Os temas relacionados à escatologia têm sido
tratados de duas maneiras opostas: uma se aproxima da superstição e outra
compõe a fila do paganismo.
Superstição – crentes desesperados,
imediatismo, vivem como se o mundo fosse explodir nos ares ainda hoje. Ao longo
da história, este erro foi várias vezes cometido. Centenas de líderes fanáticos
marcaram datas e lugares para a volta de Jesus. Todos fracassaram como
fracassarão todos que continuarem a fazê-lo.
Paganismo – crentes displicentes,
relaxados, achando que a volta de Cristo vai demorar muito.
Diferentemente destas visões equivocadas,
precisamos de uma visão bíblica acerca do presente e do futuro. O nosso
presente é possível porque no passado Jesus Cristo morreu e ressuscitou por
nós. O nosso presente é possível porque no futuro Jesus Cristo voltará para nos
fazer ressuscitar e viver para sempre com Ele num tipo de vida radicalmente
diferente da que conhecemos e experimentamos.
Há muitas profecias e textos bíblicos sobre a volta
de Cristo e o tempo do fim. A ESCATOLOGIA é o estudo destas profecias e a
tentativa de estabelecer uma doutrina sobre as últimas coisas. Ao longo dos
anos, inúmeras linhas teológicas interpretativas têm surgido. E é
impossível encontrar um consenso entre elas.
Então, quão importante é a Escatologia? Realmente faz diferença sabermos
quando o Senhor vai voltar e como será esta volta?
É claro que, mais importante do que compreender o
significado das profecias apocalípticas, é ter a certeza de que realmente Jesus
voltará. No entanto, não podemos partir para o extremo de ignorar os assuntos
relacionados à Escatologia devido à sua difícil interpretação. O fato de Deus
haver decidido revelar alguma coisa torna esta coisa importante (até
genealogia). Portanto, precisamos buscar em Deus sabedoria para compreender as
Escrituras para que possamos proclamar o plano divino com exatidão.
É preciso estar atento para diferenciar 3 itens básicos
com relação aos sinais dos tempos e assuntos escatológicos. O especialista em
profecia Dr. Ed Hindson chama esses 3 itens de: fatos,
suposições e especulações.
- Fatos são afirmações claramente
declaradas nas Escrituras: Jesus voltará os perdidos serão condenados,
haverá um período de grande tribulação na terra nos finais dos tempos, o
conflito final será vencido por Cristo, etc.…
- Suposições são conclusões a
partir da interpretação de um texto bíblico. Se a interpretação estiver
correta, a suposição será válida; caso contrário, levarão a especulações
ridículas.
- Especulações são conjecturas calculadas,
baseadas em suposições. Em muitos casos, ela não tem nenhuma base profética.
Por exemplo: a Bíblia diz que o número do anticristo é “666”. Supõe-se que
esse seja um número literal que aparecerá nas coisas nos últimos dias.
Quando um evangelista famoso viu o número 666 em parte das placas de
automóveis em Israel há alguns anos atrás, especulou que a “marca da
Besta” já havia chegado à Terra Santa. Outros escreveram vários livros
apontando Saddam Hussein como o anticristo e o Iraque como a Nova
Babilônia. O maior perigo que corremos em tentar interpretar a
profecia bíblica é supor que nossas especulações estão corretas e passar a
considerá-las como fatos.
Dentre as diversas linhas teológicas de interpretação da Escatologia,
as três principais são: amilenismo, pré-milenismo e pós-milenismo. Cada uma se
subdivide em várias outras vertentes. Em nossos dias, a grande maioria dos
estudiosos são adeptos do pré-milenismo.
A título de conhecimento, veja abaixo as principais
características de cada uma e, baseado em seu conhecimento da Palavra, tire
você mesmo suas conclusões.
Sobre os fatos bíblicos acerca do Fim dos Tempos,
sugiro que leia o post “Certezas sobre o fim do mundo“.
