LIÇÕES
BÍBLICAS CPAD / ADULTOS
Título: A supremacia da Cristo — Fé,
esperança e ânimo na Carta aos Hebreus
Comentarista: José Gonçalves
Data: 04
de Fevereiro de 2018
TEXTO ÁUREO: “Visto
que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos
céus, retenhamos firmemente a nossa confissão” (Hb 4.14).
Abaixo, os objetivos específicos
referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Demonstrar biblicamente a
natureza da superioridade do sacerdócio de Jesus Cristo;
II. Ensinar que o sacerdócio de
Cristo foi superior quanto ao serviço;
III. Expressar a importância
teológica do sacerdócio do Senhor Jesus.
INTERAGINDO
COM O PROFESSOR
Hebreus 4.14-16 talvez seja a passagem mais
enfática acerca da perfeição do ministério sacerdotal de Jesus Cristo. Ali, o
texto apresenta nosso Senhor como um sumo sacerdote capaz de compadecer-se de
nossas fraquezas porque Ele havia sido tentado em tudo. Com base nesse fato que
o autor aos Hebreus encoraja os cristãos: “Cheguemos, pois, com confiança ao
trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de
sermos ajudados em tempo oportuno” (v.16). Encoraje sua classe a partir dessa
Palavra!
INTRODUÇÃO
A doutrina do
sacerdócio de Jesus começa a ser exposta a partir de Hebreus 4.14-16. Nessa
seção o autor apresenta Jesus como “o grande sumo sacerdote que penetrou os
céus”. Jesus, portanto, era um Sumo Sacerdote grandioso, misericordioso e
compassivo. Na seção de Hebreus 5.1-10, o autor sacro apresenta de forma
detalhada uma discussão sobre as atribuições e qualificações do sacerdócio. A
intenção dele é mostrar que o sacerdócio de Jesus superou o sacerdócio arônico
e a ordem levítica em grandeza e qualificação. Os sacerdotes humanos eram
cobertos de fraquezas e defeitos e, por isso, pouco podiam fazer pelos homens.
Todavia, Jesus, como Sumo Sacerdote, era de uma ordem superior e perfeita e,
por conta disso, capaz de condoer-se e socorrer os que a Ele recorrem. Por fim,
o autor finaliza censurando os crentes pela ignorância deles frente a uma
doutrina de tão grande relevância.
I. UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO
À QUALIFICAÇÃO
1. Por representar melhor os
homens diante de Deus.
O escritor de Hebreus mostra que
o sumo sacerdote do Antigo Pacto era escolhido dentre seus pares (Hb 5.1). Com
essa exposição o autor quer chamar a atenção para o mistério da encarnação,
quando Deus se humaniza para tratar com os homens. Mesmo porque, como afirma
certo teólogo, “é necessário que um homem seja escolhido para representar
homens ao tratar dos pecados deles contra Deus”. Jesus, nosso Sumo Sacerdote, é
quem nos apresentou diante de Deus. Ao contrário do sacerdócio arônico, que
oferecia ofertas e sacrifícios, Jesus ofereceu sua própria vida como oferta a
Deus em nosso favor (Hb 4.14-16).
2. Por compreender melhor a
condição humana.
Para melhor
compreender a condição humana, o autor prossegue com sua exposição da função
sacerdotal. O sumo sacerdote era alguém tirado de entre o povo e com a
capacidade de compreender a condição humana. A palavra “compadecer-se” (Hb
5.2,3) traduz o termo grego metriopatheia, que significa escolher um
meio termo a fim de se evitar os extremos. Um sacerdote que trabalhava com as
exigências da Lei e, ao mesmo tempo com as fraquezas humanas, necessitava, a
todo momento, evitar os extremos. Isso se tornava mais emblemático quando ele
precisava fazer sacrifícios pelos pecados alheios e os seus próprios. Ele não
poderia ser complacente com o pecado nem tampouco agir com extrema severidade.
Na mente do autor sagrado somente Jesus, o Sumo Sacerdote perfeito, pôde
cumprir esse requisito.
