Lições
Bíblicas CPAD - Adultos
Título:
Maravilhosa Graça — O Evangelho de Jesus Cristo revelado na carta
aos Romanos
Comentarista: José
Gonçalves
TEXTO ÁUREO: “Como está
escrito: Não há um justo, nem um sequer” (Rm 3.10).
VERDADE PRÁTICA: O pecado manchou toda a raça humana e somente o
sangue de Cristo é suficiente para purificá-la.
OBJETIVO GERAL: Mostrar que o pecado
manchou toda a raça humana, por isso, todos necessitam de salvação.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se
ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I
refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Apontar a necessidade de salvação dos gentios;
II. Mostrar a necessidade de salvação dos judeus;
III. Explicar a necessidade de salvação da humanidade.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Adão e
Eva pecaram ao desobedecer a Deus. O pecado deles afetou toda a humanidade, por
isso, as Escrituras afirmam que “todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus” (Rm 3.23). O castigo para o pecado é a morte, porém Deus por sua infinita
graça, amor e misericórdia, enviou seu filhos Jesus Cristo ao mundo para morrer
por nossos pecados. O Filho de Deus morreu pelos judeus e gentios, pois ambos
necessitam de salvação. Somente Jesus Cristo pode salvar o homem libertando-o
do pecado. A salvação não pode ser alcançada pelo cumprimento da Lei ou por
qualquer tipo de esforço ou sacrifícios humanos. Somos libertos do poder do
pecado unicamente pela graça de Jesus Cristo.
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje teremos a
oportunidade de compreender que o pecado, em sua universalidade, atingiu os
gentios, os judeus e toda a raça humana. Todos ficaram debaixo do impiedoso
jugo do pecado. A necessidade de uma salvação universal, na pessoa de nosso Senhor
Jesus Cristo é um tema bastante claro na argumentação do apóstolo Paulo em
Romanos 1.18 a 3.20.Paulo nos mostra em Romanos que tanto os pagãos, que estavam nas trevas do pecado, quanto os judeus, que se orgulhavam de possuir a Lei divina entregue a Moisés no Sinai, estão sob o domínio do pecado. Veremos nesta lição que somente a revelação da justiça de Deus em Cristo Jesus é suficiente para salvar tanto os judeus quanto os gentios.
PONTO CENTRAL: O pecado afetou toda a raça humana, por isso, todos precisam de
salvação.
I. A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DOS GENTIOS (Rm
1.18-32)
1. A rejeição.
Ao dar início a sua argumentação
em Romanos 1.18-32, o apóstolo tem em mente a triste situação na qual se
encontra o mundo gentílico. Esse estado de insensibilidade frente à realidade
das coisas espirituais foi proporcionado pela ignorância na qual eles viviam. O
pecado os havia lançado para longe de Deus. Quanto mais distante do Criador,
mais o pecado manifesta os seus tentáculos e ganha força. Essa atitude de rebelião
contra Deus culmina na idolatria, ou seja, coloca a criatura em lugar do
Criador. O homem, com suas paixões e concupiscências, e não Deus se torna o
centro da existência: “E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança
da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis” (Rm
1.23). A ignorância espiritual conduz à idolatria religiosa.
2. A revelação.
Se o mundo está em trevas, Deus
não pode ser responsabilizado por isso. Esta é a argumentação de Paulo aos
romanos. Deus sempre se revelou aos homens ao longo da história. Aqui fica
evidente que o Senhor se deu a conhecer através das coisas criadas (Rm 1.20).
Essa revelação natural, também denominada na teologia bíblica de “revelação
geral”, é uma testemunha contra a falta de sensibilidade da criatura diante do
seu Criador. Embora o homem não possa conhecer a Deus perfeitamente através da
revelação natural ou geral, conhecimento que só se torna possível através da
revelação especial de Deus, Jesus Cristo, todavia ele deveria se sentir
despertado para a realidade espiritual através das coisas criadas (Rm 1.21).
