LIÇÕES BÍBLICAS CPAD / ADULTOS
Título: O
Caráter do Cristão — Moldado pela Palavra de Deus e provado como ouro
Comentarista: Elinaldo
Renovato
TEXTO ÁUREO: “Pela fé,
Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou
testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e, por ela,
depois de morto, ainda fala” (Hb 11.4).
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que
o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao
tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Reconhecer o valor da oferta de Abel;
II. Mostrar a injustiça de Caim contra Abel;
III. Explicar porque Abel foi um homem que agradou a Deus.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Abel
tinha um caráter justo, oposto ao do seu irmão Caim. Adão e Eva devem ter dado
a mesma educação aos dois filhos, todavia o ensino dos pais não foi e não é
suficiente para moldar o caráter dos filhos. O ensino e o exemplo dos pais são
importantes para a formação de um caráter saudável, mas somente Jesus pode
transformar o verdadeiro eu, a nossa natureza adâmica. Caim tinha um coração
mau, dominado pelo ódio e pela inveja, por isso, teve o seu sacrifício
rejeitado. Deus não olhou e não olha para a oferta em si, porque o mais
importante é o coração, o caráter do ofertante. Por isso, Jesus declarou:
“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu
irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai
reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta”
(Mt 5.23,24). Jamais poderemos comprar a Deus ou impressioná-lo com as nossas
ofertas, pois tudo que existe nos céus e na Terra pertence a Ele. O Senhor não
deseja apenas a nossa oferta, Ele almeja ser o primeiro em nossos corações.
Somente quando Ele tem o primeiro lugar pode-nos transformar e fazer de nós
pessoas melhores, cujo caráter revele a sua glória.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos o
caráter de Abel, o segundo filho de Adão e Eva. Abel nasceu depois da Queda e,
com certeza, conhecia a vontade de Deus para a humanidade. Veremos que Abel
tinha um caráter espiritual e digno. Conduzia-se de modo correto, demonstrando
ter um relacionamento saudável com Deus e um coração bondoso, por isso, sua
oferta foi aceita pelo Senhor.
1. Uma oferta agradável a Deus.
Deus não atento para o valor da
oferta, mas para o coração do ofertante, sua real intenção. A oferta de Abel
foi aceita pelo Senhor porque seu coração era sincero e cheio de amor. Suas
obras eram justas (Hb 11.4). Ele era um homem íntegro e fiel. Deus dá muito
valor à integridade do coração, por isso, Ele elogiou Jó perante Satanás,
dizendo: “[...] Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem sincero, e
reto, e temente a Deus, e desviando-se do mal” (Jó 1.8). A oferta só tem valor
quando expressa o que está no íntimo de quem a oferece. A oferta de Abel foi
agradável porque ele adorava a Deus “em espírito e em verdade” (Jo 4.24).
2. Uma oferta profética.
Talvez a oferta de Abel tenha
sido o primeiro sacrifício de animal a ser oferecido a Deus em forma de
gratidão ao Senhor. Abel sentiu o desejo de oferecer o que tinha de melhor de
seu trabalho em gratidão a Deus. A morte do cordeiro ou de uma ovelha, dos
primogênitos do rebanho de Abel, sem dúvida prefigurava o sacrifício de Cristo,
que se ofereceu a si mesmo imaculado em nosso lugar (Hb 9.14), como o “Cordeiro
de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).
