LIÇÕES BÍBLICAS CPAD / ADULTOS
Título:
A razão da nossa fé — Assim cremos, assim vivemos
Comentarista:
Esequias Soares
TEXTO ÁUREO: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e
do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19).
I. Explicar as construções bíblicas
trinitárias;
II. Mostrar que Deus é trino e
único;
III. Conhecer algumas crenças
inadequadas a respeito da Trindade;
IV. Apresentar algumas respostas às
objeções acerca da Trindade.
INTERAGINDO
COM O PROFESSOR
Na lição de hoje estudaremos a respeito de uma das mais importantes e
cruciais doutrinas do pensamento cristão, a Trindade. Não cremos na existência
de três deuses, mas em um só que subsistente em três pessoas distintas, eternas
e que criaram todas as coisas. É importante que você procure, no decorrer da
lição, enfatizar que embora não conste na Bíblia a palavra Trindade, vamos
encontrar tanto no Antigo Testamento quanto no Novo, evidências desta relevante
doutrina. Veremos na lição como o conceito de Trindade foi formulado. Segundo
Stanley Horton, “historicamente, a Igreja formulou a doutrina da Trindade em
razão do grande debate a respeito do relacionamento entre Jesus de Nazaré e o
Pai”.Que o Deus Trino e Uno abençoe sua aula e seus alunos de modo que eles possam compreender e confessar ao mundo a fé em um só Deus, existente em si mesmo como Pai, Filho e Espírito Santo.
INTRODUÇÃO
A doutrina
da Trindade é a verdade mais crucial do pensamento cristão, mas como conciliar
o monoteísmo revelado no Antigo Testamento com a divindade de cada pessoa da
Trindade? Esse é o enfoque da presente lição.
I. CONSTRUÇÕES BÍBLICAS
TRINITÁRIAS
1. A unidade na Trindade (1Co
12.4-6).
Uma leitura
superficial dessa passagem pode levar alguém a argumentar que o texto não diz
que cada uma dessas pessoas é Deus, como costumam fazer determinados grupos
tidos como cristãos. O apóstolo Paulo se refere à Trindade usando outra
linguagem. Ele afirma a unidade de Deus, uma só essência e substância, em
diversidade de manifestações de cada Pessoa distinta. E declara que o Espírito
é o mesmo, o Senhor é o mesmo e o Deus Pai é o mesmo. É a unidade na
diversidade.
2. A bênção apostólica (2Co
13.13).
Há aqui
certo paralelismo com a bênção sacerdotal (Nm 6.24-26). Essa saudação final não
é comum nas epístolas paulinas. Não parece haver aqui intenção de explicar a
doutrina da Trindade. Trata-se do pronunciamento habitual do ministro de culto
ao despedir os fiéis no fim das reuniões nas primeiras décadas da história da
Igreja. Se isso puder ser confirmado, significa que os cristãos já estavam
conscientes dessa realidade divina desde muito cedo na vida da Igreja. A fonte
da graça do Senhor Jesus é o amor de Deus no Espírito Santo. É uma saudação
trinitária.
3. O Deus trino e uno revelado
(Ef 4.4-6).
Temos aqui a
diversidade de operações e funções na unidade de Deus. É Deus quem nos chama
por meio do Espírito Santo. Jesus é o nosso Senhor, a fonte de nossa fé e
esperança. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são iguais em poder, glória e
majestade, que subsistem desde a eternidade em uma só substância indivisível,
mas manifestos na história salvífica em formas pessoais e funções distintas
(1Pe 1.2).
SÍNTESE DO TÓPICO (I): Na Bíblia encontramos algumas construções trinitárias.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
O conceito
do Deus Trino e Uno acha-se somente na tradição judaico-cristã. Esse conceito
não surgiu mediante a especulação dos sábios deste mundo, mas através da revelação
outorgada passo a passo na Palavra de Deus. Em todos os escritos dos apóstolos,
a Trindade é implícita e tomada como certa (Ef 1.1-14; 1Pe 1.2). Fica claro que
o Pai, o Filho e o Espírito Santo, existem eternamente como três Pessoas
distintas, mas as Escrituras também revelam a unidade dos três membros da
Deidade.As Pessoas da Trindade têm vontades separadas, porém nunca conflitantes (Lc 22.42; 1Co 12.11). O Pai fala ao Filho, empregando o pronome da segunda pessoa do singular: ‘Tu és meu Filho amado; em ti me tenho comprazido’ (Hb 9.14). Declara que veio ‘não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou’ (Jo 6.38) (HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, pp.162-3).
