sábado, 27 de janeiro de 2018

Lição 4 CPAD - 1° Trimestre 2018


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD / ADULTOS

Título: A supremacia da Cristo — Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus

Comentarista: José Gonçalves

Lição 4: Jesus é superior a Josué — O meio de entrar no repouso de Deus

Data: 28 de Janeiro de 2018

 


 
TEXTO ÁUREO:Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência(Hb 4.11).

 
VERDADE PRÁTICA: O descanso provido por Josué foi terreno, temporário e incompleto; o descanso provido por Cristo é celestial, eterno e completo.

 
OBJETIVO GERAL: Demonstrar que Jesus é superior a Josué na mensagem e no provimento de repouso para o povo de Deus.

 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

I. Mostrar que a mensagem de Jesus é superior a de Josué;

II. Mencionar a provisão de um descanso superior ao de Josué;

III. Apontar a superioridade da orientação de Jesus em relação à de Josué.

 
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
O texto de Hebreus 4 mostra o que a história de Josué representa para a Igreja de Cristo. Enquanto o ministério do sucessor de Moisés foi de caráter terreno, temporário e incompleto — primeiro porque Israel não conquistou toda a terra; depois, as guerras continuaram —, Jesus Cristo proveu um descanso celestial, eterno e completo. Na lição desta semana, é preciso fazer o contraste entre os ministérios de Jesus e Josué, conforme abaixo:


JOSUÉ Terreno Temporário Incompleto

JESUS Celestial Eterno Completo

Devido à popularização da teologia da prosperidade, bem como o aumento da “politização ideológica” dos movimentos evangélicos, é comum alguns cristãos virarem as costas para a dimensão celestial e eterna do ministério de Jesus, alegando que se dermos ênfase ao “céu” formaremos cristãos “escapistas”. O problema é que eles se esqueceram de combinar isso com o autor de Hebreus. A natureza celestial, eterna e esperançosa do ministério de Cristo é cristalina nas Escrituras! Por isso, embora a obra de Cristo tenha consequências presentes como uma antecipação das bênçãos futuras, claro que podemos vivê-las hoje, aqui e agora, não tenha receio de enfatizar a natureza do porvir da obra de Cristo, pois Ele nos prometeu a vivência da comunhão no Reino Celestial (Mt 26.28,29).
 

INTRODUÇÃO
A conquista de Canaã sob a liderança de Josué é retratada pelo autor da Carta aos Hebreus como um tipo da Canaã celestial. Deus havia prometido a conquista da terra a Moisés e Josué (Êx 3.8; Js 1.2,3). Mas ao longo da jornada do Êxodo muitos ficaram pelo caminho. A incredulidade e a desobediência, somadas à falta de ânimo, fizeram com que o povo não vivesse as promessas de Deus em sua plenitude. O mesmo processo estava se repetindo agora com os crentes da Nova Aliança e pelas mesmas razões. A única forma de voltar para a corrida e completar o percurso, entrando no descanso de Deus, era observando a sua Palavra.

 
PONTO CENTRAL:  Enquanto Josué proporcionou um descanso terreno, temporário e incompleto para Israel, Jesus Cristo proveu um descanso celestial, eterno e completo para a Igreja.

 

I. JESUS PROVEU UMA MENSAGEM SUPERIOR A DE JOSUÉ

1. Uma mensagem que deve ser recebida pela fé.
O autor inicia sua argumentação com uma afirmação e uma declaração. Primeiramente ele afirma que as boas-novas foram pregadas a seus contemporâneos, assim como havia acontecido com os crentes dos dias de Josué (Hb 4.2). Tanto aqui como no versículo seis, o autor usa o verbo grego euangelizomai, que significa “evangelizar”, “pregar as boas-novas a alguém”. É a mesma raiz que dá origem à palavra “evangelho”. Em segundo lugar, o autor declara que “a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram” (Hb 4.2). Muitos crentes do Antigo Pacto haviam ficado de fora da Terra Prometida porque não receberam a mensagem com fé, o que se poderia esperar então dos que receberam a mensagem em sua plenitude, mas não lhe deram crédito?


2. Uma mensagem que se fundamenta na obediência.
O autor passa a mostrar a razão de alguns não terem entrado no descanso de Deus: “Visto, pois, que resta que alguns entrem nele e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas novas não entraram por causa da desobediência” (Hb 4.6). A desobediência (gr. apeitheia) é a manifestação ativa da incredulidade. Essa palavra ocorre seis vezes no texto original e foi usada pelo apóstolo Paulo para se referir aos “filhos da desobediência” (Ef 2.2). O crente, quando não crê, age da mesma forma do incrédulo. O autor de Hebreus usa essa palavra novamente no versículo 11, do mesmo capítulo, quando alerta o crente a não “cair no exemplo de desobediência”. A mensagem de Deus só tem proveito quando acompanhada pela obediência.


3. Uma mensagem que conduz à contrição.
A mensagem de Deus para ser recebida necessita encontrar corações receptivos, abertos: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb 4.7b). O autor usa o termo sklerynô — traduzido como “duro”, “endurecido” — quatro vezes nesta carta. Esse termo deu origem a palavra portuguesa “esclerose”, “esclerosado”, isto é, “endurecido”, “enrijecido”. É a mesma palavra usada por Lucas em Atos 19.9 para dizer que os judeus se “mostraram endurecidos” e por essa razão rejeitaram a mensagem de Paulo. Aqui em Hebreus, como em outros lugares do Novo Testamento, é o homem, e não Deus, que endurece o seu próprio coração. Deus só endurece quem já está anteriormente endurecido (Rm 1.28,29). Para que a mensagem tenha efeito é preciso encontrar corações contritos.

 
SÍNTESE DO TÓPICO (I): A mensagem de Jesus deve ser percebida pela fé, praticada com obediência e recebida em contrição pessoal.
 

SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor(a), o recebimento da Palavra com fé, o viver em obediência e o coração contrito e aberto à Palavra são os três aspectos do ouvinte da mensagem de Jesus que devem ser enfatizados neste primeiro tópico. Deixe claro que sem fé é impossível agradar a Deus; sem obediência à Palavra não há fundamento na vida cristã; sem coração contrito não há arrependimento.

