domingo, 4 de fevereiro de 2018

Lição 6 CPAD - 1° Trimestre 2018


LIÇÕES BÍBLICAS CPAD / ADULTOS

Título: A supremacia da Cristo — Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus

Comentarista: José Gonçalves

Data: 11 de Fevereiro de 2018





TEXTO ÁUREO: Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas(Hb 6.12).

 
VERDADE PRÁTICA: Contra o perigo da apostasia, a Palavra de Deus revela a necessidade de ânimo e perseverança de fé.

 
OBJETIVO GERAL: Conscientizar que para perseverarmos na fé precisamos crescer em Cristo, estar em constante vigilância e confiar nas promessas.

 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

I. Afirmar a necessidade do crescimento espiritual;

II. Sinalizar a necessidade de vigilância espiritual num tempo de apostasia;

III. Conscientizar acerca da necessidade de confiarmos nas promessas de Deus.
 

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Apostasia remonta a ideia de decaída, deserção, rebelião, abandono, retirada ou afastamento daquilo que antes se estava ligado. Em relação à nossa fé, apostasia significa romper o relacionamento salvífico com Cristo. Geralmente esse fenômeno se manifesta na esfera moral e ética, bem como na esfera doutrinária. Neste tempo de apostasia, à luz da Carta de Hebreus, somos chamados a perseverar na comunhão com Cristo e a viver em fé na esperança renovada de que um dia estaremos para sempre com o Senhor.
 

INTRODUÇÃO
O autor já havia dito que os crentes deveriam ser mestres, mas em vez disso necessitavam que alguém lhes ensinasse de novo os primeiros rudimentos da fé (Hb 5.12). A vida cristã é dinâmica e exige que o discípulo vá além dos primeiros passos. Mas isso não estava acontecendo com a comunidade com a qual o autor sacro se correspondia. Em vez disso, dava sinais de cansaço, indolência, negligência e imaturidade espiritual, o que poderia trazer como consequência o esfriamento e o fracasso na fé. A graça não é irresistível e nem tampouco incondicional. A apostasia é retratada pelo escritor como algo real e não apenas como um perigo hipotético, por isso, ele mostra que para se evitar decair é necessário perseverança, fé e confiança nas promessas de Deus.

 
PONTO CENTRAL: Devemos ter uma vida de perseverança e fé em tempos de apostasia.

 
I. A NECESSIDADE DO CRESCIMENTO ESPIRITUAL

1. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre arrependimento e fé.
Longe de dizer que a doutrina do arrependimento e da fé não é mais necessária, o autor quer mostrar que ela é importante sim, mas que constitui o “ABC doutrinário” da fé cristã. A vida cristã começa com o arrependimento e fé (Mc 1.15). De fato, a Bíblia mostra que para que uma pessoa possa ser salva, ela primeiro deve crer (Mc 16.16; At 16.31; Rm 1.16; Ef 2.8; 1Tm 1.16) e não o contrário. Todavia não deve parar aí. Há um longo caminho a percorrer e os seus leitores, parece, haviam se esquecido desse fato, “estacionando” na jornada.


2. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre batismos e imposição de mãos.
O segundo bloco de rudimentos doutrinários (Hb 6.2) mostrado pelo autor é formado pelos ensinamentos sobre batismos e imposição de mãos. O contexto mostra que em Hebreus 6.2 a referência é ao batismo cristão em contraste com outros batismos praticados no judaísmo. Na igreja primitiva o batismo em águas era feito em razão do “arrependimento para remissão de pecados” (Mc 1.4; At 10.47,48; 22.16). O batismo não possuía poder salvífico, isto é, não era um sacramento, mas um testemunho público da fé em Cristo. Por outro lado, a doutrina da imposição de mãos é evidenciada em vários lugares na Bíblia, mas era sempre demonstrada como um símbolo exterior da prática da oração (At 6.6; 13.3; 1Tm 4.14).


3. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre ressurreição e juízo.
Fica patente para o leitor do Novo Testamento que a pregação apostólica se fundamentava primeiramente no fato da ressurreição de Jesus (At 4.33; 17.18). Tanto a doutrina da ressurreição dos mortos como a do juízo vindouro são demonstradas pelo autor como fontes de esperança para os cristãos (Hb 10.36,37; 12.28,29). Elas eram elementos indispensáveis para que o cristão mantivesse sua expectativa no porvir. Mas não deveriam parar aí, antes, tinham de avançar.

 
SÍNTESE DO TÓPICO (I): Crescer espiritualmente significa ir além dos rudimentos doutrinários do arrependimento e da fé, do batismo, da imposição de mãos, da ressurreição e do juízo.

 
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Prezado(a) professor(a), faça um resumo do capítulo 6 de Hebreus para a classe, antes de introduzir este tópico. Se possível, reproduza o esquema abaixo:

 

CONHEÇA MAIS

Apostasia

[Do gr. apostásis, afastamento] Abandono premeditado e consciente da fé cristã. No Antigo Testamento, não foram poucas as apostasias cometidas por Israel. Só em Juízes, há sete desvios ou abjuração da verdadeira fé em Deus. Para os profetas, a apostasia constituía-se num adultério espiritual. Se a congregação hebreia era tida como a esposa de Jeová, deveria guardar-lhe fielmente os preceitos, e jamais curvar-se diante dos ídolos”. Leia mais em Dicionário Teológico, de Claudionor Corrêa de Andrade, CPAD, p.48.

 
 

II. A NECESSIDADE DA VIGILÂNCIA ESPIRITUAL

1. Apostasia, uma possibilidade para quem foi iluminado e regenerado.
As palavras do autor dão início ao versículo 4 do capitulo 6 de Hebreus com o vocábulo grego adynato, traduzido aqui como “impossível”. É a mais forte advertência em o Novo Testamento sobre o perigo de decair da graça. Os gramáticos observam que o seu sentido aqui é enfatizar o que vem colocado depois da conversão (Hb 6.4). O autor fala de pessoas crentes, porque nenhum descrente foi iluminado nem tampouco experimentou do dom celestial. No capítulo 10 e versículo 32 ele usa a expressão “iluminados” para se referir à conversão dos seus leitores. Além do mais, as palavras “uma vez” (Hb 6.4) contrastam com “outra vez” (Hb 6.6), mostrando o antes e o depois da conversão. Essas não são expressões usadas para pessoas não regeneradas. A apostasia, o perigo de decair da fé, é colocada pelo escritor de Hebreus como algo factível, um perigo real a ser evitado por quem nasceu de novo.


2. Apostasia, uma possibilidade para quem vivenciou a Palavra e o Espírito.
A possibilidade de decair da graça é posta para aqueles que “se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus” (Hb 6.4,5). O autor sacro já havia dito como uma pessoa se torna participante de alguma coisa. Os crentes tornam-se participantes da vocação celestial (Hb 3.1); participantes de Cristo (Hb 3.14) e, dessa forma, participantes do Espírito Santo (Hb 6.4). Mais uma vez o texto mostra que a mensagem é dirigida às pessoas regeneradas. Esses crentes haviam se tornado participantes do Espírito Santo e da Palavra de Deus. Somente os nascidos de novo participam do Espírito Santo (Jo 14.17) e provam da Palavra (At 8.14; 1Ts 2.13). Portanto, trata-se de uma advertência para os salvos.


3. Apostasia, uma possibilidade para quem viveu as expectativas do Reino.
Esses crentes, aos quais o autor se referia, também experimentaram “as virtudes do século futuro” (Hb 6.5). Essa expressão é usada no contexto da cultura neotestamentária como uma referência a era messiânica. Ao receber a Cristo como Salvador, os crentes já participam antecipadamente das bênçãos do Reino de Deus. Vigilância mais uma vez é requerida para os salvos que ingressaram nesse Reino. Quem despreza a graça de Deus, não se torna um “cidadão real” desse Reino.

