LIÇÕES BÍBLICAS CPAD / ADULTOS
Título: A
razão da nossa fé — Assim cremos, assim vivemos
Comentarista: Esequias Soares
TEXTO
ÁUREO: “Porque a profecia nunca foi
produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram
inspirados pelo Espírito Santo” (2Pe 1.21).
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo, os
objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada
tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
I. Reconhecer a
revelação e inspiração da Bíblia Sagrada;
II. Mostrar a
inspiração divina na Bíblia Sagrada;
III. Explicar a
inspiração plena e verbal da Bíblia Sagrada;
IV. Saber que a
Bíblia Sagrada é a nossa única regra de fé e prática.
INTERAGINDO
COM O PROFESSOR
Prezado professor, neste terceiro trimestre do ano
estudaremos as principais doutrinas da fé cristã. O comentarista do trimestre é
o pastor Esequias Soares, autor de diversos livros, graduado em Letras, Mestre
em Ciência da Religião, presidente da Comissão de Apologética Cristã da CGADB
(Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil) e líder da Assembleia de
Deus em Jundiaí, SP.
INTRODUÇÃO
A
Bíblia é a revelação de Deus escrita para a humanidade. Disso decorre o fato de
ela ser nossa exclusiva fonte de autoridade espiritual. Sua inspiração divina e
sua soberania como única regra de fé e prática para a nossa vida constituem a
doutrina basilar da fé cristã. Essa inspiração é um fato singular que ocorreu
na história da redenção humana. O enfoque da presente lição é sobre a
importância e o significado dessa inspiração divina.
I. REVELAÇÃO E
INSPIRAÇÃO
1. Revelação.
A
palavra “revelação”, apocalipsis, em grego, significa o ato e o efeito
de tirar o véu que encobre o desconhecido. Nas Escrituras, essa palavra é usada
em relação a Deus, pois é Ele quem revela a si mesmo, a sua vontade e natureza
e os demais mistérios. Ele “não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu
segredo aos seus servos, os profetas” (Am 3.7). Deus conhece tudo aquilo que
está fora do alcance dos seres humanos. A busca da verdade, sem Deus, é vã e
está destinada ao fracasso (1Co 1.21).
2. Inspiração.
É
o registro dessa revelação sob a influência do Espírito Santo, que penetra até
as profundezas de Deus (1Co 2.10-13). Divinamente inspirados são os 66 livros
da Bíblia. Os escritores sagrados foram os receptáculos da revelação: “homens
santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pe 1.21 — ARA).
Eles receberam os oráculos divinos de forma especial, exclusiva, única e
milagrosa. Ninguém mais, além deles, foi usado por Deus dessa maneira
específica.
3. A forma de
comunicação.
O
processo de comunicação divina aos profetas do Antigo Testamento se desenvolveu
por meio da palavra e da visão, do som e da imagem (Jr 1.11-13). A revelação
aos apóstolos no Novo Testamento veio diretamente do Senhor Jesus Cristo (Gl
1.11,12; 2Pe 1.16-18; 1Jo 1.3) e do Espírito Santo (Ef 3.4,5). A frase “veio a
palavra do SENHOR a”, “veio a mim a palavra do SENHOR” ou fraseologia similar,
tão frequente no Antigo Testamento, diz respeito a uma revelação direta,
externa e audível. Essa forma de comunicação não aparece no Novo Testamento na
comunicação divina aos apóstolos, exceto uma única vez no ministério de João
Batista: “veio no deserto à palavra de Deus a João, filho de Zacarias” (Lc
3.2), pois ele é o último profeta da dispensação da lei (Lc 16.16).
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
[...]
Um resumo a respeito do que a Bíblia alega sobre si mesma pode ser encontrado
em duas passagens principais. Pedro disse que os autores foram impelidos pelo
Espírito Santo, e Paulo declarou que seus escritos foram soprados pelo próprio
Deus. Portanto, a Bíblia alega que autores movidos pelo Espírito Santo
expressaram as palavras inspiradas por Deus (2Pe 1.20,21). Em suma, os escritos
proféticos (do Antigo Testamento) não tiveram sua origem nos homens, mas em
Deus, que agiu por meio de alguns homens chamados de profetas de Deus”
(GEISLER, Norman. Teologia Sistemática: Introdução à Teologia Sistemática, a
Bíblia, Deus, a Criação. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2011, pp.213,214).