3. A punição.
Os versículos 22 até o 32 do
capítulo primeiro de Romanos revelam as consequências do pecado na vida dos
homens. Eles tiveram a oportunidade de glorificar a Deus, mas não o fizeram (Rm
1.21), e agora colhem os maus frutos dessa obstinação. A expressão “Deus os
entregou” não tem o sentido de causalidade, o que demonstra que Deus não é o
responsável por essa obstinação humana. Ele apenas permitiu que os homens, como
consequência de suas próprias ações e escolhas, andem nos seus próprios
caminhos. Todavia, precisam saber que serão responsabilizados por isso. E de
fato o foram. Paulo destaca que essa atitude reprovada cegou os homens,
lançando-os na insensatez da idolatria, pois trocaram o Criador pela criatura
(Rm 1.23). Depois os levou ao desvio da sexualidade (Rm 1.26,27) e, por último,
fez com que eles adotassem uma diversidade de vícios morais e sociais (Rm
1.28-32).
SÍNTESE DO TÓPICO (I): Os gentios necessitam de
salvação, pois também foram afetados pela Queda.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
Paulo retratou claramente a
inevitável decadência em direção ao pecado. Primeiro, as pessoas rejeitaram a
Deus; em seguida, elaboraram seu conceito de como Ele deveria ser; depois cede
a toda espécie de iniquidades: ganância, ódio, inveja, crimes, lutas, engano,
malícia; finalmente, chegam a odiar a Deus e a encorajar os outros a fazerem o
mesmo. Mas Ele não é o agente dessa progressão em direção ao mal. Quando as
pessoas o rejeitam, Deus permite que elas vivam como desejam. Permite que
experimentem as consequências naturais dos pecados que praticam. Uma vez preso
nesse movimento descendente rumo ao pecado, ninguém poderá libertar-se por suas
próprias forças. Os pecadores devem confiar somente em Cristo para libertá-los
da destruição” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RJ: CPAD, p.1553).
II. A NECESSIDADE DE SALVAÇÃO DOS JUDEUS (Rm 2.1 —
3.8)
1. Os judeus em relação aos gentios.
Paulo valeu-se do método de diatribe na carta aos Romanos, pois
tal recurso permitia que ele dialogasse com os leitores. É de imaginar que um
judeu, quando lesse o que Paulo dissera anteriormente sobre o mundo gentílico,
ficasse eufórico pelo tom duro adotado no discurso de Paulo. Os gentios, de
fato, encontravam-se numa situação deplorável diante de Deus. Entretanto, os
judeus moralistas não estavam em melhor situação (2.1-16). Eles também eram
igualmente condenáveis diante de Deus (Rm 2.1-3). Eles condenavam os gentios,
mas praticavam pecados semelhantes. Por isso, eram carentes da graça de Deus da
mesma forma.
2. Os judeus em relação à Lei.
Outro aspecto da argumentação do
apóstolo em relação aos judeus encontra-se nos versículos 17-29 do capítulo 2
de Romanos. Paulo sabia que todo judeu se orgulhava da Lei que lhes fora
outorgada no Sinai (Rm 2.17,18). Ao contrário dos gentios que possuíam apenas a
revelação natural, a eles fora dado também a Lei. Contudo, havia uma
incongruência entre o conhecer a Lei e o praticá-la. Apenas o conhecimento da
letra da Lei, sem a devida interiorização das suas normas e preceitos, conduziu
o judaísmo a um moralismo estéril e farisaico. Nesse aspecto, de nada adiantava
conhecer a Lei e não vivê-la (Rm 2.28,29). O judeu se tornara tão culpável
quanto o gentio. Infelizmente, é ainda exatamente assim que muitos cristãos
agem.
3. Os judeus em relação à aliança.
A pergunta que todo judeu faria
Paulo fez para logo depois dar a resposta: “Qual é, logo, a vantagem do judeu?
Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira, porque,
primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas” (Rm 3.1,2). Mesmo tendo
afirmado anteriormente que o que vale mesmo é a circuncisão do coração, o
apóstolo não nega os privilégios de pertencer ao povo de Deus (Israel). Isso é
mostrado no privilégio que eles tiveram de serem os despenseiros dos mistérios
de Deus. A palavra grega logion, traduzida aqui como “palavras de Deus”,
significa oráculo. A expressão refere-se é a revelação da Lei que Deus
deu a Israel no Sinai. Era uma alta honra ter sido escolhido dentre todas as
nações para ser despenseiro dos mistérios de Deus. Todavia, como bem observou
F. F. Bruce, essa alta honra levava consigo uma grande responsabilidade. Se se
mostrassem infiéis à confiança depositada neles, seu caso seria pior do que o
das nações as quais Deus não se tinha revelado.
