Lições Bíblicas CPAD / Adultos
Título: Maravilhosa Graça — O Evangelho de
Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos
Comentarista: José Gonçalves
TEXTO ÁUREO: “E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio” (Rm 15.20).
VERDADE PRÁTICA: Os crentes que foram alcançados pela
graça e vivem pela fé, em Jesus Cristo, precisam ter uma visão missionária
amorosa e abrangente.
I. Compreender a necessidade de termos uma cosmovisão missionária;
II. Apontar a necessidade do planejamento missionário;
III. Relacionar as necessidades
espirituais da obra missionária.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Estamos quase concluindo o estudo da Epístola aos Romanos. Na lição de
hoje estudaremos o penúltimo capítulo como continuação do texto anterior, Paulo
prossegue tratando a respeito do amor e do respeito que devemos ter para com
todos os irmãos. Assim, como fomos acolhidos pela misericórdia de Jesus Cristo,
precisamos acolher o próximo. Acolher não somente aqueles que fazem parte do
Corpo de Cristo, mas também os que ainda estão fora e precisam ouvir a mensagem
do Evangelho. Paulo dedicou toda a sua vida à pregação do Evangelho. Ele
procurou anunciar o nome de Cristo e sua graça aos que ainda não tinham ouvido
nada a respeito do Filho de Deus. O apóstolo pede que a igreja em Roma ore por
ele e o ajude na obra missionária, pois, sem a ajuda dos irmãos, ele não teria
como continuar anunciando a Cristo aos que estavam perdidos.
INTRODUÇÃO
Paulo já estava chegando
ao final da epístola à igreja de Roma. Um dos últimos assuntos tratados por ele
havia sido acerca da tolerância que os crentes maduros devem demonstrar para
com os imaturos. A solução do problema estava em saber equilibrar a liberdade
com o amor cristão. Agora, o apóstolo deseja expor o que estava em seu coração
— o desejo de levar o evangelho da graça de Deus a terras ainda não alcançadas.
Os crentes de Roma, membros de uma igreja que fez o mundo inteiro ouvir os ecos
de sua fé (Rm 1.8), deveriam apoiá-lo nesse empreendimento missionário.
Todavia, para que seu intento fosse alcançado, ele sente a necessidade de
explicar com maiores detalhes o seu projeto missionário. É o que vamos estudar
nesta lição.
I. A NECESSIDADE DE UMA COSMOVISÃO
MISSIONÁRIA (Rm 15.14-21)
1. O propósito da missão.
O que o apóstolo
tinha em mente quando reservou esse espaço em sua Epístola para tratar a
respeito do seu projeto missionário? Paulo desejava que os crentes romanos
compartilhassem do propósito da sua chamada — a conversão do mundo gentílico ao
Evangelho (Rm 15.16). Algumas observações são importantes para ajudar no
entendimento das palavras do apóstolo. Primeiramente, Paulo quer que a igreja o
veja como alguém que estava prestando um serviço de grande relevância diante de
Deus. Este é o sentido do termo grego leitougeo (ministro), usado por
ele aqui. Em segundo lugar, Paulo desejava também que os crentes tivessem consciência
de que esse serviço é um sacrifício do qual Deus se agrada. Esse é o sentido do
termo grego ierourgounta (servir como sacerdote), usado para se referir
às cerimônias do sacrifício levítico. Paulo era um sacerdote de Deus a serviço
da obra missionária e desejava que os crentes se unissem a ele.
2. O agente da missão.
O apóstolo diz que o
seu ministério de evangelismo era instrumentalizado pelo Espírito Santo. O
ministério de Paulo foi marcado pela atuação do Espírito Santo (1Co 2.1-4). Não
há movimento missionário que se sustente sem a participação efetiva do Espírito
do Senhor. É Ele que traz o poder de convencimento ao mundo perdido e prova que
Jesus Cristo continua vivo. Em palavras mais simples, as credenciais de um
ministério autêntico são dadas pelo Espírito Santo. O Movimento Pentecostal é
uma prova viva de que o Espírito Santo é a mais poderosa força geradora de
missões.
3. A esfera da missão.
Paulo informa aos
romanos que pregou o Evangelho desde Jerusalém até ao Ilírico. Um mapa da época
nos permite ver que esses eram os pontos extremos do mundo alcançado por Paulo.
Agora, ele precisava ampliar a esfera do seu projeto missionário, pois não
queria pregar onde outros já tivessem pregado (Rm 15.20,21). Não queria
trabalhar sobre fundamento alheio. O campo era o mundo e este se encontrava
branco para a ceifa. O modelo de Paulo deve ainda ser o nosso modelo.
