Lições Bíblicas CPAD / Adultos
Título: Maravilhosa Graça — O
Evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos
Comentarista: José Gonçalves
TEXTO ÁUREO: “Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e
alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17).
Abaixo, os objetivos
específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por
exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Saber que a igreja em Roma
era uma igreja heterogênea
II. Explicar que a igreja em
Roma era tolerante com os mais fracos
III. Compreender que assim
como a igreja em Roma, a igreja atual precisa ser acolhedora
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Professor,
não se esqueça de incentivar os alunos a lerem toda a Epístola de Romanos para
que tenham uma compreensão melhor do texto. Na lição de hoje estudaremos os
capítulos 14 e 15 da Epístola aos Romanos. Nestes capítulos vemos que Paulo
volta a tratar de questões práticas da fé. O apóstolo mostra que a igreja em
Roma era bem heterogênea, por isso, os crentes não deviam entrar em discussões
a respeito de convicções religiosas. Ele também mostra que era necessário
tratar uns aos outros com respeito e amor. Paulo mostra que não temos o direito
de julgar ninguém. Ele pergunta: “Quem és tu que julgas o servo alheio?” (v.4).
Somente Deus conhece as verdadeiras intenções do coração. Como crentes
alcançados pela graça, precisamos amar respeitar e tolerar os fracos na fé. A
Igreja precisa ser um local de acolhimento, amor e paz, e não um tribunal.
INTRODUÇÃO
O apóstolo Paulo foi
informado de que havia alguns conflitos na igreja de Roma, os quais giravam em
torno da liberdade cristã. Alguns crentes, ainda imaturos, se escandalizavam
com determinadas atitudes dos crentes, cuja fé achava-se amadurecida. Esses
conflitos, como acredita a maioria dos comentaristas, surgiu com o retorno de
alguns judeus cristãos que haviam sido expulsos pelo imperador Cláudio. Estes,
ao se juntarem à igreja formada em sua maioria por gentios, se escandalizaram
com determinadas práticas. Paulo busca um ponto de equilíbrio a fim de que a
obra de Cristo não sofresse nenhum dano. Este é o tema que vamos estudar.
1. A natureza da Igreja.
É possível percebermos,
nesta seção da Epístola aos Romanos, que Paulo apela para a natureza da Igreja
a fim de corrigir o problema que nela surgiu. A Igreja é una, isto é, embora
formada por pessoas de grupos diferentes, ela forma o corpo de Cristo. Para ser
Igreja, ela precisa atender o critério da unidade. Não há judeus nem gentios,
mas a Igreja de Deus. Ela é, portanto, indivisível. Esse é o primeiro aspecto
que podemos perceber na linha argumentativa de Paulo. Nisto vemos a natureza
heterogênea da Igreja. Essa Igreja una e indivisível é de natureza local e
universal. Os crentes judeus e gentios deveriam, portanto, se conscientizar de
que problemas de natureza local não poderiam sobrepor-se à universalidade da
Igreja. A liberdade deveria ser respeitada, isto é, regulada pela lei do amor.
2. Os fracos na fé.
Quem seriam os fracos na
fé? Os crentes fracos eram principalmente cristãos judeus que se abstinham de
certos tipos de alimentos, e observavam determinados dias em razão de sua
contínua lealdade à Lei de Moisés (Rm 14.6,14). Muitos judeus que haviam se
convertido não conseguiam se libertar totalmente dos preceitos do judaísmo.
Além de observar determinados rituais relacionados ao culto, eles queriam que
os gentios fizessem o mesmo. Paulo teve que resolver problemas semelhantes na
igreja de Corinto (1Co 8.1-13), Galacia e Colossos. Esses cristãos — podemos
chamá-los de imaturos — não conseguiram entender por completo a natureza da
Nova Aliança em Cristo Jesus. Eram crentes nascidos de novo, mas ainda não haviam
conseguido se libertar do legalismo.