3. Uma oferta valiosa.
Abel adorou a Deus oferecendo o melhor de seu
rebanho. Ele não ofereceu um sacrifício qualquer, mas dentre os primogênitos do
seu rebanho: “E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua
gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta” (Gn 4.4). Notemos
que Deus atentou primeiro “para Abel” e, depois, “para a sua oferta”. “Pela fé,
Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou
testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e, por ela,
depois de morto, ainda fala” (Hb 11.4). Foi tão grande o valor da oferta de
Abel que “por ela, depois de morto, ainda fala”! Jesus deu testemunho de Abel,
considerando-o “o justo” (Mt 23.35). Tal declaração, feita por Jesus, demonstra
quão elevado era o caráter santo de Abel. Somente o sangue de Cristo foi
considerado o que “fala melhor que o de Abel” (Hb 12.24).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
A história dos primeiros dois
rapazes nascidos a Adão e Eva realça as repercussões do pecado dentro da
unidade familiar. Caim e Abel tinham temperamentos notavelmente opostos. Caim
gostava de trabalhar com plantas. Abel gostava de estar com animais. Ambos
tinham uma disposição de espírito religioso.Os filhos de Adão levaram sacrifícios ao Senhor, o primeiro incidente sacrificial registrado na Bíblia. Que Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da gordura não quer dizer necessariamente que animais são superiores a plantas para propósitos sacrificiais. Por que atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta fica evidente à medida que a história se desenrola. A primeira pista aparece quase imediatamente. Caim não suportava que algum outro ficasse em primeiro lugar. A preferência do Senhor por Abel encheu Caim de raiva. Só Caim podia ser o ‘número um’.
O Senhor não estava ausente na hora da adoração. Ele abordou Caim e lhe deu um aviso. Deus não o condenou diretamente, mas por meio de um jogo de palavras informou Caim que ele estava em real perigo. Em hebraico, a palavra aceitação é, literalmente, levantamento, e está em contraste com descaiu. Um olhar abatido não é companhia adequada de uma consciência pura ou de uma ação correta. O ímpeto das perguntas de Deus era levar Caim à introspecção e ao arrependimento (Comentário Bíblico Beacon. 1ª Edição. Volume I. RJ: CPAD, 2005, p.43).
1. Abel
era um homem justo.
“Pela fé, Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual
alcançou testemunho de que era justo” (Hb 11.4; Mt 23.35). Em toda a sua vida,
demonstrou ser homem de bem, que andava em retidão, de caráter ilibado e reconhecido
por Deus. Abel representa a parte da humanidade que se volta para Deus, e é
formada de homens justos. Caim representa a parte má da humanidade, que dá as
costas para Deus e busca os seus próprios interesses. Abel era justo, e morreu
injustamente por permissão de Deus.
2. Abel, o primeiro mártir.
Abel foi o primeiro pastor de
ovelhas; o primeiro a oferecer sacrifício de animais no culto a Deus; foi o
primeiro homem justo e também o primeiro mártir. Sua morte foi à primeira em conseqüência
do pecado dos seus pais. O primeiro homem a ser morto por seu próprio irmão.
Ele foi o primeiro a entrar para a galeria dos mártires por causa de sua fé e
também o primeiro a ter seu nome registrado na galeria dos heróis da fé (Hb
11.4). Jesus foi morto por inveja: “Porque ele bem sabia que, por inveja, os
principais dos sacerdotes o tinham entregado” (Mc 15.10). Da mesma forma que
Jesus, Abel foi morto por inveja. Seu irmão ficou irado pelo fato de Deus ter
aceitado a oferta de Abel. Tomado de ódio, assassinou friamente o seu irmão,
sem lhe dar chance de defesa. Hoje, seu crime seria considerado homicídio
qualificado, com dolo, por motivo torpe.
3. O sangue de Abel.
Quando Caim matou Abel, o
enterrou para não ter seu crime descoberto. Mas, para Deus que tudo vê (Gn
16.13), nada pode ficar em oculto. Jesus disse: “Porque nada há encoberto que
não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser
descoberto” (Mc 4.22). Ao longo da história crimes foram cometidos em oculto.
Mas, no Juízo Final, os “Cains” de todos os tempos serão confrontados pelo
Supremo Juiz do Universo. “E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão?
E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?” (Gn 4.9). Caim teve a
audácia de mentir diante de Deus e ainda de afrontá-lo sobre a guarda do irmão.
