LIÇÕES BÍBLICAS CPAD / ADULTOS
Título: A supremacia de Cristo — Fé,
esperança e ânimo na Carta aos Hebreus
Comentarista: José Gonçalves
Lição 1: A Carta aos Hebreus e a
excelência de Cristo
Data: 7 de Janeiro de 2018
TEXTO ÁUREO: “Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho” (Hb 1.1).
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o
professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao
tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I.
Pontuar a autoria, o destinatário e o propósito da Carta de Hebreus;
II.
Expor a superioridade de Cristo em relação aos profetas;
III.
Mostrar a superioridade de Cristo em relação aos anjos.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Prezado (a) professor (a),
iniciaremos mais um trimestre pela graça de Deus. A carta de Hebreus é o objeto
do nosso estudo nestes próximos três meses. Antes de iniciar o estudo da
primeira lição em classe, apresente o comentarista deste trimestre: pastor José
Gonçalves, escritor, conferencista, comentarista de Lições Bíblicas Adultos da
CPAD, membro da Comissão de Apologética da CGADB e líder da Assembleia de Deus
em Água Branca — PI.
INTRODUÇÃO
Nesta lição introdutória do nosso estudo da Carta aos
Hebreus, queremos iniciar dizendo que assim como todos os escritos da Bíblia,
esta carta é um documento especial. Em nenhum outro documento do Novo
Testamento encontramos um apelo exortativo tão forte. Isso possuía uma razão de
ser — os crentes hebreus davam sinais de enfraquecimento espiritual e até mesmo
o risco de abandonarem a fé! Era, portanto, urgente admoestá-los a
perseverarem. Jesus, a quem o autor mostra ser maior do que os profetas, maior
do que todas as hostes angélicas, maior do que Arão, Moisés, Josué e até mesmo
os céus, é nosso grande ajudador nessa jornada.
I.
AUTORIA, DESTINATÁRIO E PROPÓSITO
1.
Autoria.
A Carta aos Hebreus não revela o nome do seu autor.
Esse fato fez com que surgissem inúmeras controvérsias em torno de sua autoria.
É certo que os cristãos primitivos sabiam quem realmente a escreveu; todavia,
já por volta do segundo século da nossa era não havia mais consenso quanto a
isso. Clemente de Alexandria, no final do segundo século, atribuiu ao apóstolo
Paulo a sua autoria, contudo, ao afirmar que Paulo a escreveu em hebraico e que
Lucas a teria traduzido para o grego, passou a ser duramente questionado. As
razões são basicamente duas: O texto de Hebreus, um dos mais rebuscados do Novo
Testamento grego, não parece ser uma tradução. Por outro lado, o estilo usado
na carta não parece ser de forma alguma de Paulo. Outros nomes surgiram como
possíveis autores de Hebreus: Barnabé, Apolo, Lucas, Clemente Romano, etc. O
certo é que somente Deus sabe quem é o seu autor. Por outro lado, o fato de ter
sua autoria desconhecida em nada diminui a sua autoridade.
2.
Destinatários.
Não há dúvida de que a Carta aos Hebreus foi escrita
para cristãos judeus. Deve ser observado que essa carta foi endereçada a uma
comunidade específica de cristãos e não a um grupo indeterminado. O autor
conhece o público a quem endereça o seu texto e espera até mesmo encontrar-se
com eles (Hb 13.19,23). Onde viviam esses crentes é um ponto debatido pelos
teólogos. Baseados na expressão “os da Itália vos saúdam” (Hb 13.24), muitos
eruditos argumentam que esses crentes se encontravam fora de Roma, capital do
Império Romano. A data da carta é motivo de disputa, mas as evidências internas
permitem-nos situá-la antes da destruição do Templo de Jerusalém no ano 70 d.C.
3.
Propósito.