 
II. JESUS PROVEU UM DESCANSO SUPERIOR AO DE JOSUÉ

1. Um descanso total.
Quando contrastamos o capítulo 11.23 com o 13.1 do livro de Josué surge uma pergunta: Josué conquistou ou não Canaã? Especialistas em línguas semíticas avaliam que Josué 11.23 refere-se a uma avaliação otimista das campanhas do líder do povo de Deus. Ora, o povo peregrino ansiava por vir chegar o dia de herdar a Terra Prometida. Nesse sentido, e como era comum à época, o exército de Josué estabeleceu a supremacia militar por sobre toda Canaã assim que chegou ao território, embora não tivesse pleno controle de cada cidade e vila, conforme deixa patente Josué 13.1. Logo, os capítulos 11 e 13 não são contraditórios, mas confirmam que o descanso dado por Josué ao antigo povo de Deus foi incompleto e parcial. Por outro lado, o que o autor de Hebreus está mostrando é que o descanso provido por Jesus foi completo, total. Nada ficou para ser conquistado.


2. Um descanso real.
A redação de Hebreus 4.8, diz: “Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria, depois disso, de outro dia”. A conquista de Canaã era apenas um tipo da qual a Canaã celestial é o antítipo. A conquista da Terra Prometida por Josué era apenas uma sombra da qual Jesus é a realidade. Quem proveu, de fato, um descanso para o povo de Deus foi Jesus, não Josué: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28).


3. Um descanso eterno.
Para o autor de Hebreus, o descanso provido por Josué não foi apenas incompleto e tipológico, ele foi também temporário: “Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb 4.9). O descanso não é aqui! Embora desfrutemos das bênçãos do reino na era presente, todavia, o futuro aguarda a sua plenitude. A estrada é longa e ninguém pode se deixar fatigar pelo caminho. É preciso caminhar com dedicação e vigilância: “Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência” (Hb 4.11).

 
SÍNTESE DO TÓPICO (II): O descanso que Jesus proveu para o seu povo é completo, real e eterno.

 

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
O repouso de Deus, no qual os crentes são convidados a entrar, é algo para o presente ou para o futuro? Certamente o repouso de Deus em seu sentido mais amplo aguarda a era por vir, mas há também um sentido presente de entrar pela fé, como é indicado pelo versículo 3: ‘porque nós, os que temos crido [tempo passado], entramos [tempo presente] no repouso’ (cf. a ênfase do tempo presente em 4.1,10,11). A fé torna possível, no presente, realidades que são futuras, invisíveis, ou celestiais (cf. 11.1).

Em 4.3-5, são enfatizados dois fatos importantes:

1) O repouso de Deus é uma realidade presente e completa (4.3c,4) e
2) Os israelitas não puderam entrar no repouso de Deus (4.3b,5b) por causa de sua incredulidade e desobediência (3.19; 4.6). Note que nosso autor cita Gênesis 2.2 em Hebreus 4.4 e se refere ao Salmos 95.11 (duas vezes) em Hebreus 4.3,5. Sua preocupação por seus leitores é que entrem no repouso de Deus agora pela fé e que não o percam para sempre, como fez a geração que peregrinou no deserto. A incredulidade fecha o coração para Deus e torna sua promessa sem efeito.
O que é o repouso de Deus? É um repouso baseado na conclusão de sua obra na criação (4.3c,4), do qual o sábado sagrado é um testemunho duradouro. Nossa participação em seu repouso é baseada na obra consumada de Cristo na cruz; o fato de Ele estar ‘assentado’ (que inclui o pensamento de repouso) à direita do Pai é o testemunho duradouro. O fato de Deus ter repousado não significa que Ele, por conseguinte, tenha estado ou esteja em um estado de ociosidade, mas apenas que não há nada a se acrescentar àquilo que Ele fez. Deus repousou após criar todas as coisas porque sua obra (de criar) foi terminada ‘desde a fundação do mundo’ (4.3c)” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. RJ: CPAD, 2004, pp.1563,64).

 
CONHEÇA MAIS

O Descanso
A preocupação pastoral do autor se torna novamente evidente: ‘Que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fique para trás’ (cf. 3.12,13; 4.11). Entrar no repouso de Deus não é algo que acontece automaticamente após a conversão a Cristo, da mesma maneira que Israel não entrou automaticamente em Canaã após a sua redenção do Egito. Como Bruce observa, os leitores ‘farão bem em temer a possibilidade de perder a grande bênção que nos está prometida, da mesma maneira que a geração de israelitas que morreu no deserto perdeu a Canaã terrestre, embora este fosse o objetivo que tinham diante de si quando saíram do Egito’”. Leia mais em Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, CPAD, pp.1563,64.

 
III. JESUS PROVEU UMA ORIENTAÇÃO SUPERIOR A DE JOSUÉ

1. Uma palavra viva.
Já vimos que o autor de Hebreus afirma que a geração do Êxodo ouviu as boas-novas da Palavra de Deus, mas não lhe deu ouvido. Novamente o povo de Deus estava diante de sua Palavra. Essa Palavra não foi anunciada por um anjo, Moisés nem tampouco por Josué, mas pelo próprio Filho de Deus — Jesus. Essa Palavra não mais se limita à letra, a Lei, porque ela é “viva” (Ez 37.3,4). Jesus afirmou que suas palavras “são espírito e vida” (Jo 6.63). Como devemos nos portar diante da Palavra Viva de Deus?


2. Uma palavra eficaz.
A Palavra de Deus é viva, ela produz vida. Mas além de viva, ela é eficaz. Produz resultados: “sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (1Pe 1.23). O autor mostra que essa palavra é produtiva. O termo energes, traduzido como “eficaz”, é usado na Bíblia para se referir à atividade divina que produz resultados: “assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei” (Is 55.11).


3. Uma palavra penetrante.
A Palavra de Deus é retratada como um instrumento vivo, eficaz e cortante, “mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12). A metáfora usada pelo autor é muito forte e serve para mostrar que a Palavra de Deus possui um grande poder de penetração. Ela não fica na superfície, mas vai até o centro do ser humano. Os israelitas falharam por não ouvir as palavras de Moisés e Josué, e os cristãos, por outro lado, deveriam ter mais prontidão para responder a essa Palavra.

 
SÍNTESE DO TÓPICO (III): A orientação de Jesus foi manifesta por meio de uma Palavra viva, eficaz e penetrante.

 

SUBSÍDIO DIDÁTICO
Ao terminar a exposição deste tópico , e com o auxílio das seções objetivos específicos e sínteses dos tópicos, faça uma breve recapitulação dos assuntos abordados nesta aula. Não esqueça também de trabalhar com a classe as questões da seção Para Refletir.

