Lições Bíblicas CPAD / Jovens e Adultos
Lição 12: Eliseu e a Escola dos Profetas
TEXTO ÁUREO: “Tu, pois, meu
filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre
muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para
também ensinarem os outros” (2 Tm 2.1,2).
VERDADE PRÁTICA: A escola de
profetas objetivava a transmissão dos valores morais e espirituais que Deus
havia entregado a Israel através de sua Palavra.
Palavras Chave: Escola de
Profetas: Instituição de ensino do Antigo Testamento cujo objetivo era a
transmissão dos valores morais e espirituais que Deus havia entregado a Israel
através de sua Palavra.
INTERAÇÃO
Professor já no Antigo Testamento pode perceber que
a educação religiosa tinha um lugar de destaque entre os israelitas. As Escolas
de Profetas são uma prova desta verdade. Estas instituições não tinham como
propósito ensinar os alunos a profetizarem. A profecia é um dom divino, por
isso, somente o Senhor pode ensinar os seus servos quanto ao profetizar.
Todavia, um dos objetivos era passar às gerações mais novas a herança cultural
e espiritual da nação. Na lição de hoje, estudaremos acerca da Escola de
Profetas sob quatro perspectivas: a instituição, os objetivos, o currículo e a
metodologia. Boa aula!
ESCOLAS DE PROFETAS:
1° - OBJETIVOS: A transmissão dos
valores morais e espirituais que Deus havia entregado a Israel através de sua
Palavra.
2° - CURRÍCULO: Em especial o
livro de Deuteronômio, pois especificava que princípios e preceitos regiam a
aliança de Jeová com o seu povo; aprendizado prático.
3° - METODOLOGIA: Ensino através do
exemplo.
COMENTÁRIO
introdução
Por
diversas vezes, vemos a expressão “filhos dos profetas” aparecer nos livros de
Reis. Os filhos, ou discípulos, dos profetas estavam radicados em Betel, Jericó
e Gilgal (2 Rs 2.3,5, 7,15; 4.38). O contexto dessas passagens não deixa
dúvidas de que esta expressão pode ser entendida como sinônimo para escola de
profetas.
O
fato serve para mostrar que a educação religiosa, ou formal, já recebia
destaque no antigo Israel. Ressalvamos que as escolas de profetas não tinham
como propósito ensinar a profetizar. Isso é uma atribuição divina. Todavia, era
um testemunho vivo de que o povo de Deus, em um passado tão distante,
preocupava-se em passar às gerações mais novas sua herança cultural e
espiritual. Por isso, vejamos nessa lição, a Escola de Profetas sob quatro
perspectivas.
I. A INSTITUIÇÃO DAS
ESCOLAS DE PROFETAS
1. Noção de
organização e forma.
O
texto de 2 Reis 6.1 mostra que essas Escolas de Profetas possuíam uma estrutura
física. Eles viviam em comunidade e, portanto, careciam de espaço físico não
somente para habitar, mas também onde pudessem ser instruídos: “Eis que o lugar
em que habitamos diante da tua face nos é estreito. Vamos, pois, até ao Jordão,
e tomemos de lá, cada um de nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar, para
habitar ali”.
Observa-se
nesse texto que a estrutura acabou ficando inadequada e um espaço maior foi
reclamado. Para que se tenha uma educação de qualidade necessita-se de uma
estrutura adequada. Não podemos educar sem primeiro estruturar!
2. Noção de
organismo e função.
As
escolas de profetas estavam sob uma supervisão e, portanto, possuíam um líder
espiritual que lhes dava orientação.
Os
estudiosos acreditam que as escolas de profetas surgiram com Samuel (1 Sm
10.5,10; 19,20) e, posteriormente, consolidaram-se com a monarquia nos
ministérios de Elias e Eliseu.
No
texto de 2 Reis 6.1, verificamos que os discípulos dos profetas estavam sob a
orientação de Eliseu e era com este profeta que buscavam instrução. Eliseu não
era apenas um homem com dons sobrenaturais capaz de prever o futuro ou operar
grandes milagres, mas também um profeta que possuía uma missão pedagógica.
II. OS OBJETIVOS DAS
ESCOLAS DE PROFETAS
1. Treinamento.
O
texto de 2 Reis 2.15,16 mostra que fazia parte do treinamento das escolas dos
profetas trabalhar sob as ordens do líder, obtendo assim permissão para a
execução de cada tarefa.
Em
outras situações observamos que os filhos dos profetas, quando já treinados,
podiam agir por conta própria em determinadas situações (1 Rs 20.35). Na igreja
o discipulado ocorre quando aquele que foi ensinado compartilha com outro o seu
aprendizado.
