Lições Bíblicas CPAD / Adultos
Título: Jesus, o Homem Perfeito —
O Evangelho de Lucas, o médico amado
Comentarista: José Gonçalves
TEXTO
ÁUREO: “E de todos se apoderou o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um
grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo” (Lc
7.16).
OBJETIVO
GERAL: Explicar
o objetivo de Jesus ter mostrado seu poder sobre as doenças e morte.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos
específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por
exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Conscientizar os alunos de
que o perdão é terapêutico.
II. Mostrar que uma das
razões das curas, no ministério de Jesus, era a compaixão.
III. Analisar a autoridade de
Jesus para curar.
IV. Ressaltar a redenção do
nosso corpo.
A morte, assim como as doenças, físicas, emocionais e espirituais, são resultados da Queda. Porém, Jesus veio ao mundo para nos libertar do poder do pecado. A cura divina faz parte da sua obra expiatória. Deus não se importa somente com a nossa alma e espírito, mas também com nosso corpo. Por isso, em seu ministério terreno, o Mestre curou a todos que iam até Ele. Jesus não mudou; Ele continua curando os enfermos. Então, aproveite o tema da aula e, ao final, não deixe de orar por aqueles que estão doentes. Creia que Jesus tem poder para curar as enfermidades físicas, emocionais e espirituais de seus alunos. Para o Mestre não existe nada impossível.
As doenças, enfermidades e a morte existem como consequências da entrada do pecado no mundo. Escrevendo aos Romanos, Paulo afirma que “como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm 5.12). Jesus, o Messias prometido nas Escrituras, veio para tratar do problema do pecado e das suas consequências (Is 53.4-7; 6.1,2). Com esse fim, Jesus, durante o seu ministério terreno, curou doentes e ressuscitou os mortos (Mt 8.14-17; Lc 7.11-15). Todos os evangelistas, especialmente Lucas, destacam esse fato (Lc 4.16-19).
Nesta lição, vamos estudar alguns dos registros bíblicos sobre a autoridade do Senhor para curar doentes e ressuscitar os mortos.
1. Culpa, perdão e cura.
Certa vez, Jesus disse a um paralítico que o perdoava, e os escribas e fariseus murmuraram entre si: “Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?” (Lc 5.21). Foi por causa dessa incredulidade que o Senhor propôs: “Qual é mais fácil? Dizer: Os teus pecados te são perdoados, ou dizer: Levanta-te e anda?” (Lc 5.23).
As palavras de Jesus provocaram espanto na cidade de Cafarnaum. Antes de declarar o paralítico curado, Jesus primeiramente proferiu uma palavra de perdão. No contexto do Antigo Testamento, o pecado e as doenças eram conceitos inter-relacionados (Sl 103.3). Essa era a crença popular de Israel nos dias de Jesus, e o contexto mostra que o paralítico também pensava assim. O ensino neotestamentário revelará que, de fato, há uma relação entre o pecado e as doenças (Jo 5.14; Tg 5.15,16). Todavia, devemos observar que nem sempre a lei de causa e efeito pode ser usada para justificar determinadas doenças ou fatos ocorridos (Jo 9.1,2; Lc 13.1-5). Na narrativa lucana, Jesus, o Filho do Homem, demonstrou o seu poder tratando o problema da alma, removendo a culpa e depois cuidou do corpo, removendo a enfermidade (Lc 5.24).
2. A ação de Satanás.
É um fato bíblico que toda
doença e enfermidade existem como consequência da entrada do pecado no mundo
(Gn 2.17). Por outro lado, a Escritura mostra também que há enfermidades que
vem por conta do julgamento de um pecado pessoal (1Co 5.5; 11.30) enquanto
outras, como demonstra Lucas, estão associadas à ação de Satanás (Lc 13.10,11).
Embora nem toda doença possa ser atribuída à ação de demônios, todavia esse era
o caso aqui. Quando confrontou o chefe da sinagoga, Jesus deixou claro essa verdade
(Lc 13.16). Jesus demonstrou seu poder sobre a enfermidade e sobre aquele que a
causara, Satanás.O poder de Deus repousa sobre Jesus de forma que Ele possa curar os doentes. ‘A virtude [poder] do Senhor’ (Lc 5.17) é outra maneira que Lucas tem de falar sobre a unção do Espírito. Jesus não precisa de endosso de líderes religiosos para o seu ministério; o Espírito lhe concede autoridade para curar os doentes. Vemos esta autoridade quando quatro homens levam um paralítico para Ele. Jesus está numa casa, e grande multidão barra o acesso. Mas pela persistência dos companheiros do paralítico, ele é descido pelo telhado da casa à presença de Jesus. Não há dúvida de que a multidão espera um milagre; sua reputação como aquEle que cura já tinha se espalhado (Lc 4.40-44).
