LIÇÕES BÍBLICAS CPAD / ADULTOS
Título: A
Obra da Salvação — Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida
Comentarista:
Claiton Ivan Pommerening
TEXTO
ÁUREO: “Porque Deus enviou o seu
Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse
salvo por ele” (Jo 3.17).
VERDADE
PRÁTICA: A salvação em Jesus Cristo é de abrangência universal, pois os que o
aceitarem, em todo tempo e lugar, serão salvos pela graça de Deus.
OBJETIVO
GERAL: Mostrar que a salvação em
Jesus Cristo é de abrangência universal.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo,
os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada
tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
I.
Explicar o que é a obra expiatória de Cristo;
II.
Discutir a respeito do alcance da obra expiatória de Cristo;
III.
Apontar que Cristo oferece salvação a todos.
INTERAGINDO
COM O PROFESSOR
Prezado(a) professor(a), na lição deste
domingo veremos que a salvação em Jesus Cristo é de abrangência universal. Deus
ama todos, independente de raça, cor ou classe social. Ele ama todos os povos e
deseja que todos se salvem mediante a fé no sacrifício do seu Filho Unigênito.
Não podemos concordar com a predestinação, pois as Escrituras Sagradas não
mostram que somente alguns foram criados para usufruir da vida eterna, enquanto
outros, predestinados, serão lançados no lago de fogo. Contudo, sabemos que Deus
concedeu ao homem o livre-arbítrio e nossas escolhas vão influenciar o nosso
destino eterno. O próprio Salvador, Jesus Cristo, afirma que quem crer e for
batizado será salvo, mas quem não crer será condenado (Mc 16.16).
INTRODUÇÃO
A salvação em Cristo alcança a todos (Jo 3.16). É tão eficaz que foi
completada de uma vez por todas pelo “Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo” (Jo 1.29). Somente por intermédio de um Cordeiro tão perfeito, de um
sacrifício tão completo e de um Deus tão amoroso se poderia realizar essa obra
de maneira a raiar a luz para os que estavam em trevas (Mt 4.16).
1. A
necessidade de expiação.
Com o termo “expiação”, nos referimos ao ato de remir uma pessoa de um
crime ou falta cometida. Foi isso que aconteceu conosco por intermédio da obra
expiatória de Cristo. Esta se tornou necessária porque o pecado atingiu a
humanidade e a criação, de modo que o ser humano não consegue resolver esse
problema por si mesmo. Nesse contexto, a obra expiatória de Cristo se expressa
por meio do padecimento de cruz para aniquilar o poder do pecado sobre o ser
humano (Rm 5.20,21). Foi na cruz do Calvário o lugar em que se deu o sacrifício
expiatório de Cristo, substituindo o pecador pelo justo Cordeiro de Deus que
pagou em nosso lugar e, para sempre, a dívida do nosso pecado (Is 53). Esse ato
é a suprema expressão do amor do Pai, por meio de Jesus Cristo, o seu Filho,
para com todos os homens (Jo 3.16).
2. A
abrangência do pecado.
As Escrituras mostram que todos pecaram e, que por isso, foram afastados
da presença de Deus, passando a inclinar-se para o mal (Rm 3.23; Sl 14.3; Mc
10.18; Ec 7.20). O problema do pecado é tão sério, e sua abrangência tão
grande, que a Bíblia mostra que ele faz a separação entre o pecador e Deus (Is
59.2), impedindo as pessoas de serem salvas da ira divina (Hb 10.26,27). Assim
também a natureza foi atingida pelo pecado, fazendo a Terra sofrer graves
consequências naturais: degradação ambiental, poluição, destruições por causa
da ganância (Gn 3.17-19; Rm 8.22). Por isso, a Terra geme, aguardando uma
restauração plena por meio da redenção dos filhos de Deus (2Pe 3.13; Rm
8.20,21) quando, enfim, o Senhor Jesus reinará para sempre.
3. A
expiação de Cristo.
Como estudamos em lição anterior, os sacrifícios do Antigo Testamento
apontavam para a obra expiatória de Cristo, em que uma vítima inocente morreria
pelo verdadeiro culpado a fim de remir o pecado e a culpa dele. Enquanto os
sacrifícios do Antigo Testamento apenas minimizavam a situação do pecador, a
obra expiatória de Cristo resolve de uma vez por todas o grave problema do
pecado (Rm 3.23-25).