 
SÍNTESE DO TÓPICO (II): Precisamos ter vigilância espiritual porque a apostasia é uma possibilidade para quem foi iluminado e regenerado, para quem vivenciou a Palavra, provou do Espírito e viveu a expectativa do Reino.

 
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Alguns intérpretes combinam 5.11-6.20 como uma unidade exortativa. No entanto, há boas razões para dividir a passagem em duas advertências separadas (embora relacionadas). Enquanto 5.11-6.3 enfoca o perigo da lentidão e da regressão espiritual, com uma exortação para avançar em direção à maturidade, a segunda advertência enfoca a terrível possibilidade de uma apostasia irreparável, se tal regressão prosseguir de modo incontrolável (6.4-8). O autor então encoraja e desafia seus leitores a progredirem, prosseguindo em esperança e fé com perseverança (6.9-20).
Hebreus 6.4-6 constitui uma frase longa e complexa em grego, que adverte solenemente sobre a possibilidade de abandono (apostasia) da fé cristã e da impossibilidade desta vir a ser restaurada, uma vez que tal condição tenha ocorrido. [...] Quem são os sujeitos desta impossibilidade?
[...] O estudioso F. F. Bruce observa corretamente que o texto em 6.4-6 foi tanto ‘indevidamente minimizado’ quanto ‘indevidamente exagerado’. Foi indevidamente minimizado por aqueles que argumentam de uma forma ou de outra que as pessoas descritas 6.4,5 nunca foram cristãos completamente regenerados (por exemplo, Grudem, 1995, 132-182), ou que este foi somente um caso hipotético sendo apresentado pelo autor e não algo que pode realmente acontecer na prática (por exemplo, Hewitt, 1960, 110-11). A passagem também foi indevidamente exagerada por aqueles que ensinam que uma vez que uma pessoa tenha se convertido e sido batizada em Cristo, e em seu corpo, e então por um lapso cair novamente em sua antiga vida pecaminosa, não poderá haver um perdão futuro ou uma restauração ao convívio cristão (por exemplo, Tertuliano sobre o pecado pós-batismal). Estas interpretações estão sendo aplicadas à passagem sem uma consideração de seu contexto, e não fazem nenhuma distinção entre ‘desviar-se’ e ‘apostatar’” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. RJ: CPAD, 2004, pp.1573-75).

 
III. A NECESSIDADE DE CONFIAR NAS PROMESSAS DE DEUS

1. O serviço cristão e a justiça de Deus.
O autor sabia que usou um tom exortativo forte deixando claro que não se pode brincar com a fé. Agora ele vê a necessidade de consolar os cristãos depois desse “tratamento de choque” (Hb 6.9,10). Aos crentes fiéis no seu serviço é dito que Deus, em sua justiça, os recompensará. É bom saber que mesmo não recebendo o reconhecimento dos homens, teremos o reconhecimento de Deus.


2. A perseverança de Abraão e a fidelidade de Deus.
A exortação do escritor de Hebreus toma como parâmetro a pessoa de Abraão. O velho patriarca é o modelo do crente perseverante, que de posse da promessa de Deus, soube esperar com paciência (Hb 6.12,13). Por que voltar atrás se temos as promessas de Deus que nos motivam a caminhar à frente (Hb 6.14,15)?


3. Cristo, sacerdote e precursor do crente.
O autor sagrado volta-se para Jesus, o nosso exemplo maior de perseverança, fidelidade e esperança. Nessa jornada, Ele se adiantou e foi a nossa frente, tornando-se o nosso precursor (Hb 6.20). O termo “precursor” era usado na cultura antiga em referência a um batedor militar, a alguém que tomava a dianteira para abrir caminho. Jesus entrou na presença de Deus, como nosso sumo sacerdote para nos dar o direito de viver eternamente.

 
SÍNTESE DO TÓPICO (III): Podemos confiar nas promessas do Senhor, pois à luz da perseverança de Abraão e da fidelidade de Deus, nos chegamos a Cristo, o sacerdote e precursor do crente.

