Lições Bíblicas CPAD / Jovens e Adultos
Título: Filipenses — A
humildade de Cristo como exemplo para a Igreja
Comentarista: Elienai Cabral
Lição 9: Confrontando os
Inimigos da Cruz de Cristo
TEXTO ÁUREO: “Porque muitos
há, dos quais muitas vezes vos disse e agora também digo, chorando, que são
inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3.18).
VERDADE PRÁTICA: A cruz de Cristo é
o ponto central da fé cristã: sem ela não pode haver cristianismo.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Filipenses
3.17-21.
17
- Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo
que tendes em nós, pelos que assim andam.
18
- Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse e agora também digo,
chorando, que são inimigos da cruz de Cristo.
19
- O fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles é para
confusão deles mesmos, que só pensam nas coisas terrenas.
20
- Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o
Senhor Jesus Cristo,
21
- que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo
glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.
INTERAÇÃO
No capítulo três da Carta aos Filipenses, Paulo faz
uma severa advertência contra os judaizantes, denominados pelo apóstolo de
“inimigos da cruz de Cristo”. Estes apregoavam o legalismo, a lei e os códigos
de conduta, porém não conheciam a cruz de Cristo. Todavia, Paulo chama a
atenção não somente a respeito dos judaizantes, mas também quanto os irmãos que
não viviam de acordo com o modelo de serviço e sacrifício de Cristo. Paulo pede
aos filipenses que lutem contra estes inimigos a fim de que não venham sucumbir
na fé. Esta advertência de Paulo deve ser levada a sério pela igreja na
atualidade, pois atualmente também muitos são os inimigos da cruz de Cristo.
OBJETIVOS: Após esta aula, o aluno deverá estar
apto a:
- Conscientizar-se a respeito da
necessidade de se manter firme em Cristo.
- Saber quais são os inimigos da
cruz de Cristo.
- Aprender a respeito do futuro
glorioso daqueles que amam a cruz de Cristo.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor,
para a apresentação do tópico II da lição sugerimos que o quadro abaixo seja
reproduzido de acordo com as suas possibilidades. Divida a turma em grupos e
distribua cópias e canetas. Em seguida faça as seguintes indagações: “Quem são
os inimigos da cruz de Cristo?”; “Como combater estes inimigos?”. Ouça a todos
com atenção e em seguida peça que em grupo preencham o quadro. Reúna novamente
os grupos. Solicite que mostrem o quadro completo e discuta com os alunos as
respostas. Conclua enfatizando que para identificarmos e combatermos os
inimigos da cruz de Cristo precisamos conhecer a Palavra de Deus e perseverar
na doutrina dos apóstolos.
INTRODUÇÃO
Palavra
Chave: Inimigos: Na lição são os
judaizantes e aqueles que não tinham comunhão com a cruz de Cristo.
Das
advertências de Paulo à igreja em Filipos, a exortação para que permanecessem
firmes na fé e mantivessem a alegria que a nova vida em Cristo proporciona, é
uma das mais importantes. O apóstolo assim os estimula, por estar ciente dos
falsos cristãos que haviam se infiltrado no seio da igreja. Tais eram, de fato,
inimigos da cruz de Cristo.
I. EXORTAÇÃO À
FIRMEZA EM CRISTO (3.17)
1. Imitando o
exemplo de Paulo (v.17a).
Quando
Paulo pediu aos filipenses para que o imitassem, não estava sendo presunçoso.
Precisamos compreender a atitude do apóstolo não como falta de modéstia, ou
falsa humildade, mas imbuída de uma coragem espiritual e moral de colocar-se,
em Cristo, como referência de vida e fé para aquela igreja (1Co 4.16,17; 11.1;
Ef 5.1). Paulo mostrou que a verdadeira humildade acata serenamente a
responsabilidade de vivermos uma vida digna de ser imitada. Que saibamos
refletir sobre isso num tempo em que estamos carentes de referências
ministeriais.
2. O exemplo de
outros obreiros fiéis (v.17b).
O
texto da ARA tem uma tradução melhor dessa passagem: “observai os que andam
segundo o modelo que tendes em nós”. Paulo estava reconhecendo o valor da
influência testemunhal de outros cristãos, entre os quais Timóteo e Epafrodito,
que eram referências para as suas comunidades. O apóstolo chama a atenção dos
cristãos filipenses para observarem os fiéis e aprenderem uns com os outros
objetivando a não se desviarem da fé.