II. O DEUS TRINO E UNO
1. Uma
questão crucial.
A
Bíblia mostra com clareza meridiana a divindade do Filho: “e o Verbo era Deus”
(Jo 1.1). Trata-se de uma divindade plena e absoluta: “porque nele habita
corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). As Escrituras afirmam
também que o Espírito Santo é Deus: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e
que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Co 3.16); e é também Senhor: “Ora, o
SENHOR é o Espírito” (2Co 3.17 — ARA). Como conciliar essa verdade com o
monoteísmo ratificado pelo próprio Senhor Jesus? (Mc 12.29,30). Tal não se trata
de triteísmo, isto é, “três deuses”, pois existe um só Deus e Deus é um só (1Co
8.6; Gl 3.20). A única explicação é a Trindade.
2. A Trindade.
A Trindade
está presente na Bíblia desde o Antigo Testamento (Gn 1.26; 3.22; Is 6.8). O
Senhor Jesus apresenta o Pai e o Espírito Santo num tipo de relacionamento “eu,
tu ele” (Jo 16.7-16). Antes de sua ascensão ao céu, Jesus mandou que os
discípulos batizassem “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt
28.19). Essa é a passagem bíblica mais contundente em favor da Trindade. Temos
aqui um conceito trinitário muito claro e vívido. Trata-se de um resumo da
realidade divina ensinada durante seu ministério acerca de si mesmo e do Pai
(Mt 11.27) e do Espírito Santo (Mt 12.28). A Igreja, desde a antiguidade,
resume essas passagens bíblicas na fé em um só Deus que subsiste eternamente em
três pessoas distintas.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
“Trindade”
[Do grego trias;
do latim trinitatem, grupo de três pessoas] Doutrina segundo a qual a
Divindade, embora uma em sua essência subsista nas Pessoas do Pai, do Filho e
do Espírito Santo. As Três Pessoas são iguais nas substâncias e nos atributos
absolutos, metafísicos e morais.Apesar de o termo não se encontrar nas Sagradas Escrituras, as evidências que atestam a doutrina são, tanto no Antigo, como no Novo Testamento, incontestáveis.
A palavra Trindade foi usada pela primeira vez, em sua forma grega, por Teófilo; e, em sua forma latina, por Tertuliano.
O Credo Atanasiano assim se expressa acerca da doutrina da Santíssima Trindade: ‘Adoramos um Deus em trindade, e a trindade em unidade, sem confundir as pessoas, sem separar a substância (ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. 8ª Edição. RJ: CPAD, 1999, p.279).
CONHEÇA MAIS
Trindade
“[Do gr. trias,
três; do lat. trinitatem, grupo de três pessoas] Doutrina bíblica
segundo a qual a divindade, embora uma em sua essência subsista nas Pessoas do
Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Para conhecer mais, leia Dicionário
Teológico, CPAD, p.349.
III. AS CRENÇAS INADEQUADAS
1. Os monarquianistas
dinâmicos.
Trata-se
de um movimento que surgiu após a metade do segundo século em torno do
monoteísmo cristão. Tertuliano, um dos líderes cristãos daquela geração,
polemizou com eles, chamando-os de monarquianistas (do grego, monarchia,
“governo exercido por um único soberano”). Eles ensinavam que Jesus recebeu a dynamis,
“poder”, em grego, por ocasião do seu batismo no rio Jordão; outros afirmavam
que Jesus se tornou divino por ocasião de sua ressurreição. Todas as ideias do
movimento negavam a deidade absoluta de Jesus e contrariavam a crença desde a
Era Apostólica, que considerava Jesus “o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1Jo
5.20). Eles são os ancestrais do arianismo.
