Lições Bíblicas CPAD / Jovens e Adultos
Título:
Integridade Moral e Espiritual — O legado do livro de Daniel para a Igreja de hoje
Comentarista: Elienai Cabral
TEXTO ÁUREO: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a
tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e
expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e
ungir o Santo dos santos” (Dn 9.24).
VERDADE PRÁTICA: Deus revela os seus mistérios a quem reconhece a sua soberania e
submete-se a sua vontade em amor e contrição.
INTERAÇÃO
Prezado professor,
na lição de hoje estudaremos as setenta semanas do livro de Daniel. Este é um
assunto que deve ser estudado com muita dedicação. Depois de estudar com zelo
as profecias do profeta Jeremias, Daniel compreendeu o futuro do seu povo. A
profecia de Daniel começou a se cumprir a partir do decreto da restauração de
Israel por ordem do rei Artaxerxes (Ne 2.1-8). Porém, a profecia ainda não se
cumpriu na íntegra, pois a septuagésima semana de Daniel foi interrompida pelo
Todo-Poderoso. A Igreja de Cristo não verá o cumprimento total desta profecia,
pois antes que a septuagésima semana se cumpra ela já terá sido arrebatada.
OBJETIVOS: Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
1° Conhecer que Daniel compreendeu o futuro de
Israel após estudar as profecias de Jeremias.
2° Compreender as setenta semanas profetizadas
no livro de Daniel.
3° Saber os propósitos da septuagésima semana.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Para introduzir o segundo tópico da lição
desta semana reproduza o esquema abaixo conforme as suas possibilidades. Com o
auxílio do esquema, explique que a profecia de Daniel começou a se cumprir a
partir do decreto da restauração de Israel por ordem de Artaxerxes (Ne 2.1-8),
em 444 a.C. Em seguida, diga aos alunos que essa profecia não foi cumprida
cabalmente, pois a septuagésima semana de Daniel foi interrompida por Deus.
Então deu-se o advento da Igreja. Afirme que a Igreja deve primeiramente ser
arrebatada, para em seguida, a profecia sobre a septuagésima semana cumprir-se
literal e plenamente.
Palavra Chave: Soberania: Qualidade ou
condição de soberano; superioridade derivada de autoridade, domínio, poder.
INTRODUÇÃO
Diferentemente dos capítulos anteriores, o
nono capítulo de Daniel não descreve o futuro dos impérios mundiais, mas o de
Israel. Nesta lição, estudaremos a pesquisa de Daniel quanto à profecia de
Jeremias: as setenta semanas, um período de 490 anos para o povo judeu. Este
período compreende o fim do tempo da escravidão e do exílio dos israelitas em
terras estranhas. A partir de uma circunstância histórica, Deus revelou a
Daniel uma verdade futura acerca do seu povo. Pelo período de setenta anos,
Israel veria a soberania de Deus intervindo em seu futuro. E após uma visão
estarrecedora dos capítulos 7 e 8, referente ao tempo vindouro, em que “um rei
feroz” prefigurava o futuro Anticristo, o profeta enfraqueceu-se física e
emocionalmente, restando-lhe tão somente orar e buscar o socorro de Deus.
I.
DANIEL INTERCEDE A DEUS PELO SEU POVO (Dn 9.3-19)
1. O tempo da profecia de Jeremias (vv.1,2).
Daniel, agora um ancião, ainda exercia suas
atividades políticas sob domínio de Dario. O profeta esquadrinhou a mensagem do
livro de Jeremias. E descobriu que a profecia de Jeremias determinava um tempo
de setenta anos de cativeiro para os judeus. Logo este tempo marcado pelo
sofrimento chegaria ao fim. Ao compreender a mensagem, o profeta Daniel orou a
Deus, pedindo-lhe o cumprimento da promessa ao seu povo e que, por fim, Ele
restaurasse o reino a Israel.
2. A confissão dos pecados de um povo (vv.3-11,20).
A oração de Daniel demonstrou uma atitude
confessional e de reconhecimento da culpa. Ele não apenas informou a
culpabilidade do seu povo, mas a sua própria também: “pecamos, e cometemos
iniquidade, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus
mandamentos e dos teus juízos” (v.5). A despeito da sua integridade, Daniel não
foi presunçoso diante da justiça de Deus, pois ele colocou-se debaixo da mesma
culpa do povo e suplicou o perdão a Deus.