O escritor I. Howard Marshal observa que Hebreus
combina instrução com exortação. De fato, essa carta possui uma grande carga
exortativa. Ela exorta os crentes a terem ânimo, confiança e fé em um tempo
marcado pela apostasia. Muitos pareciam estar desanimados com a oposição que a
nova fé vinha sofrendo e em razão disso estavam voltando às antigas práticas
judaicas. A carta, portanto, exorta esses crentes a suportarem as pressões e
perseguições, lembrando-os que não haviam ainda derramado sangue pela sua fé
(Hb 12.4). Essas palavras continuam ecoando nesses dias quando muitos crentes
demonstram apatia e falta de fervor espiritual diante de um mundo hostil.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor (a), para introduzir o primeiro tópico desta
lição, se possível, reproduza o quadro-resumo que se encontra abaixo. O
objetivo é pontuar as questões de autoria, destinatário e propósito da carta em
estudo.
CONHEÇA MAIS
Hebreus:
Inigualável e não convencional
Com relação à sua forma inigualável e não
convencional, Orígenes observou: ‘Começa como um tratado, prossegue como um
sermão e termina como uma carta’. Ao invés de iniciar com uma saudação, o
primeiro parágrafo de Hebreus é semelhante às palavras de abertura de um
tratado teológico formal (1.1-4). Então, o livro prossegue mais como um sermão
do que como uma carta convencional do Novo Testamento, alternando-se entre um
argumento cuidadosamente construído (baseado em uma exposição do Antigo
Testamento) e uma séria exortação. Para conhecer mais leia Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento, CPAD, pp.1529-39.
II.
CRISTO — A PALAVRA SUPERIOR A DOS PROFETAS
1. A
revelação profética e a Antiga Aliança.
Ao falar da
supremacia de Jesus, o autor de Hebreus primeiramente o faz em relação aos
profetas. Deus falou no passado pelos profetas e no presente pelo Filho (Hb
1.1). A revelação profética no antigo Israel fez com que esse povo se
distinguisse dos demais. O autor mostra um Deus que se revela, que se comunica
com os seus. Ele fala de uma forma direta a seu povo, não é um Deus mudo! Os
advérbios gregos polymerôs (“muitas vezes”) e polytropos (“muitas
maneiras”), que modificam o verbo falar, mostram a intensidade dessa
comunicação. Deus, em nenhum momento da história, deixou o seu povo sem
orientação. Ele fala, e fala sempre o que é necessário.
2.
A revelação profética e a Nova Aliança.
Aos cristãos da Nova Aliança, Deus falou por
intermédio do seu Filho (Hb 1.1). O uso das expressões “havendo falado” ou
“depois de ter falado” (Hb 1.1,2) por parte do autor mostra que essa ação de
Deus foi um fato consumado. Isso tem levado alguns intérpretes a dizer que a
partir daquele momento, Deus não falaria mais diretamente com ninguém. Mas isso
é ir além daquilo que o autor tencionava dizer. O uso dessa expressão é mais
bem entendida como significando que Deus falou de forma completa nos dias do autor,
todavia, sem a conotação temporal de que não falaria mais no futuro. O Espírito
profético, que é o Espírito de Cristo (1Pe 1.11; Rm 8.9,10), continua dando à
Igreja hoje a percepção do plano e vontade de Deus para o seu povo (Jo 14.26;
15.26; 16.13). E isso sempre em consonância com as Escrituras.
3.
Cristo: a revelação final.
O objetivo do autor aqui, evidentemente, é mostrar que
Cristo é o clímax da revelação profética. Ele é a revelação final! O ministério
profético na Antiga Aliança era de importância ímpar. O Senhor disse que
falaria por intermédio de seus profetas: “Certamente o Senhor Jeová não fará
coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas (Am
3.7). O silêncio profético, portanto, era a pior forma de castigo que poderia
vir ao antigo Israel. Os profetas eram importantes, mas a relevância deles
estava muito longe daquela possuída por Jesus Cristo, o Filho de Deus. Os
profetas eram apenas servos, mas o Filho era o herdeiro de Deus e o agente da
Criação (Hb 1.2). Ele é o redentor do mundo! Nenhum profeta morreu de forma
vicária pelo povo de Deus.