Em vez de curá-lo, Jesus pronuncia que os pecados do paralítico estão perdoados. Jesus reconhece a fé dos quatro companheiros, destacando pela primeira vez a importância da fé nos milagres (Lc 7.9; 8.25,48,50; 17.19; 18.42). O foco está na fé destes amigos, mas a fé do paralítico tem uma lição profunda. Ele precisa de ajuda física e espiritual de Jesus. Ele não recebe apenas a cura para o corpo, mas também o perdão dos pecados. Salvação plena e completa que abrange as bênçãos espirituais e físicas depende da fé” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 1. 1ª Edição. RJ, CPAD, p.345).
1. A compaixão.
Os Evangelhos mostram que
uma das razões da cura dos enfermos no ministério de Jesus estava em sua
capacidade de demonstrar compaixão (Lc 5.12,13). Você sabe o que significa
compaixão? Segundo o Dicionário Houaiss, significa: “sentimento piedoso
de simpatia para com a tragédia pessoal de outrem, acompanhado do desejo de
minorá-la”. Jesus se identifica com o sofrimento humano. Ele cura as
enfermidades porque é misericordioso (Mc 3.5; Mt 20.34). E você? Diante dos
enfermos e necessitados, tem se mostrado compassivo? Precisamos ser cheios do
Espírito Santo para que nossos corações sejam repletos de compaixão pelo
próximo.
2. Manifestação messiânica.
Lucas registra que em uma
de suas visitas à cidade de Jericó, Jesus teve um encontro com um mendigo cego
(Lc 18.38-42). O relato nos revela outra razão para as curas no ministério de
Jesus — a revelação da sua natureza messiânica. O título: “Filho de Davi” usado
pelo mendigo era uma clara alusão ao Messias prometido como mostram outros
textos bíblicos (Mt 1.1; 12.23; 22.42). Era uma atribuição do Messias curar os
doentes (Is 61.1; Lc 4.18). De acordo com Mateus, o Messias tomou sobre si,
vicariamente, as nossas doenças e enfermidades (Is 53.4,5; Mt 8.14-17).
Professor, para iniciar o
tópico, faça a seguinte indagação: “O que movia Jesus a curar as pessoas?”.
Ouça os alunos e explique que Jesus era movido pela compaixão e misericórdia
para com os carentes.
No NT, a palavra
‘misericórdia’ é a tradução da palavra grega eleos ou ‘piedade,
compaixão, misericórdia’ (veja seu uso em Lucas 10.37), e oiktirmos,
isto é, ‘companheirismo em meio ao sofrimento’.No Antigo Testamento, representa duas raízes distintas: rehem, (que pode significar maciez), ‘o ventre’, referindo-se, portanto, à compaixão materna (1Rs 3.26, ‘entranhas’), e hesed, que significa força permanente (Sl 59.16) ou ‘mútua obrigação ou solidariedade das partes relacionadas’ — portanto, lealdade. A primeira forma expressa a bondade de Deus, particularmente em relação àqueles que estão em dificuldade (Gn 43.14; Êx 34.6). A segunda expressa a fidelidade do Senhor, ou laços pelos quais ‘pertencemos’ ou ‘fazemos parte’ do grupo de seus filhos. Seu permanente e imutável amor está subentendido, e se expressa através do termo berit, que significa ‘aliança’ ou ‘testamento’” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Ediçãp. RJ: CPAD, 2010, p.1290).
1. Autoridade recebida.
Lucas, mais do que todos os
outros evangelistas, associa a pessoa do Espírito Santo ao ministério de cura
de Jesus (Lc 4.16-18). O texto de Lucas 5.17 diz que antes da cura do
paralítico de Cafarnaum a “virtude do Senhor estava com ele para curar” (Lc
5.17). A palavra “virtude”, do grego dynamis é a mesma usada em Atos 1.8
para se referir ao poder do Espírito Santo. Dymanis é o poder do
Espírito Santo para realizar milagres. Jesus curava os enfermos porque a unção
do Espírito Santo estava sobre Ele. Esse é um fato relevante na teologia de
Lucas. Ele retrata Jesus como sendo cheio do Espírito Santo (Lc 4.1),
capacitado por esse mesmo Espírito para realizar milagres e também para curar
os doentes (Lc 4.14; 5.17).