3. Os fortes na fé.
Se os crentes fracos eram
formados por judeus crentes, mas que viviam ainda debaixo da velha aliança, os
fortes eram formados tanto por judeus como por gentios que haviam alcançado um
entendimento correto das implicações da Nova Aliança. Esse fato é confirmado
pela afirmação do apóstolo Paulo que se enfileira com os fortes na fé (Rm
15.1). Portanto, os fortes sabiam que não estavam mais debaixo da Lei, mas da
graça.
Juízo de valor (14.1)
Significa determinar, com
base em nossas próprias crenças e convicções, que certa pessoa está em pecado.
Quando uma pessoa se envolve num ato que a Bíblia tipifica como pecaminoso, não
estamos fazendo juízo de valor ao classificar esse ato de pecado, mas, sim,
estamos em concordância com Deus. É importante ter clara, na mente, essa
distinção. A igreja deve disciplinar os crentes que pecam, mas ninguém, nem
mesmo a congregação, tem o direito de emitir juízo de valor.Forte e fraco (14.2). Para surpresa de muitos, é o fraco na fé (aetheneia: fraco, incapacitado) que tem problemas com a liberdade de outros, que desfrutam de uma fé mais forte! O forte na fé leva em conta que a espiritualidade não é uma questão de fazer ou não fazer, mas de amar e servir a Deus enquanto usufrui suas boas dádivas.
Desprezar (14.3). O problema de julgar os outros é que isso distorce relacionamentos, nos impede o entendimento e de compartilharmos a ajuda uns dos outros. “Deus se agrada de nós, pelos nossos relacionamentos, não se comemos carne ou somos vegetariano” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.750).
1. A lei da liberdade.
Um tema que Paulo trata com
bastante ênfase na Epístola aos Romanos é o da liberdade em Cristo. Em Romanos
7.24 e 25, o apóstolo tinha consciência da incapacidade de o crente se auto
libertar. Por isso, ele glorifica a Deus, na pessoa de Jesus Cristo, por prover
a libertação das garras do pecado. Em sua epístola endereçada à igreja da Galacia,
ele escreveu que foi para a liberdade que Cristo nos chamou (Gl 5.1). A
liberdade cristã lhe dava certeza de uma coisa: “Eu sei e estou certo, no
Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que
a tem por imunda; para esse é imunda” (Rm 14.14). Essa é a lei da liberdade. A
palavra grega koinos, traduzida aqui como imunda, se refere às
coisas que a Lei Mosaica considerava comuns ou impuras. A lei da
liberdade mostrava aos crentes maduros que eles estavam livres dos rudimentos
da Lei de Moisés.
2. A lei do amor.
O versículo 15 do capítulo
14 de Romanos diz: “Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não
andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem
Cristo morreu”. Tendo chamado a atenção para a lei da liberdade, agora o
apóstolo passa a falar de outra lei — a lei do amor. É o amor ágape de
Deus. A lei da liberdade, exercitada por cristãos mais maduros, mostrou-lhes
Paulo, permitia quebrar certas regras ritualísticas. Todavia se isso causasse
algum escândalo nos crentes imaturos, então essa liberdade deveria ser
restringida.
3. A lei da espiritualidade.
Paulo passa a mostrar então
o modelo de espiritualidade que deve conduzir tanto os crentes fortes como os
fracos (Rm 14.22,23). O crente deve possuir convicção bem definida no exercício
da sua fé. Ele deve ter critérios para que não se torne um antinomista ou
legalista. A lei que deve regê-lo é a “lei de Cristo”.
