Lições Bíblicas CPAD / 2º Trimestre de 2015
Título: Jesus, o Homem Perfeito — O Evangelho de Lucas, o médico amado
Comentarista: José Gonçalves
Lição 5: JESUS ESCOLHE SEU DISCÍPULOS
Data: 03 de Maio de 2015
TEXTO ÁUREO: “E qualquer que não levar a sua
cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lc 14.27).
VERDADE PRÁTICA: O chamado para a salvação é de graça, mas o discipulado tem custos.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS: Abaixo, os objetivos específicos
referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Analisar a vida de Jesus enquanto Mestre.
II. Explicar como se deu o chamado dos discípulos.
III. Saber como foi o treinamento dos primeiros discípulos.
IV. Analisar a missão de Jesus e de seus discípulos.
Jesus se
tornou muito popular e por onde passava atraía multidões. Muitos apenas seguiam
o Mestre, mas não eram seus discípulos. Ser discípulo envolve um preço e muitos
não estavam dispostos a pagá-lo. Atualmente também, muitos querem ser
abençoados por Jesus, todavia, poucos querem se tornar discípulos. Ser
discípulo é abrir mão da própria vontade, de desejos pessoais e isso envolve
grande sacrifício. O discípulo não pode permitir que nada venha interferir no
seu compromisso com o Mestre. Cabe ao discípulo tomar a sua cruz e seguir o seu
Mestre.
INTRODUÇÃO
Como crentes, temos consciência do valor
que a pregação da Palavra tem para a construção do Reino de Deus. Todavia,
quando lemos os Evangelhos, acabamos descobrindo que Jesus, durante o seu
ministério terreno, ensinou mais do que pregou. Na verdade, suas pregações,
mesmo quando proclamações, eram recheadas de conteúdo pedagógico. Esses fatos
nos mostram a importância que o ensino tem para um aprendizado eficiente. Nesta
lição, aprenderemos com o Mestre dos mestres como Ele ensinou os seus
seguidores e como, dentre eles, formou seus discípulos.
1. Seu ensino.
Jesus, o homem perfeito, foi o Mestre
por excelência. A maior parte do seu ministério foi dedicada a ensinar e a
preparar os seus discípulos (Lc 4.15,31; 5.3,17; 6.6; 11.1,2; 13.10; 19.47).
Portanto, o ministério de Jesus foi centralizado no ensino. As Escrituras
registram que as pessoas ficavam maravilhadas com o ensino do Senhor (Lc 4.22).
Elas já estavam acostumadas a ouvir os mestres judeus ensinando nas sinagogas
(Lc 4.20). Porém, quando ouviram Jesus ensinando, logo perceberam algo
diferente! (Mt 7.28,29) O que era? Ele as ensinava com autoridade, e não apenas
reproduzindo o que os outros disseram. A natureza de seu ensino era diferente —
seu ensino era de origem divina (Jo 7.16).
Jesus ensinou seus discípulos através do
exemplo: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós
também” (Jo 13.15). Isso o distanciou dos escribas e fariseus que ensinavam,
mas não praticavam o que ensinavam (Mt 23.3). Os discípulos se sentiram
motivados a orar quando viram seu Mestre orando (Lc 11.1-4). As palavras de
Jesus eram acompanhadas de atitudes práticas. De nada adianta a beleza das
palavras se elas não vêm acompanhadas pelas ações (Tg 1.22). O povo se convence
mais rápido pelo que vê do que pelo que ouve. Por isso, o Mestre exortou os
seus discípulos a serem exemplos (Mt 5.16).
