Lições
Bíblicas CPAD / Jovens e Adultos
Lição 5: As Virtudes dos Salvos em Cristo
TEXTO ÁUREO: “Porque Deus é
o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”
(Fp 2.13).
VERDADE
PRÁTICA: A salvação é obra da graça de Deus, garantida
à humanidade mediante a morte expiatória de Jesus.
INTERAÇÃO
Há muitos
significados que poderíamos tomar emprestado para conceituar o termo
“obediência”. Como, por exemplo, “sujeitar-se a vontade de”, “estar sob
autoridade de” e “estar sujeito”. Estes manifestam o sentido estrito e real da
expressão obediência. Há de se destacar, porém, que o apóstolo Paulo quando
fala de obediência, refere-se à virtude — uma disposição firme para praticar o
bem — de uma pessoa que abraçou a fé mediante o Evangelho de Cristo. Aqui,
obedecê-lo é encarnar os valores do Reino de Deus numa perspectiva de se
espalhar o bem no mundo. Para Paulo, a melhor forma de fazer isso é semeando o
Evangelho, a mais bela das notícias para a humanidade.
OBJETIVOS: Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a:
- Conhecer a dinâmica da salvação.
- Analisar a operação da salvação.
- Saber que a salvação opera alegria e
contentamento no crente.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Prezado professor, reproduza o esquema abaixo
para os alunos. Faça-o de acordo com as suas possibilidades. Esta atividade vai
auxiliá-lo na introdução do tópico I, cujo assunto é a “dinâmica da salvação”.
Esclareça ao aluno que o propósito de
explicar a dinâmica da salvação é meramente didático, pois nos é impossível
catalogar um assunto da natureza do mistério da salvação. Seria muita pretensão
nossa pensar que podemos dar conta de tão importante aspecto da salvação
através de um instrumento didático. Boa aula!
A DINÂMICA DA SALVAÇÃO
1. Obra realizada e consumada na cruz.
O brado de Cristo
na cruz — “Está consumado!” — representa o significado atemporal da salvação.
Nele, somos salvos do passado, guardados do presente, mas esperançosos no
futuro. O pecado não tem mais poder sobre a vida do discípulo de Cristo:
“Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm
8.1).
2. O progresso da operação da salvação.
É bem verdade que
não estamos plenamente redimidos porque habitamos num corpo corrompido. Mas as
palavras de Agostinho de Hipona têm muito a nos dizer sobre como devemos lidar
com essa tensão: “A permanência da concupiscência em nós, é uma maneira de
provarmos a Deus o nosso amor a Ele, lutando contra o pecado por amor ao
Senhor; é, sobretudo, no rompimento radical com o pecado que damos a Deus a
prova real do nosso amor”.
3. A plenitude da salvação.
Vivemos a vida
cristã numa tensão entre o “já” e o “ainda não”. Isto é, o reino de Deus está
entre nós, mas não se manifestou plenamente. Temos a esperança de uma
transformação gloriosa que permeará toda a terra quando da vinda de Jesus:
“Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de
Deus” (Rm 8.19).
Palavra Chave: Virtude: Na lição é a
disposição firme e constante para prática do bem.
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, aprenderemos que a
obediência a Deus é uma virtude que deve ser buscada por todos aqueles que são
salvos em Cristo. O apóstolo Paulo não duvidava da obediência dos irmãos filipenses,
contudo, ele reafirma aos crentes a verdade de que a submissão ao Evangelho de
Cristo é uma das principais virtudes dos salvos. Assim, a intenção do apóstolo
é estimular os cristãos de Filipos a continuar perseverando na obediência ao
Santo Evangelho.
I. A DINÂMICA DA SALVAÇÃO (2.12,13)
1. O caráter
dinâmico da salvação.
No texto de Filipenses 2.12, podemos destacar
três aspectos da salvação operada em nossa vida pelo Senhor Jesus. O primeiro
refere-se à obra realizada e consumada de forma suficiente na cruz do Calvário.
É a salvação da pena do pecado. Não somos mais escravos, e sim libertos em
Cristo (Rm 8.1). O segundo aspecto diz respeito ao caráter progressivo da
salvação na vida do crente. Mesmo que o nosso corpo ainda não tenha sido transformado,
resistimos ao pecado e este não mais nos domina (Rm 8.9; cf. 1Jo 2.1,2).