 
CONCLUSÃO
A palavra chave desta lição é “descanso”. Todos nós nos fatigamos na caminhada da vida. O problema, portanto, não é se cansar, mas permitir que fatores diversos interrompam a nossa jornada de fé. Com os israelitas o desânimo veio como consequência da infidelidade, incredulidade e desobediência. As mesmas coisas podem acontecer conosco se não atentarmos para a santa, viva e eficaz Palavra de Deus. Nessa jornada temos como guia não um Moisés ou um Josué, mas Jesus, o autor e consumador da nossa fé.

 
PARA REFLETIR

A respeito de Jesus é superior a Josué — O meio de entrar no repouso de Deus, responda:

1° Qual a primeira afirmação do autor aos Hebreus?
Resp: Que as Boas-novas foram pregadas aos seus contemporâneos, assim como havia acontecido com os crentes dos dias de Josué (Hb 4.2).

 

2° O que é preciso para que a mensagem tenha efeito?
Resp: A mensagem de Deus para ser recebida necessita encontrar corações receptivos, abertos.

 

3° Segundo a lição, o que foi a conquista de Canaã?
Resp: A conquista da Terra Prometida por Josué era apenas uma sombra da qual Jesus é a realidade.

 

4° Para o autor de Hebreus, o que foi o descanso de Josué?
Resp: Para o autor de Hebreus, o descanso provido por Josué não foi apenas incompleto e tipológico, ele foi também temporário: “Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb 4.9).

 

5° Se os israelitas falharam ao não ouvir as palavras de Moisés e Josué, qual o cuidado que os cristãos devem ter?
Resp: Os cristãos, por outro lado, deveriam ter mais prontidão para responder a essa Palavra.

 

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

Jesus é superior a Josué — O meio de entrar no repouso de Deus

O livro de Josué narra a conquista parcial da terra prometida, a terra de Canaã, sua distribuição e o estabelecimento do povo israelita nela. A narrativa do texto mostra batalhas sangrentas para conquistar a terra. Os cananeus não a entregariam gratuitamente. Entretanto, ao longo do livro é possível perceber que Deus honrou Israel, fazendo-o vencer os inimigos idólatras e obter a dádiva da terra prometida ao seu povo. Ali, começaria a se cumprir a promessa da Aliança de Deus com os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó.
Nesse contexto que a promessa de descanso, ou repouso, isto é, a promessa de conquistar e permanecer na terra prometida, que não foi plenamente realizada, foi cumprida por intermédio de Josué ao povo de Israel, mas unicamente numa perspectiva terrena, incompleta e finita. Aqui, o capítulo 4 de Hebreus faz o maior contraste com o “repouso” proposto no livro de Josué.
A Carta aos Hebreus mostra que “o repouso prometido por Deus não é somente o terrestre, mas também o celestial” (vv.7,8; cf.13.14). Para os crentes, resta ainda o repouso eterno no céu (Jo 14.1-3; cf. Hb 11.10,16). Entrar nesse repouso final significa o cessar do labor, dos sofrimentos e da perseguição, tão comuns em nossa vida nesta terra (cf. Ap 14.13); significa participar do repouso do próprio Deus e experimentar a eterna alegria, deleite, amor e comunhão com Deus e com os santos redimidos. Será um descanso sem fim (Ap 21.22)” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1905).

 

 

Escola Bíblica Dominical



Primeiro Batismo nas Águas do Ano 2018



sábado, 13 de janeiro de 2018

Lição 2 CPAD - 1° Trimestre 2018


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD / ADULTOS

Título: A supremacia da Cristo — Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus

Comentarista: José Gonçalves
 

 

Data: 14 de Janeiro de 2018

TEXTO ÁUREO: “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram” (Hb 2.3).

 
VERDADE PRÁTICA: A salvação não é algo dado ao crente compulsoriamente. O cristão é exortado a ser vigilante e não negligente em relação a essa dádiva recebida.

 
OBJETIVO GERAL
Explicar que a salvação não é algo dado ao crente compulsoriamente, por isso, ele deve ser vigilante e não negligenciar a graça recebida.

 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Mostrar a grandiosidade da salvação divina
II. Discutir a necessidade da salvação
III. Saber que a salvação pela fé em Cristo é eficaz

 
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Prezado(a) professor(a), estudaremos a exortação do escritor de Hebreus a respeito da grandiosidade da salvação. Salvação essa que recebemos mediante a fé em Jesus Cristo. Ela é resultado da graça divina, mas Cristo pagou um alto preço. Por isso, no capítulo dois, o autor aos Hebreus faz uma séria advertência a respeito dos que negligenciam tão grande salvação. Para redimir a humanidade pecadora, Cristo assumiu a forma humana a fim de se identificar conosco e nos outorgar a salvação. Ele morreu por nós, mas ao terceiro dia ressuscitou coroado de glória e honra. Cristo também nos elevou a uma condição superior, a de filhos(as) de Deus. Jesus é superior aos anjos e a todas as coisas, e a salvação que Ele oferece é o maior bem que o ser humano pode obter, por isso não devemos negligenciar tal graça.
 

INTRODUÇÃO
O autor dá início à seção de Hebreus 2.1-18 com uma forte exortação. Era necessário, por parte dos crentes maior firmeza em relação às coisas espirituais. O que o autor observava entre eles era certa letargia e negligência diante de um fato de tão grande importância como é a salvação. Nesse aspecto a resposta devia ser dada por meio do retorno às verdades anteriormente ouvidas e que haviam sido esquecidas. Isso era de suma importância porque evitava que algum deles viesse a se desviar. De fato, o vocábulo grego usado pelo autor — pararreo —, traduzido como “desviar”, significa originalmente “perder o rumo”. O termo era usado também em relação a um barco que acidentalmente era desancorado e lançado à deriva em alto mar. No pensamento do autor só havia uma maneira de manter-se no rumo certo: ancorando o barco no porto seguro, Jesus.

 

PONTO CENTRAL: Precisamos ser vigilantes e não negligenciarmos a salvação divina.