CONHEÇA
MAIS
A Septuaginta (LXX)
A
versão padrão em grego [do Antigo Testamento], produzida em Alexandria, é
conhecida como Septuaginta (LXX), que é a palavra latina para ‘setenta’. Essa
tradução foi, sem dúvida, realizada durante os séculos III e II a.C., e “não
foi projetada para ter as mesmas finalidades funcionais do AT hebraico, pois
seu propósito era para ser lida publicamente nas Sinagogas, ao contrário dos
propósitos educativos daqueles que precisavam do texto hebraico”. Para conhecer
mais, leia Dicionário Bíblico Wycliffe, CPAD, pp.1994-95.
II. A INSPIRAÇÃO
DIVINA
1. A inspiração divina.
“Toda a Escritura é inspirada por
Deus” (v.16, ARA). A palavra grega, aqui traduzida por “inspirada por Deus” ou
“divinamente inspirada”, é theopneustos. Ela só aparece uma única vez na
Bíblia, vinda de duas palavras gregas: theos, “Deus”, e pneo,
“respirar, soprar”. Isso significa que o texto sagrado foi “soprado por Deus”.
A palavra teopneustia significa “inspiração divina da Bíblia”. Segundo o
Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, de Caudas Aulete, o termo
quer dizer “inspiração divina que presidiu à redação das Sagradas Escrituras”.
Josefo, o historiador judeu, e Fílon de Alexandria, disseram que as Escrituras
são divinamente inspiradas, mas usaram outros termos.
2. Uma avaliação exegética.
Estamos acostumados com duas
traduções: “toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa” e “toda
Escritura é divina inspirada e proveitosa”. Ambas as versões são permitidas à
luz da gramática grega. Mas a primeira é mais precisa, pois a conjunção grega kai,
“e”, aparece entre os dois adjetivos “inspirada” e “proveitosa”. Isso significa
que o apóstolo está afirmando duas verdades sobre a Escritura, a saber:
divinamente inspirada e proveitosa; e não somente uma dessas duas coisas. Dizer
que “toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa” pode dar margem para
alguém interpretar que nem toda Escritura é inspirada.
3. Autoridade.
A
autoridade da Bíblia deriva de sua origem divina. O selo dessa autoridade
aparece em expressões como “assim diz o SENHOR” (Êx 5.1; Is 7.7); “veio à
palavra do SENHOR” (Jr 1.2); “está escrito” (Mc 1.2). Isso encerra a suprema
autoridade das Escrituras com plena e total garantia de infalibilidade, pois a
Bíblia é a Palavra de Deus (Mc 7.13; 1Pe 1.23-25).
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
Existem
muitas palavras ou frases que a Bíblia utiliza para se auto-descrever e que
sugerem uma reivindicação de autoridade divina. Jesus disse que a Bíblia é
indestrutível e que ela jamais passará (Mt 5.17,18); ela é infalível, ou ‘não
pode ser anulada’ (Jo 10.35); ela tem a autoridade final (Mt 4.4,7, 10); e ela
é suficiente para a nossa fé e prática (Lc 16.31) (HORTON, Stanley M. Teologia
Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996,
p.218).
III. INSPIRAÇÃO
PLENA E VERBAL
1. Inspiração plenária.
Tal expressão significa que todos os
livros das Escrituras são inspirados por Deus. O apóstolo Paulo deixa isso
muito claro quando afirma que “toda a Escritura é divinamente inspirada”. A
inspiração da Bíblia é especial e única. Não existe na Bíblia um livro mais
inspirado e outro menos. Todos têm o mesmo grau de inspiração e autoridade.A Bíblia que Jesus e seus apóstolos usavam era formada pela Lei de Moisés, os Profetas e os Escritos; essa terceira parte é encabeçada pelos Salmos (Lc 24.44). O termo “Escritura” ou “Escrituras” que aparece no Novo Testamento refere-se a esse Cânon tripartido, que é o mesmo Antigo Testamento de nossa Bíblia. Cabe ressaltar que o apóstolo Paulo, ao afirmar que “toda a Escritura é divinamente inspirada”, se referia também aos escritos apostólicos.
