Lições
Bíblicas CPAD / Adultos
Título:
Maravilhosa Graça — O Evangelho de Jesus Cristo revelado na carta
aos Romanos
Comentarista: José
Gonçalves
TEXTO ÁUREO: “Ao único Deus, sábio, seja dada glória por
Jesus Cristo para todo o sempre. Amém!” (Rm 16.27).
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Compreender
a importância das relações interpessoais;
II. Apontar as
ameaças às relações interpessoais;
III. Apontar a
fonte das relações interpessoais.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Com graça de Deus, chegamos ao final do
estudo da Epístola aos Romanos. Paulo conclui a carta saudando alguns irmãos e
irmãs em Cristo. A lista de saudações é bem extensa. Ele cita judeus e gentios,
gente simples e autoridades. Isso mostra que o líder precisa da ajuda de
cooperadores. Paulo tinha vários cooperadores e não deixou de fazer menção do
nome deles. O apóstolo demonstra seu amor por todos os irmãos que cooperavam
com a obra de Deus. Na conclusão da Epístola de Romanos, percebemos que o
apóstolo Paulo não somente fundou igrejas e pregou o Evangelho de Cristo aos
gentios. Ele construiu comunidades de amor, de remidos em Cristo pela graça,
que amavam ao Senhor e a sua obra.
INTRODUÇÃO
Os vinte e sete versículos do capítulo dezesseis da Epístola aos Romanos
encerram a monumental obra literária de Paulo. Por toda a obra, o apóstolo
discorreu a respeito dos principais temas da fé cristã e deixou-nos princípios
fundamentais que são úteis para a construção de relacionamentos interpessoais.
De uma maneira informal, mas com o seu estilo literário característico, Paulo
traz à lembrança nomes de pessoas que, de uma forma ou de outra, o ajudaram a
construir a identidade cristã do primeiro século. Ele não deixou que esses
nomes caíssem no esquecimento, e, no final de sua carta envia-lhes saudações,
numa demonstração de gratidão a Deus por tudo o que essas significaram para
ele.
1.
Valorizando pessoas, não coisas.
Paulo finaliza sua carta primeiramente recomendando a irmã Febe, membro
da igreja de Cencreia. Foi através dela que o apóstolo enviou sua epístola à
igreja que estava em Roma. A recomendação vem acompanhada de uma observação na
qual Paulo reconhece o serviço prestado por ela à igreja de Cencreia: “[...] A
qual serve na igreja que está em Cencreia, para que a recebais no Senhor, como
convém aos santos, e a ajudeis em qualquer coisa que de vós necessitar; porque
tem hospedado a muitos, como também a mim mesmo” (Rm 16.1,2). Ela servia à
igreja. O vocábulo servir, usado aqui, traduz o termo grego diakonos, o
que tem levado muitos comentaristas a acreditar que ela era uma diaconisa da
igreja. O fato é que o apóstolo pôs em evidência a função em vez do ofício.
Infelizmente, hoje as coisas estão invertidas. O que vale mais hoje são os
títulos e os cargos ao invés do desempenho do serviço cristão.
2. O valor
das mulheres.
Paulo fala de Priscila e Áquila, como tendo exposto suas vidas na causa
do Evangelho (Rm 16.3). Esse casal era judeu e havia sido expulso de Roma pelo
imperador Cláudio. Agora haviam voltado à capital do império. Outras
referências ao mesmo casal são encontradas em Atos 18.2,18,26; 1 Coríntios
16.19 e 2 Timóteo 4.19. Duas observações são importantes na vida desse casal.
