Lições Bíblicas CPAD / Adultos
Título: Maravilhosa Graça — O Evangelho de Jesus Cristo revelado na carta
aos Romanos
Comentarista: José Gonçalves
TEXTO
ÁUREO: “Dou
graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Assim que eu mesmo, com o
entendimento, sirvo à lei de Deus, mas, com a carne, à lei do pecado” (Rm
7.25).
VERDADE
PRÁTICA: A luta entre a carne e o espírito é uma realidade na vida de todo
crente, mas a dependência da graça de Deus fará com que tenhamos uma vida
vitoriosa.
OBJETIVO
GERAL: Mostrar que a luta entre carne e espírito é uma realidade na vida de
todo crente.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve
atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os
seus respectivos subtópicos.
I. Explicar a analogia do
casamento ilustrada na Lei;
II. Mostrar a analogia da
solidariedade da raça ilustrada em Adão;
III. Discorrer a respeito da
analogia entre carne e espírito.
INTERAGINDO
COM O PROFESSOR
Na lição de hoje estudaremos o capítulo sete
da Epístola aos Romanos. Este capítulo trata a respeito da libertação da Lei.
Para que os romanos compreendessem bem o assunto, Paulo faz uma analogia entre
a Lei e o casamento. O apóstolo mostra que enquanto o marido viver, a esposa
está ligada a ele mediante a lei do matrimônio. Mas, morto o marido a esposa se
torna livre, podendo até mesmo contrair novas núpcias. Com esta analogia, Paulo
mostra que os salvos em Cristo, pela fé, já estão livres da lei do pecado e
agora pertencem a Jesus Cristo. Em Cristo, estamos mortos para a lei do pecado.
O apóstolo precisou tratar deste assunto porque os judeus tinham dificuldades
de se libertarem das amaras da Lei. Livres da lei do pecado temos condições de
nos relacionarmos com Deus e vivermos uma vida de santidade. Segundo Lawrence
Richards “a libertação da Lei não promove o pecado, mas a justiça”.
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje estudaremos o papel do cristão em relação à Lei, a
carne e o Espírito. Paulo apresenta um estudo a respeito desses temas no
capítulo sete. Ele se utiliza de três analogias para discorrer sobre os
assuntos: a analogia do casamento, a analogia de Adão no paraíso e a analogia
da carne versus o espírito.Como devemos nos comportar diante da lei? Como explicar, que mesmo depois de já termos recebido a graça de Deus, passamos por conflitos espirituais internos? O que isso significa? É o que vamos procurar responder neste estudo.
PONTO CENTRAL: Jesus Cristo nos libertou
do jugo da Lei, do pecado e das obras da carne, por isso, podemos andar em
Espírito.
I. A LEI ILUSTRADA NA
ANALOGIA DO CASAMENTO (Rm 7.1-6)
1. A metáfora do casamento.
O apóstolo Paulo mostra que homem algum pode ser salvo pela Lei, até
mesmo aqueles que a guardam com zelo e devoção. Aqueles que já possuem uma nova
natureza também não serão guardados do pecado por observarem a Lei. A
insistência de Paulo, que se estende desde o capítulo seis com respeito à
função da Lei, agora o conduz a usar o casamento como uma analogia que
contrasta o viver através dos preceitos da Lei e a nova vida em Cristo (Rm
7.1). Paulo usou o casamento para mostrar o nosso relacionamento com a Lei. O
apóstolo ressalta que o contrato de casamento perde sua validade quando um dos
cônjuges morre. Segundo a Bíblia de Aplicação Pessoal, “ao morrermos com
Cristo, a Lei não pode mais nos condenar; estamos unidos a Cristo”.
2. A metáfora da mulher
viúva.
Os versículos 2 e 3 do capítulo 7, concluem a analogia do apóstolo a
respeito do casamento. Paulo afirma que vivendo o marido, se a mulher se casar
novamente com outro homem, ela será considerada adúltera. Mas, se o marido
morrer ela está livre para se casar novamente. A intenção era mostrar que a
morte de Cristo na cruz, e os cristãos juntamente com Ele (Ef 2.5,6), rompeu os
votos de obediência aos preceitos legais da lei mosaica (Rm 7.4).