 
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
A promessa que Deus fez a Abraão foi fundamento de todas as promessas da aliança e da atividade redentora de Deus (Gn 12.1-3), que foram repetidas em inúmeras ocasiões e de formas diferentes ao longo da história do Antigo Testamento (por exemplo, Gn 15.1-21; 26.2-4; 28.13-15; Êx 3.6-10). Porém, numa ocasião em particular, após Abraão quase ter sacrificado Isaque em obediência ao teste de Deus, Deus tornou a veracidade de sua promessa enfática por meio de um juramento (Gn 22.16: ‘Por mim mesmo, jurei, diz o Senhor’). Hebreus 6.13,14 indica que este juramento mais tarde encorajou Abraão a esperar ‘com paciência’, e assim, posteriormente ‘alcançou a promessa’” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. RJ: CPAD, 2004, p.1577).

 

CONCLUSÃO
O capítulo 6 de Hebreus contém uma das mais fortes exortações encontradas em todo o Novo Testamento — a necessidade de perseverança e vigilância para não se decair da fé. O processo da salvação não se dá de forma mecânica e nem compulsória, mas se firma na entrega e aceitação voluntária a uma dádiva divina. A tudo isso temos que responder com amor, cuidado e zelo (1Co 10.7-13). Essa exortação de forma alguma deve levar-nos ao medo, pavor ou pânico, mas conduzir-nos a confiar inteiramente no Senhor que é poderoso para guardar-nos até o dia final.

 
PARA REFLETIR

A respeito de Perseverança e Fé em Tempo de Apostasia, responda:

1° Como se inicia a vida cristã?
Resp: A vida cristã começa com arrependimento e fé (Mc 1.15).

 

2° O que fica patente para todo leitor do Novo Testamento?
Resp: Fica patente para o leitor do Novo Testamento que a pregação apostólica se fundamentava primeiramente no fato da ressurreição de Jesus (At 4.33; 17.18).

 

3° Segundo o autor sagrado, Hebreus 6.4 fala a respeito de quem?
Resp: O autor fala de pessoas crentes, porque nenhum descrente foi iluminado nem tampouco experimentou do dom celestial.

 

4° Segundo Hebreus, quem se torna participante do Espírito Santo e da Palavra de Deus?
Resp: Os crentes.

 

5° Em que sentido o autor de Hebreus usa o patriarca Abraão como modelo?
Resp: O velho patriarca é o modelo do crente perseverante, que de posse da promessa de Deus soube esperar com paciência (Hb 6.12,13).

 

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO



 
Perseverança e fé em tempo de apostasia

A lição desta semana pode ser introduzida por intermédio das seguintes perguntas:

1. É possível o crente regredir espiritualmente?

2. É possível o crente apostatar-se da fé?

3. É possível o crente perder a salvação?
Segundo o teólogo pentecostal J. Wesley Adans, na obra Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, na seção de Hebreus 6.9-20, o autor epistolar encoraja e desafia os primeiros leitores da carta a “progredirem, prosseguindo em esperança e fé com perseverança”. Por que o autor sagrado inicia o capítulo seis assim? Por que o texto de Hebreus seis adverte solene e seriamente sobre a possibilidade de o crente abandonar, isto é, apostatar-se da fé uma vez provada. E com um agravante: além da apostasia da fé cristã, a o perigo da impossibilidade desse crente ser restaurado, uma vez imerso na apostasia.
Sobre o termo “impossível”, conforme consta no versículo 4 do capítulo seis de Hebreus, o teólogo J. Wesley Adans destaca: “a palavra ‘impossível’ (adynatos) ocorre quatro vezes em Hebreus. Em 6.18 ‘é impossível’ que Deus minta; em 10.4 ‘é impossível’ que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados; em 11.6 ‘sem fé é impossível’ agradar-lhe [a Deus]; e aqui (6.4) é ‘impossível’ que os apóstatas sejam restaurados através do arrependimento. Em cada caso a impossibilidade é absolutamente declarada” (p.1574).
 
 

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