Os escritos dos apóstolos se revestiam da mesma autoridade dos livros do Antigo Testamento já desde a Era Apostólica. Inclusive, “profetas e apóstolos”, às vezes, aparecem como termos intercambiáveis (2Pe 3.2). O apóstolo Pedro considera ainda as epístolas paulinas como Escrituras (2Pe 3.15,16). O apóstolo Paulo ensinava: “Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário” (1Tm 5.18). O apóstolo aqui coloca lado a lado citações da lei de Moisés (Dt 25.4) e dos Evangelhos (Mt 10.10; Lc 10.7), chamando ambas de “Escritura”. Outras vezes, ele deixa claro que seus escritos são de origem divina (2Co 13.3; 1Ts 2.13). Isso nos permite afirmar que a frase “Toda Escritura é divinamente inspirada” se refere à Bíblia completa, aos 66 livros do Antigo e Novo Testamento.
2. Inspiração
verbal.
Essa
característica bíblica significa que cada palavra foi inspirada pelo Espírito
Santo (1Co 2.13); e também que as ideias vieram de Deus (2Pe 1.21). O tipo de
linguagem, o vocabulário, o estilo e a personalidade são diversificados nos
textos bíblicos porque Deus usou cada escritor em sua geração e em sua cultura,
com seus diversos graus de instrução. Isso mostra que quem produziu esses livros
sagrados eram seres humanos que viveram em várias regiões e pertenceram a
diversas gerações desde Moisés até o apóstolo João, passaram-se cerca de mil
anos. Eles não foram tratados como meras máquinas, mas como instrumentos usados
pelo Espírito Santo. Deus “soprou” nos escritores sagrados. Uns produziram som
de flauta e outros de trombetas, mas era Deus quem soprava. Assim, eles
produziram esse maravilhoso som que são as Escrituras Sagradas.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
Apesar
do mistério que ronda o modo como Deus fez com que sua palavra fosse fiel sem
destruir a liberdade e a personalidade dos autores humanos, existem algumas
coisas que ficam muito claras. Os autores humanos não eram simplesmente
secretários que anotavam algo que estava sendo ditado a eles; a sua liberdade
não foi suspensa nem negada. Eles não foram autômatos. As suas palavras
correspondiam ao seu desejo, no estilo em que estavam acostumados a escrever.
Na sua providência, Deus promoveu uma concordância divina entre as palavras
deles e as suas” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva
Pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.222).
IV. ÚNICA REGRA
INFALÍVEL DE FÉ E PRÁTICA
1. "Proveitosa para ensinar".
O propósito das Escrituras é o ensino
para a salvação em Jesus, pois elas “podem fazer-te sábio para a salvação, pela
fé que há em Cristo Jesus” (2Tm 3.15). São ensinos espirituais que não se
encontram em nenhum lugar do mundo. A Bíblia revela os mistérios do passado
como a criação, os do futuro como a vinda de Jesus, os decretos eternos de
Deus, os segredos do coração humano e as coisas profundas de Deus (Gn 2.1-4; Is
46.10; Lc 21.25-28).
2. A conduta
humana.
A
Bíblia corrige o erro e é útil para orientar a vida sendo “proveitosa para ensinar,
para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (v.16b). Uma das
grandezas das Escrituras é a sua aplicabilidade na vida diária, na família, na
igreja, no trabalho e na sociedade. Deus é o nosso Criador e somente Ele nos
conhece e sabe o que é bom para suas criaturas. E essas orientações estão na
Bíblia, o “manual do fabricante”.
3. As traduções da
Bíblia.
A
autoridade e as instruções das Escrituras valem para todas as línguas em que
elas forem traduzidas. É vontade de Deus que todos os povos, tribos, línguas e
nações conheçam sua Palavra (Mt 28.19; At 1.8). Em que idioma essa mensagem
deve ser pregada? Hebraico? Grego? Aramaico? Não! Na língua do povo. Os
apóstolos citam diversas traduções gregas da Septuaginta no Novo Testamento.
Isso mostra que a mesma inspiração do Antigo Testamento hebraico se manteve na
Septuaginta. A citação de Salmos 8.4-6 em Hebreus 2.6-8 é um bom exemplo. A
inspiração divina se conserva em outras línguas. Desde os tempos do Antigo
Testamento, até hoje, Deus se manifestou e se manifesta a cada um de seus
servos e suas servas no seu próprio idioma.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
Através
do mundo inteiro, qualquer crente, ao ler a Bíblia, recebe sua mensagem como se
esta fora escrita diretamente para ele. Nenhum crente tem a Bíblia como livro
alheio, estrangeiro, como acontece aos demais livros traduzidos. Todas as raças
consideram a Bíblia como possessão sua. Por exemplo, ao lermos ‘O Peregrino’
sabemos que ele é inglês; ao lermos ‘Em seus passos que faria Jesus?’ sabemos
que é norte-americano, porque seus autores são oriundos desses países. É assim
com a Bíblia? Não! Nós a recebemos como ‘nossa’. Isso acontece em qualquer país
onde ela chega. Ninguém tem a Bíblia como livro ‘dos outros’. Isto prova que
ela procede de Deus — o Pai de todos” (GILBERTO, Antonio. A Bíblia através dos
Séculos: A história e formação do Livro dos livros. 14ª Edição. RJ:
CPAD, 2003, p.46).