3. Pela posição que exerceu.
Não era sumo
sacerdote quem quisesse ser, mas aquele a quem o Senhor chamasse (Hb 5.4). O
contexto deixa claro que a palavra “honra” tem o sentido de “cargo” ou
“posição” e está relacionada ao ministério sacerdotal ao qual o Senhor delegou
a alguém. Ser um ministro do altar era algo extremamente honroso, de grande
importância e de muita responsabilidade. Tanto Arão como seus filhos foram
escolhidos diretamente por Deus para esse ministério (Êx 28.1; Sl 105.26).
Jesus, nosso Sumo Sacerdote, em tudo foi superior e mais honrado do que Arão
visto pertencer a uma ordem sacerdotal superior e haver sido enviado do céu
para essa missão.
SÍNTESE DO TÓPICO (I): O
sacerdócio de Cristo é mais qualificado do que o de Arão e o da ordem levítica
porque representa melhor o ser humano diante de Deus, pois compreende a
condição humana, e também por pertencer ao “sacerdócio do céu”.
SUBSÍDIO
DIDÁTICO
Enfatize a
superioridade da qualificação do sacerdócio de Cristo em relação ao de Arão e
ao da ordem levítica. Utilize o auxílio do esquema abaixo.
CONHEÇA MAIS
Todo o sumo sacerdote
Duas qualificações
são necessárias para um verdadeiro sacerdócio.
(1) O sacerdote deve ser compassivo,
manso e paciente com aqueles que se desviam por ignorância, por pecado
involuntário e por fraqueza (v.2; 4.15; cf. Lv 4; Nm 15.27-29).
(2) Deve ser designado por Deus
(vv.4-6). Cristo satisfaz ambos requisitos.
[...] Cristo
aprendeu pela experiência o sofrimento e o preço que com frequência se paga
pela obediência a Deus num mundo corrupto (cf. 12.2; Is 50.4-6; Fp 2.8). Ele se
tornou o Salvador e sumo sacerdote perfeito, porque seu sofrimento e morte na
cruz ocorreram sem pecado. Por isso, Ele estava qualificado em todos os
sentidos (vv.1-6), para nos prover a eterna salvação”. Leia mais em Bíblia de
Estudo Pentecostal, CPAD, pp.1905,06.
II. UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO
AO SERVIÇO
1. Pela realeza e o propósito
pelo qual viveu.
Em sua exposição
sobre o sacerdócio de Cristo, o autor combina o Salmo 2.7 com o 110.4. Essas
citações servem para o autor sacro argumentar a favor da filiação divina e da
realeza do sacerdócio de Jesus. Respeitados especialistas em Antigo Testamento
ressaltam que o tipo de “messias” que os judeus da época de Jesus esperavam era
de natureza político-religiosa. Entretanto, os textos dos Salmos mostram que
Jesus Cristo não era um messias político nem meramente religioso, mas o Messias
aclamado por Deus em Salmos 2.7 e reconhecido pelo Pai como Sumo Sacerdote em
Salmos 110.4: o Messias que os cristãos reconhecem como o Filho de Deus, Rei e
Sumo Sacerdote do Novo Pacto. Nosso Cristo, mesmo sendo Filho de Deus, não
glorificou a si mesmo nem tampouco buscou honra para si, mas exerceu o
sacerdócio por meio da vontade do Pai (Fp 2.5-7).
2. Pela vida santa que possuía.
A primeira parte do
versículo sete do capítulo cinco de Hebreus é usada pelo autor sacro para se
referir à vida piedosa de Jesus. Intercessão, compaixão, oração e súplicas são
qualidades presentes em um verdadeiro sacerdote. O autor destaca que os fatos
por ele levantados aconteceram quando Jesus ainda exercia seu ministério
terreno, revelando dessa forma o seu viver santo. Os intérpretes destacam que esses
fatos estão relacionados com a oração de Jesus no Getsêmani (Mc 14.33-36),
conforme narra os Evangelhos e serve para mostrar que um sacerdote assim,
santo, piedoso e compassivo, é capaz de condoer-se das fraquezas humanas e dos
que sofriam.