3. Mortos para a lei.
A expressão “mortos para a lei pelo corpo de Cristo” é entendida pelos
intérpretes como uma referência à morte de Cristo e a nossa identificação com
Ele. O biblicista C. Marvin Pate observa que “Paulo usa a analogia da morte de
um cônjuge no casamento para ilustrar a morte do crente para a lei, pelo fato
de ele estar unido com Cristo (Rm 7.1-6)”.
SÍNTESE DO TÓPICO (I): Paulo utiliza a analogia do casamento para mostrar que fomos libertos
do jugo da Lei e do pecado.
Livre
Um cônjuge não está mais ligado pela lei matrimonial com o consorte
falecido. A morte liberta a ele ou a ela dessa lei. Semelhantemente, a morte de
Cristo, que compartilhamos em nossa união com Ele, nos liberta de todas as
obrigações legais constantes na Lei de Deus.Algumas pessoas ficam atemorizadas com a ideia de que o cristão não tem obrigação alguma de guardar a Lei. Paulo deixa claro que precisamos estar livres dessas obrigações. Por quê? A Lei diz respeito à nossa natureza pecaminosa e proclama: ‘Não’. O resultado não foi uma repreensão do desejo de pecar, mas o surgimento de nossas paixões pecaminosas. Pecamos, ao ‘produzir frutos da morte’. Deus agora nos chama para nos relacionarmos diretamente com Ele através do Espírito. O Espírito falará à nossa natureza, nos estimulando a servir e, assim, a ‘produzir frutos para Deus’” (RICHARDS, Lawrence. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.743).
II. ADÃO ILUSTRADO NA
ANALOGIA DA SOLIDARIEDADE DA RAÇA (Rm 7.6-13)
1. De volta ao paraíso.
Paulo considerava Adão o
cabeça e o representante da humanidade. A sua Queda levou todos os homens a
caírem com ele. Aqui o objetivo do apóstolo é vincular a desobediência de Adão
à humanidade. Adão pecou, logo todos pecaram. Uma leitura cuidadosa das
palavras de Paulo em Romanos 7 a 11 mostrará a estreita relação que elas têm
com os fatos ocorridos em Gênesis capítulo 3. Por exemplo, a expressão não
“cobiçarás” é uma alusão a Gênesis 3.1-6. Por outro lado, as palavras de Paulo
“eu vivi sem lei” (Rm 7.9), só têm sentido se aplicado na vida de Adão, pois
Paulo como fariseu e judeu que era vivia a lei desde a infância (2Tm 3.15).
Aqui Paulo, como ser humano, se via em Adão. As expressões “eu morri” e o
“pecado me enganou” ganham paralelo com Gênesis 2.17 e 3.13.
2. Lembranças do Sinai.
Outra razão, no entendimento de muitos intérpretes da Bíblia, que levou
o apóstolo a se ver em Adão está na crença judaica de que o primeiro homem
viveu os princípios da Torá (lei), mesmo tendo existido muito antes da sua
promulgação no Sinai. De fato, essa é uma crença muito bem documentada na
literatura rabínica. Filo de Alexandria, filósofo judeu, por exemplo, dizia que
a cobiça, pecado praticado por Adão no paraíso, era a raiz de todos os males.
3. A lei dada a Adão.
O fato é que Adão estava debaixo do mandamento, da ordenança de não
comer da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.17). A intenção do
apóstolo é fazer um paralelo entre o Paraíso e o Sinai, entre a lei de Moisés e
a ordenança que foi dada a Adão. O mandamento que foi dado a Adão para trazer
vida se converteu através da ação da antiga serpente, personificação do Diabo,
em morte. Da mesma forma, a Lei de Moisés que foi dada para trazer vida, mas o
pecado, como personificação do mal, a transformou em um instrumento de morte.