Romanos 14.13
Alguns cristãos usam um
invisível irmão mais fraco, para apoiar suas opiniões, seus preconceitos e
padrões de comportamento. Dizem: ‘Você deve viver de acordo com esses padrões
ou ofenderá um irmão mais fraco’. Na verdade, muitas vezes a pessoa ofenderia
somente a quem lhe fez a recomendação. Embora Paulo estivesse nos conclamando a
sermos sensíveis com aqueles cuja fé poderia ser prejudicada por nossos atos,
não devemos sacrificar nossa liberdade em Cristo apenas para satisfazer as
razões egoístas daqueles que tentam impor-nos suas opiniões. Não tema nem os
critique, apenas siga a Cristo o mais próximo que puder.14.14. No Concílio de Jerusalém (At 15), a igreja local, formada por judeus, pediu à igreja gentílica de Antioquia que recomendasse aos cristãos que não comessem carne sacrificada aos ídolos. Paulo estava no Concílio de Jerusalém e aceitou essa solicitação, não por pensar que comer essa carne seria um pecado, mas porque essa prática ofenderia profundamente muitos judeus. “Paulo não considerava a questão tão séria, a ponto de dividir a Igreja: o desejo ao aceitar a recomendação da Igreja em Jerusalém foi promover a unidade entre os cristãos” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RJ: CPAD, 2005, p.1576).
1. O exemplo dos cristãos maduros.
Como então deveriam agir os
crentes fortes em relação aos fracos? Paulo respondeu: “Mas nós
que somos fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a nós
mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para
edificação” (Rm 15.1,2). Os crentes maduros deveriam dar graças a Deus por
entender o real propósito da Nova Aliança. Eles sabiam que “[...] o Reino de
Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”
(Rm 14.17). Exatamente por possuírem uma fé mais substancial, eles deveriam
servir de modelo para aqueles que ainda não haviam alcançado esse nível de
maturidade. O crente maduro, portanto, deve evitar as coisas que fazem aos mais
fracos tropeçar. Isso, no entanto, não quer dizer que o crente forte
ficará prisioneiro da consciência do crente fraco. Quer dizer que o
crente forte é responsável também pelo crescimento e amadurecimento do fraco,
mostrando-lhe com amor o que significa ser livre em Cristo.
2. O exemplo de Cristo.
O exemplo para essa
limitação da liberdade foi dada por Cristo, nosso Senhor (Rm 15.3). O argumento
de Paulo é que, se o próprio Salvador não agradou a si mesmo, então por que os
crentes que se consideravam mais espirituais não poderiam agir da mesma forma?
Em Cristo, Deus mostrou tolerância para com os pecadores. Paulo já havia falado
em Romanos 5.8, que o amor de Deus pelos homens foi mostrado de forma graciosa
quando Cristo morreu por eles, sendo ainda pecadores.
3. O exemplo das Escrituras.
Paulo apela então às
Escrituras como instrumento aferidor da espiritualidade (Rm 15.4). Ele chama
atenção dos crentes, tanto fortes como fracos, exortando e dizendo que o ensino
das Escrituras deve ter um efeito prático em nossa vida. Ela não foi escrita
apenas como um livro de valor histórico, mas é a inspirada Palavra de Deus e,
portanto, deve ser normalizadora da vida do crente. Ela foi escrita não para
ser um instrumento de discórdia ou aprisionamento, mas para alimentar a nossa
esperança.
No exemplo de Cristo 15.1-13
De certo modo, Paulo dá
continuidade ao assunto do capítulo 14, porém, com uma visão especial.vv.1,2 — Nestes dois versículos a exortação continua quanto às relações entre os crentes denominados ‘fortes’ e os ‘fracos’. Os fortes devem suportar os ‘fracos’ nas suas fraquezas. Não apenas suportá-los, mas ajudá-los. O propósito do crente forte não deve ser o de agradar a si mesmo, mas o de ajudar os que necessitam do seu auxílio (15.2). Paulo exemplifica com Jesus, dizendo: ‘Porque também Cristo não agradou a si mesmo’ (15.3).
[...] O grande problema estava no fato das diferenças de costumes entre os judeus e os gentios. Paulo não desmerece a importância dos pertencentes à ‘circuncisão’, mas reafirma que Cristo é Senhor e Salvador, tanto dos judeus como dos gentios. Para que os crentes gentios não se orgulhassem sobre os crentes vindos do judaísmo, Paulo mostra que o Evangelho é superior aos sistemas de vida. “Gentios e judeus, fortes e fracos, todos são um só povo em Cristo, pois este foi feito ministro para confirmar as promessas (15.8)” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.144).