 
I. UMA SALVAÇÃO GRANDIOSA

1. Testemunhada pelo Senhor.
O autor faz um contraste entre as alianças do Sinai e do Calvário. Enquanto a Antiga Aliança foi intermediada por anjos (v.2), a Nova Aliança tinha Jesus, o Filho de Deus, como seu mediador. O autor, então, faz uma analogia entre as duas Alianças para que o contraste entre ambas fique bem definido. Foi Jesus, o Filho de Deus, e não os anjos, que anunciou essa tão grande salvação. Por serem mediadores da Lei, os anjos despertavam grande estima e respeito dos judeus por eles. Se uma Aliança firmada na Lei, mediada por anjos, imperfeita e transitória, requeria obediência por parte dos crentes, muito mais a Nova Aliança que é perfeita e eterna. Se quem não observava os princípios do Antigo Pacto, quebrando os seus preceitos, era punido de forma dura, que castigo merecia quem ultrajava a Nova Aliança, que em tudo era superior.


2. Proclamada pelos que a ouviram.
Essa salvação grandiosa foi primeiramente anunciada pelo Senhor e, posteriormente, por “aqueles que a ouviram” (Hb 2.3). Fica evidente nesse texto que o autor não foi uma testemunha ocular dos feitos de Jesus, mas recebera a Palavra por meio dos que a “ouviram”. Mesmo não tendo recebido a Palavra de Deus diretamente do Senhor, o autor não tem dúvida que a mensagem apostólica era essencialmente a mesma Palavra de Deus. Esse fato deveria fazer com que os crentes fossem mais diligentes na observância dos preceitos neotestamentários. De fato, a palavra bebaioô, aqui traduzida como “confirmar”, tem o sentido de algo que transmite segurança e confiança. Em outras palavras, o que o Senhor anunciou e que, posteriormente, foi proclamado por testemunhas oculares, deve servir de fundamento da nossa fé.


3. Confirmada pelo Espírito Santo.
A mensagem, que primeiramente fora anunciada pelo Senhor e testemunhada pelos que a ouviram, foi instrumentalizada pelo Espírito Santo. Nesse aspecto, as traduções — “distribuições feitas pelo Espírito Santo” ou “distribuições do Espírito Santo” (Hb 2.4) — expressam bem o que o autor quis dizer. O Espírito Santo é o agente por trás de cada milagre e sinal operados na história do povo de Deus, tanto do passado quanto do presente. O autor quer chamar a atenção de seu público leitor mais uma vez para a importância da mensagem recebida, ou seja, ela fora também testemunhada de uma forma concreta e palpável pelo Espírito Santo por intermédio da distribuição de seus muitos dons.

 
SÍNTESE DO TÓPICO (I):  Pela fé em Jesus Cristo recebemos uma salvação grandiosa.

 
SUBSÍDIO TEOLÓGICO

Hebreus 2.1-4
Esta é a primeira de sete passagens em Hebreus onde o autor combina uma urgente exortação com uma solene advertência a fim de mover seus leitores a uma confiança renovada, a uma esperança e fé perseverante em Cristo. Estas sete advertências não são divagações, no entanto se relacionam diretamente com o principal propósito do autor. A íntima conexão entre este parágrafo e a interpretação em 1.5-14 demonstra que a exposição bíblica do autor não era propriamente um fim, mas originou-se de sua preocupação por seus leitores e sua perigosa situação.
O rico vocabulário e os dons do autor como orador são novamente evidentes. A construção grega de 2.1-4 consiste em duas sentenças: uma declaração direta (2.1), seguida por uma longa sentença explicativa (2.2-4), que inclui uma pergunta retórica (‘como escaparemos nós?’) com uma condição (‘se atentarmos para [ou negligenciarmos] uma tão grande salvação’, 2.3a).
A expressão ‘Portanto’ (2.1) liga este parágrafo ao esplendor e à incomparável supremacia do Filho no capítulo 1. Pelo fato de o Filho ser superior aos profetas e aos anjos, se o que Deus ‘nos falou pelo Filho’ (1.2) for negligenciado, seremos muito mais culpáveis: ‘Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos delas’” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.1549).
 

CONHEÇA MAIS

Salvação

1. Sõteria (σωτηρία) denota ‘libertação, preservação, salvação’. O termo ‘salvação’ é usado no Novo Testamento para se referir a: (a) o livramento material e temporal de perigo e apreensão: (1) nacional (Lc 1.69,71; At 7.25, ‘liberdade’); (2) pessoal, como do mar (At 27.34, ‘saúde’); da prisão (Fp 1.19); do dilúvio (Hb 11.7); (b) o livramento espiritual e eterno concedido imediatamente por Deus aos que aceitam as condições estabelecidas por Ele referentes ao arrependimento e fé no Senhor Jesus, somente em quem será obtido (At 4.12), e sob confissão dEle como Senhor (Rm 10.10); para este propósito o Evangelho é o instrumento de salvação (Rm 1.16; Ef 1.13 [...])”. Para conhecer mais leia Dicionário Vine, CPAD, p.967.

 
II. UMA SALVAÇÃO NECESSÁRIA

1. Por intermédio da humanização do Redentor.
Na seção vv.5-9, o autor toma o Salmo 8 como pano de fundo de seu argumento (Sl 8.4-6). Nesse aspecto, ele segue a Septuaginta que usa o termo “anjo”, em vez do texto massorético, que traz a palavra “Deus”. Na mentalidade judaica, da qual o autor participa, o homem foi feito como coroa da criação e a ele foi confiado todo o domínio. Todavia, devido à queda, esse domínio fora perdido. Na mente do autor dessa Escritura, portanto, o Salmo 8 não pode se aplicar a Adão, nem tampouco a raça pós-queda, mas a Jesus, o Messias, que por meio da cruz, veio restaurar a humanidade caída.


2. Por meio do sofrimento do Redentor.
Para um judeu do primeiro século era escandalosa a ideia de um Messias sofredor. Como então assegurar que Jesus era superior aos anjos se Ele morrera em uma cruz? O autor de Hebreus usa o versículo cinco do Salmo 8 para explicar esse aparente paradoxo. Sim, argumenta ele, Jesus de fato foi feito um “pouco” menor do que os anjos por causa da sua humanização. Os intérpretes entendem que as palavras “pouco” e “pouco tempo” (Hb 2.7,9) podem denotar posição ou tempo. Em outras palavras, Jesus se tornou “menor” que os anjos enquanto vivia os limites da condição humana e experimentou o sofrimento advindo desse estado de humilhação. Todavia, foi por meio deste mesmo sofrimento de Cristo que os homens tornaram-se livres.


