LIÇÕES
BÍBLICAS CPAD / ADULTOS
Título: A supremacia da Cristo — Fé,
esperança e ânimo na Carta aos Hebreus
Comentarista: José Gonçalves
Lição 4: Jesus é superior a Josué — O
meio de entrar no repouso de Deus
Data: 28 de Janeiro de 2018
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor
deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I
com os seus respectivos subtópicos.
I. Mostrar que a mensagem de Jesus é superior a de Josué;
II. Mencionar a provisão de um descanso superior
ao de Josué;
III. Apontar a superioridade da orientação de Jesus em relação à de Josué.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
O texto de Hebreus 4 mostra o que a
história de Josué representa para a Igreja de Cristo. Enquanto o ministério do
sucessor de Moisés foi de caráter terreno, temporário e incompleto — primeiro
porque Israel não conquistou toda a terra; depois, as guerras continuaram —,
Jesus Cristo proveu um descanso celestial, eterno e completo. Na lição desta
semana, é preciso fazer o contraste entre os ministérios de Jesus e Josué,
conforme abaixo:
JOSUÉ ⇒ Terreno → Temporário → Incompleto
JESUS ⇒ Celestial → Eterno → Completo
Devido à popularização da teologia da
prosperidade, bem como o aumento da “politização ideológica” dos movimentos
evangélicos, é comum alguns cristãos virarem as costas para a dimensão
celestial e eterna do ministério de Jesus, alegando que se dermos ênfase ao
“céu” formaremos cristãos “escapistas”. O problema é que eles se esqueceram de
combinar isso com o autor de Hebreus. A natureza celestial, eterna e
esperançosa do ministério de Cristo é cristalina nas Escrituras! Por isso,
embora a obra de Cristo tenha consequências presentes como uma antecipação das
bênçãos futuras, claro que podemos vivê-las hoje, aqui e agora, não tenha
receio de enfatizar a natureza do porvir da obra de Cristo, pois Ele nos
prometeu a vivência da comunhão no Reino Celestial (Mt 26.28,29).
INTRODUÇÃO
A conquista de Canaã sob a liderança de Josué é retratada pelo
autor da Carta aos Hebreus como um tipo da Canaã celestial. Deus havia
prometido a conquista da terra a Moisés e Josué (Êx 3.8; Js 1.2,3). Mas ao
longo da jornada do Êxodo muitos ficaram pelo caminho. A incredulidade e a
desobediência, somadas à falta de ânimo, fizeram com que o povo não vivesse as
promessas de Deus em sua plenitude. O mesmo processo estava se repetindo agora
com os crentes da Nova Aliança e pelas mesmas razões. A única forma de voltar
para a corrida e completar o percurso, entrando no descanso de Deus, era
observando a sua Palavra.
I. JESUS PROVEU UMA MENSAGEM SUPERIOR A DE JOSUÉ
1. Uma mensagem que deve ser recebida pela fé.
O autor inicia sua argumentação com uma afirmação e uma
declaração. Primeiramente ele afirma que as boas-novas foram pregadas a seus
contemporâneos, assim como havia acontecido com os crentes dos dias de Josué
(Hb 4.2). Tanto aqui como no versículo seis, o autor usa o verbo grego euangelizomai,
que significa “evangelizar”, “pregar as boas-novas a alguém”. É a mesma raiz
que dá origem à palavra “evangelho”. Em segundo lugar, o autor declara que “a
palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a
fé naqueles que a ouviram” (Hb 4.2). Muitos crentes do Antigo Pacto haviam
ficado de fora da Terra Prometida porque não receberam a mensagem com fé, o que
se poderia esperar então dos que receberam a mensagem em sua plenitude, mas não
lhe deram crédito?
