LIÇÕES
BÍBLICAS CPAD / ADULTOS
Título: A supremacia da Cristo — Fé,
esperança e ânimo na Carta aos Hebreus
Comentarista: José Gonçalves
Data: 11 de Fevereiro de 2018
TEXTO ÁUREO: “Para
que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e
paciência, herdam as promessas” (Hb
6.12).
OBJETIVO GERAL:
Conscientizar
que para perseverarmos na fé precisamos crescer em Cristo, estar em constante
vigilância e confiar nas promessas.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos
referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Afirmar a necessidade do crescimento espiritual;
II. Sinalizar a necessidade de
vigilância espiritual num tempo de apostasia;
III. Conscientizar acerca da necessidade
de confiarmos nas promessas de Deus.
INTERAGINDO COM
O PROFESSOR
Apostasia remonta a ideia de decaída, deserção,
rebelião, abandono, retirada ou afastamento daquilo que antes se estava ligado.
Em relação à nossa fé, apostasia significa romper o relacionamento salvífico
com Cristo. Geralmente esse fenômeno se manifesta na esfera moral e ética, bem
como na esfera doutrinária. Neste tempo de apostasia, à luz da Carta de
Hebreus, somos chamados a perseverar na comunhão com Cristo e a viver em fé na
esperança renovada de que um dia estaremos para sempre com o Senhor.
INTRODUÇÃO
O autor já havia dito
que os crentes deveriam ser mestres, mas em vez disso necessitavam que alguém
lhes ensinasse de novo os primeiros rudimentos da fé (Hb 5.12). A vida cristã é
dinâmica e exige que o discípulo vá além dos primeiros passos. Mas isso não
estava acontecendo com a comunidade com a qual o autor sacro se correspondia.
Em vez disso, dava sinais de cansaço, indolência, negligência e imaturidade
espiritual, o que poderia trazer como consequência o esfriamento e o fracasso
na fé. A graça não é irresistível e nem tampouco incondicional. A apostasia é
retratada pelo escritor como algo real e não apenas como um perigo hipotético,
por isso, ele mostra que para se evitar decair é necessário perseverança, fé e
confiança nas promessas de Deus.
1. Indo além dos rudimentos
doutrinários sobre arrependimento e fé.
Longe de dizer que a
doutrina do arrependimento e da fé não é mais necessária, o autor quer mostrar
que ela é importante sim, mas que constitui o “ABC doutrinário” da fé cristã. A
vida cristã começa com o arrependimento e fé (Mc 1.15). De fato, a Bíblia
mostra que para que uma pessoa possa ser salva, ela primeiro deve crer (Mc
16.16; At 16.31; Rm 1.16; Ef 2.8; 1Tm 1.16) e não o contrário. Todavia não deve
parar aí. Há um longo caminho a percorrer e os seus leitores, parece, haviam se
esquecido desse fato, “estacionando” na jornada.
2. Indo além dos rudimentos
doutrinários sobre batismos e imposição de mãos.
O segundo bloco de
rudimentos doutrinários (Hb 6.2) mostrado pelo autor é formado pelos
ensinamentos sobre batismos e imposição de mãos. O contexto mostra que em
Hebreus 6.2 a referência é ao batismo cristão em contraste com outros batismos
praticados no judaísmo. Na igreja primitiva o batismo em águas era feito em
razão do “arrependimento para remissão de pecados” (Mc 1.4; At 10.47,48;
22.16). O batismo não possuía poder salvífico, isto é, não era um sacramento,
mas um testemunho público da fé em Cristo. Por outro lado, a doutrina da
imposição de mãos é evidenciada em vários lugares na Bíblia, mas era sempre
demonstrada como um símbolo exterior da prática da oração (At 6.6; 13.3; 1Tm
4.14).
3. Indo além dos rudimentos
doutrinários sobre ressurreição e juízo.