3. Por intermédio da glorificação do Redentor.
Na mente do autor, Cristo não sofreu para ser glorificado, mas Ele foi glorificado porque sofreu. Foi por intermédio do sofrimento que Ele foi “coroado de glória e de honra, [...] para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos” (Hb 2.9). Para os crentes que viam no sofrimento algo incompatível com o viver cristão, e que, devido a isso estavam desanimados, essas palavras serviam de ânimo e consolo.

 
SÍNTESE DO TÓPICO (II): Depois da Queda a salvação tornou-se necessária, por isso, por meio da cruz, Jesus veio restaurar a humanidade.

 
SUBSÍDIO TEOLÓGICO

Jesus, superior aos anjos em sua missão redentora (Hb 2.5-18)
Esta seção dá continuidade ao pensamento iniciado em 1.5-14 a respeito da superioridade do Filho em relação aos anjos, porém sob uma perspectiva diferente. No capítulo 1 a ênfase estava na divindade da natureza do Filho; aqui o enfoque está em sua humanidade e no sofrimento como componentes necessários de sua missão redentora. Os anjos, por um lado, são servos; sua missão para o homem como ‘espíritos ministradores’ é ‘servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação’ (1.14). O Filho, por outro lado, é o Salvador; sua missão para o homem como ‘o Príncipe da salvação deles’ (2.10) é ‘salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus’ (7.25). Entretanto, como Salvador, a missão redentora do Filho envolvia tanto a humilhação como a glória.
Como o homem perfeito, Jesus se tornou o verdadeiro representante da raça humana e o cumprimento absoluto do Salmos 8. Somente Ele poderia cumprir ‘o propósito declarado do Criador quando trouxe a raça humana à existência’. Mas, assim fazendo, Ele teve de se identificar plenamente com a condição humana, incluindo o sofrimento humano (cf. Hb 4.15,16; 5.6), a fim de ‘abrir o caminho da salvação para a humanidade e agir eficazmente como o Sumo Sacerdote de seu povo na presença de Deus’. Isto significa que Ele não é apenas aquEle em quem se cumpre a soberania destinada à humanidade, mas também aquEle que, por causa do pecado humano, deve concretizar esta soberania por meio do sofrimento e da morte. Portanto, o Filho, que já foi apresentado como superior aos anjos, teve de ser feito ‘um pouco menor do que os anjos’ (2.7a) antes de poder ser ‘coroado de glória e de honra’ (2.7b) como Senhor sobre todas as coisas” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2 Edição. RJ: CPAD, 2004, pp.1551,52).

 
III. UMA SALVAÇÃO EFICAZ

1. Vitória sobre o Diabo.
Na conclusão de seu argumento o autor mostra os métodos e os resultados dessa grandiosa salvação. Para que a salvação se efetivasse o Salvador precisava sofrer e morrer pelos homens. Somente por meio da morte na cruz, o Diabo, arqui-inimigo dos homens, seria derrotado (Hb 2.14). O autor usa o verbo grego catargeo para se referir à derrota de Satanás. Esse verbo tem o sentido de “destronar” ou “tornar inoperante”. Por intermédio da cruz, Cristo destronou e desarmou Satanás das armas que este possuía. Foi na cruz que Ele despojou os principados e as potestades e nos garantiu a vitória (Cl 2.15).


2. Vitória sobre a morte.
Com a entrada do pecado no mundo a morte passou a ser um inimigo temido. Essa arma poderosa era usada por Satanás para manter os homens debaixo do jugo do medo (Hb 2.15). Todavia, ao morrer na cruz por todos os homens, Jesus venceu a morte. Os homens continuam a morrer, mas os que o recebem como Salvador tem a vida eterna, pois a morte não tem mais domínio sobre eles.


3. Vitória sobre a tentação.
Pela primeira vez na epístola o autor usa a denominação “sumo sacerdote” em relação a Jesus (Hb 2.17). O tema do sacerdócio de Cristo será explorado pelo autor com maior profundidade em passagens posteriores (Hb 3.1; 4.14-16; 5.1-10; 6.20; 7.14-19,26-28; 8.1-6; 9.11-28; 10.1-39). Todavia, aqui o seu uso é justificado no contexto da identificação de Jesus com seus “irmãos”, os salvos. Esse sumo sacerdote é misericordioso e fiel. Por ter assumido a natureza humana, e se identificado com os homens nos seus limites, Ele sabe o que é ser tentado e por essa razão está pronto a ajudá-los.

 
SÍNTESE DO TÓPICO (III): O sacrifício de Cristo foi único, eficaz e nos garante a vitória sobre o Diabo, a morte e a tentação.

 
SUBSÍDIO TEOLÓGICO

[...] Pela graça de Deus, Jesus provou a morte por todos os homens (Hb 2.9). Três verdades importantes estão sucintamente incorporadas aqui:

1. A morte de Jesus na cruz, para realizar a salvação, foi um ato da graça de Deus.

2. Sua morte foi em favor de (byper) cada pecador; um claro ensino de Hebreus é que sua morte foi uma expiação substitutiva pelo nosso pecado (cf. 5.1; 7.27).
Sua morte não foi uma ‘expiação limitada’ — isto é, para algumas pessoas seletas, como alguns reivindicam — mas Ele provou temporariamente a morte por todos os homens. Sua morte é de proveito para todo aquele que por fé se submete a Ele como Senhor e Cristo.
Para os judeus daqueles dias, a ideia de um Messias em sofrimento era detestável e a reivindicação cristã de que isto convinha, deveria ser vista contra este panorama. Qualquer que seja a razão para a cruz, não há dúvida alguma de que tais fatos revelam a natureza de Deus. É neste sentido que ‘convinha’ que as coisas ocorressem como de fato ocorreram” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.1553).

 
CONCLUSÃO
Por meio da sua humanização e humilhação Jesus se tornou o legítimo Sumo Sacerdote representante da humanidade. Os anjos de fato são seres especiais a serviço de Deus, entretanto, Jesus não veio socorrê-los, mas buscar a descendência de Abraão, os crentes. Por intermédio de seu sofrimento e morte, Ele pode dar vida aos que estão mortos.

 
PARA REFLETIR

A respeito de Uma Salvação Grandiosa, responda:

1° Segundo o autor aos Hebreus, qual a única maneira de manter-se no rumo certo?
Resp: No pensamento do autor só havia uma maneira de manter-se no rumo certo: ancorando o barco no porto seguro, Jesus.