2. Uma mensagem que se fundamenta na obediência.
O autor passa a mostrar a razão de alguns não terem entrado no
descanso de Deus: “Visto, pois, que resta que alguns entrem nele e que aqueles
a quem primeiro foram pregadas as boas novas não entraram por causa da
desobediência” (Hb 4.6). A desobediência (gr. apeitheia) é a
manifestação ativa da incredulidade. Essa palavra ocorre seis vezes no texto
original e foi usada pelo apóstolo Paulo para se referir aos “filhos da
desobediência” (Ef 2.2). O crente, quando não crê, age da mesma forma do
incrédulo. O autor de Hebreus usa essa palavra novamente no versículo 11, do
mesmo capítulo, quando alerta o crente a não “cair no exemplo de
desobediência”. A mensagem de Deus só tem proveito quando acompanhada pela
obediência.
3. Uma mensagem que conduz à contrição.
A mensagem de Deus para ser recebida necessita encontrar
corações receptivos, abertos: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o
vosso coração” (Hb 4.7b). O autor usa o termo sklerynô — traduzido como
“duro”, “endurecido” — quatro vezes nesta carta. Esse termo deu origem a
palavra portuguesa “esclerose”, “esclerosado”, isto é, “endurecido”,
“enrijecido”. É a mesma palavra usada por Lucas em Atos 19.9 para dizer que os
judeus se “mostraram endurecidos” e por essa razão rejeitaram a mensagem de
Paulo. Aqui em Hebreus, como em outros lugares do Novo Testamento, é o homem, e
não Deus, que endurece o seu próprio coração. Deus só endurece quem já está anteriormente
endurecido (Rm 1.28,29). Para que a mensagem tenha efeito é preciso encontrar
corações contritos.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor(a), o recebimento da Palavra com fé, o viver em
obediência e o coração contrito e aberto à Palavra são os três aspectos do
ouvinte da mensagem de Jesus que devem ser enfatizados neste primeiro tópico.
Deixe claro que sem fé é impossível agradar a Deus; sem obediência à Palavra
não há fundamento na vida cristã; sem coração contrito não há arrependimento.
II. JESUS PROVEU UM DESCANSO SUPERIOR AO DE JOSUÉ
1. Um descanso total.
Quando
contrastamos o capítulo 11.23 com o 13.1 do livro de Josué surge uma pergunta:
Josué conquistou ou não Canaã? Especialistas em línguas semíticas avaliam que
Josué 11.23 refere-se a uma avaliação otimista das campanhas do líder do povo
de Deus. Ora, o povo peregrino ansiava por vir chegar o dia de herdar a Terra
Prometida. Nesse sentido, e como era comum à época, o exército de Josué
estabeleceu a supremacia militar por sobre toda Canaã assim que chegou ao
território, embora não tivesse pleno controle de cada cidade e vila, conforme
deixa patente Josué 13.1. Logo, os capítulos 11 e 13 não são contraditórios,
mas confirmam que o descanso dado por Josué ao antigo povo de Deus foi
incompleto e parcial. Por outro lado, o que o autor de Hebreus está mostrando é
que o descanso provido por Jesus foi completo, total. Nada ficou para ser
conquistado.
2. Um descanso real.
A redação de Hebreus 4.8, diz: “Porque, se Josué lhes houvesse
dado repouso, não falaria, depois disso, de outro dia”. A conquista de Canaã
era apenas um tipo da qual a Canaã celestial é o antítipo. A conquista da Terra
Prometida por Josué era apenas uma sombra da qual Jesus é a realidade. Quem
proveu, de fato, um descanso para o povo de Deus foi Jesus, não Josué: “Vinde a
mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28).
3. Um descanso eterno.
Para o autor de Hebreus, o descanso provido por Josué não foi
apenas incompleto e tipológico, ele foi também temporário: “Portanto, resta
ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb 4.9). O descanso não é aqui! Embora
desfrutemos das bênçãos do reino na era presente, todavia, o futuro aguarda a
sua plenitude. A estrada é longa e ninguém pode se deixar fatigar pelo caminho.