3. Tendo outro
estilo de vida.
Muitas
vezes somos forçados a acreditar que somente os obreiros devem ter um estilo de
vida separado exclusivamente a Deus. Essa dualidade entre “clero” e “leigos”
remonta à velha prática eclesiástica estabelecida pela Igreja Romana, na Idade
Média, onde uma elite (o clero) governa a igreja e esta (os leigos) se torna
refém daquela. É urgente resgatar o ideal da Reforma Protestante, ou seja, a
“doutrina do sacerdócio de todos os crentes”, ou “Sacerdócio Universal”,
reivindicada em 1 Pedro 2.9. Todos nós, obreiros ou não, temos o livre acesso
ao trono da Graça de Deus por Cristo Jesus. Não tentemos costurar o véu que
Deus rasgou!
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Todo crente, obreiros
ou não, tem livre acesso ao trono da Graça de Deus por Cristo Jesus.
II. OS INIMIGOS DA
CRUZ DE CRISTO (3.18,19)
1. Os inimigos da
cruz (v.18).
Depois
de identificar os inimigos da cruz de Cristo, Paulo mostra que o ministério
pastoral é regado com muitas lágrimas. A maior luta do apóstolo era com as
heresias dos falsos cristãos judeus. Paulo chama os judaizantes de “inimigos da
cruz de Cristo”. O apóstolo conclamou a igreja a resistir tais inimigos, mesmo
que com lágrimas, pois eles tinham como objetivo principal minar a sua
autoridade pastoral. O apóstolo já havia enfrentado inimigos semelhantes em
Corinto (1Co 6.12). Agora, em Filipos, havia outro grupo que adotava a doutrina
gnóstica. Este grupo de falsos crentes (3.18,19) afirmava erroneamente que a
matéria é ruim. Logo, não há nenhum problema em pecar através da “carne”, pois
toda e qualquer coisa que fizermos com o corpo, e através dele, não afetará a
nossa alma. Essa ideia herética e diabólica é energicamente refutada pela
Palavra de Deus (1Ts 5.23).
2. “O deus deles é
o ventre” (3.19).
O
termo “ventre” aqui é figurado e representa os “apetites” carnais e sensuais.
Os inimigos da cruz viviam para satisfazer os prazeres da carne — glutonaria,
bebedice, imoralidade sexual, etc. — satisfazendo todos os desejos lascivos,
pois acreditavam que tais atitudes “meramente carnais” não afetariam a alma nem
o espírito. Porém, o ensino de Paulo aos gálatas derruba por terra esse
equivocado pensamento (Gl 5.16,17).
3. “A glória deles”
(3.19).
Paulo
sabia que aqueles falsos crentes não tinham qualquer escrúpulo nem vergonha.
Entregavam-se às degradações morais sem o menor pudor e, mesmo assim, queriam
estar na igreja como se nada tivessem feito de errado. O apóstolo os trata como
inimigos da cruz de Cristo, porque as atitudes deles invalidavam a obra
expiatória do Senhor. A declaração paulina é enfática acerca daqueles que negam
a eficácia da cruz de Cristo: a perdição eterna.
O
castigo dos ímpios será inevitável e eterno (Ap 21.8; Mt 25.46). Um dia, eles
ressuscitarão para se apresentarem diante do Grande Trono Branco, no Juízo
Final, e serão julgados e lançados na Geena (o lago de fogo), que é o estado
final dos ímpios e dos demônios (Ap 20.11-15).
SINOPSE DO TÓPICO
(II)
Paulo conclamou a
igreja a resistir os inimigos da cruz de Cristo, mesmo que com lágrimas. Estes
inimigos tinham como objetivo principal minar a fé dos irmãos.
III. O FUTURO GLORIOSO
DOS QUE AMAM A CRUZ DE CRISTO (3.20,21)
1. “Mas a nossa
cidade está nos céus” (Fp 3.20).
Os
inimigos da cruz de Cristo eram os crentes que viviam para as coisas terrenas.
Paulo, então, lembra aos irmãos de Filipos que “a nossa cidade está nos céus”.
Quando o apóstolo escreveu tais palavras, ele tomou como exemplo a cidade de
Filipos. Segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “Filipos estava
localizada na principal rota de transportes da Macedônia, uma extensão da Via
Ápia, que unia a parte oriental do império à Itália”.