 

Enquanto a Antiga Aliança foi intermediada por anjos, a Nova Aliança foi mediada por quem?
Resp: Enquanto a Antiga Aliança foi intermediada por anjos, a Nova Aliança tinha Jesus, o Filho de Deus, como seu mediador.

 

3° Como os homens tornaram-se livres?
Resp: Por meio do sofrimento de Cristo.

 

4° O que foi preciso ser feito para que a salvação se efetivasse?
Resp: Para que a salvação se efetivasse o Salvador precisava sofrer e morrer pelos homens.

 

5° Por que Jesus Cristo, o verdadeiro Sumo Sacerdote, sabe o que é ser tentado e, por isso, está pronto a nos ajudar nas fraquezas?
Resp: Por ter assumido a natureza humana, e se identificado com os homens nos seus limites, Ele sabe o que é ser tentado e por essa razão está pronto a ajudá-los.

 

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO



Uma Salvação Grandiosa
Caro professor, prezada professora, com base no esboço acima, leve em consideração o objetivos geral e específicos da lição. Você deve explicar que a salvação não é algo dado ao crente compulsoriamente, por isso, ele deve ser vigilante e não negligenciar essa graça recebida (Objetivo Geral).
Seu aluno deve chegar a esse objetivo, por meio do recurso selecionado por você, a fim de fazê-lo (1) perceber a grandiosidade da salvação divina, (2) discutir a necessidade da salvação e (3) mostrá-los que a salvação pela fé em Cristo é eficaz.
 

Um ponto importante sobre o Tópico I
É importante ressaltar que Hebreus 2.1-4 é uma advertência em relação às coisas que a igreja havia ouvido “PARA QUE, EM TEMPO ALGUM, NOS DESVIEMOS DELAS” (v.1). Por isso é preciso — preste atenção as nestas expressões! - “atentar com diligência”, “como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação” (v.3). Esses quatro primeiros versículos do escritor aos Hebreus afirmam pelos menos duas verdades: [1] É possível o crente salvo e remido negligenciar, descuidar e faltar com interesse a respeito da verdade do ensino do Evangelho, o que seria desastroso demais; [2] todo cristão é tentado a tornar-se e a permanecer indiferente para com a Palavra de Deus. É notória a preocupação do escritor aos Hebreus acerca da possibilidade, de aos poucos, e paulatinamente, o crente salvo se distanciar do Filho de Deus, mergulhando na mais terrível apostasia. Essa preocupação, o autor de Hebreus desdobrará melhor nos próximos capítulos. Por isso, é importante você ressaltar esse ponto nesse primeiro tópico.


Sugestão Pedagógica
Ao final da aula, retome o ponto central da presente lição, conforme consta na sua revista de professor: “Precisamos ser vigilantes e não negligenciar a salvação divina”. Leia com a classe e, em seguida, ore com os alunos, rogando ao Pai por vigilância e perseverança em Cristo.


sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Lição 1 CPAD - 1° Trimestre 2018


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD / ADULTOS

Título: A supremacia de Cristo — Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus

Comentarista: José Gonçalves

Lição 1: A Carta aos Hebreus e a excelência de Cristo

Data: 7 de Janeiro de 2018


 
TEXTO ÁUREO: Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho” (Hb 1.1).

 
VERDADE PRÁTICA: Por meio de Cristo, Deus revelou-se de uma forma especial e definitiva ao seu povo.

 
OBJETIVO GERAL: Apresentar as características da Carta aos Hebreus e a superioridade de Cristo.
 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

I. Pontuar a autoria, o destinatário e o propósito da Carta de Hebreus;

II. Expor a superioridade de Cristo em relação aos profetas;

III. Mostrar a superioridade de Cristo em relação aos anjos.

 

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Prezado (a) professor (a), iniciaremos mais um trimestre pela graça de Deus. A carta de Hebreus é o objeto do nosso estudo nestes próximos três meses. Antes de iniciar o estudo da primeira lição em classe, apresente o comentarista deste trimestre: pastor José Gonçalves, escritor, conferencista, comentarista de Lições Bíblicas Adultos da CPAD, membro da Comissão de Apologética da CGADB e líder da Assembleia de Deus em Água Branca — PI.

 
INTRODUÇÃO
Nesta lição introdutória do nosso estudo da Carta aos Hebreus, queremos iniciar dizendo que assim como todos os escritos da Bíblia, esta carta é um documento especial. Em nenhum outro documento do Novo Testamento encontramos um apelo exortativo tão forte. Isso possuía uma razão de ser — os crentes hebreus davam sinais de enfraquecimento espiritual e até mesmo o risco de abandonarem a fé! Era, portanto, urgente admoestá-los a perseverarem. Jesus, a quem o autor mostra ser maior do que os profetas, maior do que todas as hostes angélicas, maior do que Arão, Moisés, Josué e até mesmo os céus, é nosso grande ajudador nessa jornada.

 
PONTO CENTRAL: A carta de Hebreus é uma mensagem de instrução e exortação que serve à Igreja de Cristo ao longo dos séculos.

 

I. AUTORIA, DESTINATÁRIO E PROPÓSITO

1. Autoria.
A Carta aos Hebreus não revela o nome do seu autor. Esse fato fez com que surgissem inúmeras controvérsias em torno de sua autoria. É certo que os cristãos primitivos sabiam quem realmente a escreveu; todavia, já por volta do segundo século da nossa era não havia mais consenso quanto a isso. Clemente de Alexandria, no final do segundo século, atribuiu ao apóstolo Paulo a sua autoria, contudo, ao afirmar que Paulo a escreveu em hebraico e que Lucas a teria traduzido para o grego, passou a ser duramente questionado. As razões são basicamente duas: O texto de Hebreus, um dos mais rebuscados do Novo Testamento grego, não parece ser uma tradução. Por outro lado, o estilo usado na carta não parece ser de forma alguma de Paulo. Outros nomes surgiram como possíveis autores de Hebreus: Barnabé, Apolo, Lucas, Clemente Romano, etc. O certo é que somente Deus sabe quem é o seu autor. Por outro lado, o fato de ter sua autoria desconhecida em nada diminui a sua autoridade.