SÍNTESE DO TÓPICO (II): Os judeus, embora fosse
o povo escolhido de Deus, também necessitam de salvação.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
Bem sabemos que o juízo de Deus é
segundo a verdade (Rm 2.2). Que podemos entender nessa declaração? O julgamento
de Deus é instituído aqui em razão dos pecados do paganismo e do falho
moralismo dos judeus em condenar os gentios. A questão da condenação do pecado
é uma só para todos. Uma vez que tenha pecado, qualquer um incorre na
condenação de Deus. Paulo declara que os gentios pecaram (1.18-32) e os judeus
também pecaram (2.17 — 3.8). Portanto, uma vez que, tanto judeus como gentios
pecaram, todos carecem da justiça de Deus (3.9-20).O judeu cria que possuía privilégio especial, e por isso poderia escapar do juízo já conhecido para os gentios, mas a realidade era que o juízo seria ‘segundo a verdade’. Esta expressão ‘segundo a verdade’ significa que o julgamento divino seria conforme a culpa de cada um, baseada nos pecados cometidos por cada um. O judeu interpretava erradamente a misericórdia, pois imaginava como um ato de tolerância divina com o pecado.
[...] Deus demonstrou aos judeus sua ‘bondade, tolerância e longanimidade’, a fim de que eles deixassem o pecado e se arrependessem. Mas não fizeram caso dessas ‘riqueza’ (2.4) e, por isso, por sua ‘dureza e impenitência’ (falta de arrependimento), e por julgarem negativamente o propósito divino, entesouraram para si ‘ira para o dia da ira’ (2.5). Qual é o dia da ira? É o dia do ajuste de contas. É o dia quando a balança julgadora de Deus vai pesar nossos atos e, mediante seu peso, serão julgados. É o dia da retribuição ao pecado e da sua inevitável punição” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição.ed. RJ: CPAD, 2005, pp.39-40).
III. A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DA HUMANIDADE (Rm
3.9-20)
1. A universalidade e o jugo do pecado. A argumentação de Paulo em Romanos 3.9-20 é que tanto os gentios como os judeus sem Cristo estão debaixo da condenação do pecado (Rm 3.9). A raça humana sem Cristo está sob o domínio do pecado. A expressão grega hüpo hamartían, traduzida como “debaixo do pecado”, tem o seguinte sentido: no poder de, debaixo da autoridade de. Essa mesma construção gramatical ocorre em Mateus 8.9. Nessa passagem encontramos o centurião dizendo: tenho soldados hüpo emautón (por debaixo de mim), que em português tem o sentido de às minhas ordens. A ideia de Paulo é mostrar que a humanidade em seu estado natural, separada de Cristo, portanto, sob o domínio do pecado, é incapaz de libertar-se por si mesma.
2. Valores e comportamentos.
Outras duas verdades que podemos
perceber na argumentação de Paulo em Romanos 3.10 a 18, estão relacionadas com
o caráter e a conduta. O pecado distorceu valores e comportamentos na
sociedade. Valores invertidos são marcas de uma humanidade caída. Somente em
Cristo eles podem ser reorientados.
SÍNTESE DO TÓPICO (III): Todos, judeus e gentios,
pecaram e necessitam da salvação que só pode ser encontrada em Jesus Cristo.
SUBSÍDIO
BIBLIOLÓGICO
Não há um justo, nem um sequer
(3.9-18). Paulo havia argumentado que tanto os judeus quanto os gentios haviam
pecado, e não alcançaram a glória de Deus. Agora ele prova essa observação
citando vários Salmos. Seus leitores judeus poderiam rejeitar seu argumento,
mas dificilmente rejeitariam o veredicto das palavras que eles sabem que são
palavras de Deus.‘Tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus’ (3.19,20). A palavra bupodikos foi usada no sentido legal de ‘passível de punição’. A lei moral, na qual esperam o judeu e o gentio de boa moral, provou não ser uma fonte de esperança, e sim o padrão pelo qual foi estabelecido o insucesso deles. “Assim, a lei não é marco de estrada nos direcionando a recompensa divina, mas espelho que, quando usado corretamente, nos revela nossos pecados” (RICHARDS, Lawrence. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.292).