Fica patente para o
leitor do Novo Testamento que a pregação apostólica se fundamentava
primeiramente no fato da ressurreição de Jesus (At 4.33; 17.18). Tanto a
doutrina da ressurreição dos mortos como a do juízo vindouro são demonstradas
pelo autor como fontes de esperança para os cristãos (Hb 10.36,37; 12.28,29).
Elas eram elementos indispensáveis para que o cristão mantivesse sua
expectativa no porvir. Mas não deveriam parar aí, antes, tinham de avançar.
SÍNTESE DO TÓPICO (I): Crescer
espiritualmente significa ir além dos rudimentos doutrinários do arrependimento
e da fé, do batismo, da imposição de mãos, da ressurreição e do juízo.
SUBSÍDIO
DIDÁTICO
Prezado(a)
professor(a), faça um resumo do capítulo 6 de Hebreus para a classe, antes de
introduzir este tópico. Se possível, reproduza o esquema abaixo:
CONHEÇA MAIS
Apostasia
[Do gr. apostásis,
afastamento] Abandono premeditado e consciente da fé cristã. No Antigo
Testamento, não foram poucas as apostasias cometidas por Israel. Só em Juízes,
há sete desvios ou abjuração da verdadeira fé em Deus. Para os profetas, a
apostasia constituía-se num adultério espiritual. Se a congregação hebreia era
tida como a esposa de Jeová, deveria guardar-lhe fielmente os preceitos, e
jamais curvar-se diante dos ídolos”. Leia mais em Dicionário Teológico, de
Claudionor Corrêa de Andrade, CPAD, p.48.
II. A NECESSIDADE DA VIGILÂNCIA
ESPIRITUAL
1. Apostasia, uma possibilidade para
quem foi iluminado e regenerado.
As palavras do autor
dão início ao versículo 4 do capitulo 6 de Hebreus com o vocábulo grego adynato,
traduzido aqui como “impossível”. É a mais forte advertência em o Novo
Testamento sobre o perigo de decair da graça. Os gramáticos observam que o seu
sentido aqui é enfatizar o que vem colocado depois da conversão (Hb 6.4). O
autor fala de pessoas crentes, porque nenhum descrente foi iluminado nem
tampouco experimentou do dom celestial. No capítulo 10 e versículo 32 ele usa a
expressão “iluminados” para se referir à conversão dos seus leitores. Além do
mais, as palavras “uma vez” (Hb 6.4) contrastam com “outra vez” (Hb 6.6),
mostrando o antes e o depois da conversão. Essas não são expressões usadas para
pessoas não regeneradas. A apostasia, o perigo de decair da fé, é colocada pelo
escritor de Hebreus como algo factível, um perigo real a ser evitado por quem
nasceu de novo.
2. Apostasia, uma possibilidade para
quem vivenciou a Palavra e o Espírito.
A possibilidade de
decair da graça é posta para aqueles que “se fizeram participantes do Espírito
Santo, e provaram a boa palavra de Deus” (Hb 6.4,5). O autor sacro já havia
dito como uma pessoa se torna participante de alguma coisa. Os crentes
tornam-se participantes da vocação celestial (Hb 3.1); participantes de Cristo
(Hb 3.14) e, dessa forma, participantes do Espírito Santo (Hb 6.4). Mais uma
vez o texto mostra que a mensagem é dirigida às pessoas regeneradas. Esses
crentes haviam se tornado participantes do Espírito Santo e da Palavra de Deus.
Somente os nascidos de novo participam do Espírito Santo (Jo 14.17) e provam da
Palavra (At 8.14; 1Ts 2.13). Portanto, trata-se de uma advertência para os
salvos.
3. Apostasia, uma possibilidade para
quem viveu as expectativas do Reino.
Esses crentes, aos
quais o autor se referia, também experimentaram “as virtudes do século futuro”
(Hb 6.5). Essa expressão é usada no contexto da cultura neotestamentária como
uma referência a era messiânica. Ao receber a Cristo como Salvador, os crentes
já participam antecipadamente das bênçãos do Reino de Deus. Vigilância mais uma
vez é requerida para os salvos que ingressaram nesse Reino. Quem despreza a
graça de Deus, não se torna um “cidadão real” desse Reino.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
Alguns intérpretes
combinam 5.11-6.20 como uma unidade exortativa. No entanto, há boas razões para
dividir a passagem em duas advertências separadas (embora relacionadas).