É preciso caminhar com dedicação e vigilância: “Procuremos, pois, entrar
naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência” (Hb
4.11).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
O repouso de Deus, no qual os crentes são convidados a entrar, é
algo para o presente ou para o futuro? Certamente o repouso de Deus em seu
sentido mais amplo aguarda a era por vir, mas há também um sentido presente de
entrar pela fé, como é indicado pelo versículo 3: ‘porque nós, os que temos
crido [tempo passado], entramos [tempo presente] no repouso’ (cf. a ênfase do
tempo presente em 4.1,10,11). A fé torna possível, no presente, realidades que
são futuras, invisíveis, ou celestiais (cf. 11.1).
Em 4.3-5, são enfatizados dois fatos importantes:
1) O repouso de Deus é uma realidade presente e completa
(4.3c,4) e
2) Os israelitas não puderam entrar no repouso de Deus (4.3b,5b)
por causa de sua incredulidade e desobediência (3.19; 4.6). Note que nosso
autor cita Gênesis 2.2 em Hebreus 4.4 e se refere ao Salmos 95.11 (duas vezes)
em Hebreus 4.3,5. Sua preocupação por seus leitores é que entrem no repouso de
Deus agora pela fé e que não o percam para sempre, como fez a geração que
peregrinou no deserto. A incredulidade fecha o coração para Deus e torna sua
promessa sem efeito.O que é o repouso de Deus? É um repouso baseado na conclusão de sua obra na criação (4.3c,4), do qual o sábado sagrado é um testemunho duradouro. Nossa participação em seu repouso é baseada na obra consumada de Cristo na cruz; o fato de Ele estar ‘assentado’ (que inclui o pensamento de repouso) à direita do Pai é o testemunho duradouro. O fato de Deus ter repousado não significa que Ele, por conseguinte, tenha estado ou esteja em um estado de ociosidade, mas apenas que não há nada a se acrescentar àquilo que Ele fez. Deus repousou após criar todas as coisas porque sua obra (de criar) foi terminada ‘desde a fundação do mundo’ (4.3c)” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. RJ: CPAD, 2004, pp.1563,64).
O Descanso
A preocupação pastoral do autor se torna novamente evidente:
‘Que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum
de vós fique para trás’ (cf. 3.12,13; 4.11). Entrar no repouso de Deus não é
algo que acontece automaticamente após a conversão a Cristo, da mesma maneira
que Israel não entrou automaticamente em Canaã após a sua redenção do Egito.
Como Bruce observa, os leitores ‘farão bem em temer a possibilidade de perder a
grande bênção que nos está prometida, da mesma maneira que a geração de
israelitas que morreu no deserto perdeu a Canaã terrestre, embora este fosse o
objetivo que tinham diante de si quando saíram do Egito’”. Leia mais em Comentário
Bíblico Pentecostal Novo Testamento, CPAD, pp.1563,64.
III. JESUS PROVEU UMA ORIENTAÇÃO SUPERIOR A DE JOSUÉ
1. Uma palavra viva.
Já vimos que
o autor de Hebreus afirma que a geração do Êxodo ouviu as boas-novas da Palavra
de Deus, mas não lhe deu ouvido. Novamente o povo de Deus estava diante de sua
Palavra. Essa Palavra não foi anunciada por um anjo, Moisés nem tampouco por
Josué, mas pelo próprio Filho de Deus — Jesus. Essa Palavra não mais se limita
à letra, a Lei, porque ela é “viva” (Ez 37.3,4). Jesus afirmou que suas
palavras “são espírito e vida” (Jo 6.63). Como devemos nos portar diante da
Palavra Viva de Deus?
2. Uma palavra eficaz.
A Palavra de Deus é viva, ela produz vida. Mas além de viva, ela
é eficaz. Produz resultados: “sendo de novo gerados, não de semente
corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece
para sempre” (1Pe 1.23). O autor mostra que essa palavra é produtiva. O termo energes,
traduzido como “eficaz”, é usado na Bíblia para se referir à atividade divina
que produz resultados: “assim será a palavra que sair da minha boca; ela não
voltará para mim vazia; antes fará o que me apraz e prosperará naquilo para que
a enviei” (Is 55.11).