SÍNTESE DO TÓPICO (I): Jesus é o Mestre por excelência.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Discípulo era um termo comum no século I para uma pessoa que era um seguidor
compromissado de um líder religioso, filosófico ou político. No mundo judaico,
o termo era particularmente usado para os estudantes de um rabi, o mestre
religioso. Nos Evangelhos, João Batista e os fariseus tinham grupos de
discípulos (Mc 2.18; Mt 22.15,16). Esses discípulos, com frequência, eram os
alunos mais promissores que passaram pelo sistema de educação judaica — os que
já tinham memorizado as Escrituras hebraicas e demonstraram o potencial para
aprender os ensinamentos específicos dos rabis sobre a lei e os profetas a fim
de que pudesse ensinar isso a outros. Portanto, era uma grande honra e
responsabilidade ser chamado por um rabi para ser seu discípulo. Os discípulos
aprenderam os ensinamentos de seu rabi vivendo com ele e seguindo-o aonde quer
que vá. Uma frase daquele tempo descrevia os discípulos como aqueles que
‘ficavam cobertos pela poeira do rabi’, porque, literalmente, seguiam de muito
perto seus mestres” (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª Edição. RJ:
CPAD. p.69).
1. O método.
Os teólogos têm observado que o método
usado por Jesus para recrutar seus discípulos é variado. De fato, a Escritura
mostra que algumas vezes a iniciativa do chamamento parte do próprio Senhor
Jesus. Enquanto pregava e ensinava, Jesus observava as pessoas a quem iria
chamar (Mc 1.16-20). Em alguns casos, o chamamento veio através da indicação do
Batista (Jo 1.35-39). Houve também pessoas que se ofereceram para serem
seguidoras de Jesus (Lc 9.57,58,61,62). E, finalmente, existiram os que foram
conduzidos até Jesus por intermédio de amigos (Jo 1.40-42,45,46). Dessa forma,
todas as classes foram alcançadas por Jesus. E foi dentre esses seguidores que
Jesus chamou doze para serem seus apóstolos (Lc 6.13-16).
Jesus deixa bem claro quais são as implicações envolvidas na vida daquele que aceitasse o chamado para ser seu discípulo. Tornar-se discípulo é bem diferente de se tornar um simples aluno. No discipulado, o seguidor passa a conviver com o mestre, enquanto na relação professor-aluno essa prática não está presente. O aprendizado acontece diuturnamente, e não apenas durante algumas aulas dadas em domicílio ou numa sala. Quem quiser segui-lo deve, portanto, avaliar os custos. Seguir a Cristo envolve renúncia, significa submissão total a Ele. Jesus lembrou as pessoas desse custo, pois não queria que o seguisse apenas por empolgação (Lc 14.25-27). Muitos querem ser discípulos mas não querem renunciar nada. Às vezes precisamos sacrificar até mesmo o nosso relacionamento religioso na família, abrir mão de algumas coisas para seguir a Jesus. O que o Mestre está requerendo de você?
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
A salvação é um presente, mas o
discipulado é caro. Aqueles que seguem Jesus devem estar propensos a pagar o
alto preço. Ele quer que as pessoas se deem conta de que considerar o custo
antes de tomar uma decisão é assunto sério. Requer arrependimento e compromisso
total a Jesus. (Comentário Bíblico Pentecostal. Volume 1. 1ª Edição. RJ:
CPAD, p.418).
III. O TREINAMENTO
1. Mudança de destino.
No treinamento dado aos discípulos, a
cruz ocupa um lugar central nos ensinamentos do Mestre (Lc 9.23; 14.27). A cruz
de Cristo aparece como um divisor de águas na vida dos discípulos. Uma mudança
de rumo ou destino. A vida com Cristo é cheia de vida, na verdade vida em abundância
(Jo 10.10). Mas por outro lado, é uma vida para a morte! Quem não estivesse
disposto a morrer, não poderia ser seu seguidor autêntico. A cruz muda o
destino daquele que se torna seguidor de Jesus. Ela garante paz e vida eterna,
mas somente para aqueles que morrerem para este mundo.
Lucas mostra Jesus instruindo os Doze antes de enviá-los em missão evangelística (Lc 9.1-6) e, posteriormente, enviando outros setenta após dar-lhes também instruções detalhadas (Lc 10.1-12). Para chegar a esse ponto, muitas coisas precisaram ser mudadas na vida desses discípulos. Uma delas, e muito importante, foi a mudança de mentalidade dos discípulos. Jesus mudou a forma de pensar deles. Seus discípulos não poderiam mais, por exemplo, possuir uma mente materialista como os gentios, que não conheciam a Deus (Lc 12.22,30). Quem conhece a Jesus de verdade não fica preocupado com o amanhã, com as coisas deste mundo, pois sabe que Ele, o Bom Pastor, supre cada uma das nossas necessidades.