REVELAÇÃO —
[Do gr. apokalupsis; do lat. revelatio, tirar o véu] Manifestação
sobrenatural de uma verdade que se achava oculta. Tendo em vista o caráter e a
urgência das profecias do último livro da Bíblia, Apocalipse é considerado a
revelação por excelência (Ap 1.1-3).
REVELAÇÃO
BÍBLICA — Conhecimento divino preservado nas Sagradas
Escrituras, e posto à disposição da humanidade. Consta do Antigo e do Novo
Testamento. É a nossa única regra de fé e prática.
REVELAÇÃO
PROGRESSIVA — Evolução progressiva e dispensacional das
verdades divinas que, tendo a sua gênese no Antigo Testamento, culminaram e se
completaram no Novo. O texto-áureo da revelação progressiva acha-se em Hebreus
1.1,2 (ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. RJ: CPAD, 1999,
pp.255,56).
III.
CRISTO — SUPERIOR AOS ANJOS
1. Cristo:
superior em natureza e essência.
Devemos ter sempre em
mente que o autor de Hebreus tenciona mostrar a superioridade de Cristo em
relação às demais ordens da criação. O seu foco aqui são os anjos. A cultura
judaica via os anjos como seres de uma ordem superior e mediadores da revelação
divina (At 7.53; Gl 3.19; Hb 2.2). Mesmo cercados de força e poder, os anjos
eram inferiores ao Filho (Hb 1.4). Jesus é o reflexo da glória de Deus e
possuidor da mesma essência divina (Hb 1.3). O autor usa dois vocábulos gregos
que deixam isso bem definido: apaugasma e character, que
significam respectivamente “radiância” e “reflexo”, traduzidos aqui como
resplendor e “caráter”, com o sentido de expressão exata do seu ser. Embora
sendo pessoas diferentes, tanto o Filho como o Pai possuem a mesma essência. Cristo
é o Deus revelado!
2.
Cristo: superior em majestade e deidade.
O autor passa então a mostrar a supremacia de Cristo
em relação aos anjos por meio de vários fatos documentados nas Escrituras. Os
anjos são criaturas, o Filho é Criador. O filho é gerado, não criado. C. S.
Lewis observa que o que Deus gera é Deus; assim como o que o homem gera é
homem. O que Deus cria não é Deus; da mesma forma que o que o homem faz não é
homem. Daí a razão de os homens não serem filhos de Deus no mesmo sentido que
Cristo. Eles podem assemelhar-se a Deus em certos aspectos, mas não pertencem à
mesma espécie. O mesmo se pode dizer dos anjos. Eles não possuem a mesma
essência divina que o Filho. É por essa razão que o autor destaca que o Filho é
chamado de “Deus” (v.8) e que por isso merece adoração (v.6). A Ele toda honra
e glória!
ANJOS. A
palavra ‘anjo’ (hb. Malak;
gr. angelos) significa ‘mensageiro’.
Os anjos são mensageiros ou servidores celestiais de Deus (Hb 1.13.14), criados
por Deus antes de existir a terra (Jó 38.4-7; Sl 148.2,5; Cl 1.16).
(1) A
Bíblia fala em anjos bons e em anjos maus, embora ressalte que todos os anjos
foram originalmente criados bons e santos (Gn 1.31). Tendo livre-arbítrio,
numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás (Ez 28.12-17; 2Pe 2.4; Jd
6; Ap 12.9; Mt 4.10) e abandonaram o seu estado original de graça como servos
de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial.
(2) A
Bíblia fala numa vasta hostes de anjos bons (1Rs 22.19; Sl 68.17; 148.2; Dn
7.9,10; Ap 5.11), embora os nomes de apenas dois sejam registrados nas
Escrituras: Miguel (Dn 12.1; Jd 9; Ap 12.7) e Gabriel (Dn 9.21; Lc 1.19,26).