Enquanto 5.11-6.3 enfoca o perigo da lentidão e da regressão espiritual, com
uma exortação para avançar em direção à maturidade, a segunda advertência
enfoca a terrível possibilidade de uma apostasia irreparável, se tal regressão
prosseguir de modo incontrolável (6.4-8). O autor então encoraja e desafia seus
leitores a progredirem, prosseguindo em esperança e fé com perseverança
(6.9-20).Hebreus 6.4-6 constitui uma frase longa e complexa em grego, que adverte solenemente sobre a possibilidade de abandono (apostasia) da fé cristã e da impossibilidade desta vir a ser restaurada, uma vez que tal condição tenha ocorrido. [...] Quem são os sujeitos desta impossibilidade?
[...] O estudioso F. F. Bruce observa corretamente que o texto em 6.4-6 foi tanto ‘indevidamente minimizado’ quanto ‘indevidamente exagerado’. Foi indevidamente minimizado por aqueles que argumentam de uma forma ou de outra que as pessoas descritas 6.4,5 nunca foram cristãos completamente regenerados (por exemplo, Grudem, 1995, 132-182), ou que este foi somente um caso hipotético sendo apresentado pelo autor e não algo que pode realmente acontecer na prática (por exemplo, Hewitt, 1960, 110-11). A passagem também foi indevidamente exagerada por aqueles que ensinam que uma vez que uma pessoa tenha se convertido e sido batizada em Cristo, e em seu corpo, e então por um lapso cair novamente em sua antiga vida pecaminosa, não poderá haver um perdão futuro ou uma restauração ao convívio cristão (por exemplo, Tertuliano sobre o pecado pós-batismal). Estas interpretações estão sendo aplicadas à passagem sem uma consideração de seu contexto, e não fazem nenhuma distinção entre ‘desviar-se’ e ‘apostatar’” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. RJ: CPAD, 2004, pp.1573-75).
III. A NECESSIDADE DE CONFIAR NAS
PROMESSAS DE DEUS
1. O serviço cristão e a justiça de
Deus.
O autor sabia que usou
um tom exortativo forte deixando claro que não se pode brincar com a fé. Agora
ele vê a necessidade de consolar os cristãos depois desse “tratamento de
choque” (Hb 6.9,10). Aos crentes fiéis no seu serviço é dito que Deus, em sua
justiça, os recompensará. É bom saber que mesmo não recebendo o reconhecimento
dos homens, teremos o reconhecimento de Deus.
2. A perseverança de Abraão e a
fidelidade de Deus.
A exortação do
escritor de Hebreus toma como parâmetro a pessoa de Abraão. O velho patriarca é
o modelo do crente perseverante, que de posse da promessa de Deus, soube
esperar com paciência (Hb 6.12,13). Por que voltar atrás se temos as promessas
de Deus que nos motivam a caminhar à frente (Hb 6.14,15)?
3. Cristo, sacerdote e precursor do
crente.
O autor sagrado
volta-se para Jesus, o nosso exemplo maior de perseverança, fidelidade e
esperança. Nessa jornada, Ele se adiantou e foi a nossa frente, tornando-se o
nosso precursor (Hb 6.20). O termo “precursor” era usado na cultura antiga em
referência a um batedor militar, a alguém que tomava a dianteira para abrir
caminho. Jesus entrou na presença de Deus, como nosso sumo sacerdote para nos
dar o direito de viver eternamente.
