sirvamos mais ao pecado” (Rm 6.6). O “corpo do pecado” significa mais do que
simplesmente o corpo físico, mas o corpo como algo que instrumentaliza o pecado
e que precisava ser destruído. A palavra grega katargeo, traduzida em
Romanos 6.6 como destruído, possui o sentido de destronado ou tornado
inoperante. Foi, portanto, através da cruz de Cristo que esse tirano foi
destronado e teve seu domínio desfeito. A graça de Deus triunfou sobre o
pecado. Glória a Deus pelo seu dom inefável (1Co 9.15).
2. A graça destrói o reinado da morte.
O apóstolo mostra que o reinado do pecado e seu domínio
caracterizaram-se pela morte. “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom
gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23).
Não há lugar nesse mundo onde não se sinta as consequências do pecado.
3. A graça e os efeitos do pecado.
Os efeitos do pecado podem ser vistos por toda parte. Podemos vê-los nas
catástrofes naturais, nas guerras, homicídios, estupros e abortos. O pecado
traz a marca da morte. Tanto a morte física, como a morte espiritual, o
afastamento de Deus, são consequências do pecado. Nada podia destruir esse
domínio tenebroso do pecado e fazer parar seus efeitos. Todavia, Paulo mostra
que a Graça de Deus invadiu o domínio do pecado e destruiu seu principal trunfo
— o poder sobre a morte. A graça de Deus, presente na ressurreição do Senhor
Jesus, destruiu o poder sobre a morte física e essa mesma graça, quando nos
reconcilia com Deus, destrói o poder da morte espiritual.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
No segundo tópico estudamos a respeito de dois inimigos da graça: o
antinomismo e o legalismo. Se desejar, leia para os alunos a seção
"Conheça Mais" que apresenta uma definição para o termo. Quando ao
legalismo, se desejar leia o subsídio abaixo a fim de que os alunos compreendam
o termo.“[Do lat. legale + ismo] Tendência a se reduzir a fé cristã aos aspectos puramente materiais e formais das observâncias, práticas e obrigações eclesiásticas.
No Novo Testamento, o legalismo foi introduzido na Igreja Cristã pelos crentes oriundos do judaísmo que, interpretando erroneamente o Evangelho de Cristo, forçavam os gentios a guardarem a Lei de Moisés.
Contra o legalismo, insurgiu-se Paulo. Em suas epístolas aos gálatas e aos romanos, o apóstolo deixou bem claro que o homem é salvo unicamente pela fé em Cristo Jesus, e não pelas obras da Lei” (ANDRADE, Claudionor Corrêa de Andrade. Dicionário Teológico. 17ª Edição. RJ: CPAD, 2008, p.251).
III. OS FRUTOS DA GRAÇA
1. A graça liberta.
A graça é libertadora (Rm 6.14) e produz frutos para a nossa
santificação: “Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes
o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna” (Rm 6.22). Somente a
graça seria capaz de desfazer o domínio do pecado. A Bíblia afirma que quem
comete pecado é escravo do pecado (Jo 8.34). E mais, o escravo não possuía
domínio sobre o seu arbítrio. Essa situação mudou quando a graça, revelada na
pessoa de Jesus Cristo, entrou na história e desfez o domínio do pecado. Paulo
afirmou que o “pecado não terá domínio sobre nós”. Somos livres em Cristo. Essa
liberdade é uma realidade na vida do crente: “Estai, pois, firmes na liberdade
com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão”
(Gl 5.1).
2. Exigências da graça.
A graça liberta, mas ao mesmo tempo tem suas exigências. Isso fica claro
pelo uso dos termos considerar (6.11), que no original (logizomai)
significa reconhecer, tomar consciência: “Assim também vós
considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus,
nosso Senhor” (Rm 6.11). Em Romanos 6.13 a palavra “apresentar” (gr. paristemi),
significa colocar-se à disposição de alguém: “Nem tampouco apresenteis
os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos
a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos
de justiça” (Rm 6.13).
3. A graça santifica.
Paulo revela que um dos efeitos imediatos da graça é a justificação e o
outro é a santificação: “Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de
Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna” (Rm
6.22). A palavra “santificação”, que traduz o grego hagiasmos mantem o
sentido de “separação”. A graça nos libertou e nos separou para Deus. A
santificação aparece aqui nesse texto como um fruto da graça. No ensino de
Paulo a santificação ocorre em dois estágios. Primeiramente somos santificados
em Cristo quando o confessamos como Salvador de nossas vidas. Na teologia
bíblica isso é conhecido como santificação posicional. Por outro lado,
não podemos nos acomodar, mas procurar a cada dia nos santificar, isto é, nos
separar para Deus. Essa é a graça progressiva, aquilo que existe como um
processo na vida do crente.