3. Pela submissão que demonstrou.
A expressão “foi
ouvido quanto ao que temia” (Hb 5.7, ARC) é traduzida na Almeida Revista e
Atualizada (ARA) como “tendo sido ouvido por causa da sua piedade”. A razão
da diferença nas traduções é a palavra eulabeia usada pelo autor. Essa
palavra só aparece duas vezes no Novo Testamento grego e as duas ocorrências
encontram-se em Hebreus: uma aqui no capítulo 5 e outra em Hebreus 12.28. Em
Hebreus 12.28, tanto a ARC como a ARA traduzem como “reverência”. Não há dúvida
que este último sentido deve ser mantido aqui. Eulabeia, portanto,
mantém o sentido de um temor piedoso e reverente. O viver temente de Jesus o
conduziu a suportar o sofrimento em favor da humanidade e, dessa forma, a
completar a obra expiatória em favor de todos.
SÍNTESE DO TÓPICO (II): A realeza, o propósito pelo qual viveu, a vida santa que possuía e a
submissão demonstrada no seu ministério apontam para superioridade do serviço
de Cristo.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
Filho e sacerdote
(5.5,6). O autor cita duas passagens. A primeira estabelece o direito de Jesus,
na condição de filho, de ministrar no próprio céu (cf.8.3-6). A segunda,
estabelece seu direito de servir na terra como Sumo Sacerdote. A razão pela
qual é importante traçar o sacerdórcio de Jesus desde Melquisedeque é discutida
no capítulo 7.Obediência (5.7,8). Obedecer é responder de acordo com o pedido ou o comando de outra pessoa. Ambos os Testamentos deixam claro que a obediência a Deus cresce em direção ao relacionamento pessoal com Ele e é motivado pelo amor. Duas das mais importantes passagens das epístolas examinam a obediência de Cristo. Filipenses 2 focaliza a atitude de humildade e renúncia, expressas na encarnação de Cristo. E sua trajetória até a cruz. Essa passagem, Hebreus 5, discute o significado da obediência de Cristo. Ao aprender a obedecer ele estabeleceu suas credenciais como um verdadeiro ser humano, vivendo da mesma maneira que vivemos, no que diz respeito à obediência a Deus. Assim qualificado, Jesus tornou-se o ‘Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem’” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. RJ: CPAD, 2010, p.859).
III. UM SACERDÓCIO SUPERIOR
QUANTO À IMPORTÂNCIA TEOLÓGICA
1. Uma doutrina transcendente.
A última parte da
seção de Hebreus 5.11-14 forma um parêntese feito pelo autor para chamar a
atenção da importância teológica que possuía essa doutrina — o sacerdócio de
Jesus Cristo. A compreensão dessa doutrina era de suma importância para o viver
cristão, mas a falta de crescimento por parte dos leitores tornava difícil para
o autor torná-la compreendida. Era uma doutrina que transcendia em muito
aqueles princípios formadores da fé cristã. Requeria maturidade, o que só teria
sido possível se eles exercitassem suas mentes na meditação da Palavra.
2. Uma doutrina essencial.
Se por um lado essa
doutrina era por natureza transcendente, por outro, formava o âmago da fé
cristã. A sua compreensão traz substância à nossa fé. Não era de admirar que os
hebreus estavam indolentes, desanimados e fracos. Não possuíam uma fé
substancial (Hb 5.13,14). Quando não se tem maturidade suficiente na vida
cristã fica difícil e, às vezes, impossível de se fazer escolhas acertadas.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
Resumo do capítulo [5]
O sumo sacerdote
ocupava uma posição única na religião de Israel, um cargo acessível tão somente
a um descendente de Arão. Por isso, o escritor se mostra cauteloso ao enumerar
as qualificações de Cristo para esse papel na fé, no Novo Testamento. O sumo
sacerdote é tomado dentre os homens. Sua comissão de representar a outros
homens diante de Deus exige que Ele seja uma pessoa sensível às necessidades
dos seres humanos (v.4). Cristo foi ordenado por seu Pai ao sacerdócio
(vv.5,6). Cristo também cumpre as qualificações de sensibilidade diante da
fraqueza humana. Como homem, Jesus aprendeu a obediência pelas cousas que
sofreu (vv.7,8). Devidamente qualificado, foi nomeado sumo sacerdote, segundo a
ordem de Melquisedeque e se transformou na fonte de nossa salvação (vv.9,10).