Infelizmente, o que se observa hoje é que muitos estão edificando sobre
fundamento alheio, invadindo a esfera de atuação de outros obreiros, coisa que
Paulo jamais fez. Estão pregando onde já existem igrejas estabelecidas, às
vezes, da mesma confissão de fé e não onde há realmente necessidade
missionária. Agem movidos pelo espírito de competividade e não de
solidariedade.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
Os planos missionários de Paulo
(15.22-33)
15.22,23 — Nestes
versículos Paulo fala do seu grande desejo de ir a Roma, e diz que tem sido
impedido por circunstâncias várias. Entretanto, ele sente que suas atividades
missionárias nas regiões da Grécia, Macedônia e Ásia Menor, já foram
completadas. Ele dera início à tarefa evangelística e já podia confiar a obra a
outros obreiros, a fim de cumprir o desígnio de seu ministério apostólico.15.24 — ‘Quando parti para a Espanha’. Está expressa aqui a visão expansionista missionária do grande apóstolo. A Espanha agora era a sua meta, e, para tal, passaria antes por Roma.
15.25,26 — Nestes versículos Paulo diz à igreja em Roma que antes terá de ir a Jerusalém, acompanhado por vários irmãos na fé, das igrejas gentílicas. A viagem tinha um cunho filantrópico, pois levariam as ofertas das igrejas da Macedônia e Acaia para os crentes que passavam privações em Jerusalém” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.146).
II. A NECESSIDADE DO PLANEJAMENTO
MISSIONÁRIO (Rm 15.22-29)
1. Estabelecer bases.
Um dos princípios
básicos da implantação de um projeto evangelístico é feito primeiramente com o
estabelecimento de uma base missionária, um ponto de apoio. Paulo sabia que o
seu projeto só teria sucesso se a igreja de Roma se tornasse um ponto de apoio:
“Quando partir para a Espanha, irei ter convosco; pois espero que, de passagem,
vos verei e que para lá seja encaminhado por vós, depois de ter gozado um pouco
da vossa companhia” (Rm 15.24). A expressão “seja encaminhado por vós” traduz o
termo grego , que ocorre nove vezes no Novo Testamento. Essa palavra segundo o
léxico de Bauer significa “ajudar na jornada de alguém com alimento, dinheiro,
companheiros e meios de viagens”. Não se faz missões sem esse tipo de apoio.
2. Estabelecer intercâmbio.
Paulo não era um
calouro na obra missionária nem tampouco um aventureiro em busca de glória
humana. Sua vida foi marcada pela entrega aos outros. Em breve ele estaria
abrindo outra frente missionária, mas antes deveria terminar outro
empreendimento missionário já iniciado (Rm 15.26). Paulo já havia estabelecido
parcerias entre as igrejas. Aqui o intercâmbio é feito entre as igrejas da
Macedônia e Acaia e a igreja de Jerusalém. A “igreja mãe” estava sendo ajudada
pelas filhas.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
Paulo enfatiza que as
igrejas gentílicas são devedoras para com a igreja em Jerusalém, visto que a
bênção do Evangelho de Cristo partiu de Jerusalém. Era justo que, nesses
momentos de perseguições e privações aqueles crentes judeus fossem ajudados.
Conforme declara o apóstolo: ‘Se os gentios foram participantes dos seus bens
espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais’ (v.27).Terminada a sua missão em Jerusalém, não lhe resta outro plano, senão ir a Roma e depois à Espanha.
Paulo sabia que havia grande perseguição contra a igreja de Jerusalém, e que seu trabalho missionário entre os gentios ainda sofria resistência de alguns judeus. Mas ele esperava que na sua ida a Jerusalém, juntamente com irmãos representantes das igrejas gentílicas, levando ofertas para os santos de Jerusalém, fossem bem recebidos. Paulo sabia que havia perigo de vida, pois os judeus mais fanáticos queriam a sua morte (v.31). Por isso, solicita à igreja que ore por esta missão em Jerusalém. Entende Paulo que acima de tudo está a soberana vontade de Deus (v.32)” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.146).
1. A necessidade da cobertura
espiritual.
O apóstolo Paulo, ao
contrário de muitos que se aventuram na obra missionária, sabia da necessidade
de uma “cobertura espiritual”: “E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus
Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim
a Deus” (Rm 15.30). Há duas coisas que quero destacar aqui. A primeira é que
Paulo conta com o apoio da Trindade no seu projeto missionário. Deus Pai, Deus
Filho e Deus Espírito Santo são invocados como suporte para sua missão. A
segunda é que Paulo via com muita seriedade a obra missionária e por isso rogou
que os crentes lutassem em oração com ele. A palavra combatais traduz o grego synagonisasthai,
que significa lutar ou contender junto com alguém. O sentido é de uma luta
espiritual na oração.
2. A necessidade do refrigério
espiritual.
Missões envolvem
conflito espiritual e muitas vezes lágrimas. Todavia, missões são marcadas
também por satisfação espiritual e alegria (Sl 126.5,6). Sem dúvida o apóstolo
tinha isso em mente quando escreveu aos romanos (Rm 15.31,32). O termo grego synanapaufomai,
observa o biblista William Sanday, é usado por Paulo com o sentido de “que eu
possa descansar e refrigerar o meu espírito junto com vocês”. Missões,
portanto, é refrigério no poder do Espírito Santo.