Os
expositores bíblicos observam que Eliseu não limitava o seu ministério à
pregação itinerante e a operação de milagres, mas agia também como um
supervisor das escolas de profetas. Ele fornecia instrução e encorajamento aos
jovens que ali estavam.
O
contexto de 1 e 2 Reis não deixa dúvidas de que Elias e Eliseu muito se
preocuparam em transmitir às gerações mais novas o que haviam aprendido do
Senhor. Nessas escolas, portanto, esses alunos eram encorajados a buscar uma
melhor compreensão da Palavra de Deus. Não há objetivo maior para um educador
do que encorajar o educando a buscar a excelência no ensino.
III. O CURRÍCULO DAS ESCOLAS DE PROFETAS
1. A
Escritura.
Acompanhando
o ministério de Elias, vemos que a Palavra de Deus fazia parte do conteúdo
ensinado nas escolas de profetas. Dele, Eliseu recebeu essa herança. Quando se
encontrava no monte Sinai, Elias queixou-se de que os israelitas haviam
abandonado a aliança divina, destruído os locais do verdadeiro culto e matado
os profetas do Senhor (1 Rs 19.10).
A
Palavra de Deus, em especial o livro de Deuteronômio, especificava que
princípios e preceitos regiam a aliança de Jeová com o seu povo. A Palavra de
Deus era e é essa aliança! Assim como Elias, Eliseu também estava familiarizado
com as implicações do concerto divino. Era a Palavra de Deus que ele ensinava
aos seus discípulos. É a Palavra de Deus que nós também devemos ensinar hoje.
2. A experiência.
Elias
e Eliseu eram homens experientes e partilhavam com os outros os que haviam
aprendido do Senhor (2 Rs 2.15, 19-22; 4.1-7 42-44). No entanto, no contexto
bíblico, a experiência não está acima da revelação divina conforme se encontra
registrada na Bíblia. A Palavra de Deus é quem julga a experiência e não o
contrário. Elias, por exemplo, afirmou que suas experiências tiveram como
fundamento a Palavra de Deus (1 Rs 18.36).
Os
mais jovens devem ter a humildade de aprender com os mais experientes e os mais
experientes não devem desprezar os saberes dos mais jovens. O aprendizado se dá
através do processo de interação e a experiência faz parte desse processo.
IV. A METODOLOGIA DA ESCOLA DE PROFETAS
1. Ensino através
do exemplo.
As
Escolas de Profetas seguiam o idealismo hebreu concernente à educação. Havia
uma relação entre professor e aluno na comunidade onde viviam. A educação
acontecia também na sua forma oral e o exemplo era um desses métodos adotados
no processo educativo. Não há como negar que Eliseu ensinava através do
exemplo. Há vários relatos sobre os milagres de Eliseu, nos quais se percebe
que o aprendizado acontecia através da observação das ações do profeta.
Geazi,
discípulo de Eliseu, sabia que seu mestre era um exemplo de honestidade. Em o
Novo Testamento, Jesus Cristo colocou-se como o exemplo máximo a ser seguido e
Paulo se pôs como um modelo a ser imitado (Mt 9.9; 1 Co 11.1).
2. Ensino através da
Palavra.
Eliseu
não deixou nada escrito. O que sabemos dele é através do cronista sagrado. Mas
esse fato não significa que o profeta não usasse a Palavra de Deus em sua vida
devocional e também como instrumento de instrução nas Escolas de Profetas.
A
forma como Eliseu julgava o comportamento dos reis, aprovando-os, ou
reprovando-os, não deixa dúvidas de que usava a Palavra de Deus escrita para
discipular os alunos das Escolas de Profetas. Eliseu, por exemplo, mediu a
iniquidade de Acabe através da piedade de Josafá. Acabe era um rei mau porque
não andava conforme a Palavra de Deus, enquanto Josafá era estimado por fazer o
caminho inverso.
CONCLUSÃO
Através
do ministério de Eliseu, observamos que as Escolas de Profetas eram dedicadas
ao ensino formal. Ali era ensinada a Palavra de Deus. Esse fato, por si só, é
de grande relevância para nós, porque demonstra a preocupação do homem de Deus
em passar a outros o conhecimento correto sobre o Deus único e verdadeiro.
Os
tempos mudam e a cultura também. Hoje, sabemos que a educação secular possui
grande importância e, infelizmente para muitos, é a única forma de educação
existente. Não podemos negligenciar a educação secular, mas não podemos de
forma alguma perder de vista a dimensão espiritual do conhecimento divino, que
se encontra na Bíblia Sagrada.