Primeiramente, Paulo sempre cita Priscila em primeiro lugar. Muitos comentaristas
concordam que isso tinha uma razão de ser. Priscila se destacava na obra do
Senhor, sendo auxiliada por Áquila, seu esposo. Quem não conhece uma irmã em
Cristo que se destaca mais do que o esposo na causa do Mestre? Paulo não cita
apenas Priscila, mas cita outras mulheres de igual destaque. No versículo 6,
ele menciona uma mulher de nome Maria: “Saudai a Maria, que trabalhou muito por
nós”. Pouco se diz dessa Maria, e o que se sabe é que ela “trabalhou muito” na
obra de Deus. Trabalhar aqui traduz o termo grego kopiao, que significa
trabalho voluntário. Maria se deu voluntariamente para a obra de Deus.
Precisamos de mais “Marias”. Que o Senhor envie mais “Marias” para a sua obra.
3. Irmandade
e companheirismo.
Na saudação seguinte, sentimos o peso que tinha a comunidade cristã para
Paulo e o valor do seu companheirismo (Rm 16.7,8). A igreja é o Corpo de
Cristo. Ela é uma grande família. Conscientizemo-nos da importância que tem a
fraternidade cristã para a saúde da igreja. Infelizmente a nossa espiritualidade
segue mais um modelo de condomínio, onde ninguém conhece ninguém, do que de uma
casa de família, onde todos se conhecem e se relacionam.
Paulo
recomenda Febe (16.1)
A palavra que a descreve como serva é diakonia, diácono. Exceção
feita pelo seu final feminino, é a mesma palavra em todas as versões em inglês
para ‘diácono’ nas epístolas pastorais. É usada também para indicar cargo de
liderança na igreja. Aparentemente, Paulo não era tão negativo em relação à
liderança feminina quanto muita gente é hoje.Priscila e Áquila (16.3). O casal apresentado em Atos 18 era bem próximo do apóstolo Paulo e estava profundamente envolvido em seu ministério. É significativo notar que, exceção feita ao versículo em que os dois são apresentados, o nome da esposa precede o do marido. Tudo indica que os dons de Priscila eram maiores do que os dons do cônjuge e a Escritura é testemunha do respeito que ela gozava na igreja primitiva” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.752).
II. AS
AMEAÇAS ÀS RELAÇÕES INTERPESSOAIS
1. Individualismo.
No meio das
saudações, o apóstolo Paulo, de forma abrupta, põe uma advertência: “E
rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a
doutrina que aprendestes; desviai-vos deles” (Rm 16.17). Alguns comentaristas
acham que esse versículo se encontra deslocado do restante dos demais. Mas, a
verdade é que ele está no lugar onde deveria estar. Paulo via como uma ameaça a
quebra da koinonia cristã. Portanto, era um perigo às relações
interpessoais, o individualismo daqueles que promoviam dissensões. Esse
individualismo está caracterizado no fato de que eles serviam ao seu próprio
estômago ou ventre. Viviam para si mesmos. O faccioso geralmente é um indivíduo
solitário até o momento em que arregimenta outros para compartilhar do seu
pensamento doentio. A igreja deve observá-lo e afastar-se dele.
2.
Sensualismo e antinomismo.
Esses irmãos facciosos não apenas provocavam dissensões, mas também
promoviam escândalos (Rm 16.17). A maioria dos comentaristas são de acordo que
Paulo tinha em mente o movimento herético do primeiro século conhecido como
gnosticismo. Era um movimento sectário, que tinha como prática o sensualismo e
o antinomismo. Em outras palavras, como viam a matéria como algo ruim, não
tinham apreço pelo corpo, já que este era material. Isso os conduzia a uma vida
sensual. Por outro lado, outra consequência desse entendimento errado, estava
na troca da doutrina bíblica por “palavras suaves e lisonjas” (Rm 16.18). Não
havia regras para obedecer. Esse ensino de sabor adocicado, porém falso, tinha
a capacidade de atrair os incautos.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
Professor, mostre aos alunos os princípios cristãos estabelecidos por
Paulo que nos ajudam desenvolver relacionamentos saudáveis: “Não devemos julgar
ou desprezar outras pessoas cujas convicções diferem das nossas. Devemos
reconhecer o senhorio de Jesus Cristo como realidade prática. Isso significa
que devemos proteger a liberdade que os cristãos têm, individualmente, de
tomarem suas próprias decisões quanto às ‘contendas sobre dúvidas’. Jesus, não
a minha consciência, é o Senhor do meu irmão. As ‘contendas sobre dúvidas’, nas
quais divergimos, não são erradas nem certas em si mesmas. Mas, qualquer ato
que viole a consciência é errado para as pessoas. No exercício de nossa
liberdade, devemos permanecer sensíveis às convicções dos outros. Escolher agir
de maneira a beneficiar nossos irmãos é liberdade de fazer algo que viole a
consciência dos outros. Estaremos em situação bem melhor se, todos nós,
concordarmos em manter para nós mesmos nossas convicções sobre questões
duvidosas, e tratarmos de assuntos relacionados a amar e servir uns aos outros.