SUBSÍDIO
DIDÁTICO
Professor(a), é importante que você, antes de explicar o que é a obra
expiatória de Cristo, reflita, juntamente com seus alunos, a respeito da sua
necessidade. Então, inicie o tópico fazendo as seguintes indagações: “Por que a
obra expiatória de Cristo foi necessária?” “O que é a obra expiatória de
Cristo?”. Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos.
Explique que a obra expiatória de Cristo foi necessária devido ao pecado de
Adão e Eva contra Deus que afetou toda a criação, toda a humanidade (Rm 3.23).
Deus é Santo e todo pecado provoca a sua ira e o seu juízo, por isso, a única
solução para o pecado era, e é, a morte de Cristo na cruz. Quando falamos a
respeito do sacrifício de Cristo na cruz, estamos nos referindo ao cancelamento
pleno do pecado com base na justiça do Filho Unigênito de Deus. Estamos também
nos referindo à restauração da comunhão do pecador com o Deus Santo mediante a
sua graça.
CONHEÇA
MAIS
O
problema do pecado
As Escrituras ensinam que o pecado de Adão afetou muito mais que a ele
próprio (Rm 5.12-21; 1Co 15.21,22). Esta questão é chamada pecado original e
postula três peguntas: até que ponto, por quais meios e em que base o pecado de
Adão é transmitido ao restante da humanidade? [...] Romanos 5.12 declara que
‘todos pecaram’. Romanos 5.18 diz que mediante um só pecado todos foram
condenados, o que subentende que todos pecaram. Romanos 5.19 diz que mediante o
pecado de um só homem todos foram feitos pecadores”. Leia mais em Teologia
Sistemática: Uma Pespectiva Pentecostal, editada por Stanley Horton,
CPAD, pp.269-78.
1. A
impossibilidade humana.
Toda tentativa do homem de manter-se puro, sem pecado, e por esforço
próprio, fracassou. Nesse sentido o sistema de sacrifícios foi apenas um
vislumbre do que viria por intermédio da morte vicária de Cristo. As Escrituras
mostram que a Lei é incapaz de justificar o homem diante de Deus (Rm 3.20; Cl
2.16,17), já que o ser humano não consegue resolver o problema grave do pecado,
pois ele não pode mantê-lo oculto diante de Deus. Somente o Senhor Jesus pode
resolver tal problema.
2.
Cristo ocupou o lugar do pecador.
A expiação aponta para o grande amor de Cristo para com o pecador. Nosso
Senhor supriu a necessidade de reconciliação do ser humano com o Pai de amor
(Rm 5.8), que deu o seu Filho como oferta expiatória. Nesse sentido, a morte de
Cristo é substitutiva, pois quem deveria morrer era o próprio homem (Rm 4.25),
mas Cristo ocupou esse lugar (1Jo 2.2) e perdoou o pecador, destruindo o poder
do pecado (1Pe 2.24). A morte vicária de Cristo na cruz representa a nossa
morte (2Co 5.14), pois foi esse sacrifício que nos resgatou da “maldição da
lei, fazendo-se maldição por nós” (Gl 3.13).
3.
Alcance universal da obra expiatória.
O alcance da obra expiatória operada por Cristo é universal, pois ela
envolve todos os homens e o homem todo — espírito, alma e corpo — (1Ts 5.23),
alcançando todo o mundo (Jo 3.16). Além disso, por meio da expiação de Cristo é
garantida a redenção, a reconciliação, a justificação, a adoção e o perdão dos
pecadores. Entretanto, convém destacar: essa tão grande salvação precisa ser
aceita pela fé para se tornar efetiva (Ef 2.8).