2. Autoridade delegada.
Se por um lado Jesus é
capacitado pelo Espírito Santo para realizar milagres, por outro, Ele dá esse
mesmo poder aos seus discípulos. Tendo o Mestre convocado os Doze,
concedeu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para efetuarem
curas. Também os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos (Lc
9.1,2). Aquilo que Jesus começou a fazer pelo poder do Espírito Santo teria
continuidade através de seus seguidores. O Senhor delegou à Igreja o mesmo
poder que estava sobre si (Lc 9.1,2; 10.9,18,19; At 1.8; 4.8; 13.9). Dessa
forma a Igreja estaria capacitada a cumprir a sua missão. Quando a Igreja
negligencia a Terceira Pessoa da Trindade, perde não somente o seu foco, mas
também a sua identidade.
Autoridade para Curar
Jesus embarca num
ministério como o descrito em Lucas 4.18,19. Depois de sua rejeição na sinagoga
de Nazaré, Ele vai para Cafarnaum, a cerca de trinta e dois quilômetros de
distância. Esta cidade está na orla do mar da Galileia e serve de base para o
ministério de Jesus na Galileia. Ele ‘desceu’, o que expressa adequadamente a
descida de Nazaré a Cafarnaum, localizado ao nível do mar.A narrativa de Lucas sobre o ministério de Jesus em Cafarnaum concentra-se nos atos poderosos de Jesus acompanhados pelo poder e autoridade do Salvador. A expulsão de um demônio que estava num homem (Lc 4.33-37), a cura da sogra de Pedro (Lc 4.38,39) e várias outras curas à tardinha (Lc 4.40,41) são atos da compaixão para com pessoas em necessidades desesperadora.
Os primeiros dois milagres implicam poder na palavra de Jesus, e os outros, seu toque curativo. Seu ensino e milagres exprimem sua autoridade profética e carismática“ (Comentário Bíblico Pentecostal. Volume 1. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, pp.340,41).
1. O reino presente.
Jesus não apenas demonstrou
poder sobre as doenças e enfermidades, mas também sobre a própria morte (Lc
8.53-55). Um dos aspectos da manifestação do Reino de Deus, isto é, o domínio
de Deus entre os homens, era a sua realidade já presente (Lc 17.20,21). As
curas e ressurreições de mortos atestavam isso (Lc 7.22). Jesus veio para
destruir o poder do pecado e vencer a morte!
2. O reino futuro.
Se por um lado temos o
Reino de Deus em seu aspecto presente, por outro temos o seu aspecto futuro (Lc
21.31; 23.43). Como vimos, as curas dos doentes e a ressurreição dos mortos
registradas nos Evangelhos demonstravam a realidade presente do Reino. Mas a
realidade do Reino não foi manifesta em sua totalidade. Pessoas continuam ainda
lutando com doenças e mesmo aqueles que foram ressuscitados por Cristo morreram
posteriormente. O Reino em sua plenitude só se consumará na segunda vinda de
nosso Senhor, quando teremos a redenção do nosso corpo e nunca mais haverá
morte (Ap 21.4).
A ressurreição de Cristo
mediante o Espírito é a garantia de que seremos ressuscitados e transformados
de tal maneira que nosso corpo ressuscitado será imortal e incorruptível (1Co
15.42-44,47,48,50-54).
Nosso corpo ressurreto será
semelhante ao Seu (Fp 3.21). Embora Deus tenha criado a humanidade à sua
semelhança, e que a imagem divina no homem haja continuado a existir depois da
queda (Gn 9.6), somos informados que Adão ‘gerou um filho à sua semelhança,
conforme a sua imagem’ (Gn 5.3). Por isso, Paulo diz: ’Assim como trouxemos a
imagem do [homem] terreno, assim traremos também a imagem do [homem] celestial‘
(1Co 14.49). Nosso novo corpo será tão diferente do atual quanto a planta é
diferente da semente (1Co 15.37).O corpo ressurreto do crente também é descrito como ‘espiritual’ em contraste com o nosso corpo ‘natural’. Geralmente concorda-se que ‘espiritual’ (gr. pneumatikon) não significa ‘consistente em espírito’, pois esse corpo não é imaterial, etéreo ou sem densidade. Os discípulos sabiam por sua própria experiência que o corpo ressurreto de Cristo era real e palpável — não era fantasma, mas diferente, ajustável tanto à terra quanto ao céu, e não limitado às atuais condições de tempo e de espaço. Por isso, nosso corpo ressurreto é chamado ‘celestial’ (gr. epouranios).