Não obstante o fato de a salvação eterna vir
de Deus, Paulo diz que o Senhor nos chama a zelar e a “desenvolvê-la” em nosso
cotidiano. Por último, o texto trata da plenitude da salvação, quando
finalmente o nosso corpo receberá uma redenção gloriosa e não mais teremos dor,
angústia ou lágrima, pois estaremos para sempre com o Senhor (1Ts 4.14-17).
2. Deus é a fonte da vida.
Por si só o crente não pode ser salvo (Fp
2.13), pois é o Espírito Santo quem “opera” no homem a salvação (Jo 16.8-11).
Sem o Senhor, a humanidade está cega, morta no pecado e carente da iluminação
do Espírito para o arrependimento. Se na vida dos ímpios Satanás opera
instigando-os à prática das obras más (2Ts 2.9), é o Espírito de Deus quem
opera nos crentes a vida eterna (Jo 16.7-12; cf. Rm 8.9,14). Dessa forma, o
salvo torna-se um instrumento de justiça num mundo corrompido.
3. A bondade divina.
A ideia que a salvação tem um caráter
seletivo não é bíblica. Todos têm o direito de recebê-la. O querer e o efetuar
de Deus não anulam esse direito, pelo contrário, a operação do Eterno habilita
qualquer pessoa à salvação através da iluminação do Evangelho (Jo 1.9),
tornando-se posteriormente útil ao Corpo de Cristo (Ef 4.11-16; 1Co 12.7).
1. “Fazei todas as coisas sem murmurações nem
contendas”.
No versículo 14, o apóstolo Paulo destaca
duas posturas nocivas à predisposição dos filipenses:
a) Murmurações. O Antigo
Testamento descreve a murmuração dos judeus como uma atitude de rebelião.
Quando os israelitas atravessaram o deserto, sob a liderança de Moisés,
passaram a reclamar da pessoa do líder hebreu. Para eles, Moisés jamais deveria
ter estimulado a saída do povo judeu do Egito (Nm 11.1; 14.1-4; 20.2-5). Esse
ato constrangeu o homem mais manso da face da terra, e os israelitas receberam
dele a alcunha de “geração perversa e rebelde” (Dt 32.5,20). Tal “titulação”
não se aplicava aos filipenses, pois eles não eram rebeldes nem murmuradores,
ainda assim o apóstolo Paulo os exortou a fazer todas e quaisquer coisas sem
murmurações ou queixas, tal como convém aos mansos.
b) Contendas. Em o Novo Testamento, a expressão grega para
contendas é dialogismos. Essa expressão descreve as disputas e os
debates inúteis que geram dúvidas e separações na igreja local. É o mesmo que
discussões, litígios e dissensões. Infelizmente, muitos hoje as promovem
levando, inclusive, seus irmãos aos tribunais (1Co 6.1-8). Esta,
definitivamente, não é a vontade de Deus para a sua Igreja.
2. “Sejais irrepreensíveis e sinceros”.
O apóstolo apela aos filipenses para que se
achem irrepreensíveis e sinceros. Ser irrepreensível significa conduzir-se de
forma correta e moralmente pura, não necessitando de repreensão. É alguém que
dominou a carne, pois anda no Espírito (Gl 5.16,17). A sinceridade é outra
virtude que se opõe ao mal, ao dolo, ao engano e à má fé. A pessoa sincera
pauta-se pela lealdade, a lisura e a boa fé. Nada menos que isso é o que o
Eterno espera do seu povo.
3. “Retendo a palavra da vida”. Para o apóstolo,
reter a Palavra de Deus não é apenas assimilá-la, mas, sobretudo praticá-la,
pois o poder da Palavra gera vida (Hb 4.12). Por isso, Paulo encoraja os
filipenses a guardarem a Palavra, pois além de promover a vida no presente, ela
ainda nos garante esperança e vida eterna para o futuro próximo.