AMILENISMO
Não haverá um milênio literal aqui
na Terra
a) Milênio é algo simbólico e não deve ser
entendido como literal.
b) Acredita que quase todas as profecias apocalípticas já se cumpriram no passado, principalmente durante o Império Romano (interpretação preterista).
c) Delimitar o Reino de Cristo a um período de mil anos é algo que só pode ser classificado como um delírio, devaneio e sandice. O reino de Cristo é eterno e de natureza espiritual (Lc 17:20,21).
d) As profecias e a Escatologia fazem uso de grande número de simbolismo, e não devem ser interpretadas literalmente. Entende o Apocalipse como um livro essencialmente ético. Por exemplo: os 7 selos representam a luta entre o bem e o mal, com a vitória final do bem; as 7 trombetas representam os juízos sobre o mal; a Besta é o poder secular contra a Igreja; a 2ª Besta é a corrupção da Igreja; Babilônia representa o mal dentro da Igreja…
e) Satanás foi preso na primeira vinda de
Cristo (seu nascimento). A presente era, entre a primeira e a segunda vinda de
Jesus, portanto, é o cumprimento do Milênio. Alguns amilenistas divergem desta
posição, entendendo que o Milênio consiste no reinado de todos os crentes que
morrem e estão no Céu.
f) A Segunda Vinda de Cristo será um evento único (Mt 24:27). Todos os textos que fazem referência ao retorno de Cristo, só falam de uma única volta, a qual aparece – em essência – com as mesmas características e com os mesmos acontecimentos.
g) Tanto o bem quanto o mal
aumentarão na terra, com o Reino de Deus coexistindo paralelamente ao Reino de
Satanás. Jamais conseguiremos uma sociedade perfeita enquanto o mundo estiver
sem a consumação da redenção. Mas isto não elimina o fato de que devemos lutar
por uma sociedade melhor. A Igreja de Jesus Cristo é a principal agência do
reino de Deus e, fazendo assim, promoverá o reino que está sob a administração
do Filho de Deus.
h) Quanto ao sistema de governo na terra, os amilenistas convivem muito bem com a democracia, pois crêem que ela permite uma pregação do evangelho sem que haja quaisquer problemas maiores, embora creiam na depravação dos governos humanos. Sua posição é de acomodação diante do sistema político e social. Os amilenistas também convivem com a idéia de que todas as crenças devem ter a sua livre expressão, mesmo que discordem delas veementemente. Somente um governo democrático permite a livre expressão das religiões.
i) Os judeus depois que rejeitaram a Cristo como o
Messias, deixaram de ser o povo de Deus. A partir de então, a Igreja tomou o
lugar do Israel político tornando-se o único povo que Deus tem na face da terra
– é chamada nas Escrituras de Israel Espiritual (Ef 2:11-22; Gl 3:14, Rm
10:12).
j) Quando Cristo voltar, o fim do mundo acontecerá
com a ressurreição geral e o julgamento de todas as pessoas (Ap 20).
PÓS-MILENISMO
Jesus voltará após o Milênio
a) Acredita que quase todas as profecias
apocalípticas já se cumpriram no passado, principalmente durante o Império
Romano (interpretação historicista). Visão calvinista – reformada.
b) Interpreta as profecias apocalípticas como
simbólicas e não literais. Por ex: os 7 selos tratam do Império Romano desde o
seu apogeu até a sua decadência; as 7 trombetas simbolizam o fim do Império
Romano sob os bárbaros; a Besta é o papado ou o poder romano; a 2ª
Besta é a Igreja apóstata; a Grande Babilônia é Roma…
c) O Reino de Deus começa em cada coração que
se rende ao seu senhorio. É um reino espiritual e não apenas geográfico. Israel
é uma alusão não literal ao povo judeu, mas a todos aqueles que fazem parte da
família de Deus, que foram adotados mediante o sangue de Cristo (Mt 21:33-43; 2
Pe 2:9).
d) Através da pregação do Evangelho, todo o mundo
será cristianizado e submetido ao evangelho antes do retorno de Cristo. O mundo
irá melhorar gradativamente à medida que a mensagem do evangelho for sendo
aceita. A pregação será eficaz. Não será obra meramente humana, mas uma obra
realizada pela atuação direta do Espírito Santo no coração dos homens (Mt
24:14, At 2:17, Jl 3:1-2).
e) À medida que mais pessoas se converterem,
a paz será instituída sobre a terra. A paz será o estado natural, atingindo até
mesmo o relacionamento entre as nações. Será a instituição do Milênio (Zc 14).
f) Os pós-milenistas crêem que a Igreja deve
introduzir o reino milenar. Seu desejo é reformar o sistema político deste
mundo. Não há para eles a dicotomia entre o que é sagrado e o que é secular.