Embora o corpo presente seja terreno, natural, com as mesmas limitações que Adão tinha depois da queda, o corpo ressurreto adotará qualidades e glórias sobrenaturais. Embora ainda sejamos seres infinitos, totalmente dependentes de Deus, nosso corpo será um instrumento perfeito para capacitar-nos a corresponder ao Espírito Santo de maneiras novas e maravilhosas” (HORTON, Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, pp.615,616).
Ao curar os doentes e dar
vida aos mortos, o Senhor Jesus mostrou o seu poder sobre o pecado e suas
consequências. As pessoas que presenciavam o Filho do Homem realizar sinais e
maravilhas exclamavam admiradas: “Deus visitou o seu povo” (Lc 7.16). Deus
visitou um povo esquecido, sofredor, carente, oprimido e sem esperanças! Sim, o
Verbo havia se tornado carne para participar dos sofrimentos humanos. Ele tem
poder para curar as doenças físicas e espirituais da humanidade (Lc 9.11).
Sobre os ensinos do
Evangelho de Lucas, responda:
1° Qual era a concepção do
judaísmo sobre as doenças?
Rep: No judaísmo havia a
tendência de ligar a doença ao pecado e também à ira divina. Sabemos que as
enfermidades tiveram sua origem na Queda, porém não podemos considerar que toda
enfermidade é resultado do pecado ou fruto de ação demoníaca.2° De acordo com a lição, por que Jesus curava os doentes?
3° A cura do cego de Jericó revela outra razão para as curas. Qual seria?
4° Por que nosso corpo continua vulnerável às doenças?
5° Você crê que Jesus continua a curar os enfermos?
Poder sobre as doenças e
morte
Doença e morte, geralmente,
uma consequência da outra. O ministério de Jesus de Nazaré, quase sempre, se
deparou com essas duas realidades. Quantos doentes e enfermos o nosso Senhor
curou? Coxos, cegos, deficientes físicos, leprosos, lunáticos, mãos mirradas
etc. Quantas pessoas foram ressuscitadas? — o relato mais famoso é a
ressurreição de Lázaro, um amigo de Jesus. A compaixão era a característica
marcante de Jesus de Nazaré, e é hoje, pois Ele tinha a capacidade de se
colocar no lugar do doente ou da família que perdeu um ente querido, para
sentir a sua dor. Nosso Senhor sabia que diante do quadro da doença ou da morte, o ser humano encontra-se frágil, sem chão e absolutamente vulnerável para as consequências da vida. Quando Jesus curava alguém era sua compaixão pelo sofrimento alheio que podia ser destacada, e não o desejo de ficar conhecido na província da Galileia por causa do seu divino poder.
Jesus venceu todas as doenças e venceu a morte, a maior inimiga do ser humano na Cruz. Isto não significa que estejamos livres dessas realidades plenamente. Não, não estamos! Ainda habitamos um corpo frágil, limitado e comum. O nosso corpo não foi redimido nem revestido do corpo glorioso que nos espera um dia (1Co 15). Entretanto, o que Jesus fez na Cruz do Calvário é suficiente para sabermos que cremos num Jesus poderoso que tem compaixão por nós.
Num tempo onde pessoas usam a fé alheia para tirarem vantagens, como prometer bênçãos de curas em troca de dinheiro, fazer maquiagem do Evangelho para autopromoverem-se, é urgente conclamarmos a Igreja do Senhor a olhar para o Evangelho e tomar a decisão de seguir a Jesus até as últimas consequências. Com isso não estamos prometendo cura, nem muito menos que se alguém morrer irá ressuscitar. Queremos apenas frisar que essas obras gloriosas são uma iniciativa de Deus, segundo a sua livre soberania e graça.
O nosso Senhor continua a curar enfermidades e a ressuscitar mortos. Por isso a Igreja do Senhor deve ser encorajada a orar sempre pelos enfermos. Tomarmos à mão o azeite e ungir o enfermo. Sim, Deus pode curar a pessoa necessitada para a sua honra e glória. É tempo de rogarmos a Deus em favor das pessoas que precisam. Lembrando que Ele venceu a morte e pelas suas pisaduras fomos sarados. Portanto, embora haja muita mentira e engano em relação a curas e ressurreição dos mortos, não podemos perder de vista que o nosso Senhor cura e ressuscita os mortos. Ele é Senhor e conhece todas as coisas.
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