A escolha dos doze discípulos por Jesus é relevante, considerando-se que havia inicialmente doze tribos em Israel, provenientes dos doze filhos de Jacó (veja Gn 49). Depois do exílio, apenas a tribo de Judá permanecera visivelmente intacta. Quando escolheu os doze discípulos, Jesus estava anunciando a restauração do povo de Deus, agora reconfigurado em torno do próprio Jesus.
[...] Pedro era o mais proeminente de todos os discípulos. Mateus ou Levi, era cobrador de impostos, um publicano, que, por essa razão, era considerado um proscrito social por causa de seu emprego com as desprezadas autoridades romanas” (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013, p.70).
1. Pregar e ensinar.
Já foi dito que o ministério de Jesus consistia no ensino da Palavra de Deus, na pregação do Evangelho do Reino e na cura dos doentes (Mt 4.23; Lc 4.44; 8.1). No texto de Lucas 9.1,2, vemos Jesus enviando os doze: “E, convocando os seus doze discípulos, deu-lhes virtude e poder sobre todos os demônios e para curarem enfermidades; e enviou-os a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos”. “Pregar” é a tradução do verbo grego kerysso, que possui o sentido de “proclamar como um arauto”. Jesus treinou seus discípulos com uma missão específica — serem proclamadores da mensagem do Reino de Deus. Proclamar o Evangelho do Reino ainda continua sendo a principal missão do Corpo de Cristo! Quando a Igreja se esquece desse princípio, ela perde o seu foco.
O Evangelho de Cristo provê tanto a cura
para a alma como também para o corpo. O Evangelho de Mateus revela com clareza
que o Senhor Jesus proveu tanto a cura como a libertação para todos aqueles que
se achegavam a Ele com fé e contrição (Mt 8.16,17). Frank Stagg, teólogo
americano, observa que embora a obra redentora de Cristo tenha o seu centro na
cruz, Ele já era redentor da doença e do pecado durante o seu ministério
terreno. Os discípulos, portanto, precisavam levar à frente essa verdade a
todos os locais.
No início do seu ministério, Jesus
escolheu doze seguidores de um grupo enorme para formar um grupo mais próximo
de discípulos (Mc 3.13-19). Conforme Ele os fez recordar posteriormente, o fato
de se tornarem parte integrante desse grupo mais íntimo devia-se ao fato de Ele
os ter escolhido, e não de eles terem feito uma escolha (Jo 15.16). Tinham dois
propósitos principais: estar ‘com’ Jesus, como seguidores, e também para que
eles os ‘enviasse a pregar’, como os representantes de Jesus (Mc 3.14). Em grego,
o termo para enviar a pregar é apostolos, e, assim, os Doze também
passaram a ser conhecidos como ‘os apóstolos’. Tinham de estar com Jesus
durante todo o seu ministério para ouvir a mensagem e aprender sua forma de
viver; depois, eles foram enviados por Jesus para as cidades e vilarejos de
Israel, para disseminar a mensagem de Jesus sobre o Reino e para demonstrar
isso por intermédio dos mesmos sinais milagrosos que Jesus usara (Mc 3.14,15).
Depois da ressurreição, esses discípulos (com exceção de Judas, que traiu
Jesus) tinham de levar a mensagem sobre Ele ao mundo (Mt 28.19)” (Guia
Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, pp.69-70).
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta lição sobre a importância que o ensino tem na formação do caráter cristão. Jesus ensinou os seus discípulos, mas não os ensinou de qualquer forma nem tampouco lhes deu qualquer coisa como conteúdo. Ele lhes ensinou a Palavra de Deus. Mas até mesmo o ensino da Palavra de Deus, para ter eficácia, precisa ser acompanhada pelo exemplo, valer-se de recursos didáticos eficientes, firmar-se em valores e possuir um objetivo claro e definido. Tudo isso encontramos com abundância nos ensinos de Jesus. Ao seguir seus ensinos, temos a garantia de que o hiato existente entre o professor e o aluno, entre o educador e o educando, desaparecerão. Dessa forma teremos um ensino eficiente.