3. Daniel reconheceu a justiça de Deus (vv.7,16).
A princípio, como um ser humano imerso no
sofrimento, Daniel não compreendeu a manifestação da justiça de Deus contra o
seu povo, mas ao mesmo tempo ele estava convicto acerca da perfeição da justiça
divina.
Não podemos, entretanto, confundir o juízo de
Deus com os acertos de contas humanos. A justiça divina não é justiça humana.
SINOPSE
DO TÓPICO (I): As guerras e pelejas entre os crentes são frutos dos desejos
egoístas e carnais que carregamos em nosso interior.
II.
DEUS REVELA O FUTURO DO SEU POVO (Dn 9.24-27)
1. As setenta semanas (v.24).
Daniel confirmara que Jeremias profetizou os
setenta anos do exílio de Israel (Jr 25.11-13; 2Cr 36.21). Por isso, na Bíblia,
o número setenta ganhou um sentido profético. Assim, cada dia da semana pode
significar um ano; cada semana, um período de sete anos. Então, as setenta
semanas compreendem o período de 490 anos, setenta multiplicado por sete. Mas
quando se deu o início do cumprimento das setenta semanas? Para respondermos a
esta pergunta, temos de explicar primeiramente a expressão “setenta semanas”:
a) Explicação. O versículo 24 afirma que Deus determinou as setenta semanas. O
bloco que forma os versículos 24-27 é profeticamente dividido em três grupos:
1) sete semanas (49 anos); 2) sessenta e duas semanas (434 anos); 3) uma semana
(7 anos). Estes somam as setenta semanas:
b) O primeiro grupo (1). O início desta profecia deu-se com o decreto da reconstrução de
Jerusalém (v.25). Os principais estudiosos do assunto concordam que se trata do
decreto de Artaxerxes Longímano, baixado em 445 a.C. (cf. Ne 2).
c) O segundo grupo (2). É o período do advento do Messias, Jesus de Nazaré (vv.25,26).
Neste tempo o Senhor foi morto e mais tarde Jerusalém foi novamente destruída
através da liderança do general do exército romano, Tito, em 70 d.C.
d) O terceiro (3). Esta semana ainda não aconteceu (v.27). Compare o versículo 27
de Daniel com Mateus 24.15 e veja como se trata de uma profecia que ainda não
se cumpriu. Esta última semana refere-se, então, ao período que implicará o
advento do Anticristo e o início do tempo de tribulação para Israel.
2. Os três príncipes são mencionados na profecia (vv.25,26).
O primeiro príncipe é o Messias (v.25). O
segundo apareceu posteriormente e destruiu a cidade de Jerusalém e o santuário
em 70 d.C., trata-se do general Tito (v.26). E o terceiro príncipe surgirá no
futuro, na última semana profetizada por Daniel (v. 27). Este príncipe não é o
Messias “tirado” (9.26), mas certamente um personagem mais poderoso que Antíoco
Epifânio e o general Tito. Trata-se, portanto, do Anticristo (2Ts 2.3-9; 1Jo
2.18).
3. O intervalo que precede a septuagésima semana (v.27).
O estudo das Escrituras demonstra um longo
intervalo de tempo que precede a septuagésima semana. A Bíblia identifica este
intervalo profético como “o tempo dos gentios”. A comunhão espiritual entre
judeus e gentios, mediante a salvação em Cristo, formou um novo povo para Deus:
a Igreja (Ef 2.12-16; 1Pe 2.9,10). Atualmente, estamos no tempo da graça de
Deus e temos de anunciar o ano aceitável do Senhor para o mundo inteiro (Lc
4.18,19).
Após o tempo gentílico virá a última semana
que, identificada pelas profecias bíblicas, significa um tempo de Grande
Tribulação. É neste tempo que o “assolador”, isto é, o “anticristo” ou “o homem
do pecado” ou “o homem da perdição”, virá sobre a asa das abominações (v.27).
Os sinais que precedem a revelação dessa
figura abominável estão ocorrendo por toda parte. Todavia, a Igreja de Cristo
não mais estará neste mundo, pois a noiva do Senhor será arrebatada antes do
tempo da tribulação (1Co 15.51,52).