SUBSÍDIO
BIBLIOLÓGICO
Professor, reproduza o esquema abaixo e utilize-o para enfatizar o que
dispomos como descendência de Adão e como filhos de Deus.
III. O CRISTÃO ILUSTRADO NA
ANALOGIA ENTRE CARNE E ESPÍRITO (Rm 7.14-25)
1. A santidade da lei.
Um interlocutor atento poderia
argumentar que o apóstolo estaria desqualificando a Lei, reduzindo-a a algo
extremamente mal. Paulo se adianta e responde: “Assim, a lei é santa; e o
mandamento santo, justo e bom” (Rm 7.12). Não há nenhum problema com a Lei. A
Lei é boa e seu propósito também. O problema, portanto, não estava na Lei, mas
naqueles que se regiam por ela. Como o apóstolo já havia argumentado, o
problema estava dentro do homem, no pecado que habitava nele, e não na existência
de uma lei externa (Rm 7.18).
2. A malignidade da carne.
Não há dúvida que todo cristão entende bem essas palavras de Paulo em
Romanos 7.22,23. Essas palavras revelam o conflito entre a nossa nova natureza
em Cristo e o “velho homem” residente em nós. É a guerra entre a carne e o
espírito. A quem essas palavras de Paulo se destinam? O contexto parece não
deixar dúvidas de que Paulo tinha em mente os crentes que, pelo fato de serem
cristãos, acreditavam que poderiam viver vitoriosamente sem o Espírito Santo.
Embora Paulo tenha deixado para tratar sobre o ministério do Espírito Santo no
capítulo 8 de Romanos, ele já chama aqui a atenção para o viver “em novidade do
Espírito” (Rm 7.6) como forma de vencer as inclinações da carne.
3. A velha natureza.
Nossa antiga natureza está constantemente tentando rebelar-se contra
Deus. Não temos como lutar contra o pecado usando a nossa força. O Espírito
Santo, que habita em nós, ajuda-nos a vencer a velha natureza.
SÍNTESE DO TÓPICO (III): Paulo
faz uma analogia para mostrar a luta da carne com o Espírito.
O conflito entre a Lei e o pecado (7.14-25)
Esse conflito é inevitável. Duas leis se chocam — a lei do pecado e a
lei de Deus. Podemos chamá-las de lei carnal e lei espiritual. Entretanto, esse
conflito pode ser facilmente dominado pelo crente, se ele dominar o pecado pela
lei espiritual. O campo de batalha entre essas duas forças é interior ao homem.
Paulo ilustra o coração como o interior de nossas vidas para mostrar esse
conflito.A lei é espiritual (v.14). Mais uma vez o apóstolo declara que o problema não está na lei de Deus, mas na natureza pecaminosa do homem. Quando ele declara ‘sou carnal’ está, na verdade, dizendo que ele é feito carne, isto é, sujeito à lei do pecado que opera na carne. Ele diz, também, que é ‘vendido sob o pecado’, ou, à escravidão do pecado. Significa que, queira ou não, está na sua carne, a tendência pecaminosa que o escraviza a faz de sua natureza pecaminosa a sede de operações para o pecado. Essa escravidão envolve toda a personalidade do homem. Porém, esse envolvimento encontra uma barreira para o domínio total do pecado, que é a lei espiritual.
O conflito entre lei e o pecado (v.15). Nestas palavras o apóstolo se sente o centro do conflito no seu interior, e não consegue entender porque pratica certos atos que contrariam sua real vontade. Ele vê o conflito entre o bem e o mal, e, às vezes, esse conflito é tão intenso que ele não consegue descobrir o ‘porquê’ desse conflito que o leva fazer certos atos” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2005, pp.85,86).
CONCLUSÃO
Mesmo vivendo debaixo da graça o crente experimenta o conflito entre sua
antiga natureza e sua nova vida em Cristo. Como viver uma vida nova, se a velha
vida ainda continua querendo ocupar seu antigo espaço? A resposta do crente
está na compreensão de que a solução a esse conflito está em responder
positivamente à nova vida espiritual, dependendo inteiramente da graça de Deus.