1° No que se diferençava o ensino de
Jesus daquele praticado pelos escribas?
Resp.: O que diferençava era o fato de
que Jesus ensinava com autoridade, e não apenas reproduzindo o que os outros
disseram.
2° Como podemos definir o método de
ensino de Jesus?
Resp.: Jesus tinha como método o
exemplo. Suas palavras eram associadas a ações práticas. Jesus vivia o que
ensinava.
3° Como Jesus treinava seus discípulos?
Resp.: No treinamento dado aos
discípulos, a cruz ocupava um lugar central. Quem não estivesse disposto a
morrer, não poderia ser seu seguidor autêntico.
4° Em que consistia a missão dos
discípulos de Jesus?
Resp.: Os discípulos tinham como missão
pregar o Reino de Deus e curar os enfermos. Jesus treinou seus discípulos com
uma missão específica — serem proclamadores da mensagem do Reino de Deus.
Proclamar o Evangelho do Reino ainda continua sendo a principal missão do Corpo
de Cristo.
5° Você é um discípulo de Cristo?
Resp.: Resposta pessoal, porém, enfatize
que para ser discípulo é preciso renunciar a si mesmo.
Jesus escolhe seus discípulos
Quem eram os discípulos escolhidos por
Jesus? Pessoas simples, habitantes de uma cidade sem importância para a antiga
Palestina. Pessoas que não tinham alto grau de instrução, mas que acreditaram
na mensagem do meigo nazareno. Na presente aula, devemos ressaltar que o nosso
Senhor não chamou os doze homens para serem apóstolos objetivamente, mas,
primeiramente, para discípulos. Pessoas disponíveis a aprender, e igualmente,
desaprender os equívocos aprendidos ao longo da vida religiosa e,
principalmente, ansiosos em imitar o Mestre de Nazaré.O discipulado de Jesus é assim. Chama pessoas, do ponto de vista humano, incapazes de desenvolver algum projeto de vida. E mostra-lhe o maior projeto que ser humano algum pôde imaginar: o Reino de Deus. Quando fomos chamados por Jesus a viver o Evangelho, percebemos que não estávamos prontos a dizer “sim” para o seu projeto. O nível do Evangelho é alto demais para a nossa natureza caída. Mas ao despirmo-nos de nós mesmos e procurarmos ser mais parecido com Jesus, o Evangelho será parte da nossa vida e ficará impregnado à nossa natureza. Então passamos a ser uma nova criação, ter outra mente e outra perspectiva de vida que só encontramos com o meigo nazareno.
O chamado de Jesus é um convite para não mais olhar para si mesmo, uma convocação para olhar para o outro. Uma decisão de renunciar aos próprios anseios e uma atitude de viver a vida que não é mais sua, mas de Deus.
A mensagem do Reino de Deus é absolutamente oposta ao modo de o mundo comunicar seus valores às pessoas. O Reino de Deus não faz violência para convencer alguém de alguma ideia, enquanto que o sistema de vida mundano é violento, arrogante e predatório em convencer o outro acerca dos seus valores. Embora saibamos que os valores do mundo são destruidores para um projeto de vida digna, não fazemos terrorismo ou algo do tipo. Simplesmente somos chamados a sermos pescadores de homens, de almas, de sentimentos, de pessoas. Levar vida, onde há morte; paz, onde reina a guerra; alegria, onde reina a tristeza; bondade, onde reina a perversidade; esperança, onde reina a ausência dela.
Em Jesus, somos chamados a sermos arautos do Evangelho para pessoas sem Deus, sem dignidade, sem alegria de viver. Nele, todo dia somos estimulados a testemunhar com a vida a verdade daquilo em que acreditamos e cremos. Sim, Jesus, a nossa razão de ser. É o sentido último da nossa vida. Podemos dizer “sim” ao seu convite? — Vem e segue-me!
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