Segundo parece, os anjos estão divididos em diferentes categorias: Miguel é
chamado de arcanjo (lit.: ‘anjo principal’, Jd 9; 1Ts 4.16); há serafins (Is
6.2), querubins (Ez 10.1-3), anjos com autoridade e domínio (Ef 3.10; Cl 1.16)
e as miríades de espíritos ministradores angelicais (Hb 1.13,14; Ap 5.11)”
(Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995, p.386).
CONCLUSÃO
O autor de hebreus não quis se identificar, mas isso
em nada compromete a autoridade desse documento. Desde os primórdios, a igreja
valeu-se dos ensinos dessa carta para fortalecer a fé dos crentes. Clemente de
Alexandria fez amplo uso das exortações encontradas nessa carta e, ao assim
fazer, reconhecia o profundo valor espiritual de Hebreus. Nesses últimos dias,
onde os joelhos de muitos cristãos parecem vacilantes, faz-se necessário
atentarmos diligentemente para o conselho encontrado em Hebreus, “se ouvirdes
hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração” (3.7).
PARA REFLETIR
A
respeito de a Carta aos Hebreus e a Excelência de Cristo, responda:
1° Quem
é o autor da carta aos Hebreus?
Resp: A
carta aos Hebreus não revela o nome do seu autor.
2° Para
quem a carta foi escrita e por quê?
Resp: Ela
foi escrita para os cristãos judeus. O propósito da carta foi para exortar aos
cristãos a terem ânimo e fé em tempos de apostasia.
3° Segundo
as Escrituras, o Espírito de Deus deixou de falar nos dias atuais?
Resp: Não.
Deus, em nenhum momento da história, deixou o seu povo sem orientação.
4° Qual
a pior forma de castigo que poderia vir ao antigo Israel?
Resp: O
silêncio profético.
5° Por
que o escritor da Carta aos Hebreus diz que os anjos são inferiores ao Filho?
Resp: Porque
os anjos são criaturas, o Filho é Criador.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A
Carta aos Hebreus e a excelência de Cristo
O tema deste 1º trimestre é sobre uma importante
epístola, Hebreus, por isso, leve em conta algumas sugestões abaixo:
• Estude com afinco a Carta aos Hebreus, lendo quantas
vezes puder, e for necessário, os 13 capítulos da carta;
• Faça uma análise histórico-cultural da carta. Para
essa atividade, leia a introdução da Bíblia de Estudo Pentecostal (editada pela
CPAD) da Carta aos Hebreus e a introdução do Comentário Bíblico Pentecostal
Novo Testamento (editado pela CPAD). Por meio desse exercício é possível
complementar mais informações importantes como: o propósito do autor, o
contexto histórico dos destinatários da epístola.
• Faça uma análise teológica da carta. Aqui o assunto
“Lei e Evangelho” tem grande relevância. Nesse aspecto, as obras mencionadas
acima, bem como outras editadas pela CPAD, muito o ajudarão.
Ao iniciar seus estudos, tenha sempre em mente os
objetivos gerais da lição, por exemplo, os da primeira lição:
(I)
Objetivo Geral: Apresentar as características da
Carta aos Hebreus e a superioridade de Cristo;
(II)
Objetivos específicos: Pontuar a autoria, o
destinatário e o propósito da Carta de Hebreus; Expor a superioridade de Cristo
em relação aos profetas;
(III)
Mostrar a superioridade de Cristo em relação aos
anjos.
Note como os objetivos específicos obedecem
rigorosamente cada Tópico e subtópico da lição. E que o objetivo geral é o
resultado do desdobramento de todos esses tópicos e subtópicos: ou seja, as
características da carta e superioridade de Cristo. É importante ter toda essa
estrutura da lição bem construída e compreendida na mente, pois esse
entendimento é essencial para elaborar uma aula objetiva e com conteúdo.
Sugestão
Pedagógica
Ao introduzir o conteúdo da primeira lição, é
importantíssimo reproduzir e explicar resumidamente o esboço da Epístola aos
Hebreus. Faça isso conforme as suas possibilidades. Você garantirá maior
eficiência no processo de ensino-aprendizagem. Bom trimestre!
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