2. Os monarquianistas modalistas.
Esses são
assim identificados porque ensinavam que Deus aparece de modos diferentes. Para
eles, Deus aparece com a máscara de Pai na obra criadora, com a máscara de
Filho no seu nascimento e na ascensão, e a partir daí aparece com a máscara de
Espírito Santo. Pai, Filho e Espírito Santo não são três pessoas, mas três
faces, semblantes ou máscaras. É a doutrina unicista que nega a Trindade.
Trata-se de um erro teológico crasso, pois a Bíblia é clara na distinção dessas
pessoas (Mt 3.16,17; Jo 8.17,18; 2Jo 3). O bispo Sabélio foi o principal
expoente dessa doutrina, por isso ela é conhecida como sabelianismo. Seus
herdeiros espirituais ainda estão por aí. O resumo teológico deles é o
seguinte: Deus é Jesus; no entanto, a Bíblia ensina que Jesus é Deus.
3. O arianismo.
É o nome da
doutrina formulada por Ário e do movimento que ele fundou em Alexandria, Egito,
no ano 318. Sua doutrina contrariava a crença ortodoxa seguida pelas igrejas
desde o período apostólico. Ário ensinava que o Senhor Jesus não era da mesma
substância do Pai; era criatura, criado do nada, uma classe divina de natureza
inferior, nem divina nem humana, uma terceira classe entre a deidade e a
humanidade. A palavra de ordem de seus seguidores era: “Houve tempo em que o
Verbo não existia”. Mas o ensino bíblico sustentado pelas igrejas desde o
princípio afirma que o Filho é eterno (Is 9.6), pois transcende a criação: “E
ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1.17).
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
“Arianismo”
Heresia
fermentada por um presbítero do 4º século chamado Ário. Negando a divindade de
Cristo, ensinava ele ser Jesus o mais elevado dos seres criados. Todavia, não
era Deus. Por este motivo, seria impropriedade referir-se a Cristo como se fora
um ente divino.Para fundamentar seus devaneios doutrinários, buscava desautorizar o Evangelho de João por ser o propósito desta Escritura, justamente, mostrar que Jesus Cristo era, de fato, o Filho de Deus. Os ensinos de Ário foram condenados no Concílio de Niceia em 325 (ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. 8ª Edição. RJ: CPAD, 1999, p.52).
IV. RESPOSTA ÀS OBJEÇÕES ACERCA
DA TRINDADE
1. Esclarecimento.
Os
unicistas modernos pregam que a doutrina da Trindade é uma invenção do Concílio
de Niceia, por ordem de um imperador romano pagão. Mas esses movimentos estão
equivocados, pois mais de cem anos antes Tertuliano já havia formulado a
doutrina da Trindade. Além disso, o tema do referido Concílio, o Filho,
reafirma a deidade de Jesus e a sua consubstancialidade com o Pai. O Credo não
traz informação alguma sobre o Espírito Santo. O documento aprovado em Niceia
tornou-se ponto de partida, ao invés de ponto de chegada. A controvérsia
prosseguiu por duas razões principais: a volta do arianismo e a indefinição
sobre o Espírito Santo.
2. A definição de Tertuliano.
Ele foi o
neologista da Igreja que criou o termo “Trindade”, na seguinte declaração:
“Todos são um, por unidade de substância, embora ainda esteja oculto o mistério
da dispensação que distribui a unidade numa Trindade, colocando em sua ordem os
três, Pai, Filho e Espírito Santo; três, contudo, não em essência, mas em grau;
não em substância, mas em forma; não em poder, mas em aparência; pois eles são
de uma só substância e de uma só essência e de um poder só, já que é de um só
Deus que esses graus e formas e aspectos são reconhecidos com o nome de Pai,
Filho e Espírito Santo” (Contra Práxeas, II). Um só Deus, portanto, a essência,
a substância e o poder são um só; mas a diferença está no grau, na forma e na
aparência que chamamos de “pessoas” (Mt 28.19).
3. Formulação definitiva da
Trindade.
Isso só
aconteceu no Concílio de Constantinopla em 381, com base nos trabalhos de
Atanásio que combateram os arianistas e também os grupos contrários à doutrina
do Espírito Santo, como os pneumatomacianos e os tropicianos; e com base nas
obras dos chamados pais capadócios: Basílio de Cesareia, Gregório de Nissa e
Gregório de Nazianzo. O Credo Niceno-Constantinopolitano reafirma o Credo de
Niceia e define a divindade do Espírito Santo, estabelecendo de uma vez por
todas a doutrina da Santíssima Trindade.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
“Concílio de Niceia e de
Constantinopla”
Primeiro
concílio ecumênico da história. Convocado pelo imperador Constantino, em 325,
teve como objetivo solucionar os problemas que dividiam a cristandade.