SÍNTESE DO TÓPICO (III): Podemos
confiar nas promessas do Senhor, pois à luz da perseverança de Abraão e da
fidelidade de Deus, nos chegamos a Cristo, o sacerdote e precursor do crente.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
A promessa que Deus
fez a Abraão foi fundamento de todas as promessas da aliança e da atividade
redentora de Deus (Gn 12.1-3), que foram repetidas em inúmeras ocasiões e de
formas diferentes ao longo da história do Antigo Testamento (por exemplo, Gn
15.1-21; 26.2-4; 28.13-15; Êx 3.6-10). Porém, numa ocasião em particular, após
Abraão quase ter sacrificado Isaque em obediência ao teste de Deus, Deus tornou
a veracidade de sua promessa enfática por meio de um juramento (Gn 22.16: ‘Por
mim mesmo, jurei, diz o Senhor’). Hebreus 6.13,14 indica que este juramento
mais tarde encorajou Abraão a esperar ‘com paciência’, e assim, posteriormente
‘alcançou a promessa’” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.) Comentário
Bíblico Pentecostal Novo Testamento. RJ: CPAD, 2004, p.1577).
CONCLUSÃO
O capítulo 6 de
Hebreus contém uma das mais fortes exortações encontradas em todo o Novo
Testamento — a necessidade de perseverança e vigilância para não se decair da
fé. O processo da salvação não se dá de forma mecânica e nem compulsória, mas se
firma na entrega e aceitação voluntária a uma dádiva divina. A tudo isso temos
que responder com amor, cuidado e zelo (1Co 10.7-13). Essa exortação de forma
alguma deve levar-nos ao medo, pavor ou pânico, mas conduzir-nos a confiar
inteiramente no Senhor que é poderoso para guardar-nos até o dia final.
PARA REFLETIR
A respeito de
Perseverança e Fé em Tempo de Apostasia, responda:
1° Como se inicia a
vida cristã?
Resp: A vida cristã começa com
arrependimento e fé (Mc 1.15).
2° O que fica patente
para todo leitor do Novo Testamento?
Resp: Fica patente para o leitor do Novo
Testamento que a pregação apostólica se fundamentava primeiramente no fato da
ressurreição de Jesus (At 4.33; 17.18).
3° Segundo o autor
sagrado, Hebreus 6.4 fala a respeito de quem?
Resp: O autor fala de pessoas crentes,
porque nenhum descrente foi iluminado nem tampouco experimentou do dom
celestial.
4° Segundo Hebreus,
quem se torna participante do Espírito Santo e da Palavra de Deus?
Resp: Os crentes.
5° Em que sentido o
autor de Hebreus usa o patriarca Abraão como modelo?
Resp: O velho patriarca é o modelo do
crente perseverante, que de posse da promessa de Deus soube esperar com
paciência (Hb 6.12,13).
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
Perseverança e fé em tempo de
apostasia
A lição desta semana
pode ser introduzida por intermédio das seguintes perguntas:
1. É possível o crente regredir espiritualmente?
2. É possível o crente apostatar-se da fé?
3. É possível o crente perder a salvação?
Segundo o teólogo
pentecostal J. Wesley Adans, na obra Comentário Bíblico Pentecostal Novo
Testamento, na seção de Hebreus 6.9-20, o autor epistolar encoraja e desafia
os primeiros leitores da carta a “progredirem, prosseguindo em esperança e fé
com perseverança”. Por que o autor sagrado inicia o capítulo seis assim? Por
que o texto de Hebreus seis adverte solene e seriamente sobre a possibilidade
de o crente abandonar, isto é, apostatar-se da fé uma vez provada. E com um
agravante: além da apostasia da fé cristã, a o perigo da impossibilidade desse
crente ser restaurado, uma vez imerso na apostasia.Sobre o termo “impossível”, conforme consta no versículo 4 do capítulo seis de Hebreus, o teólogo J. Wesley Adans destaca: “a palavra ‘impossível’ (adynatos) ocorre quatro vezes em Hebreus. Em 6.18 ‘é impossível’ que Deus minta; em 10.4 ‘é impossível’ que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados; em 11.6 ‘sem fé é impossível’ agradar-lhe [a Deus]; e aqui (6.4) é ‘impossível’ que os apóstatas sejam restaurados através do arrependimento. Em cada caso a impossibilidade é absolutamente declarada” (p.1574).
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