Mas o Criador o inquiriu gravemente e declarou a sentença de juízo e maldição
contra o criminoso: “E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão
clama a mim desde a terra” (Gn 4.10). Onde houve um crime de morte, um assassinato,
o sangue clama. Clama por justiça. O sangue de Abel clamava por justiça e por
vingança, diferente do sangue de Cristo, que clamava por perdão.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor reproduza o quadro
abaixo. Utilize-o para ressaltar as características de Abel e as lições que
podemos extrair de sua vida e conduta. Mostre que embora os dois irmãos tenham
tido a mesma criação, o coração de Caim era mau. A educação dos pais é importante
para a formação do caráter cristão, mas não é fator determinante, pois temos
livre-arbítrio para fazermos escolhas, ainda que erradas, como fez Caim.
III. UM HOMEM QUE AGRADOU A DEUS
1. Abel soube agradar a Deus.
Certamente, Adão e Eva criaram seus filhos, na perspectiva de serem
servos de Deus. Eles tiveram não só Caim e Abel, mas muitos filhos e filhas (Gn
5.1-5). O episódio envolvendo Caim e Abel é o mais destacado, na história de
Adão depois da Queda.
2. Abel buscou a Deus.
O relato bíblico nos autoriza
dizer que Abel buscou a Deus com mais afinco e amor. E entendeu que seu
sacrifício deveria ser do melhor do que possuía. Que Deus nos guarde, e nos dê
sabedoria e amor para oferecermos sempre “sacrifício de louvor” (Sl 50.14). Um
louvor que custe devoção, sinceridade, santidade, no altar da adoração a Deus.
3. Caim agradou ao Diabo.
Seu caráter foi deformado porque
ele deu lugar ao Diabo. Encheu-se de inveja, quando percebeu que Deus aceitara
o sacrifício do irmão e não o seu. A inveja é tão prejudicial que provoca
“podridão dos ossos” (Pv 14.30). A ira, por sua vez, é um sentimento carnal que
se transforma em ódio, agressão e crime. É um sentimento perigoso e destrutivo:
“Porque a ira destrói o louco; e o zelo mata o tolo” (Jó 5.2). Ao invés de
buscar a Deus, Caim deu lugar ao maligno. “Não como Caim, que era do maligno e
matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más, e as
de seu irmão, justas” (1Jo 3.12).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Abel
Toda criança que conhece a
Bíblia e todo adulto que já entrou pelas portas de uma igreja sabe o nome desse
segundo filho. Ele é o primeiro inocente a sofrer, um jovem cuja vida foi
extinta pela explosão de ciúmes de seu próprio irmão. Exatamente porque Deus
preferiu a oferta de Abel é um mistério para nós, mas não para eles. Eles
sabiam. O mundo primitivo não era entremeado de barulho e distração; a vontade
de Deus devia ser claro como cristal. A vontade de Deus para nós hoje é clara o
suficiente também. Nós sabemos que o serviço amoroso é a peça central, que
ambição e orgulho são corruptores. Sabemos que ‘do nosso jeito ou de nenhum
outro’ ofende a Deus. Sabemos que Deus requer nossa devoção, não importa o
custo (365 Mensagens inspiradas em personagens da Bíblia. 12ª Edição. RJ: CPAD,
2012, p.5.
CONHEÇA
MAIS “Abel”
“Ele tornou-se o modelo de um
mártir que sofre por sua fé (Mt 23.35). Foi honrado por Jesus e aparece na
galeria dos heróis da fé (Hb 11.4). Embora sua oferenda fosse superior à de
Caim, era inferior à de Jesus Cristo (Hb 12.24). Pode ser dito a respeito dele
que foi o primeiro pastor, o primeiro homem justo. Ele foi vítima da mesma
espécie de ciúme insano que tirou a vida de Jesus.“Abel, ‘pardo’ é um termo que compõe vários outros nomes de lugares, como, por exemplo, Abel-maim”. Para conhecer mais leia, Dicionário Bíblico Wycliffe, CPAD, p.3.