III. A SALVAÇÃO OPERA O CONTENTAMENTO E A ALEGRIA
(2.17,18)
1. O contentamento da salvação operada.
O apóstolo Paulo reporta-se ao Antigo
Testamento para mostrar aos filipenses como, a fim de servi-los, ele entregou
sua vida: “ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da
vossa fé” (v.17). O apóstolo está ciente das privações que impôs a si mesmo
para edificar o Corpo de Cristo em Filipos. Ele, porém, se regozija e alegra-se
pelo privilégio de servir aos filipenses. Em outras palavras, a essa altura, o
sacrifício e os desgastes do apóstolo são superados pela alegria de contemplar,
naquela comunidade, o fruto da sua vocação dada por Cristo Jesus: a salvação
operada em sua vida também operou na dos filipenses.
2. A alegria do povo de Deus.
O apóstolo estimula os filipenses a
celebrarem juntamente com ele esta tão grande salvação (Hb 2.3). O apelo de
Paulo é contagiante: “regozijai-vos e alegrai-vos comigo por isto mesmo”
(v.18). A alegria de Paulo é proveniente do fato de que uma vez que Jesus nos
salvou mediante o seu sacrifício no Calvário, agora o Mestre nos chama para
testemunharmos a verdade desta mesma salvação operada em nós (v.13). Portanto,
alegremo-nos e regozijemo-nos nisto.
CONCLUSÃO
O Evangelho nos convoca a desenvolvermos a
salvação recebida por Deus através de Cristo Jesus. Devemos ser santos, como
santo é o Senhor nosso Deus. Para isso, precisamos nos afastar de todas as
murmurações e contendas e abrigarmo-nos no Senhor, vivendo uma vida
irrepreensível, sincera e que retenha a palavra da vida (Fp 2.16). Somente
assim a alegria do Senhor inundará a nossa alma e testemunharemos do seu poder
salvador para toda a humanidade.
VOCABULÁRIO: Alcunha: Cognome
depreciativo que se põe a alguém; apelido.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
HOLMES, A. F. Ética: As decisões
Morais à Luz da Bíblia. 1 ed., RJ: CPAD, 2000.ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 4 ed., Vol. 2, RJ: CPAD, 2009
EXERCÍCIOS
1. Quais são os três
aspectos da salvação operada pelo Senhor Jesus?
R. O primeiro
refere-se a obra realizada e consumada de forma suficiente na cruz do Calvário.
O segundo diz respeito ao caráter progressivo da salvação na vida do crente. E
por último a redenção gloriosa quando da vinda do Senhor Jesus.
R. O Senhor Jesus
Cristo.
R. Significa
conduzir-se de forma correta e moralmente pura, não necessitando de repreensão.
É alguém que dominou a carne, pois anda no Espírito (Gl 5.16,17).
R. “Ainda que
seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé” (Fp 2.17).
R. Resposta
pessoal.
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio
Filosófico Cristão
“Que é virtude?
A Bíblia dá maior importância à virtude moral
e ao caráter, do que às regras de conduta. O homem justo e o puro de coração
são eternamente bem-aventurados. E o fruto do Espírito Santo descrito em
Gálatas 5 são as virtudes [...].
Que é virtude? Há pouco me referi aos
motivos, intenções e disposições subjacentes, o que têm em comum, visto que são
estados interiores e não comportamentos visíveis; e porque são estados afetivos
e não puramente cognitivos. Virtude é uma disposição interior para o bem, e
disposição é uma tendência a agir de acordo com certos padrões. A disposição é
mais básica, duradoura e penetrante do que o motivo ou intenção existente por
trás de certa ação. É diferente de um impulso momentâneo, por ser um hábito
mental estabelecido, um traço interior e muitas vezes reflexivo. “As virtudes
são traços gerais do caráter que formulam sanções interiores sobre nossos
motivos, intenções e conduta exterior” (HOLMES, A. F. Ética: As
decisões Morais à Luz da Bíblia. 1 ed., RJ: CPAD, 2000, pp.138-39).
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio
Bibliológico
“O ALCANCE DA OBRA SALVÍFICA DE CRISTO
Há entre cristãos uma diferença significativa
de opiniões quanto à extensão da obra salvífica de Cristo. Por quem Ele morreu?
Os evangélicos, de modo global, rejeitam a doutrina do universalismo absoluto
(isto é, o amor divino não permitirá que nenhum ser humano ou mesmo o diabo e
os anjos caídos permaneçam eternamente separados dEle). O universalismo postula
que a obra salvífica de Cristo abrange todas as pessoas, sem exceção. Além dos
textos bíblicos que demonstram ser a natureza de Deus de amor e de
misericórdia, o versículo chave do universalismo é Atos 3.21, onde Pedro diz
que Jesus deve permanecer no Céu ‘até aos tempos da restauração de tudo’.