CONCLUSÃO
Aprendemos como o apóstolo
Paulo procurou pacificar a tensão entre os crentes fortes e fracos na igreja de
Roma. Esse conflito estava gerando um ponto de tensão que poderia em curto
prazo, pôr em risco a obra de Cristo ali.
A respeito da Carta aos Romanos, responda:
1° O que significa ser uma Igreja una?
Resp: Significa que embora seja
formada por pessoas de raças diferentes, ela constitui o Corpo de Cristo. Para
ser Igreja, ela precisa atender o critério da unidade. Não há judeus nem
gentios, mas a Igreja de Deus. Ela é, portanto, indivisível.
2° Segundo a lição, quem são os fracos na fé?
Resp: Os crentes fracos eram
principalmente cristãos judeus que se abstinham de certos tipos de alimentos, e
observavam determinados dias em razão de sua contínua lealdade à Lei de Moisés
(Rm 14.6,14).
3° Segundo a lição, quem são os fortes na fé?
Resp: Os fortes eram formados
tanto por judeus como por gentios que haviam alcançado um entendimento correto
das implicações da Nova Aliança.
4° O que a lei da liberdade mostrava aos crentes?
Resp: A lei da liberdade
mostrava aos crentes maduros que eles estavam livres dos rudimentos da Lei de
Moisés.
5° Como deveriam agir os crentes fortes em relação
aos fracos?
Resp: Paulo respondeu esta
questão em Romanos 15.1,2: “Mas nós que somos fortes devemos suportar as
fraquezas dos fracos e não agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de nós
agrade ao seu próximo no que é bom para edificação”.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A tolerância cristã
O livro dos Atos dos
Apóstolos, no capítulo 15, narra o primeiro grande conflito que poderia levar
grandes prejuízos à comunhão da novata igreja. O problema teve de ser tratado
no que se chamou de o primeiro concílio da igreja. Ora, por intermédio do
ministério de Paulo e de outros companheiros, muitos gentios chegaram à fé. Mas
havia grandes questões: o que era preciso para ser um seguidor de Jesus? Era
necessário o gentio guardar toda a lei de Moisés? Conhecer e compreender a
mensagem do Evangelho não seria suficiente?O concílio da igreja chegou à conclusão de que os gentios não precisariam guardar a Lei de Moisés, senão, apenas considerar as seguintes resoluções:
1. Não comer carne de nenhum animal que tenha sido
oferecido aos ídolos.
2. Não comer sangue nem carne de nenhum animal que
tenha sido estrangulado.
3. Não praticar imoralidade sexual.
Estas resoluções foram
recebidas de maneira amorosa pelos gentios. Mas temas dessa natureza retornaram
agora no capítulo 14 de Romanos. Pois o apóstolo Paulo volta-se novamente
perante o problema que já havia sido superado. Entretanto, a questão maior é que
na igreja de Roma, judeus e gentios estavam convivendo mutuamente, de modo que
os judeus se escandalizavam com a liberdade dos gentios. Mas que nos chama
atenção neste capítulo 14 é o ensino de tolerância que o apóstolo passa a
expor:
1. “Paremos de criticar uns aos outros” (v.13)
2. “Por estar unido com o Senhor Jesus, eu estou
convencido que nada é impuro em si mesmo” (v.14).
3. “Mas, se alguém pensa que alguma coisa é impura,
então ela fica impura para ele” (v.14).
Portanto, em nome da paz e da alegria, vale a pena respeitar o diferente e aquele que não pensa da mesma forma que você. Pensar diferente faz parte da grande diversidade que há na Igreja, o Corpo de Cristo. Por isso, viva em paz! Viva com alegria!
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