O
Alcance da Obra Salvífica de Cristo
Há entre os cristãos uma diferença significativa de opiniões quanto à
extensão da obra salvífica de Cristo. Por quem Ele morreu? Os evangélicos, de
modo global, rejeitam a doutrina do universalismo absoluto (isto é, o amor
divino não permitirá que nenhum ser humano ou mesmo o Diabo e os anjos caídos
permaneçam eternamente separados dEle). O universalismo postula que a obra
salvífica de Cristo abrange todas as pessoas, sem exceção. Além dos textos
bíblicos que demonstram ser a natureza de Deus de amor e de misericórdia, o
versículo chave do universalismo é Atos 3.21, onde Pedro diz que Jesus deve
permanecer no Céu ‘até aos tempos da restauração de tudo’. Alguns entendem que
a expressão grega apokastaseõs pantõn (restauração e todas as coisas)
tem significado absoluto, ao invés de simplesmente ‘todas as coisas, das quais
Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas’. Embora as Escrituras
realmente se refiram a uma restauração futura, não podemos, à luz dos ensinos
bíblicos sobre o destino eterno dos seres humanos e dos anjos, usar este
versículo para apoiar o universalismo. Fazer assim seria uma violência
exegética contra o que a Bíblia tem a dizer deste assunto” (HORTON, Stanley M. Teologia
Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996,
p.358).
1. Perdão,
libertação e cura.
O maior resultado da salvação operada por Jesus é o perdão dos pecados e
a reconciliação do pecador com Deus. Ainda, por meio da salvação de Cristo,
Deus se faz presente na cura dos enfermos (Mt 4.23), na ressurreição dos mortos
(Jo 11.43,44), no anúncio do Evangelho aos pobres (Lc 4.18), na libertação do
ser humano das várias opressões que o assolam (Lc 4.19), na chegada do Reino de
Deus (Mt 10.7; Mc 1.15) e na vida eterna do salvo (Jo 6.47; Rm 1.16).
2. A
salvação é para todo o mundo.
A Bíblia afirma que a salvação está ao alcance de todas as pessoas (Jo
3.15; 1Tm 4.10), em qualquer circunstância (Lc 23.43) por meio da fé e do
arrependimento de coração (At 15.9; Rm 3.28; 11.6), desde que confessem a
Cristo como Salvador (Rm 10.9). Essa oferta de salvação é a evidência de que o
Reino de Deus chegou aos corações das pessoas que outrora viviam cativas, cegas
e oprimidas, mas que agora, para a glória de Deus, são livres por causa do
evangelho da salvação (Is 61.1-4 cf. Lc 4.18,19).
3. A
responsabilidade do cristão.
Há uma grande responsabilidade para os que foram alcançados pela
salvação em Cristo. Uma das mais importantes é o compromisso de compartilhar o
Evangelho por intermédio do “Ide” de Jesus (Mt 28.19). Isso significa
evangelizar e discipular pessoas que participam do nosso círculo de contatos,
sejam elas reais ou virtuais (At 5.42). Também comprometer-se com missões
regionais ou mundiais, colaborando com as igrejas locais que sustentam os
missionários (At 13.2). Bem como disponibilizar-se em favor de quem precisa de
ajuda (Mt 19.21; Lc 14.13; 2Co 9.9; Gl 2.10), expressando a “fome e a sede de
justiça” (Mt 5.6). Essa é a missão social de quem foi alcançado pela salvação
de Deus (At 2.42-47).
O
Perdão de Cristo
A doutrina do perdão, proeminente tanto no Antigo Testamento quanto no
Novo Testamento, refere-se ao estado ou ao ato de perdão, remissão de pecados,
ou à restauração de um relacionamento amigável. Central à doutrina do Antigo
Testamento está o conceito de cobrir o pecado da vista de Deus, representado
pela palavra heb. kapar. Isto é indicado pelas várias traduções da
palavra tais como ‘apaziguar’, ‘ser misericordioso’, ‘fazer reconciliação’, e o
uso mais proeminente na expressão ‘fazer expiação’, que ocorre 70 vezes na
versão KJV em inglês. Em Levítico 4.20, ela é agrupada com uma outra palavra
proeminente do Antigo Testamento empregada para perdão, com o significado de
‘enviar ou deixar partir’. Consequentemente, em Levítico 4.20 está declarado:
‘O sacerdote por eles fará propiciação [de karpar], e lhes será perdoado
[de salah] o pecado. Uma terceira palavra heb., na'as, ocorre
frequentemente com a ideia de ‘levantar’ ou ‘dispersar’ o pecado.[...] Fica claro que o perdão depende de um pagamento justo, de uma penalidade pelo pecado. Os sacrifícios do Antigo Testamento proporcionaram tipicamente e profeticamente uma expectativa do sacrifício final de Cristo. O perdão como um relacionamento entre Deus e o homem depende dos atributos divinos de justiça, amor e misericórdia, e é baseado na obra de Deus ao providenciar um sacrifício apropriado” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, p.1501).