2. Destinatários.
Não há dúvida de que a Carta aos Hebreus foi escrita para cristãos judeus. Deve ser observado que essa carta foi endereçada a uma comunidade específica de cristãos e não a um grupo indeterminado. O autor conhece o público a quem endereça o seu texto e espera até mesmo encontrar-se com eles (Hb 13.19,23). Onde viviam esses crentes é um ponto debatido pelos teólogos. Baseados na expressão “os da Itália vos saúdam” (Hb 13.24), muitos eruditos argumentam que esses crentes se encontravam fora de Roma, capital do Império Romano. A data da carta é motivo de disputa, mas as evidências internas permitem-nos situá-la antes da destruição do Templo de Jerusalém no ano 70 d.C.


3. Propósito.
O escritor I. Howard Marshal observa que Hebreus combina instrução com exortação. De fato, essa carta possui uma grande carga exortativa. Ela exorta os crentes a terem ânimo, confiança e fé em um tempo marcado pela apostasia. Muitos pareciam estar desanimados com a oposição que a nova fé vinha sofrendo e em razão disso estavam voltando às antigas práticas judaicas. A carta, portanto, exorta esses crentes a suportarem as pressões e perseguições, lembrando-os que não haviam ainda derramado sangue pela sua fé (Hb 12.4). Essas palavras continuam ecoando nesses dias quando muitos crentes demonstram apatia e falta de fervor espiritual diante de um mundo hostil.

 
SÍNTESE DO TÓPICO (I): A autoria de Hebreus é desconhecida; seus destinatários eram cristãos judeus; seu propósito, exortar os cristãos a terem ânimo e fé.

 
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor (a), para introduzir o primeiro tópico desta lição, se possível, reproduza o quadro-resumo que se encontra abaixo. O objetivo é pontuar as questões de autoria, destinatário e propósito da carta em estudo.















 

CONHEÇA MAIS

Hebreus: Inigualável e não convencional
Com relação à sua forma inigualável e não convencional, Orígenes observou: ‘Começa como um tratado, prossegue como um sermão e termina como uma carta’. Ao invés de iniciar com uma saudação, o primeiro parágrafo de Hebreus é semelhante às palavras de abertura de um tratado teológico formal (1.1-4). Então, o livro prossegue mais como um sermão do que como uma carta convencional do Novo Testamento, alternando-se entre um argumento cuidadosamente construído (baseado em uma exposição do Antigo Testamento) e uma séria exortação. Para conhecer mais leia Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, CPAD, pp.1529-39.

 

II. CRISTO — A PALAVRA SUPERIOR A DOS PROFETAS

1. A revelação profética e a Antiga Aliança.
Ao falar da supremacia de Jesus, o autor de Hebreus primeiramente o faz em relação aos profetas. Deus falou no passado pelos profetas e no presente pelo Filho (Hb 1.1). A revelação profética no antigo Israel fez com que esse povo se distinguisse dos demais. O autor mostra um Deus que se revela, que se comunica com os seus. Ele fala de uma forma direta a seu povo, não é um Deus mudo! Os advérbios gregos polymerôs (“muitas vezes”) e polytropos (“muitas maneiras”), que modificam o verbo falar, mostram a intensidade dessa comunicação. Deus, em nenhum momento da história, deixou o seu povo sem orientação. Ele fala, e fala sempre o que é necessário.


2. A revelação profética e a Nova Aliança.
Aos cristãos da Nova Aliança, Deus falou por intermédio do seu Filho (Hb 1.1). O uso das expressões “havendo falado” ou “depois de ter falado” (Hb 1.1,2) por parte do autor mostra que essa ação de Deus foi um fato consumado. Isso tem levado alguns intérpretes a dizer que a partir daquele momento, Deus não falaria mais diretamente com ninguém. Mas isso é ir além daquilo que o autor tencionava dizer. O uso dessa expressão é mais bem entendida como significando que Deus falou de forma completa nos dias do autor, todavia, sem a conotação temporal de que não falaria mais no futuro. O Espírito profético, que é o Espírito de Cristo (1Pe 1.11; Rm 8.9,10), continua dando à Igreja hoje a percepção do plano e vontade de Deus para o seu povo (Jo 14.26; 15.26; 16.13). E isso sempre em consonância com as Escrituras.


3. Cristo: a revelação final.
O objetivo do autor aqui, evidentemente, é mostrar que Cristo é o clímax da revelação profética. Ele é a revelação final! O ministério profético na Antiga Aliança era de importância ímpar. O Senhor disse que falaria por intermédio de seus profetas: “Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas (Am 3.7). O silêncio profético, portanto, era a pior forma de castigo que poderia vir ao antigo Israel. Os profetas eram importantes, mas a relevância deles estava muito longe daquela possuída por Jesus Cristo, o Filho de Deus. Os profetas eram apenas servos, mas o Filho era o herdeiro de Deus e o agente da Criação (Hb 1.2). Ele é o redentor do mundo! Nenhum profeta morreu de forma vicária pelo povo de Deus.

 
SÍNTESE DO TÓPICO (II): Da Antiga à Nova Aliança, Cristo é a revelação plena de Deus Pai, por isso, Ele é superior aos profetas.

 
SUBSÍDIO LEXICOGRÁFICO

REVELAÇÃO — [Do gr. apokalupsis; do lat. revelatio, tirar o véu] Manifestação sobrenatural de uma verdade que se achava oculta. Tendo em vista o caráter e a urgência das profecias do último livro da Bíblia, Apocalipse é considerado a revelação por excelência (Ap 1.1-3).

REVELAÇÃO BÍBLICA — Conhecimento divino preservado nas Sagradas Escrituras, e posto à disposição da humanidade. Consta do Antigo e do Novo Testamento. É a nossa única regra de fé e prática.

REVELAÇÃO PROGRESSIVA — Evolução progressiva e dispensacional das verdades divinas que, tendo a sua gênese no Antigo Testamento, culminaram e se completaram no Novo. O texto-áureo da revelação progressiva acha-se em Hebreus 1.1,2 (ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. RJ: CPAD, 1999, pp.255,56).

 

III. CRISTO — SUPERIOR AOS ANJOS

1. Cristo: superior em natureza e essência.
Devemos ter sempre em mente que o autor de Hebreus tenciona mostrar a superioridade de Cristo em relação às demais ordens da criação. O seu foco aqui são os anjos. A cultura judaica via os anjos como seres de uma ordem superior e mediadores da revelação divina (At 7.53; Gl 3.19; Hb 2.2). Mesmo cercados de força e poder, os anjos eram inferiores ao Filho (Hb 1.4). Jesus é o reflexo da glória de Deus e possuidor da mesma essência divina (Hb 1.3). O autor usa dois vocábulos gregos que deixam isso bem definido: apaugasma e character, que significam respectivamente “radiância” e “reflexo”, traduzidos aqui como resplendor e “caráter”, com o sentido de expressão exata do seu ser. Embora sendo pessoas diferentes, tanto o Filho como o Pai possuem a mesma essência. Cristo é o Deus revelado!