Sua luta é contra o pluralismo (existência de várias crenças e religiões) e o
secularismo que estão regendo os conceitos de governo civil no mundo. A Bíblia,
e tão somente a Bíblia deve ser a regra de fé e prática para todos os governos
(Sl 2.10-11, Sl 119.160). Existe uma continuidade entre o Antigo e o Novo
Testamentos em termos de moralidade, como conseqüência, eles crêem que a pena
capital para crimes capitais, como o homossexualismo, por exemplo, é algo
necessário.
g) Quanto ao sistema de governo na terra, os
pós-milenistas são, em geral, contra o princípio democrático, que eles
consideram anti-cristão, pois leva as pessoas a escolherem livremente os seus
governantes, e assim a vontade de Deus nunca é feita. É impossível, portanto,
que um cristão seja um “pluralista” em termos religiosos. Jesus disse: “Quem
não é por mim, é contra mim” (Mt 12.30).Ao invés da democracia (o governo do
povo), todos preferem a teocracia (o governo de Deus). Sentem-se altamente
desconfortáveis com a multiplicidade de religiões e éticas no mundo. Segundo
eles, deveria haver somente uma religião no mundo, a cristã, e todo o mundo
deveria estar debaixo dos preceitos estabelecidos na Bíblia. Essa é a meta
final dos pós-milenistas que querem implantar o reino de Deus aqui na terra,
onde todos estejam debaixo do seu domínio absoluto. Eles aceitam a idéia de
haver pessoas não cristãs vivendo ao lado dos cristãos, mas todos submissos à
lei prescrita na Palavra de Deus (Sl 144:15).
h) O milênio será um período real na terra, mas não
necessariamente com a duração de 1000 anos. O número mil é simbólico (2 Pe
3:8). Será um reinado mais espiritual do que político. Cristo reinará, mas
estará no Céu, no Trono de Davi.
i) No fim do milênio, haverá um período de
apostasia e o governo do anticristo se instalará, e virá a Grande Tribulação,
quando a Igreja será perseguida e provada. Depois disso virá a volta de Jesus,
a ressurreição de todos os mortos (salvos e ímpios) e o juízo final.
j) O arrebatamento da Igreja e a Volta de Cristo
serão um só acontecimento. Vindo depois disso, o juízo sobre todas as pessoas:
condenação eterna para os ímpios e vida eterna para os salvos.
Jesus voltará antes do Milênio
a) Acredita no cumprimento futurista literal de
todas as profecias apocalípticas. Nenhuma profecia apocalíptica se refere à
Igreja ou ao nosso tempo. Tudo se cumprirá após o arrebatamento.
b) Existirá, no futuro, um reino literal de
mil anos de Cristo aqui na Terra. Será Cristo reinando pessoalmente na Terra
com seus santos. Jerusalém será a capital (Ap 19:19 a 20:15).
c) Esse reino milenar, que será implantado
sobrenaturalmente com a descida de Cristo à terra, não tem qualquer conexão com
o aspecto presente do reino onde Cristo reina somente nos corações dos crentes.
d) A era da Igreja é uma espécie de
“parêntese” nos planos de Deus com Israel, que continua sendo o povo escolhido
do Senhor. Com a rejeição do Messias, Deus interrompeu momentaneamente seu
tratamento com Israel, e irá retomá-lo após o arrebatamento da Igreja, restaurando
o templo e reavivando sua aliança com o povo (Rm 11:25-26, Hb 8:10, Dn
9:24-27).
e) O arrebatamento da Igreja e a Volta de Cristo
são dois acontecimentos distintos. No arrebatamento, Jesus virá de maneira
invisível, para buscar a sua Igreja, Ele ficará nos ares e o Espírito
Santo será retirado da terra juntamente com a igreja, dando início assim aos 7
anos de governo do Anticristo e à Grande Tribulação (1 Ts 4:17, 2 Ts 2:7-11). A
volta de Cristo será após estes 7 anos, de maneira visível, para inaugurar seu
reino milenial (Zc 14:3-4). Obs: alguns pré-milenistas crêem que o
arrebatamento não será antes, mas no meio ou no fim da Grande Tribulação
(meso-tribulacionistas, pós-tribulacionistas).
