segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Lição 11 CPAD - 3° Trimestre 2012


Lição 11

 
“INVEJA, UM GRAVE PECADO”

 
Texto Áureo: Pv. 14.30 – Leitura Bíblica: I Jo. 2.9-15

 
Prof. José Roberto A. Barbosa


 
 
INTRODUÇÃO

A inveja é um dos principais problemas com o qual as pessoas são obrigadas a conviver nessa sociedade do consumo e da ostentação, que respalda suas posições nos méritos e no esforço-próprio. Nem mesmo o contexto eclesiástico está livro desse sentimento, na verdade, alguns ciclos evangélicos fomentam a inveja. Diante dessa triste realidade, e das muitas aflições resultantes desse grave pecado, estudaremos, na lição de hoje, a respeito da inveja, dando sua definição, apontando casos bíblicos, e ao final, mostrando como lidar com o sentimento invejoso.

 

1. INVEJA, UM PECADO GRAVE

O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa define inveja como “desgosto ou pesar pelo bem ou felicidade de outrem”; e “desejo violento de possuir o bem alheio”. A palavra inveja no português vem do latim invidere, que significa “em – contra” e “videre – olhar para”, isto é, alguém com maus olhos que, com ressentimento, contempla com desejo o êxito do outro. No hebraico, o termo é qinah, que também significa “zelo e ciúme”, empregado cerca de quarenta e duas vezes. Nos Decálogo há uma instrução expressa para que as pessoas não invejem umas as outras (Ex. 20.17), ainda que o verbo nessa passagem seja chamad, desejar, e não qinah, invejar. Os textos sapienciais bíblicos estão repletos de orientações quanto à inveja: Sl. 37.1; 73.2,3; Pv. 3.31; 23.17; 24.1,19 e Ec. 4.4. No grego, a palavra bíblica para inveja é phthonos, encontrada nove vezes, como uma emoção negativa que motivou os líderes judeus a desejarem que Jesus fosse morto pelas autoridades romanas (Mt. 27.18; Mc. 15.10). Em suas epístolas, Paulo categoriza a inveja entre os pecados mais graves (Rm. 1.29; Gl. 5.21; I Tm. 6.4; Tt. 3.3; I Pe. 2.1; Fp. 1.15). A inveja é um pecado grave porque demonstra a mesquinharia humana, principalmente porque a pessoa invejosa tende a se aproximar da pessoa invejada a fim destruí-la. Trata-se de grave pecado porque além de almejar o que a outra pessoa tem, a vontade do invejoso é a de passar pela mesma circunstância do outro. A inveja coloca o invejoso em uma situação de queixa e insatisfação constante, principalmente ao constatar que jamais será como o outro. A inveja é resultante da baixa-estima, e geralmente vem junto da crítica, da fofoca, da dependência e do desânimo.

 