2. Cristo: superior em majestade e deidade.
O autor passa então a mostrar a supremacia de Cristo em relação aos anjos por meio de vários fatos documentados nas Escrituras. Os anjos são criaturas, o Filho é Criador. O filho é gerado, não criado. C. S. Lewis observa que o que Deus gera é Deus; assim como o que o homem gera é homem. O que Deus cria não é Deus; da mesma forma que o que o homem faz não é homem. Daí a razão de os homens não serem filhos de Deus no mesmo sentido que Cristo. Eles podem assemelhar-se a Deus em certos aspectos, mas não pertencem à mesma espécie. O mesmo se pode dizer dos anjos. Eles não possuem a mesma essência divina que o Filho. É por essa razão que o autor destaca que o Filho é chamado de “Deus” (v.8) e que por isso merece adoração (v.6). A Ele toda honra e glória!

 
SÍNTESE DO TÓPICO (III): Jesus Cristo é superior aos anjos em relação à natureza, essência, majestade e deidade.

 
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

ANJOS. A palavra ‘anjo’ (hb. Malak; gr. angelos) significa ‘mensageiro’. Os anjos são mensageiros ou servidores celestiais de Deus (Hb 1.13.14), criados por Deus antes de existir a terra (Jó 38.4-7; Sl 148.2,5; Cl 1.16).

(1) A Bíblia fala em anjos bons e em anjos maus, embora ressalte que todos os anjos foram originalmente criados bons e santos (Gn 1.31). Tendo livre-arbítrio, numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás (Ez 28.12-17; 2Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.9; Mt 4.10) e abandonaram o seu estado original de graça como servos de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial.

(2) A Bíblia fala numa vasta hostes de anjos bons (1Rs 22.19; Sl 68.17; 148.2; Dn 7.9,10; Ap 5.11), embora os nomes de apenas dois sejam registrados nas Escrituras: Miguel (Dn 12.1; Jd 9; Ap 12.7) e Gabriel (Dn 9.21; Lc 1.19,26). Segundo parece, os anjos estão divididos em diferentes categorias: Miguel é chamado de arcanjo (lit.: ‘anjo principal’, Jd 9; 1Ts 4.16); há serafins (Is 6.2), querubins (Ez 10.1-3), anjos com autoridade e domínio (Ef 3.10; Cl 1.16) e as miríades de espíritos ministradores angelicais (Hb 1.13,14; Ap 5.11)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995, p.386).

 
CONCLUSÃO
O autor de hebreus não quis se identificar, mas isso em nada compromete a autoridade desse documento. Desde os primórdios, a igreja valeu-se dos ensinos dessa carta para fortalecer a fé dos crentes. Clemente de Alexandria fez amplo uso das exortações encontradas nessa carta e, ao assim fazer, reconhecia o profundo valor espiritual de Hebreus. Nesses últimos dias, onde os joelhos de muitos cristãos parecem vacilantes, faz-se necessário atentarmos diligentemente para o conselho encontrado em Hebreus, “se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração” (3.7).

 

PARA REFLETIR

A respeito de a Carta aos Hebreus e a Excelência de Cristo, responda:

1° Quem é o autor da carta aos Hebreus?
Resp: A carta aos Hebreus não revela o nome do seu autor.

 

2° Para quem a carta foi escrita e por quê?
Resp: Ela foi escrita para os cristãos judeus. O propósito da carta foi para exortar aos cristãos a terem ânimo e fé em tempos de apostasia.

 

3° Segundo as Escrituras, o Espírito de Deus deixou de falar nos dias atuais?
Resp: Não. Deus, em nenhum momento da história, deixou o seu povo sem orientação.

 

4° Qual a pior forma de castigo que poderia vir ao antigo Israel?
Resp: O silêncio profético.

 

5° Por que o escritor da Carta aos Hebreus diz que os anjos são inferiores ao Filho?
Resp: Porque os anjos são criaturas, o Filho é Criador.

 

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

A Carta aos Hebreus e a excelência de Cristo

O tema deste 1º trimestre é sobre uma importante epístola, Hebreus, por isso, leve em conta algumas sugestões abaixo:

• Estude com afinco a Carta aos Hebreus, lendo quantas vezes puder, e for necessário, os 13 capítulos da carta;

• Faça uma análise histórico-cultural da carta. Para essa atividade, leia a introdução da Bíblia de Estudo Pentecostal (editada pela CPAD) da Carta aos Hebreus e a introdução do Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento (editado pela CPAD). Por meio desse exercício é possível complementar mais informações importantes como: o propósito do autor, o contexto histórico dos destinatários da epístola.

• Faça uma análise teológica da carta. Aqui o assunto “Lei e Evangelho” tem grande relevância. Nesse aspecto, as obras mencionadas acima, bem como outras editadas pela CPAD, muito o ajudarão.

Ao iniciar seus estudos, tenha sempre em mente os objetivos gerais da lição, por exemplo, os da primeira lição:

(I)                      Objetivo Geral: Apresentar as características da Carta aos Hebreus e a superioridade de Cristo;

 

(II)                    Objetivos específicos: Pontuar a autoria, o destinatário e o propósito da Carta de Hebreus; Expor a superioridade de Cristo em relação aos profetas;

 

(III)                 Mostrar a superioridade de Cristo em relação aos anjos.

Note como os objetivos específicos obedecem rigorosamente cada Tópico e subtópico da lição. E que o objetivo geral é o resultado do desdobramento de todos esses tópicos e subtópicos: ou seja, as características da carta e superioridade de Cristo. É importante ter toda essa estrutura da lição bem construída e compreendida na mente, pois esse entendimento é essencial para elaborar uma aula objetiva e com conteúdo.

Sugestão Pedagógica
Ao introduzir o conteúdo da primeira lição, é importantíssimo reproduzir e explicar resumidamente o esboço da Epístola aos Hebreus. Faça isso conforme as suas possibilidades. Você garantirá maior eficiência no processo de ensino-aprendizagem. Bom trimestre!