Lições Bíblicas CPAD / 2° Trimestre 2015
Tema: As Limitações dos Discípulos
31 de maio de 2015
TEXTO ÁUREO: "E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam." (Lc 9.40)
Lucas 9.38-42,46-50
38 - E eis
que um homem da multidão clamou, dizendo, Mestre, peço-te que olhes para meu
filho, porque é o único que eu tenho.
39 - Eis
que um espírito o toma, e de repente clama, e o despedaça até espumar; e só o
larga depois de o ter quebrantado.
40 - E
roguei aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam.
41 - E
Jesus, respondendo, disse: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei
ainda convosco e vos sofrerei? Traze-me cá o teu filho.
42 - E,
quando vinha chegando, o demônio o derribou e convulsionou; porém Jesus
repreendeu o espírito imundo, e curou o menino, e o entregou a seu pai.
46 - E
suscitou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior.
47 - Mas
Jesus, vendo o pensamento do coração deles, tomou uma criança, pô-la junto a si
48 - e
disse-lhes: Qualquer que receber esta criança em meu nome recebe-me a mim; e
qualquer que me recebe a mim recebe o que me enviou; porque aquele que entre
vós todos for o menor, esse mesmo é grande.
49 - E,
respondendo João, disse: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava os
demônios, e lho proibimos, porque não te segue conosco.
50 - E
Jesus lhes disse: Não o proibais, porque quem não é contra nós é por nós.
Os
discípulos de Cristo demonstraram, em certos momentos da vida, exclusivismo,
egoísmo, imaturidade, bairrismo, etc. Eles erraram quando se esperava que
acertassem (Lc 9.40,41). Jesus censurou tais comportamentos e corrigiu o grupo,
mas não abandonou os discípulos.
Nesta
lição, veremos como, em diferentes circunstâncias, os discípulos agiram de
forma oposta àquilo que o Senhor lhes havia ensinado e como Jesus os conduziu à
maneira certa de agir. Esses fatos demonstram que os seguidores de Cristo não
eram super-homens, mas, sim, seres humanos que viviam suas limitações e, como
tal, dependiam de Deus para superá-las. Esses exemplos servem para nos orientar
em nossa jornada de fé a fim de que possamos cultivar as verdadeiras virtudes
cristãs.
1. A oração e a fé.
Logo após
acalmar a tempestade no mar da Galileia, Jesus perguntou aos seus discípulos:
"Onde está a vossa fé?" (Lc 8.25). Essa não foi a única vez que o
Senhor censurou os discípulos por não demonstrarem a fé necessária em Deus.
Quando viu a inoperância dos discípulos frente a um menino endemoninhado, Ele
disse: "Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei ainda convosco
e vos sofrerei?" (Lc 9.41). Há algo em comum nestas passagens bíblicas -
elas se relacionam com a vida devocional dos discípulos. A timidez mostrada
durante a travessia do mar (Lc 8.25) e a falta de autoridade para expelir o
demônio do garoto eram frutos de uma vida devocional pobre. Pouca oração, pouco
poder! Nenhuma oração, nenhum poder! As passagens paralelas de Mateus e Marcos
demonstram tal princípio (Mt 8.23-27; 17.14-20; Mc 4.35-41; 9.14-29).
Se a falta
de oração traz incredulidade, por outro lado, a falta de conhecimento da
Palavra de Deus produz efeito semelhante. É isso o que mostra a história dos
dois discípulos no caminho de Emaús (Lc 24.13-35). No mesmo dia em que
ressuscitou, o Senhor apareceu a dois deles quando se dirigiam para a aldeia de
Emaús, cerca de 12 quilômetros de Jerusalém. Depois de dialogar com eles, Jesus
percebeu o quanto eram incrédulos. O Mestre reprovou a incredulidade dos
discípulos e os chamou de néscios, isto é, desprovidos de conhecimento ou
discernimento (Lc 24.25). Atualmente, também, muitos que se dizem discípulos,
estão sem conhecimento, discernimento e fé no mover de Deus. Que o Senhor Jesus
encha os nossos corações de fé para que possamos viver e pregar a sua
Palavra.
II - LIDANDO COM A PRIMAZIA E O
EXCLUSIVISMO
1. Evitando a primazia.
Lucas
registra que "suscitou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria
o maior. Mas Jesus, vendo o pensamento do coração deles, tomou uma criança,
pô-la junto a si" (Lc 9.46,47). Os discípulos precisavam de uma lição a
respeito de humildade. O exemplo de Jesus ao tomar uma criança, foi excelente
e, com certeza, eles puderam ver o quanto eram egoístas e ambiciosos.