O
apóstolo faz questão de mostrar que aquilo que Cristo tem preparado para os
crentes é algo muito superior a Filipos (v.20). O apóstolo mostra que o cidadão
romano honrava a César, porém os crentes de Filipos deveriam honrar muito mais
a Jesus Cristo, o Rei da pátria celestial. Em breve o Senhor virá sobre as
nuvens do céu com poder e glória, para arrebatar a sua igreja levando-a para a
cidade celeste, a Nova Jerusalém (Mt 24.31; At 1.9-11).
2. “Que
transformará o nosso corpo abatido” (Fp 3.21).
O
estado atual do nosso corpo é de fraqueza, pois ainda estamos sujeitos às enfermidades
e à morte. Mas um dia receberemos um corpo glorificado e incorruptível. Os
gnósticos ensinavam que o mal era inerente ao corpo. Por isso, diziam que só se
deve servir a Deus com o espírito. Eles afirmavam ainda que de nada aproveita
cuidar do corpo, pois este se perderá. Erroneamente, acrescentavam que o
interesse de Cristo é salvar apenas o espírito.
A
Palavra de Deus refuta tal doutrina. Ainda que venhamos a sucumbir à morte,
seremos um dia transformados e teremos um corpo glorioso semelhante ao de
Cristo glorificado (Fp 3.21; 1Ts 5.23; 1Co 15.42-54).
3. Vivendo em
esperança.
Vivemos
tempos trabalhosos e difíceis (2Tm 3.1-9). Quantas falsas doutrinas querem
adentrar nossas igrejas. Infelizmente, não são poucos os que naufragam na fé.
Nós, contudo, à semelhança de Paulo, nutrimos uma gloriosa esperança (Rm 8.18).
Haja o que houver, aconteça o que acontecer, o nosso coração estará seguro em
Deus e em sua promessa (Ap 7.17; 21.4).
SINOPSE DO TÓPICO
(III)
À semelhança de Paulo
precisamos ter a confiança de que o futuro daqueles que amam a cruz de Cristo
será glorioso.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ZUCK,
R. B. Teologia do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2008.
RICHARDS, L. O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2007.
RICHARDS, L. O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2007.
EXERCÍCIOS
1.
O que Paulo pretendia ao pedir que os filipenses o imitassem?
R.
Paulo pretendia
mostrar que a verdadeira humildade acata serenamente a responsabilidade de
vivermos uma vida digna de ser imitada.
2.
O que a dualidade entre “clero” e “leigos” remonta?
R.
Remonta à velha
prática eclesiástica estabelecida pela Igreja Romana, na Idade Média, onde uma
elite (o clero) governa a igreja e esta (os leigos) se torna refém daquela.
3.
O que significa o termo “ventre” empregado por Paulo?
R.
O termo “ventre” tem
um sentido figurado e representa os “apetites” carnais e sensuais.
4.
A exemplo dos cidadãos romanos que honravam a César, quem os filipenses
deveriam honrar?
R.
Os crentes de Filipos
deveriam honrar muito mais a Jesus Cristo, o Rei da pátria celestial.
5.
O teu coração está seguro em Deus? Há esperança em você?
R.
Resposta pessoal.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio
Teológico
“Cidadania
e unidade celestial”.
A
visão cósmica e apocalíptica de Paulo da realidade é enfatizada pelo conceito
de cidadania celestial do crente (3.20). Em Filipenses 1, esse conceito vem à
tona no verbo politeuesthe (‘viver como cidadão’). Seu cognato, politeuma (‘nação;
comunidade’), aparece no capítulo 3 de Filipenses. O termo sugere relação com polis (‘Cidade-estado’),
isto é, a nova comunidade de Cristo, cuja origem é o céu. Por isso, Paulo
escreve: ‘Nossa nação [cidadania] está no céu’ (3.20). Paulo afirma que esta
cidadania existe hoje; não é apenas uma esperança futura. O termo, como tal,
expressa uma orientação e uma identidade fundamentais dos crentes.
[...]