f) Depois do Milênio, Satanás será solto por um
curto período de tempo. Iniciará uma apostasia e uma rebelião contra Jerusalém
e o governo divino. Cristo então o vencerá definitivamente, destruirá para
sempre a trindade satânica, e julgará os perdidos (Ap 20-21).
g) Haverá duas ressurreições, em três épocas diferentes:
a “primeira ressurreição” refere-se aos salvos. Esta acontecerá em dois
momentos: primeiro no arrebatamento (1 Ts 4:16, 1 Co 15:52); e depois no início
do Milênio (os mártires que se converteram e foram mortos durante a Grande
Tribulação – Ap 20:3-6). A “última” ressurreição será a dos ímpios de
todos os tempos que rejeitaram a Deus e o evangelho; e ocorrerá no final do
milênio, antes do juízo final (Ap 20:13-15).
h) O mundo está piorando cada vez mais a
medida que se aproxima o tempo do fim. Não adianta tentar transformar a
sociedade, pois esta jaz no maligno e está destinada à perdição (2Tm 3:1-5, Lc
18:8). Não há muito porque lutar politicamente pelo mundo, pois este, afinal de
contas, vai terminar num caos. Os malfeitores do mundo continuarão cada vez
piores, conquistando todos os instrumentos de poder. A preocupação principal da
Igreja deve ser a salvação de almas.
i) Da perspectiva pré-milenista, visto que o
governo civil não é baseado na revelação especial de Deus, mas na revelação
natural, até a idolatria deve ser permitida, porque o estado não tem nada a ver
com as leis de Deus.
j) Quanto ao sistema de governo na terra, os
pré-milenistas são totalmente favoráveis a um regime democrático que lhes
permita a proclamação do Evangelho. Ao contrário dos pós-milenistas, que
desejam cristianizar as nações, os pré-milenistas desejam pregar o evangelho a
todas as criaturas, e para isso precisam de governos democráticos que lhes
permitam entrar em todos os recantos do mundo (Mt 28:20-22).
CONCLUSÃO
*Como foi dito anteriormente, mais importante do que
se “filiar” a uma ou outra linha escatológica, é saber que Jesus vai voltar e
se preparar para a sua volta.
Deus executará seu justo juízo sobre a Terra e punirá com rigor
o pecado e o pecador. E apenas aqueles que, em vida, se arrependeram, e creram
em JESUS como Filho de Deus e único salvador, serão salvos e receberão a vida
eterna (Mc 16:16).
Se o milênio é ou não literal ou se os salvos serão
arrebatados antes ou depois da Grande Tribulação, não faz diferença. O que realmente importa é ter seu nome escrito no Livro da
Vida. E isso, só é possível através de Jesus. A salvação não vem por
boas obras, ou por frequentar uma ou outra igreja. JESUS é o caminho, a verdade
e a vida (Ef 2:8-9, Jo 3:16, Jo 14:6).
Creia que fora de Jesus não há salvação,
pois o nosso pecado nos afasta de Deus. Reconheça que é um pecador e precisa de
Jesus para se reconciliar com Deus. Convide-o a entrar em seu coração e ser o
Senhor de sua vida. E receba, pela fé, a vida eterna com Cristo.
Há pessoas que querem saber mais
que Jesus, que garantiu que “aquele dia e hora, porém, ninguém sabe,
nem os anjos do céu, nem o Filho, senão só o Pai” (Mateus 24:36). Nós
simplesmente não conhecemos o tempo da volta de Jesus Cristo. E isto é muito
bom. Vivamos pois como se Ele fosse voltar amanhã, com os olhos voltados para a
Sua direção, buscando o crescimento em direção à Sua estatura perfeita.
Enquanto tocamos nossos projetos, de curto, médio e longo prazos, esperemos e
desejemos a sua volta.
O Espírito e a Noiva dizem: Vem!
Maranata!
Ora, vem Senhor Jesus!
Márcia Rezende: Bacharel em Teologia e
Educação Religiosa / Marília/SP
Permitida reprodução e
distribuição sem fins lucrativos mediante citação da fonte e
autoria.
Fonte: https://serigreja.wordpress.com/2012/12/17/milenismo-pre-milenismo-ou-pos-milenismo
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