CONCLUSÃO
Cremos
que a Bíblia é a única revelação escrita de Deus para toda a humanidade e que
seu texto foi preservado e sua inspiração divina é mantida nas 2.935 línguas em
que ela é traduzida (segundo dados da Sociedade Bíblica do Brasil). Que cada um
possa receber a Bíblia sem restrição alguma, pois ela é a Palavra de Deus em
qualquer língua em que vier a ser traduzida.
A respeito da
inspiração divina e a autoridade da Bíblia, responda:
1° Qual o significado
da palavra teopneustia?
Resp: A palavra
teopneustia significa “inspiração divina da Bíblia”.
2° De onde deriva a
autoridade das Escrituras?
Resp: A autoridade da
Bíblia deriva de sua origem divina.
3° O que significa
a expressão “inspiração plenária”?
Resp: Tal expressão
significa que todos os livros das Escrituras são inspirados por Deus.
4° O que significam
as palavras “inspiração verbal”?
Resp: Significa que cada
palavra foi inspirada pelo Espírito Santo (1Co 2.13).
5° Segundo a lição,
qual é o propósito das Escrituras?
Resp: O propósito das
Escrituras é o ensino para a salvação em Jesus.
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
Inspiração divina e
autoridade da Bíblia
Propósito do
Trimestre
Com
o advento da Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil, um
documento inédito para a denominação brasileira, tem-se a oportunidade de
estudar as doutrinas bíblicas fundamentais para a edificação da igreja. Também
no campo “Verdade Prática”, ao longo revista, você perceberá os artigos de um
belo documento que resume a nossa fé: o Cremos, também reformulado. Seguindo o
esquema das principais teologias sistemáticas, inauguraremos o estudo deste
trimestre tendo como tema a Bíblia: sua formação, autoridade e inspiração
divina.
A Bíblia, Palavra
de Deus
No
tempo dos apóstolos ainda não havia a formação final do Novo Testamento. Quando
se reunia para cultuar a Deus, a igreja neotestamentária lia o Antigo
Testamento. E quando recebia as cartas apostólicas, as lia nas reuniões
semanais. Posteriormente, essas cartas, e os evangelhos, foram paulatinamente
aceitos pela igreja como escritos inspirados por Deus. Ora, havia alguns
critérios para isso: como a autoria apostólica ou de pessoas que tivessem
andando com os apóstolos que viram Jesus. Por direção divina, temos hoje os 27
livros reunidos em o Novo Testamento, mais os 39 do Antigo. Totalizando 66
livros na Bíblia.O teólogo pentecostal, John R. Higgins remonta os primórdios da formação da Bíblia Sagrada, mostrando que a composição dos livros da Bíblia está fechada e o que temos em mãos foi milagrosamente nos dado por Deus:
“O cânon bíblico está fechado. A revelação infalível que Deus fez de si mesmo já foi registrada. Hoje, Ele continua falando através dessa Palavra. Assim como Deus revelou a si mesmo, e inspirou os escritores a registrar essa revelação, Ele mesmo preservou esses escritos inspirados, e orientou o seu povo na escolha destes, a fim de garantir que a sua verdade viesse a ser conhecida. Não se devem acrescentar outros escritos às Escrituras canônicas, nem se deve tirar delas nenhum escrito. O cânon contém as raízes históricas da Igreja Cristã, e ‘o cânon não pode ser refeito assim como a história não pode ser mudada’” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD, p.115).
Hoje, se temos uma Bíblia em mãos é milagre de Deus! Devemos agradecê-lo por nos entregar a Sua Palavra. E a melhor maneira de fazer isso é meditar nas Escrituras dia e noite (Js 1.8), de modo que ela esteja “encarnada” em nossa mente e coração.
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