Problemas esses causados pelo arianismo. Buscando reafirmar a unidade da
Igreja, os participantes do concílio redigiram uma confissão teológica,
confirmando a ortodoxia doutrinária do Cristianismo.Em 381, reuniram-se em Constantinopla 150 bispos, a pedido do imperador Teodócio I, com o objetivo de confirmar a unidade da igreja no Oriente. Terminado os trabalhos, aquele segmento da cristandade livrava-se de mais de meio século de domínio ariano (ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. 8ª Edição. RJ: CPAD, 1999, pp.88,89).
CONCLUSÃO
Diante do
exposto, está claro que a doutrina da Trindade é bíblica e está presente desde
o Gênesis até o Apocalipse.
PARA
REFLETIR
A respeito da Santíssima
Trindade: Um só Deus em três pessoas, responda:
1° Qual a passagem bíblica mais
contundente em favor da Trindade?
Resp: Mateus 28.19.
2° O que significa ser
“unicista”?
Resp: Significa crer na doutrina
unicista que nega a doutrina da Trindade.
3° O que é arianismo?
Resp: É a doutrina formulada por Ário
e o movimento que ele fundou em Alexandria, Egito. Ário ensinava que o Senhor
Jesus não era da mesma substância do Pai.
4° Quem criou o termo Trindade no
mundo Ocidental?
Resp: Tertuliano.
5° Quando e onde a formulação
trinitária se definiu?
Resp: A formulação trinitária só
aconteceu no Concílio de Constantinopla em 381.
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
A Santíssim Trindade: Um só Deus
em três Pessoas
Os maiores
equívocos em relação à doutrina da Trindade se dão quando se relativiza a
natureza da relação trinitária, pois “as distinções entre os membros da Deidade
não se referem à sua essência ou substância, mas ao relacionamento. Noutras
palavras: a ordem de existência na Trindade, no tocante ao ser essencial de
Deus, está espelhada na Trindade salvífica. ‘São, portanto, três, não na
posição, mas no grau; não na substância, mas na forma; não no poder, mas na sua
manifestação’” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD,
p.177). Dessa forma a Santíssima Trindade se manifesta em perfeita comunhão ao
longo de todo o plano de salvação provido por Deus.
Uma natureza amorosa
Deus é amor!
Devemos destacar que o Pai provou o seu amor pelo mundo quando enviou o seu
Filho em nosso lugar (Jo 3.16). O Filho provou o seu amor por nós quando,
espontaneamente, obedeceu ao Pai e doou-se para a humanidade, morrendo em nosso
lugar para nos redimir, regenerar, justificar e salvar (Rm 8.1-11). O Espírito
Santo prova o seu amor por nós quando convenceu-nos do pecado, da justiça e do
juízo (Jo 16.7-11). A Santíssima Trindade opera amorosamente em nossa vida.
Uma natureza servidora
Concomitantemente
a pessoa do Espírito Santo, é necessário destacar tam bém que a natureza do
ministério de Jesus Cristo é servidora: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois
que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do
coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em
liberdade os oprimidos, há anunciar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18,19). O
Deus Trino trabalha de maneira servidora em favor das pessoas. Não podemos
jamais esquecer esse aspecto de serviço pelo qual aprendemos com a operação das
pessoas da trindade em nossa vida.
Uma natureza de comunhão
Logo, a
Santíssima Trindade é por natureza comunitária porque as pessoas trinitárias
não vivem separadamente, pois são inseparáveis, indivisíveis. O Pai, o Filho e
o Espírito Santo vivem em profunda comunhão. Por isso, somos encorajados a vivermos
uma comunhão verdadeira com os nossos irmãos, a ajudar o outro, a chorar com o
outro, a cantar com o outro, orar com e pelo outro. Portanto, como partes dessa
comunidade de santos, a Igreja de Deus, são chamadas a expressar essa comunhão
trinitária e multiforme no mundo.
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