PARA
REFLETIR
A respeito da Carta aos
Romanos, responda:
1° O que Paulo desejava
mostrar com a metáfora do casamento?
Resp: Paulo desejava mostrar que
homem algum pode ser salvo pela Lei, até mesmo aqueles que a guardam com zelo e
devoção. Paulo usou o casamento para mostrar o nosso relacionamento com a Lei.
O apóstolo ressalta que o contrato de casamento perde sua validade quando um
dos cônjuges morre. Segundo a Bíblia de Aplicação Pessoal “ao morrermos
com Cristo, a Lei não pode mais nos condenar; estamos unidos a Cristo”.
2° Como pode ser entendida
a expressão “mortos para lei pelo corpo de Cristo”?
Resp: A expressão “mortos para a
lei pelo corpo de Cristo” é entendida pelos intérpretes como uma referência à
morte de Cristo e a nossa identificação com Ele.
3° Segundo Paulo, quem é o
cabeça da raça humana?
Resp: Paulo considerava Adão o
cabeça e o representante da humanidade.
4° Segundo Paulo, a lei e
seus propósitos são bons?
Resp: Sim. A Lei é boa e seu
propósito também. O problema, portanto, não estava na Lei, mas naqueles que se
regiam por ela.
5° Quem pode nos ajudar no
embate contra a velha natureza?
Resp: O Espírito Santo, que
habita em nós.
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
A Lei, a carne e o Espírito
Sobre o papel da Lei — Lembre-se sempre de que um dos métodos
argumentativos do apóstolo em suas epístolas é o de criar perguntas retóricas a
fim de ensinar determinada doutrina. Como por exemplo: se pela Lei eu conheço o
pecado, então a Lei é má? O apóstolo responderá imediatamente: De modo nenhum
(Rm 7.7). Se a Lei é de Deus, ela é boa e santa. Mas, então, ela se tornou
morte para mim? — De modo nenhum (Rm 7.13) — mais uma vez responde o apóstolo.No versículo 7, o que vemos é o apóstolo Paulo rejeitando a ideia de que a Lei é má, ou é pecado. Pelo contrário, o apóstolo afirma que é pela Lei que conhecemos o pecado. Ou seja, não que pela Lei consumamos o pecado, mas o conhecemos. Aqui há uma diferença gigante entre o conhecer o pecado e o praticar o pecado. Alguém pode perguntar: Então o que fez o ser humano pecar? De pronto o apóstolo responde: “Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a concupiscência: porquanto, sem a lei, estava morto o pecado” (v.8). Logo, a Lei não é pecado.
No versículo 13, mais uma pergunta retórica: a Lei tornou-se morte para mim? A resposta do apóstolo é mais um vigoroso: De modo nenhum. Na sequência do texto o apóstolo Paulo mostra que o que ocorre é exatamente o contrário: quem produz a morte não é a Lei, senão o pecado. O pecado é quem produz a morte no ser humano. A Lei o desmascara e sobre ele nos convence.
Lei e Pecado — Lei e Pecado são
elementos diametralmente opostos. A santidade da Lei e em relação ao pecado é
de uma seriedade e solenidade na epístola de Romanos ao ponto de o apóstolo
deixar claro de que a Lei não é a ministradora do pecado ou da morte. Digamos
que ela agrava o Pecado.
Há um ditado popular que diz: “Tudo o que é proibido é mais gostoso”. A
partir do momento em que o ser humano toma contato com a proibição é como se
houvesse uma revolta contra aquela proibição e uma necessidade imensa de violar
aquilo que está proibido. E nossa natureza pecaminosa. Se não quebrada a norma,
nenhuma consequência. Mas no caso da pessoa que viola tal norma, sofrerá ela as
consequências da norma. Por esse aspecto, podemos dizer que a norma agrava a
violação, pois se não houvesse a norma não haveria a violação. Se houvesse Lei,
não haveria o pecado. A graça de Deus apresentada pelo apóstolo Paulo implica
num compromisso muito sólido e vivo com a ética do Reino de Deus e sua justiça.
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