Lembremo-nos sempre do exemplo de Cristo. Como Jesus aceitou a você e a mim?
Ele nos recebeu em nossa imperfeição. Ele nos recebeu em nossa ignorância. Ele
nos recebeu enquanto velhas práticas ainda estavam ligadas a nós, como as
faixas de linho na sepultura ligavam o Lázaro que o Senhor ressuscitou (Jo
11.44). Jesus nos recebeu para uma experiência transformadora de amor,
confiante de que o poder do perdão de Deus nos limparia e nos purificaria”
(RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 7ª
Edição. RJ: CPAD, 2000, p.323).
III. A FONTE
DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS
1. Existe em
razão da sabedoria e soberania de Deus.
Paulo queria que
os Romanos se certificassem de que ele lhes ensinara o Evangelho de Deus. O
evangelho da graça faz parte do “mistério” que Deus deu a conhecer no final dos
tempos (Rm 16.25). Esse mistério, que esteve oculto, foi dado a conhecer à
Igreja através de revelação do Espírito Santo. Era sobre o desvendar desse
mistério que Paulo acabara de escrever. Deus, em sua soberania, permitiu que a
sua sabedoria fosse revelada no evangelho da graça. O resultado foi a salvação
a todo aquele que crer. A igreja de Roma era fruto disso.
2. Existe em
razão da graça de Deus.
Paulo encerra a sua Epístola com uma uma razão de ser, a revelação da
graça de Deus, mediante o Evangelho: “Mas que se manifestou agora e se
notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a
todas as nações para obediência da fé, ao único Deus, sábio, seja dada glória
por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém!” (Rm 16.26,27). Essas palavras de
adoração nos fazem lembrar outra expressão de louvor do apóstolo: “Porque dele,
e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente.
Amém!” (Rm 11.36).
Ele é
poderoso (16.25-27)
Como é possível levar pecadores, motivados pelo egoísmo e paixões
pecaminosos, separados por preconceitos raciais e enormes diferenças sociais, a
crerem numa comunidade unida pelo amor desprendido? Somente Deus pode fazer
isso no mundo do século primeiro. Somente Deus pode assim proceder em nossos
dias. A mensagem de Romanos é de que ele o fará, através da justiça imputada a
nós pela fé, construída verdadeiramente pela confiança contínua em nosso Deus
vivo” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de
Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012,
p.752).
CONCLUSÃO
Nada mais apropriado do que encerrar uma carta incentivando as relações
interpessoais saudáveis. É isso o que Paulo faz no final da carta aos Romanos.
Primeiramente vemos o quanto ele valorizou o relacionamento interpessoal
saudável, doutrinando a igreja a respeito dos perigos das contendas e divisões.
O individualismo, o sensualismo e as heresias deveriam ser resistidos
energicamente. Muitos dos nomes que Paulo citou haviam labutado ombro a ombro
com ele na edificação do Corpo de Cristo. Não eram lembranças nostálgicas, mas
recordações que ajudavam a refrigerar a alma. Por último, não deveriam esquecer
de que a fonte e a origem de toda harmonia é Deus. Ele é a fonte de toda a
graça dispensada.