SINOPSE
DO TÓPICO (II): Na Bíblia, o número setenta
ganhou sentido profético, pois a partir desta visão profética Deus revelou o
futuro do seu povo a Daniel.
III.
OS PROPÓSITOS DA SEPTUAGÉSIMA SEMANA (Dn 9.27)
1. Revelar o “homem do pecado” (2Ts 2.3).
De acordo com as profecias, nem Antíoco
Epifânio nem o general Tito foram objetos das predições do versículo 27 de
Daniel. A passagem bíblica começa com o pronome “ele”, também identificado como
“o rei de cara feroz”; “o chifre pequeno”; “o animal terrível e espantoso”. Mas
quem será o personagem do livro de Daniel? Em o Novo Testamento, ele é
identificado como “o anticristo” (1Jo 2.18; 4.3) e “a besta que saiu do mar”
(Ap 13.1). Apesar de apresentada numa linguagem simbólica, a personagem é
literal. Trata-se de um líder mundial poderoso que chamará a atenção das nações
pela sua diplomacia, astúcia e inteligência política.
2. A Grande Tribulação (Mt 24.15,21).
O Anticristo “fará uma aliança com muitos por
uma semana” (v.27). Note a expressão “com muitos”! Esta quer dizer que o
Anticristo fará uma aliança com Israel, mas de início esta aliança não será
unânime entre os judeus. Contudo, o Anticristo terá influência suficiente para
impor a sua liderança política e, por fim, alcançar o sucesso e sua completa aceitação
entre os judeus.
A força política do Anticristo será
reconhecida nos três primeiros anos e meio, isto é, na primeira metade da
última semana, quando a marca desse tempo será um período de falsa paz e
harmonia. Em seguida, surgirá um tempo de sofrimento e tamanha aflição em todo
o mundo. Perseguição, humilhação e morte serão a tônica desse tempo, a segunda
fase da Grande Tribulação. Entretanto, e antes de tudo isso ocorrer, a Igreja
será arrebatada e estará para sempre com Cristo na glória.
3. Revelar a vitória gloriosa do Messias.
Jesus Cristo, o Messias prometido, será
revelado quando da sua segunda vinda visível sobre o Monte das Oliveiras (Zc
9.9,10). O Rei aniquilará por completo o poderio do Anticristo, do falso
profeta e do próprio Diabo (Ap 19.19-21) e estabelecerá um reino de paz e
harmonia no mundo todo. Esta é uma mensagem de esperança para o nosso coração.
Não tenhamos medo, creiamos tão somente! Breve Jesus voltará! Alegremo-nos
nesta esperança!
SINOPSE
DO TÓPICO (III): Os propósitos da
septuagésima semana são revelar ao povo de Deus o “homem do pecado”, “a Grande
Tribulação” e o tempo da vitória gloriosa do Messias.
CONCLUSÃO
Vivemos um tempo de incredulidade. Muitos se
dizem teólogos, mas negam e desprestigiam as profecias bíblicas. Eles preferem
as alegorias ao invés de se debruçarem sobre as Escrituras e estudá-las com fé,
graça e humildade. Entretanto, a Igreja não pode rejeitar as verdades futuras
de nosso Senhor. Portanto, corramos e prossigamos em conhecê-lo mais, sabendo
que um dia tudo será desvendado aos nossos olhos.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
LAHAYE, Tim; HINDSON (Ed.) Enciclopédia
Popular de Profecia Bíblica. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2004.
MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6ª Edição. RJ: CPAD, 2007.
ZUCK, Roy B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD. 2009.
MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6ª Edição. RJ: CPAD, 2007.
ZUCK, Roy B. (Ed.) Teologia do Antigo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD. 2009.
EXERCÍCIOS
1. Em relação à profecia de Jeremias, o que Daniel descobriu?
R. Ele descobriu que a profecia
de Jeremias determinava um tempo de setenta anos de cativeiro para os judeus.
Logo este tempo marcado pelo sofrimento chegaria ao fim.
2. O que a oração intercessória de Daniel demonstrou?
R. A oração de Daniel
demonstrou uma atitude confessional e de reconhecimento da culpa.