2. CASOS BÍBLICOS DE INVEJA

Na Bíblia nos deparamos com vários casos de inveja, o de Caim, por causa do sacrifício aceito de Abel (Gn. 4.4,5) – Deus recebeu o sacrifício de Abel, mas não o de Caim, certamente por causa da disposição espiritual daquele e do descaso deste. A inveja é um sentimento bastante comum entre irmãos, outro exemplo é o dos irmãos de José, os quais, por causa da preferência do seu pai, favorecendo-o em detrimento dos outros, provocou a inveja dos irmãos de José (Gn. 37.11,28). Os pais precisam ter cuidado para não fomentarem a inveja entre os irmãos, mostrando preferência por um filho e desprezando o outro. Coré, Datã e Abirão não quiseram aceitar a liderança espiritual de Moisés, por isso demonstraram inveja dele, isso resultou em juízo da parte de Deus (Nm. 16.3; 31-33). No contexto eclesiástico a inveja existe por causa das posições e do status que geralmente se atribuiu a determinados cargos. Ao invés de perceberem a funcionalidade das atribuições na igreja, com vistas à edificação do Corpo de Cristo (Ef. 4.11,12), muitos líderes ostentam e desprezam os liderados, causando inveja em alguns. A fidelidade também provoca inveja, Hamã não se conformava com a dedicação de Mardoqueu (ET. 5.13,14), fez de tudo para destruir a vida daquele homem e todo o povo judeu. Daniel também foi vítima desse pecado grave, pois os príncipes persas não gostavam do respeito que ele tinha diante das autoridades, por isso, planejaram sua morte (Dn. 6.4, 19-24). O contexto religioso também é doentio, a neurose religiosa leva as pessoas a terem inveja, Jesus passou por esse tipo de perseguição. Os doutores da lei, escribas e fariseus, principalmente as autoridades religiosas, entregaram o Senhor às autoridades romanas por causa da inveja (Mt. 27.18; Mc. 15.10). Os membros das igrejas evangélicas sofrem com esse tipo de sentimento. Se por um lado, há a gloria dos cargos, principalmente dos ministérios, por outro, dezenas buscam a ascensão ministerial. Mas não há espaço para todos nos altos postos da hierarquia ministerial, gerando, na igreja, o grupo dos invejosos e o dos invejados.

 
 
3. COMO LIDAR COM A INVEJA

A inveja é perigosa porque leva à queda (Sl. 73.2), tira a paz, corroendo o íntimo do ser (Pv. 14.30), conduz à maldade e à perversidade (Tg. 3.14-16), podendo levar até ao homicídio (Gn. 4.8). Quebrar o ciclo da inveja é necessário, principalmente no contexto da igreja, seguindo o exemplo de Cristo, ao lavar os pés dos seus discípulos (Jo. 13). O Senhor Jesus não tinha a menor pretensão de ser grande, na verdade, Ele veio para servir (Mc. 10.45), não para ser servido, esvaziou-se da Sua glória para cumprir o ministério que lhe fora confiado (Fp. 2.5-8). A inveja é um sentimento mundano, que nada tem de cristão, está respaldado na meritocracia, não na graça maravilhosa de Deus. O invejoso desqualifica o trabalho do outro, o cristão sincero elogia, admira o que os outros fazem. O invejoso é um agressor verbal, ele intimida as pessoas, não perde uma oportunidade para destruir o outro através das palavras, principalmente se puder corroer o circulo de amizades do invejado. Por isso, o invejoso é falso, ele não é digno de confiança, fala mal dos outros para você e fala mal de você diante dos outros. O invejoso é incapaz de reconhecer seus erros, ele não se apercebe da sua condição, faz tudo com naturalidade, como se não estivesse errado. O invejoso é medíocre, ele não faz nada para sair da sua condição, não quer sair da sua “zona de conforto”, por esse motivo, quer destruir os outros. O invejoso é manipulador, ele entra nas relações com sentimentos destrutivos, se não conseguir controlar a vida dos outros, especialmente a de quem inveja, não consegue encontrar satisfação. O invejoso é orgulhoso, o seu “eu” é grande demais para caber dentro dele mesmo. Não faz coisa alguma nos pensando outros, somente consegue visualizar a si mesmo, tem forte sentimento narcisista.

 

CONCLUSÃO

Só há um antídoto contra a inveja, e este é cultivo do fruto do Espírito (Gl. 5.22,23). A relação entre as pessoas em conformidade com o parâmetro bíblico é respaldada no amor (I Co. 13). As relações fundamentadas no ágape não favorecem a inveja, antes a destrói, para tanto e preciso viver em constante doação, tendo Deus, em Cristo, como exemplo maior (Jo. 3.16; 10.15). Mas é preciso ter cuidado com a inveja, bem como com o invejoso, em alguns casos, por causa do farisaísmo característico, o melhor mesmo é manter distância.


BIBLIOGRAFIA

SORGE, J. Inveja: o inimigo interior. São Paulo: BV Editora, 2010.

STOMATEAS, B. Gente tóxica. São Paulo: Thomas Nelson, 2012.

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