PARA REFLETIR
A respeito
da Carta aos Romanos, responda:
1° Paulo
finaliza sua carta primeiramente recomendando a qual membro da igreja de
Cencreia?
Resp: Paulo
finaliza sua carta primeiramente recomendando a irmã Febe.
2° Cite o
nome de algumas irmãs que cooperaram com Paulo.
Resp: Febe,
Priscila, Áquila, Maria.
3° Qual era
a recomendação de Paulo em relação àqueles que causavam dissensões e
escândalos?
Resp: A igreja
deve observá-lo e afastar-se dele.
4° Segundo a
lição o que era o movimento herético do primeiro século conhecido como
gnosticismo?
Resp: Era um
movimento sectário, que tinha como prática o sensualismo e o antinomismo. Em
outras palavras, como viam a matéria como algo ruim, não tinham apreço pelo
corpo, já que este era material.
5° Como
Paulo encerra a sua carta?
Resp: Paulo
encerra a sua Epístola com uma expressão de louvor e adoração.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
O cultivo
das relações interpessoais
O último capítulo de Romanos, o 16, é uma descrição de uma lista de
pessoas que o apóstolo Paulo conhecia, embora ele ainda não tivesse chegado à
igreja de Roma: Febe, a portadora da carta do apóstolo (v.1); Priscila e Àquila,
casal que cuidou de Paulo em Corinto (v.3); Epêneto, Amplíato e Pérside eram
pessoas queridas do apóstolo, onde demonstra um vínculo de comunhão do apóstolo
devido a expressão “querido” (vv.5,8,9,12); Maria, uma trabalhadora que por
certo fora uma das fundadoras da igreja, pois a expressão “muito trabalhou”
evoca essa ideia (v.6); Andrônico e Júnias, segundo os estudiosos do Novo
Testamento, eram parentes do apóstolo, bem como judeus (v.7); Amplíato, o
“dileto amigo no Senhor” (v.8); Urbano, o cooperador, e Estáquis como “meu
amado” (v.9); Apeles, um homem “aprovado em Cristo”, a família de Aristóbulo
(v.10); Herodião, de acordo com o nome e o contexto mencionado sugerem que ele
pertencia à casa ou à família de Herodes (v.11); Trifena e Trifosa, supõem-se que
eram irmãs, e Pérside também era uma mulher (v.12); Rufo, o “eleito do Senhor”
e a mãe de Rufo que Paulo a respeitava devido o seu acolhimento (v.13);
Asíncrito, Flegonte, Hermes, Pátrobas, Hermas e a todos os irmãos que estão com
eles (v.14); Filólogo e Júlia, Nereu e sua irmã, ao irmão Olimpas e todo o povo
que está com ele (v.15); por final: “Saudai-vos uns aos outros com santo
ósculo” (v.16).Note a lista de pessoas que o apóstolo Paulo conhecia sem ainda ter ido à igreja de Roma. Expressões como “queridos no Senhor”, “a igreja que está em sua casa”, “dileto amigo”, “meu amado” mostram o carinho e o relacionamento de ternura que o apóstolo cultivava com as pessoas, mesmo de longe. Imagine a necessidade que temos de cultivar o relacionamento de carinho e ternura com as pessoas que estão pertos: a nossa família, a igreja onde congregamos e pessoas próximas de nós.
A importância da relação interpessoal
A vida na igreja local é uma grande oportunidade para termos um
relacionamento de respeito e de muita alegria com aqueles que chamamos de
irmãos. Na igreja local, nos relacionamentos com pessoas de diversas
características: criança, adolescente, jovem, adulto, terceira idade, pessoas
portadoras de alguma deficiência. Ou seja, é o nosso universo de relacionamento
interpessoal. Neste aspecto, o último capítulo de Romanos é um estímulo a
doar-nos ao próximo em nome de Jesus.
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