3. Como está dividido o bloco dos versículos 24-27?
R. O bloco que forma os
versículos 24-27 é profeticamente dividido em três grupos: 1) sete semanas (49
anos); 2) sessenta e duas semanas (434 anos); 3) uma semana (7 anos).
4. Como é identificado o intervalo da “septuagésima semana”?
R. Esta última semana refere-se
ao período que implicará o advento do Anticristo e o início do tempo de
tribulação para Israel.
5. Mencione os propósitos da septuagésima semana.
R. Revelar ao povo de Deus o
“homem do pecado”, “a Grande Tribulação” e o tempo da vitória gloriosa do
Messias.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio Teológico
O CONTEXTO DA PROFECIA
Daniel entendeu, a partir das profecias de
Jeremias, que o exílio na Babilônia duraria setenta anos (Dn 9.2; Jr 25.11;
29.10). Ele reconheceu que a restauração dependia do arrependimento nacional
(Jr 29.10-14), de modo que Daniel intercedeu pessoalmente por Israel com
penitência e petições. Ele orou especificamente pela restauração de Jerusalém e
do Templo (Dn 9.3-19). Aparentemente, Daniel esperava o cumprimento imediato e
completo da restauração de Israel com a conclusão do cativeiro dos setenta
anos. No entanto, a resposta que lhe foi entregue pelo arcanjo Gabriel (a
profecia dos setenta anos) revelou que a restauração de Israel seria
progressiva e se cumpriria definitivamente somente no tempo do fim” (LAHAYE,
Tim; HINDSON (Ed.) Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 1ª Edição. RJ:
CPAD, 2004, p.429).
SUBSÍDIOS ENSINADOR
CRISTÃO
As Setenta Semanas
O capítulo nove de Daniel é um dos mais
controvertidos e especulados da Bíblia. Quantas datas foram marcadas para a
vinda de Jesus a partir desse capítulo? Quantas pessoas pensaram que o
Anticristo foi o Hitler? Ou o Papa? Tudo a partir da leitura desse capítulo.
O que se tem no capítulo nove é a terceira
visão dos mistérios proféticos a respeito do tempo do fim onde de forma direta
e através do anjo Gabriel o profeta Daniel recebeu de Deus tais informações.
Duas divisões naturais aparecem neste capítulo: a oração de Daniel (vv.3-19) e
a resposta divina transmitida pelo anjo Gabriel (vv.20-27).
A respeito da oração de Daniel é importante
que o professor considere algumas questões importantes:
1. A oração de Daniel foi motivada por uma
reflexão acerca das profecias de Jeremias. O povo judeu passaria setenta anos
cativo e desolado (v.2);
2. Enquanto empenhava-se por entender a
mensagem do profeta Jeremias, Daniel humilhou-se na presença de Deus e jejuou
(v.3);
3. Daniel suplica ao Senhor confessando o
pecado do povo e colocando-se, juntamente com o povo cativo, responsável por
aquele pecado (vv.4-14);
4. Suplicou também pela misericórdia divina
lembrando esta mesma misericórdia quando o Senhor livrou o Seu povo do Egito e,
igualmente, usou de justiça para castigar o pecado de Jerusalém (vv.15,16).
5. Por fim, Daniel pede a Deus para libertar a
cidade santa, Jerusalém, e a nação cujo Deus é o Senhor (vv.17-19);
6. O anjo Gabriel responde a Daniel após o
processo de busca por resposta divina. É interessante destacar que é a primeira
vez que um anjo aparece se locomovendo no Antigo Testamento. Antes, outros
anjos apenas apareciam.
O capítulo pelo qual estamos estudando revela
a disposição e a motivação de Daniel em buscar os desígnios de Deus. Embora não
seja, neste espaço, a nossa intenção criar uma espécie de receita de bolo para
buscarmos a Deus, pois entendemos que as experiências espirituais são de
caráter subjetivo, cada pessoa tem a sua experiência com o Pai, mas é
impossível não observarmos algumas características que chama-nos atenção na
atitude de Daniel: a sua sede de conhecer a vontade de Deus, a humildade; a
sinceridade; a disposição em orar e jejuar. Que a atitude de Daniel
estimule-nos a buscarmos a vontade de Deus para a nossa vida!
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