Filipenses 1.27-30 apresenta o ponto de que a vida do crente deve ser digna
dessa origem; ela deve ser digna de sua relação com o evangelho de Cristo. Isso
quer dizer que se deve perseguir a união, enquanto a comunidade permanece unida
‘num mesmo espírito’ (v.27) no evangelho. Na verdade não é mais necessário
temer os oponentes, embora o chamado para essa nova comunidade seja para crer e
para sofrer. Os filipenses, ao se entregar a esse chamado, compartilhariam a
mesma luta (agõna) que Paulo empreende, e, por essa razão, eles teriam comunhão com ele e
demonstrariam sua união com ele e com Cristo em humilde serviço (1.29 — 2.11)”
(ZUCK, R. B. (Ed.) Teologia do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2008. p.362).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio
Teológico
“Uma
advertência solene” (Fp 3.17-19)Nos versos 1-4, Paulo adverte seus leitores contra um erro do lado judaico, a saber, o legalismo, que é submeter a vida à escravidão das leis de Moisés. Nos versos 17-21, adverte-os contra o perigo do lado pagão, a saber: a frouxidão moral.
‘Sede
meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós’
(cf. 1Co 11.1. Rm 16.17). O que deviam imitar? Nos versos 7-13, lemos que Paulo
não tinha confiança no seu eu — próprio, que estava disposto a sacrificar todas
as coisas por Cristo, que reconhecia a sua própria imperfeição e que estava
grandemente desejoso para avançar com o Senhor. Sua advertência é necessária,
porque há aqueles que tomam uma atitude diferente. São ‘inimigos da cruz de
Cristo’, não por causa de qualquer hostilidade da parte deles, mas por causa
das vidas que vivem. Interessam-se mais em satisfazer os seus apetites do que
servir a Deus (‘o deus deles é o ventre’) e jactam-se das liberdades que tomam
na licenciosidade e vidas impuras (2Pe 2.19). ‘Só pensam nas coisas terrenas’ —
alegam estar no caminho do Céu, mas amam as coisas mundanas; ‘o destino deles é
a destruição’. Contraste com o verso 14” (PEARLMAN, M. Epístolas Paulinas: Semeando
as Doutrinas Cristãs. 1 ed., RJ: CPAD, 1998, pp.141-42).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Confrontando
os inimigos da Cruz
Agora
Paulo chega a uma parte muito importante da sua carta, ele exorta os cristãos
filipenses para serem firmes em Cristo na observância do Evangelho. A
preocupação do apóstolo era com os falsos mestres que se aproximavam dos
crentes filipenses. Estes mestres eram considerados por ele “inimigos da cruz”,
pessoas que trabalhavam para esvaziar o sentido da Cruz de Cristo. O apóstolo
havia os enfrentado noutras ocasiões. De acordo com especialistas do Novo
Testamento, é difícil identificar os inimigos da cruz, propriamente dito, na
carta de filipenses. Mas pelo teor do ensino de Paulo contra uma concepção
legalista de cristianismo e uma perspetiva libertina da graça, judaizantes e
gnósticos são as identidades mais aceitas.
Os
assuntos que Paulo trata com os filipenses não são novos, ele havia tratado
desses mesmos assuntos em ocasião anterior (3.1). Mas nesta seção ele se
“desespera” só de imaginar a possibilidade de os filipenses entrarem em contato
com tais ensinos. A sua preocupação é que a igreja de Filipos, recém formada,
enverede pelo caminho do legalismo ou da libertinagem. Ambos são frontalmente
contrários a natureza genuína do Evangelho.
A
expressão “O deus deles é o ventre” denota aqueles que adoram a carne através
das práticas sensuais desenfreadas. Eles viviam o aqui e o agora, e jamais
pensavam na eternidade “comamos e bebamos que amanhã morreremos”. Esta postura
visava destruir o Evangelho e todo o progresso dele na vida dos filipenses.
Além de sensuais, os falsos mestres invalidavam a suficiência da Cruz de Cristo
com suas atitudes degradantes e sem quaisquer escrúpulos. Paulo diz que para
eles, não há outro destino, se não, o da perdição eterna.
Por
isso o apóstolo dos gentios conclama aos filipenses a não darem ouvidos para
esses falsos ensinamentos, ainda que apareçam de maneira lisonjeira. Paulo não
exita de lembrá-los que a esperança cristã está nos céus, esperando o Salvador,
Jesus Cristo. O discípulo do Mestre Amado não pode viver como se Deus não
existisse. O crente tem uma promessa: “[Deus] transformará o nosso corpo
abatido”. Ainda que vivamos tempos trabalhosos e difíceis, o nosso coração deve
estar seguro em Deus, confiante em sua promessa de que um dia Ele restaurará
todas as coisas. O que sofremos hoje não se compara com a glória que em nós, o
povo de Deus, há de ser revelada (Rm 8.18).