CONCLUSÃO
A salvação que Cristo oferece é tão abrangente que, além de uma
experiência espiritual primordial e libertadora da pessoa, traz consigo
implicações de ordem cultural e social que vão muito além do indivíduo e se
estendem por toda ordem de coisas criadas. Em Cristo, Deus ofereceu salvação a
todo o mundo.
A
respeito da abrangência universal da salvação, responda:
1° O
que significa expiação?
Resp: Com o
termo “expiação”, nos referimos ao ato de remir uma pessoa de um crime ou falta
cometida.
2° Qual
a necessidade da obra expiatória de Cristo?
Resp: Esta
se tornou necessária porque o pecado atingiu a humanidade e a criação, de modo
que o ser humano não consegue resolver esse problema por si mesmo.
3° O
esforço próprio torna o ser humano puro e sem pecados?
Resp: Toda
tentativa do homem de manter-se puro, sem pecado, e por esforço próprio,
fracassou. Nesse sentido o sistema de sacrifícios foi apenas um vislumbre do
que viria por intermédio da morte vicária de Cristo.
4° A
salvação é universal?
Resp: O
alcance da obra expiatória operada por Cristo é universal, pois ela envolve
todos os homens e o homem todo, — espírito, alma e corpo — (1Ts 5.23), alcançando
todo o mundo (Jo 3.16).
5° Qual
é a responsabilidade do cristão diante da salvação?
Resp: Há
uma grande responsabilidade para os que foram alcançados pela salvação em
Cristo. Uma das mais importantes é o compromisso de compartilhar o Evangelho
por intermédio do “Ide” de Jesus (Mt 28.19).
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
A
abrangência universal da Salvação
A salvação em Cristo abrange poucas pessoas escolhidas por decreto de
Deus ou qualquer ser humano que se arrepende de seus pecados e crê no Unigênito
Filho do Pai?
Esta lição retoma uma discussão de séculos, que no lugar de origem dela
se encontra superada, mas floresceu aqui no Brasil. Em primeiro lugar é
importante ressaltar que não podemos fazer da boa exposição teológica um campo
de batalha e de agressões pessoais, pois quem se compreende tanto arminiano
quanto calvinista herdarão o mesmo céu. Entretanto, é verdade que nós, os
pentecostais, nos identificamos mais com a teologia clássica arminiana, que
infelizmente, é desconhecida por muitos pentecostais.
Uma
teologia que destaca o caráter amoroso e justo de Deus
Diferentemente do que muitos pensam a teologia arminiana não está
centrada no livre-arbítrio, mas na ênfase ao caráter amoroso e justo de Deus.
Segundo o teólogo Roger E. Olson, na obra Teologia Arminiana: Mitos e
Realidades, a preocupação primária de Jacó Armínio foi o compromisso com a
bondade de Deus, sendo Jesus Cristo a maior e melhor prova de que o caráter de
Deus foi revelado nas Escrituras compassivo, misericordioso, amável e justo.
Ora, a epístola de Paulo aos Colossensses diz que em Cristo “habita
corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). De modo que um dos
Evangelhos narra essa mesma verdade da carta paulina, pronunciada e confirmada
pelo próprio Senhor (Jo 12.44,45; cf; Jo 14.9-14). Por isso, como fez Roger
Olson, pode-se arrematar sobre Armínio: “Sua teologia é cristocêntrica”.
Uma
teologia que destaca a vontade universal de Deus para a salvação
Baseado nessa compaixão, misericórdia, amor e justiça é que o plano
salvífico de Deus, executado por Jesus Cristo, provê salvação a todo o ser
humano. Em Jesus, Deus se mostra misericordioso, bondoso, amoroso e justo;
logo, não haveria o porquê de o Pai enviar seu Filho, fazê-lo passar por todo
processo de crucificação, morte e ressurreição, ordenando que os discípulos,
após serem batizados no Espírito Santo, proclamassem o Evangelho a toda a
criatura (Mc 16.15; cf. At 1.8). A partir dessa ordem, estava clara a intenção
de Deus de salvar todos os seres humanos e, com base em sua bondade, amor e
justiça, dá a oportunidade de ele rejeitar ou não a promessa bendita de
Salvação. Aqui, o livre-arbítrio torna-se secundário, pois o que se destaca são
o amor e a bondade de Deus.