SÍNTESE DO TÓPICO (III): Dois são os
frutos da graça, a liberdade em Jesus Cristo e a santificação.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
Consagração do corpo mortal
Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que
obedeçais às suas paixões’ (Rm 6.1). Entendemos que o pecado opera por meio do
corpo. Da mesma forma que o corpo pode ser consagrado a Deus (Rm 12.1), pode
também ser dedicado ao pecado. É claro que o corpo, por si mesmo não pode fazer
nada, pois é controlado pela mente. Entretanto, quando o pecado domina a mente
do homem, ele controla as ações do corpo. A mente pertence ao domínio da alma
humana, e quando a primeira alma inteligente (Adão — Rm 5.12) pecou, todo o seu
corpo foi dominado pelo pecado. Quando Paulo exorta os que já haviam
experimentado a regeneração dizendo: ‘Não reine o pecado em vosso corpo
mortal’, ele estava mostrando aos crentes, romanos que, uma vez que foram
justificados, resta-lhes agora viver como tais, na santificação do Espírito”
(CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª
Edição. RJ: CPAD, 2005, p.77).
CONCLUSÃO
Vimos nesta lição quem são os inimigos da graça, conhecemos a vitória da
graça e os seus frutos. Tudo que temos e tudo que somos só foram possíveis pela
graça de Deus. Essa graça é que trouxe salvação. “Porque a graça salvadora de
Deus se há manifestado a todos os homens”. Que venhamos viver segundo a
recomendação de Tito, renunciando à impiedade e vivendo neste presente século
de forma sóbria, justa e piamente (Tt 2.11,12).
A respeito da Carta aos Romanos, responda:
1° Segundo a lição, cite dois inimigos da graça.
Resp:
Antinomismo e legalismo.
2° Em que os antinomistas acreditavam?
Resp:
Os que erroneamente aceitavam tal pensamento acreditavam que quanto mais
pecarmos mais graça receberemos. Em outras palavras, a graça não impõe limite
algum.
3° Para o legalista qual era o único instrumento adequado para agradar a
Deus?
Resp:
Na mente do legalista, somente a lei de Moisés era o instrumento adequado para
agradar a Deus.
4° Segundo a lição, o que a graça de Deus destrói?
Resp:
A graça destrói o domínio do pecado.
5° Qual fruto a graça produz no crente?
Resp:
Os frutos da liberdade e da santificação.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A maravilhosa Graça
O obstáculo à mensagem da Graça de Deus
Um dos maiores obstáculos sobre o ensino do apóstolo Paulo quanto à
maravilhosa graça de Deus é a confusão feita com o Antinomismo. O prezado
professor já deve ter se interado das implicações imorais que o Antinomismo
traz às vidas das pessoas. A ideia do Antinomismo é promover a extinção de
quaisquer espécies de preceitos morais em forma de lei a ser seguida. De modo
que se qualquer cristão exigir o mínimo de um comportamento moral do outro,
logo ele será denominado moralista, no sentido mais pejorativo do termo.
É claro que o apóstolo Paulo não estava ensinando no capítulo 6 a
extinção de quaisquer aspectos de ordem moral. Quem criou essa confusão foram
os intérpretes de Paulo, mais vinculados às doutrinas do Gnosticismo, ao ponto
de defenderem a estapafúrdia ideia de que quanto mais “o crente pecar mais a
graça o alcançará”, uma interpretação transloucada de Romanos 5.20b: “Mas, onde
o pecado abundou, superabundou a graça”.
A analogia entre Adão e Cristo
Ora, qualquer estudante sério das Escrituras sabe que o versículo acima
é a culminação da analogia de que o apóstolo faz entre Cristo e Adão (de acordo
com o que estudamos na lição 4). Bem como explicou o erudito John Murray, a
entrada e a universalidade totalitária do pecado neste mundo, bem como o juízo
e a morte, estão ambos vinculados à pessoa de Adão (onde o pecado
superabundou). Entretanto, a entrada da justiça divina, o predomínio da graça,
da justificação, retidão e da verdadeira vida estão ligadas a Jesus Cristo
(onde superabundou a graça). Neste aspecto, o apóstolo quer mostrar que a
história da humanidade gira em torno desses dois eixos, Adão e Jesus.A doutrina da maravilhosa graça de Deus nos mostrará que o homem dominado pelo pecado só pode ser livre desse domínio pela graça divina. Neste sentido, ela é libertadora, pois livra o ser humano do senhorio do mal; ela é vida, pois destrói o reinado da morte; ela é eterna, pois faz o ser humano levantar-se da morte para a vida plena.
O ser humano nascido de novo tem gerado dentro dele uma nova consciência que, mesmo quem não conheceu a Lei de Moisés, manifesta a ética e o comportamento baseado no Amor de Deus de maneira consciente e sincera (Gl 5.22-24). Ou seja, o Espírito Santo é quem convenceu este ser humano do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-11). Por isso, a graça é maravilhosa!