SUBSÍDIO SOCIOLÓGICO
Professor, procure
enfatizar o quanto Paulo amava a obra missionária e se dedicou a ela. Ele
procurou levar o Evangelho às áreas mais carentes, onde as pessoas não tinham
ouvido nada ou quase nada a respeito de Cristo. Aproveite a oportunidade e fale
com seus alunos a respeito da janela 10x40. Diga que nesta “janela” estão os
países menos alcançados com o Evangelho. Países onde a perseguição aos cristãos
é bem grande. Ore, juntamente com seus alunos, por estes países. Peça que Deus envie
pessoas para irem como missionários. Rogue também ao Senhor para que pessoas
possam ofertar e sustentar os que já estão no campo missionário. Se desejar,
reproduza o quadro abaixo para os alunos.
CONCLUSÃO
Nessa lição, vimos
uma das razões que levou o apóstolo a visitar a igreja de Roma. Não era apenas
uma visita fortuita, mas algo planejado. O seu alvo era o estabelecimento de um
ponto de apoio para seu empreendimento missionário. Para isso, Paulo usa esse
espaço de sua Epístola para informar aos crentes em Roma das diretrizes tomadas
para essa viagem. A igreja de Roma, que não tinha Paulo como seu fundador,
teria a oportunidade de ver como trabalhava e apoiar aquele que foi, sem
dúvida, o maior missionário da história.
A respeito da Carta aos Romanos,
responda:
1° O que Paulo tinha em mente quando
reservou um espaço em sua Epístola para tratar a respeito do seu projeto
missionário?
Resp: Paulo desejava que os crentes
romanos compartilhassem do propósito da sua chamada — a conversão do mundo
gentílico ao Evangelho (Rm 15.16).
2° O ministério de evangelismo de
Paulo era instrumentalizado por quem?
Resp: O apóstolo diz que o seu ministério
de evangelismo era instrumentalizado pelo Espírito Santo.
3° Quem é que traz o poder de
convencimento ao mundo perdido e prova que Jesus Cristo continua vivo?
Resp: O Espírito Santo.
4° Quem é a mais poderosa força
geradora de missões?
Resp: O Movimento Pentecostal é uma prova
viva de que o Espírito Santo é a mais poderosa força geradora de missões.
5° Segundo a lição, cite duas
necessidades da obra missionária.
Resp: A necessidade da cobertura
espiritual e a necessidade do refrigério espiritual.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Cosmovisão missionária
Se há uma
característica que podemos confirmar na carta do apóstolo Paulo aos Romanos é o
sentimento missionário do apóstolo. Paulo era um homem de coração voltado para
as missões. O Espírito Santo usou a instrumentalidade de Paulo para o Evangelho
atingir a civilização ocidental. Por isso, podemos notar características muito
profundas na visão missionária de Paulo.
A visão missionária de Paulo
O capítulo 15 de
Romanos mostra a primeira predisposição de o apóstolo anunciar o Evangelho a
quem nunca ouviu falar sobre ele. Neste sentido, veja a fala do apóstolo: “E
desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera
sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio” (v.20). A partir deste
texto, uma característica essencial que brota naturalmente de Paulo é a sua
forma honesta de fazer Missões em que ele jamais anunciaria Cristo onde Ele já
fora anunciado. Imagine o impacto que essa visão paulina traria em nossa
prática missionária nos tempos modernos!A visão missionária que esteja voltada para as pessoas é a mais fiel em relação ao Evangelho, pois ela não está voltada para um projeto de extensão de instituições religiosas, mas simplesmente em alcançar corações e mentes que ainda não conhecem a Deus e a justiça do seu Reino.
Outra característica que encontramos na visão missionária de Paulo é a esperança. Note o versículo 24: “Quando partir para a Espanha, irei ter convosco; pois espero que, de passagem, vos verei e que para lá seja encaminhado por vós, depois de ter gozado um pouco da vossa companhia”. De acordo com alguns estudiosos, é problemática a questão se o apóstolo Paulo chegou ou não à Espanha. Entretanto, a Epístola de Clemente à Igreja de Corinto e o fragmento muratoriano (uma cópia da lista mais antiga que se tem dos livros do Novo Testamento) são considerados argumentos fortes em relação à ida do apóstolo à Espanha.
Apesar do tempo, dos obstáculos do ministério e de tantas outras questões que afligiam o apóstolo, ele não deixou de ter esperança e novos planos. Mas antes, ele planejara ir à Jerusalém para ministrar aos santos (v.25).
Predisposição para anunciar Cristo onde Ele não fora anunciado e esperança renovada na missão de Deus são características que brotam naturalmente da leitura da epístola paulina: “Assim que, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha” (v.28).
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