CONCLUSÃO
A humanidade começou mal, com a
desobediência dos primeiros habitantes da Terra. Adão pecou, pois desobedeceu a
Deus dando ouvidos ao Diabo. Toda a tragédia humana decorre daquele gesto de
desobediência. Caim, o primogênito, preferiu desobedecer ao Criador. Seu irmão,
Abel, pelo contrário, optou dedicar-se a adorar a Deus, oferecendo o melhor do
seu trabalho.
A respeito de Abel, exemplo de caráter que agrada a
Deus, responda:
1° Por que Caim matou Abel?
Resp: “Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas”.
2° Deus se importa com o valor da oferta?
Resp: Não. Ele olha para o coração do ofertante.
3° Quando a oferta tem valor diante de Deus?
Resp: Quando expressa o que está no íntimo de quem a oferece.
4° Que parte da humanidade Abel representa?
Resp: A parte da humanidade que se volta para Deus.
5° Que parte da humanidade Caim representa?
Resp: A parte má da humanidade que dá as costas para Deus.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Abel, exemplo de caráter que agrada a Deus
A importância da narrativa de Caim e Abel
A narrativa sobre os dois irmãos, Caim e Abel, filhos de Adão e Eva, é uma das mais famosas e inquietantes histórias da Bíblia. Tão importante que teve uma impressionante versão moderna na literatura de ficção. A obra Abel Sanches — Uma História de Paixão, do filósofo, romancista, ensaísta e dramaturgo espanhol Miguel de Unamuno, retratou a experiência humana moderna retomando o fratricídio entre as duas personagens bíblicas que inauguraram o primeiro homicídio da história da humanidade. É uma trama que põe em xeque a natureza humana dominada pela inveja, que por intermédio do contorno trágico dessa grande história, revela a primeira injustiça praticada pelo gênero humano após a Queda. Caim e Abel saíram das páginas da Bíblia para o mundo, pois apesar dos milênios, continua sendo a história contemporânea da natureza humana dominada pelo pecado e tecida de maneira nua e crua.
Abel é a antítese da injustiça de Caim
O capítulo 4 de Gênesis revela
que o objeto desse trágico acontecimento foi uma oferta. Evidente que a atenção
do autor sagrado não se volta meramente para o objeto, mas à intenção das
pessoas que portam o objeto e o apresentam a Deus (Gn 4.7). Segundo o relato
das Escrituras, a oferta de Caim foi trazida como fruto da terra, isto é,
oferta de grãos; a de Abel, das primícias dos animais, ou seja, oferta de
sangue. Há quem pense que Deus rejeitou a oferta de Caim por ela ter sido de
grãos e não de sangue. Tal interpretação não há fundamentação bíblica, a não
ser por mera indução. Parece-nos que a nota explicativa do teólogo Donald
Stamps, Editor Geral da Bíblia de Estudo Pentecostal, é permeada de melhor
senso: “O Senhor aceitou a oferta de Abel, porque este compareceu diante dEle
com fé genuína e consagração (Hb 11.4; 1Jo 3.12; Jo 4.23,24). A oferta de Caim
foi rejeitada porque ele estava destituído de fé sincera e obediente, e porque
as suas obras eram más (vv.6,7; 1Jo 3.12)”. Corrobora com essa assertiva o teólogo
pentecostal J. Wesley Adams, quando ele escreve: “[...] o sacrifício de Abel
era uma expressão de adoração que envolvia toda a sua vida e fé. Apresentou
toda a sua fé a Deus; não manteve qualquer reserva”. Diferentemente, Caim não
era justo. Deus disse que se ele fizesse o que era certo a sua oferta seria
aceita (Gn 4.3-7). Portanto, Caim foi devorado pela inveja, pelo ódio e pela
injustiça.
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