O adjetivo
comparativo meizon, traduzido como "maior", nesse texto, mantém o
sentido de "mais forte que". A ideia aqui é de primazia! Quem é o
primeiro? Quem é o mais forte? Quem é o mais apto? Pensamentos assim não
refletem a mente de Cristo, mas uma mente mundana e secularizada. Infelizmente,
muitos problemas nas igrejas são causados por leigos e clérigos que querem exercer
a primazia. Em Cristo Jesus, todos são iguais. Não somos superiores ou
inferiores a ninguém.
Jesus
também combateu o exclusivismo que se revela através da mentalidade de um grupo
fechado (Lc 9.49,50).
A razão
dada pelos apóstolos para barrarem a ação daquele homem foi que ele não fazia
parte do grupo. Jesus mostra que o fato de expulsar os demônios pela autoridade
do seu nome e partilhar das mesmas convicções dos apóstolos credenciava aquele
homem a exercer o seu ministério. Embora não fizesse parte do grupo dos Doze,
partilhava da mesma fé. Não se trata, portanto, de validar crenças e práticas
sectárias ou heréticas, mas sim de não permitir que o exclusivismo religioso
nos cegue de tal forma que só venhamos a enxergar o nosso grupo.
1. Valores invertidos.
No relato
de Lucas, Jesus acabara de incentivar seus discípulos a dependerem do Espírito
Santo (Lc 12.12) quando um homem que estava no meio da multidão falou:
"Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança" (Lc 12.13).
Essa solicitação estava na contramão dos ensinos de Cristo e por isso recebeu a
censura dEle: "Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre
vós?" (Lc 12.14). Enquanto Jesus ensinava a se evitar uma atitude
legalista e materialista, esse homem age de forma diametralmente oposta àquilo
que fora ensinado. Ele estava preocupado com a herança! Como muitos fazem hoje,
não estava preocupado em seguir os ensinos de Cristo, mas usá-lo como trampolim
para alcançar seus objetivos - a satisfação material.
Logo a
seguir, Jesus profere um dos mais belos ensinamentos sobre como deve ser a vida
de um verdadeiro discípulo (Lc 12.22-34). Jesus ensina a respeito das preocupações
da vida. Como discípulos de Cristo não podemos viver ansiosos pelas coisas
desta vida. Precisamos aprender a confiar em Deus, nosso provedor.
As
palavras de Jesus também revelam duas maneiras de se enxergar o mundo - mostra
como "os gentios do mundo" (Lc 12.30) entendem a realidade à sua
volta e como os seus discípulos deveriam agir diante das mesmas circunstâncias.
São duas cosmovisões totalmente diferentes e opostas entre si. Enquanto uma
interpreta a realidade da vida tomando por base os valores meramente materiais,
a outra a vê a partir de valores absolutos e espirituais.
1. A necessidade do
perdão.
Jesus
sabia quão maléficos são a falta de perdão e o ressentimento. De fato, a Bíblia
mostra que a raiz de amargura é um mal que deve ser evitado a qualquer custo
(Ef 4.31). A falta de perdão é vista como uma raiz que produz brotos
extremamente maléficos (Hb 12.15). No terceiro Evangelho, Jesus nos ensina que
a forma correta de se manter livre desse veneno é possuir uma atitude pronta a
perdoar. " Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti,
repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe; e, se pecar contra ti sete
vezes no dia e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me, perdoa-lhe"
(Lc 17.3,4).
Jesus
também mostrou que o perdão é uma via de mão dupla (Lc 6.37). Quando ensinou
sobre o perdão na oração do Pai Nosso, Jesus foi categórico em dizer que quem
não perdoa também não será perdoado: "Se, porém, não perdoardes aos homens
as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas" (Mt
6.15). Não há dúvidas de que há muitos cristãos com doenças psicossomáticas simplesmente
porque não conseguem perdoar. Guardam ressentimentos na alma como quem guarda
dinheiro em banco! James Dobson, famoso psicólogo cristão, disse que daria alta
a oitenta por cento de seus pacientes se eles conseguissem perdoar ou se
sentissem perdoados!
Ao
estudarmos as limitações dos discípulos, alguns fatos ficam em evidência. Observamos
que a incapacidade para enfrentar Satanás em Lucas 9.40 é justificada em Mateus
17.20 pela falta de fé; a incredulidade dos discípulos no caminho de Emaús (Lc
24.13-35) é justificada pela falta de conhecimento das Escrituras (Lc
24.25-27); o desejo por grandeza e primazia (Lc 9.46-48) é uma consequência de
terem se amoldado à cultura do mundo, e a falta de perdão existe por não se
reconhecer a natureza perdoadora do Pai celestial.