3. Uma palavra penetrante.
A Palavra de Deus é retratada como um instrumento vivo, eficaz e
cortante, “mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até
à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para
discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12). A metáfora usada
pelo autor é muito forte e serve para mostrar que a Palavra de Deus possui um
grande poder de penetração. Ela não fica na superfície, mas vai até o centro do
ser humano. Os israelitas falharam por não ouvir as palavras de Moisés e Josué,
e os cristãos, por outro lado, deveriam ter mais prontidão para responder a
essa Palavra.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Ao terminar a exposição deste tópico , e com o auxílio das
seções objetivos específicos e sínteses dos tópicos, faça uma
breve recapitulação dos assuntos abordados nesta aula. Não esqueça também de
trabalhar com a classe as questões da seção Para Refletir.
CONCLUSÃO
A palavra chave desta lição é “descanso”. Todos nós nos
fatigamos na caminhada da vida. O problema, portanto, não é se cansar, mas
permitir que fatores diversos interrompam a nossa jornada de fé. Com os
israelitas o desânimo veio como consequência da infidelidade, incredulidade e
desobediência. As mesmas coisas podem acontecer conosco se não atentarmos para
a santa, viva e eficaz Palavra de Deus. Nessa jornada temos como guia não um
Moisés ou um Josué, mas Jesus, o autor e consumador da nossa fé.
A respeito de Jesus é superior a Josué — O meio de entrar no
repouso de Deus, responda:
1° Qual a primeira afirmação do autor aos Hebreus?
Resp: Que
as Boas-novas foram pregadas aos seus contemporâneos, assim como havia
acontecido com os crentes dos dias de Josué (Hb 4.2).
2° O que é preciso para que a mensagem tenha efeito?
Resp: A
mensagem de Deus para ser recebida necessita encontrar corações receptivos,
abertos.
3° Segundo a lição, o que foi a conquista de Canaã?
Resp: A
conquista da Terra Prometida por Josué era apenas uma sombra da qual Jesus é a
realidade.
4° Para o autor de Hebreus, o que foi o descanso de Josué?
Resp: Para
o autor de Hebreus, o descanso provido por Josué não foi apenas incompleto e
tipológico, ele foi também temporário: “Portanto, resta ainda um repouso para o
povo de Deus” (Hb 4.9).
5° Se os israelitas falharam ao não ouvir as palavras de Moisés
e Josué, qual o cuidado que os cristãos devem ter?
Resp: Os
cristãos, por outro lado, deveriam ter mais prontidão para responder a essa
Palavra.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Jesus é superior a Josué — O meio de entrar no repouso de Deus
O livro de Josué narra a conquista parcial da terra prometida, a
terra de Canaã, sua distribuição e o estabelecimento do povo israelita nela. A
narrativa do texto mostra batalhas sangrentas para conquistar a terra. Os
cananeus não a entregariam gratuitamente. Entretanto, ao longo do livro é
possível perceber que Deus honrou Israel, fazendo-o vencer os inimigos
idólatras e obter a dádiva da terra prometida ao seu povo. Ali, começaria a se
cumprir a promessa da Aliança de Deus com os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó.
Nesse contexto que a promessa de descanso, ou repouso, isto é, a
promessa de conquistar e permanecer na terra prometida, que não foi plenamente
realizada, foi cumprida por intermédio de Josué ao povo de Israel, mas
unicamente numa perspectiva terrena, incompleta e finita. Aqui, o capítulo 4 de
Hebreus faz o maior contraste com o “repouso” proposto no livro de Josué.A Carta aos Hebreus mostra que “o repouso prometido por Deus não é somente o terrestre, mas também o celestial” (vv.7,8; cf.13.14). Para os crentes, resta ainda o repouso eterno no céu (Jo 14.1-3; cf. Hb 11.10,16). Entrar nesse repouso final significa o cessar do labor, dos sofrimentos e da perseguição, tão comuns em nossa vida nesta terra (cf. Ap 14.13); significa participar do repouso do próprio Deus e experimentar a eterna alegria, deleite, amor e comunhão com Deus e com os santos redimidos. Será um descanso sem fim (Ap 21.22)” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1905).
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