EXERCÍCIOS
1. Segundo a lição, o
que podemos aprender sobre o aspecto institucional da Escola de Profetas?
R.
Que a educação possui
forma e função.
2.
Destaque dois dos objetivos da Escola de Profetas.
R.
Treinamento e
encorajamento.
3.
De acordo com a lição, que conteúdos faziam parte do currículo da Escola de
Profetas?
R.
A Escritura e a
experiência.
4.
Cite dois dos métodos educacionais usados na Escola de Profetas.
R.
Ensino através da
palavra e do exemplo.
5.
O que podemos observar através do ministério de Eliseu?
R.
Observamos que as
escolas de profetas eram dedicadas ao ensino formal.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio
Bibliográfico
“Escolas Hebraicas
[...]
Os profetas prestaram uma assistência à instrução religiosa do povo através de
suas pregações públicas. As referências a um grupo de profeta em Ramá sob o
comando de Samuel, e possivelmente em Gibeá, mesmo tendo sido chamadas de escolas
de profetas não devem ser consideradas como as mais recentes escolas de
escribas que caracterizavam o judaísmo. Estas foram ocasionadas em sua maior
parte pelo declínio do sacerdócio sob o comando de Eli e seus filhos, e
novamente durante a monarquia (1 Sm 10.5,10; 19.20), e também da necessidade
que o povo tinha de receber a instrução religiosa.
Estas
associações de profetas não devem ser consideradas como monásticas, mas, na
verdade, existiram com o propósito de trazer à tona uma maior influência religiosa
sobre sua época.
Presume-se
que, no tempo de Esdras, as instituições religiosas tenham sido um esforço
escolástico entre os judeus (Ed 7.10). ”Associadas ao crescimento das sinagogas
e outras instituições pós-exílicas, a educação primária, como um padrão de
ensino, viria a tornar-se compulsória, conforme revelado no Talmude” (Dicionário
Bíblico Wycliffe. 1 ed., RJ: CPAD, 2009, p.665).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Eliseu e a Escola
de profetas
Os
profetas não eram pessoas preguiçosas. Eles decidiram ampliar o local em que
estavam vivendo, e para isso, não se puseram a orar e profetizar em nome do
Senhor: eles se puseram a trabalhar. Não é certo que uma pessoa que detenha um
dom espiritual se utilize dele para não trabalhar, não ter uma vida produtiva,
ou para ficar dependendo de terceiros para sua subsistência. Dons são dados
para a edificação da igreja e não para estabelecer distinções entre quem tem e
quem não tem. Os profetas que cercavam Eliseu colocaram “a mão na massa” e
foram trabalhar para que tivessem um espaço maior para viverem. E foi em um
momento desses, em que esses homens estavam trabalhando, que Deus fez um grande
milagre por intermédio de Eliseu: fez flutuar o ferro de um machado, que um dos
alunos daquela escola deixou cair sem querer no rio.
Não
podemos prever que tipos de adversidades podem ocorrer quando estamos
trabalhando para o Senhor, mas podemos ter a certeza de que Deus estará sempre
com conosco. Fazer flutuar o ferro de um machado não foi um ato de demonstração
de poder com objetivos pessoais, mas uma oportunidade de mostrar o quanto Deus
honra a fé de seus servos.
Geazi
e Eliseu. Eliseu demonstrou o poder de Deus com milagres realizados, mas também
ensinou pelo seu próprio exemplo. Geazi era seu aluno, e convivia com o
profeta, vendo milagres. Não é exagero dizer que Eliseu aprendeu muitas coisas
com o convívio que teve com Elias, e Geazi também observou os atos de Eliseu.
Mas aqui cabe uma observação: Ao passo que Eliseu aprendeu coisas com Elias e
teve um ministério frutífero, Geazi optou pelo caminho oposto. Na ocasião em
que esteve com o capitão siro Naamã, Geazi demonstrou que não estava apto para
o ministério profético, pois foi seduzido pelos presentes que Naamã, já curado,
ofereceu a Eliseu. Nessa ocasião, vendo Geazi que Eliseu rejeitou os presentes
de Naamã, cobiçou-os e foi atrás do siro, contando-lhe uma história piedosa.
Porque
Deus julgou Geazi de forma tão severa? Primeiro, porque ele foi um homem
cobiçoso. Segundo, porque ficou indignado de ver Naamã ser curado e não pagar
nada pela cura que recebeu. Terceiro, porque Geazi mentiu para obter os
presentes que Naamã daria a Eliseu. Quarto, não podemos usar os dons que Deus
nos concede para lucrar de forma pessoal. Que essas observações nos sirvam de
exemplo, para que não sejamos julgados por Deus por conta de tais manifestações
de infidelidade.
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