Alguns entendem que a expressão grega apokastaseōs pantōn (‘restauração
de todas as coisas’) tem significado absoluto, ao invés de simplesmente ‘todas
as coisas, das quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas’.
Embora as Escrituras realmente se refiram a uma restauração futura (Rm 8.18-15;
1Co 15.24-26; 2Pe 3.13), não podemos, à luz dos ensinos bíblicos sobre o destino
eterno dos seres humanos e dos anjos, usar esse versículo para apoiar o
universalismo. Fazer assim seria uma violência exegética contra o que a Bíblia
tem a dizer deste assunto.
Entre os evangélicos, a diferença acha-se na
escolha entre o particularismo, ou expiação limitada (Cristo morreu somente
pelas pessoas soberanamente eleitas por Deus), e o universalismo qualificado
(Cristo morreu por todos, mas sua obra salvífica é levada a efeito somente
naqueles que se arrependem e creem). O fato de existir uma nítida diferença de
opinião entre crentes bíblicos igualmente devotos aconselha-nos a evitar a
dogmatização extrema que temos visto no passado e ainda hoje. Os dois pontos de
vista, cada um pertencente a uma doutrina específica da eleição, têm sua base
na Bíblia e na lógica. Nem todos serão salvos. Os dois concordam que, direta ou
indiretamente, todas as pessoas receberão benefícios da obra salvífica de
Cristo. O ponto de discórdia está na intenção divina: tornar a salvação
possível a todos ou somente para os eleitos?” (HORTON, S. (Ed.). Teologia
Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10 ed., RJ: CPAD, 2007,
pp.358-59).
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
As virtudes dos
salvos em Cristo
Quem opera a salvação no homem é Deus através
do Espírito Santo que convence o homem do seu estado de pecado. Quando isto
acontece o homem está livre para dizer sim à graça de Deus. O arrependimento e
a fé em Deus são brotados no coração do homem pelo próprio Pai. Isto faz do
Senhor o autor da salvação humana. Esta verdade precisa ficar clara para os
alunos.
Uma vez lavados e remidos pelo sangue do
Cordeiro o ser humano é livre para colocar em prática a consequência da
salvação. O discípulo de Jesus foi chamado para produzir frutos. João 15.8 diz:
“Nisto é glorificado meu Pai: que deis muitos frutos; assim serei meus
discípulos”. Frutos, aqui, não é ascetismo, arroubos exteriores e
comportamentais, mas é amar “uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo
15.12). Esta característica é que distinguirá quem é o discípulo de Jesus:
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos
outros” (Jo 13.35). Ou seja, é pela prática do amor às outras pessoas que o
mundo saberá ou não quem é discípulo de Jesus.
É com esse olhar que devemos ler a Epístola
de Paulo aos filipenses. Então compreenderemos a sua conclamação: “operai a
vossa salvação com temor e tremor”. A ideia desta expressão não é a de reforçar
que o crente é responsável de ir ou não para o inferno segundo as suas ações.
Ali, o apóstolo quer mostrar que o crente recebeu uma tão grande salvação que é
inimaginável ele não por em prática esta nova realidade devida, pois é “Deus
que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”.
O prezado professor deve destacar para a
classe que o operar a salvação é a mesma conotação vista acima no Evangelho de
João para produzir frutos. É por isso que o apóstolo usa expressões tão fortes
que tem haver com a relação com o próximo: “Fazei todas as coisas sem
murmurações nem contendas”; “sejais irrepreensíveis e sinceros”; “retendo a
Palavra da vida”.
Paulo espera ver a igreja de Filipos operando
a sua salvação, pois segundo o apóstolo, não pode haver outro resultado, se
não, um profundo contentamento e alegria do povo de Deus. Os crentes são
chamados a praticar as boas obras. Estas foram preparadas por Deus para os
nascidos de novo andarem por elas. Enfatize essa grande verdade aos alunos: não
somos salvos pelas obras, mas somos salvos para produzi-las. Era inimaginável
para o apóstolo um crente sem obras (amor).
Nenhum comentário:
Postar um comentário