CONCLUSÃO
A universalidade do pecado, isto
é, que todos os homens estão debaixo da condenação eterna, é uma doutrina
claramente demonstrada na Epístola aos Romanos. Por outro lado, o
universalismo, doutrina herética que afirma que todos os homens,
independentemente se acreditam em Cristo ou não, no fim de tudo, serão salvos,
é claramente rejeitada nessa mesma carta.Cabe a nós, portanto, conhecedores desses fatos, viver essa bendita salvação e compartilhá-la com quem ainda não a possui.
PARA REFLETIR
A respeito da Carta aos Romanos, responda:
1° Segundo a lição em que culmina a atitude de
rebelião contra Deus?
Resp: Essa atitude de rebelião contra Deus culmina com a adoração idólatra
que põe a criatura em lugar do Criador.
2° A ignorância espiritual conduz a quê?
Resp: A ignorância espiritual conduz à idolatria religiosa.
3° Os judeus moralistas estavam em melhor situação
espiritual que os gentios?
Resp: Não. A argumentação de Paulo é que tanto os gentios como os judeus sem
Cristo estão debaixo da condenação do pecado (Rm 3.9).
4° O que produziu o conhecimento da Lei, sem a
devida interiorização das normas e preceitos?
Resp: Apenas o conhecimento da letra da Lei, sem a devida interiorização das
suas normas e preceitos, conduziu o judaísmo a um moralismo estéril e
farisaico.
5° Segundo Paulo, qual a vantagem de ser judeu?
Resp: “Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus
lhe foram confiadas” (Rm 3.1,2).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A necessidade universal da Salvação em Cristo
Caro professor, abordaremos a
seção da Epístola aos Romanos que se inicia em Romanos 1.18 e se encerra em
3.9. Observando a estrutura da lição ora estudada: I. A necessidade da salvação dos gentios
II. A necessidade da salvação dos judeus
III. A necessidade da salvação da humanidade
Percebemos que o comentário segue
a estrutura que o apóstolo Paulo estabeleceu nesta seção de Romanos, 1.18-3.9.
E fundamental que a organização da estrutura da epístola esteja bem clara em
sua mente.
Sobre os gentios
Na seção de Romanos 1.18-32, é
demonstrada com muita clareza a situação dos gentios diante de Deus. Eles não
reconheceram a Deus, que se manifestou por intermédio da criação, fazendo que o
Pai Celestial os entregasse “aos desejos dos seus corações, à impureza”. Esta
expressão é uma das mais importantes no desenvolvimento da explicação de Paulo
em relação à situação dos gentios. Os principais estudiosos dessa epístola
concordam que a expressão “Deus os entregou” não tem o sentido de uma condição
“decretada” por Deus para que os gentios jamais se arrependessem, mas, pelo
contrário, seria uma deliberação divina permitindo que o gentio seguisse o seu
próprio caminho de futilidade de vida, aprofundando mais no pecado e na
imundícia, pois na verdade esta seria uma consequência natural de escravidão do
pecado. Como frisa C. E. B Cranfield, esta condição não seria um “privilégio”
só dos gentios, mas de toda a humanidade, mostrando assim que a sessão 1.18-32
também engloba a realidade dos judeus, que, de maneira oculta, repetia o
caminho dos gentios (2.1). Ou seja, ainda assim Deus não perderia de vista a
possibilidade do mais vil pecador se arrepender, pois Ele quer que todos os
homens sejam salvos (1Tm 2.4).
Sobre os judeus
Ora, a eleição dos judeus como
povo de Deus deveria lhes trazer humildade, gratidão e quebrantamento. Mas
aconteceu o contrário. A soberba, a ingratidão e a dura cerviz fizeram com que
esse povo vivesse de maneira hipócrita perante Deus. Enquanto criticava os
gentios, ele ocultamente vivia os caminhos do ser humano escravo do pecado. Por
isso, o homem judeu não tinha a desculpa de ser filho de Abraão, pois na
prática era filho do pecado: “Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela
transgressão da lei? Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado
entre os gentios por causa de vós” (Rm 2.23,24 cf. vv.17-22).
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