Isto posto, o autor lança mais uma advertência devido à aparente incapacidade
de seus leitores de perceberem até mesmo as mais elementares verdades do
cristianismo. Para caminhar em direção à maturidade, devem se valer das
verdades que têm ensinado, como guia a distinguir o bem do mal. Para ser
considerada alimento sólido e não leite, a verdade deve ser explicitada na
prática (vv.11-14)” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma
análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. RJ: CPAD, 2010,
p.859).
CONCLUSÃO
O final do capítulo
quatro de Hebreus e todo o capítulo cinco trazem aspectos relevantes sobre o
sistema sacerdotal nos dias bíblicos. Vimos que o autor apresentou,
primeiramente, as qualificações que eram exigidas para um sacerdote e depois as
contrastou com o Sumo Sacerdote perfeito, Jesus. O Filho de Deus viveu toda a
nossa condição humana e, como sacerdote perfeito, está habilitado para
interceder por nós. Esta é uma doutrina que todos devemos conhecer bem.
A respeito de
Cristo é superior a Arão e à Ordem Levítica, responda:
1° Ao contrário do
sacerdócio arônico, o que Jesus ofereceu?
Resp: Jesus ofereceu sua própria vida
como oferta a Deus em nosso favor (Hb 4.14-16).
2° Por que Jesus,
nosso Sumo Sacerdote, em tudo foi superior e mais honrado do que Arão?
Resp: Jesus, nosso sumo sacerdote, em
tudo foi superior e mais honrado do que Arão visto pertencer a uma ordem
sacerdotal superior e haver sido enviado do céu para essa missão.
3° Como foi
estabelecido o sacerdócio de Jesus?
Resp: Jesus foi aclamado por Deus como
Messias davídico (Sl 2.7) e como sumo sacerdote (Sl 110.4). Portanto, o
sacerdócio de Jesus se dá em razão da sua filiação divina.
4° Quais as
qualidades presentes em um verdadeiro sacerdote?
Resp: Intercessão, compaixão, oração e
súplicas são qualidades presentes em um verdadeiro sacerdote.
5° Como seria
possível chegar à maturidade cristã?
Resp: Exercitando a mente na meditação
da Palavra.
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
Cristo é superior a Arão e à
Ordem Levítica
Nesta altura,
chegamos numa seção crucial da Carta aos Hebreus: A Supremacia do Sumo
Sacerdócio de Cristo. O início dessa seção resgata o fato de que o Senhor
Jesus, por intermédio de seu sacerdócio supremo, torna aberto o caminho para
todas as pessoas aproximarem-se ao trono da Graça de Deus com confiança. Ora,
nosso Senhor compartilhou a nossa humanidade e, por isso, ninguém melhor que
Ele para compreender nossas fraquezas e debilidades. Por isso, precisamos de um
mediador perfeito, “porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os
homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos”
(1Tm 2.5,6). Por todos esses motivos, o Senhor Jesus (1) representa mais
eficazmente todos os seres humanos do que os sacerdotes do Antigo Testamento;
(2) compreende melhor a condição humana, pois a viveu em sua plenitude — Ele é
verdadeiro Homem; (3) sua posição, junto ao Pai, o coloca em melhor posição
para interceder por nós (1Jo 2.1).Dentre muitos outros motivos, esses três levantados acima atestam claramente que o nosso Senhor é o Sumo Sacerdote por excelência. Nele, devemos depositar a nossa confiança!
Sugestão Pedagógica
Uma boa sugestão é
que você explique a classe a estrutura da ordem sacerdotal e levítica de
Israel. Nesse sentido, vale a pena ler o capítulo 16 do livro de Levítico que
descreve uma das principais cerimônias que o sumo sacerdote celebrava: o Dia da
Expiação. Os capítulos 15 e 16.1-6 de 1 Crônicas também merecem atenção, pois
eles destacam a organização dos levitas feita pelo rei Davi. Faça essa leitura
com o auxílio da Bíblia de Estudo Pentecostal, editada pela CPAD.
Boa
aula.
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